Jornalistas Livres

Tag: educação

  • Em assembleia professores estaduais decidem manter greve. Desta vez, a Globo teve que mostrar

    Em assembleia professores estaduais decidem manter greve. Desta vez, a Globo teve que mostrar

     

    Em paralisação por melhorias no salário e nas condições de trabalho desde o último dia 13, professores da rede estadual de ensino decidiram em assembleia nesta sexta-feira (27) continuar com a greve. Dezenas de milhares de educadores e estudantes tomaram as ruas e até a Globo, que ignorava a greve, decidiu noticiar

    A greve dos professores da rede estadual de ensino iniciada no último dia 13 não tem previsão para acabar. Em assembleia realizada nesta sexta-feira (27) no vão livre do Masp, na avenida Paulista, eles decidiram dar continuidade à paralisação como forma de pressionar o governo a atender suas demandas. Até então, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vinha minimizando o movimento e o classificando como uma “novela” que acontece todos os anos.

    Foto: Mídia NINJA

    “O Alckmin diz que nossa greve é uma novela. Se é novela, que nos pague o salário de um ator de novela, então”, brincou a presidenta do Sindicato dos Professores (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha — a professora Bebel. A Apeoesp reivindica melhorias nas condições de trabalho e no sistema de educação público estadual, além de aumento de 75,33% para equiparação salarial às demais categorias com formação de nível superior, implantação da jornada do piso, nova forma de contratação dos professores temporários com garantia de direitos; além de outras pautas como o fim das salas de aula superlotadas, a falta d’água nas escolas e o assédio moral sofrido pelos educadores e educadoras.

    “São Paulo é o estado mais rico do país e também o que mais paga mal seus professores. É muita cara de pau do Alckmin vir falar de ‘novela’ enquanto ele reajusta o seu próprio salário e, para a educação, nada”, afirmou Caetano Souza, professor da rede pública em Campinas, interior da capital.

    Depois da assembleia no Masp, milhares de pessoas (60 mil de acordo com o sindicato e 10 mil de acordo com a polícia) seguiram em marcha, pela rua da Consolação, até a praça da República, onde um grupo de professores acampa há três dias em frente à secretaria do estado da Educação, como uma das ações de mobilização do movimento.

    Foto: Mídia NINJA

    Era massiva também a presença de estudantes apoiando professores. “Decidimos apoiar os professores por que vemos esses problemas todos os dias. Eles ganham mal, as condições de trabalho são péssimas e, sabemos, que sem professor não há aluno e sem aluno não há professor. Na nossa escola tem sala com mais de 60 alunos, a cantina fechou por falta de recursos, falta água e o governador finge que não acontece nada”, contou Gabriel Salles de Oliveira, aluno de 16 anos do 3º ano do colégio João DIas da Silveira, no Tatuapé.

    Na próxima segunda-feira (30), representantes do sindicato têm reunião marcada com a secretaria do estado da Educação, em que se espera a sinalização de um acordo para por fim à paralisação. A assembleia decidiu também que na próxima quinta-feira (2) haverá uma nova mobilização, também no Masp.

    “A greve está forte e vai crescer. Não vamos aceitar o fechamento de salas de aula e a precarização do trabalho dos professores”, afirmou Bebel Noronha.

    De acordo com o sindicato, mais de 80 mil professores de todo o estado já aderiram à greve — número que representa cerca de 75% por cento dos trabalhadores. Já o governo do estado fala em apenas 10% de adesão.

    Globo resolveu aparecer

    Na última segunda-feira (23), em medida inédita, a Apeoesp enviou à Rede Globo um ofício para cobrar da emissora que noticie a greve dos professores por ser um assunto de interesse geral. Até então, a empresa estava ignorando completamente o movimento que já havia reunido, no dia em que deliberou a greve, mais de 20 mil pessoas nas ruas.

    “Para a Globo, nossa greve não existe. Coincidentemente ou não, é a mesma versão do governo estadual”, afirmou a dirigente do sindicato no documento. Na assembleia desta sexta-feira (27), no entanto, lá estava a equipe da emissora, que não passou despercebida pelos trabalhadores.

    “Olha a Globo aí! Agora eles vieram, não tinha como, foram obrigados, né?” afirmou um dos lideres sindicais do alto do carro de som quando avistou os repórteres de Ali Kamel. Os milhares de professores presentes, prontamente, entoaram o já tradicional grito “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” e seguiram tecendo críticas à emissora ao longo de toda a manifestação.

    “A falta de cobertura televisiva é, obviamente, proposital. É um impedimento de noticiar movimentos sociais legítimos para dizer que o ajuste fiscal é necessário. O andar de cima não quer pagar a conta, taxar as grandes fortunas. Quando os assalariados se movimentam, não interessa a ‘grande mídia’, que faz o papel do partido político de oposição. Isso é muito ruim para a democracia”, analisou o deputado federal Ivan Valente (PSOL), que estava presente no ato.

    Saiba mais sobre os Jornalistas Livres

    #JornalistasLivres em defesa da democracia: cobertura colaborativa; textos e fotos podem ser reproduzidos, desde de que citada a fonte e a autoria. mais textos e fotos em facebook.com/jornalistaslivres.

     

  • Estudantes da PUC-SP desocupam reitoria e continuam negociação

    Estudantes da PUC-SP desocupam reitoria e continuam negociação

    Por Larissa Gould, do Barão de Itararé, especial para os Jornalistas Livres

    Fotos: Mídia NINJA


    Na noite dessa terça-feira, estudantes da Universidade Pontifícia Católica de São Paulo (PUC-SP), zona oeste de São Paulo, ocuparam a reitoria do compus. A ocupação teve fim na noite de ontem, depois da promessa da gestão em abrir diálogo para negociação com os estudantes.

    O que motivou a ação dos estudantes foram os cortes no orçamento, a demissão de professores, o cancelamento do subsídio do restaurante universitário e problemas com FIES. Os alunos reivindicam, também, a abertura de diálogo com a direção da universidade, eleições diretas para a reitoria, bandejão comunitário gerido pela comunidade acadêmica, creche para mães e pais estudantes e funcionários — inclusive os terceirizados -, formulação de políticas para viabilizar a continuidade dos cursos que estão sendo fechados, inclusão das bolsas institucionais da universidade no programa Passe Livre, municipal e estadual, e a regularização da matricula de todos os estudantes do FIES.

    Os estudantes devolveram a reitoria às 18h30, com a assinatura de um documento assegurando a integridade do prédio e a abertura do diálogo com os alunos. Uma audiência será realizada com uma comissão de negociação de alunos e a Fundação São Paulo, mantenedora da Universidade, no próximo dia 24.

    Após a entrega da reitoria, os alunos seguiram para o ato “Funeral da PUC” em frente à Fundação São Paulo. Em seguida, realizaram uma assembleia geral para retirar a comissão de negociação, na prainha da universidade. Hoje será realizada uma nova assembleia para definir os encaminhamentos e futuras ações do grupo. Segundo os estudantes, cerca de 400 universitários participaram da ação.

     

     

  • Professores em defesa da Educação de qualidade

    Professores em defesa da Educação de qualidade

    Em greve desde a última segunda-feira, professores pedem melhorias na infraestrutura, reabertura de salas e ÁGUA!

    Na última sexta-feira (13), depois de uma assembleia geral convocada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), foi deliberada a greve imediata.

    A paralisação teve inicio na segunda-feira (16). Os professores destacam que a greve não é somente por questões salariais, mas, principalmente, por melhores condições de trabalho e melhorias no sistema da educação pública estadual. Entre as principais reivindicações dos professores estão: aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior; implantação da jornada do piso; nova forma de contratação dos professores temporários, com garantia de direitos; fim do fechamento de classes e reabertura das salas fechadas; desmembramento das salas superlotadas; aumento dos vales transporte e refeição; garantia de água nas escolas e transformação do bônus em reajuste salarial.

    Entrevistamos José de Jesus Costa, Diretor e Conselheiro Estadual da APEOESP, nessa terça-feira. Até então, o sindicato calculava que 22% dos professores em todo o estado haviam aderido à greve. A APEOESP calcula que até o fim da semana 50% dos docentes tenham aderido.

    Jesus também relatou que um dos principais entraves para a adesão dos professores é a falta de convicção política: “mas, aos poucos, vamos criando a unidade e mostrando que o único caminho para melhorar a educação é a greve”. Ele relata que alguns professores, principalmente em período probatório, têm medo de serem prejudicados. “Mas sempre frisamos que a greve é um direito constitucional”.

    É o caso de Fadil Lira Dias, professor de sociologia. É a primeira greve que ele participa “Eu tenho um pouco de medo, mas sei que é preciso lutar”. Ele ainda relata que a greve é apoiada pela maioria dos alunos.

    Carina Vitral, presidenta da UEE (União Estadual dos Estudantes), garante esse apoio “Nós estudantes apoiamos a luta dos professores, porque a luta em defesa da educação e da escola pública é uma luta que unifica todos os setores da educação. Estaremos marchando lado a lado nessa greve”.

    Professora Mazé Favarão, ex-secretária de educação de Osasco e atual vereadora do município, mesmo afastada das salas de aula, compõe o comando de greve da região. “Enfrentamos vários problemas. As condições estão cada vez mais precárias, inclusive o Estado pede que os professores e alunos levem suas próprias garrafinhas de água para a escola. É um absurdo”. Ela convocou para o próximo dia 26 de março uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para dialogar com a sociedade. “É importante que toda a comunidade escolar saiba que se o professor sofre com essa situação, sofre mais o aluno. O jovem é a grande vítima, pois tem uma educação de cada vez pior qualidade, por melhor e mais esforçado que o professor seja”.

    Bruno Liberato é coordenador pedagógico da Escola Estadual Jardim Santo André III, no bairro Jardim Santo André, periferia de São Mateus — Capital. Até o inicio da semana 9 professores de sua escola haviam aderido a greve, para ele, a principal dificuldade na adesão é a descrença no sindicato e a historicidade de perdas que a categoria teve nesses anos de governo do PSDB, que coincide com o tempo que da atual gestão da direção da Apeoesp. Ele lembra que essa insatisfação ficou clara na última assembleia geral que decretou a greve. “A assembleia muitas vezes foi parada aos gritos de ‘fora Bebel’ feito pelos professores”. Bebel, é Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta do sindicato.

    Para dialogar com os professores e convoca-los à greve, são realizados Comandos de Greve regionais de acordo com a diretoria de ensino. Os professores se organizam em grupos de 4 ou 5 pessoas e vão às escolas.

    Os docentes que tiverem interesse de aderir aos comandos podem se dirigir a suas diretorias de ensino, ou se organizar pelas redes sociais: “Uma ferramenta interessante é grupo da Apeoesp no facebook, lá os comandos atualizam, em tópicos por região, as escolas que estão total ou parcialmente paradas”, explica Bruno.

    A greve é por tempo indeterminado e o sindicato tem como meta a paralisação total dos professores.