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  • OS IMPACTOS DA VAZA-JATO NA LAVA-JATO

    OS IMPACTOS DA VAZA-JATO NA LAVA-JATO

    ARTIGO

    Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia

    Acredito que poucos aqui duvidam que os vazamentos dos chats privados da Operação Lava Jato, iniciados em 9 de junho pelo site Intercept Brasil, são um dos fatos mais relevantes na crônica política brasileira contemporânea.

    Lá se vão mais de dois meses. Muita coisa aconteceu. Nas crises, o tempo passa mais rápido.

    Se é verdade que os vazamentos ainda não foram capazes de promover uma reviravolta completa no jogo político, é impossível negar que modificaram o cenário. Meu objetivo neste texto é examinar os impactos dos vazamentos no comportamento dos operadores da Lava-Jato.

    A Lava-Jato nasceu em 2014, mas seus métodos de trabalho remetem a 2005, à ação Penal 470, à crise do “Mensalão”: contatos pouco republicanos entre o poder Judiciário e a imprensa, espetacularização do processo legal, midiatização de juízes e procuradores, seletividade na acusação e o uso da “teoria do domínio do fato” nos julgamentos.

    A Lava-Jato nasceu como resultado da ação política de grupos que decidiram usar a tática do lawfare para desestabilizar os governos comandados pelo Partido dos Trabalhadores. Com isso, não estou querendo dizer que os governos petistas sejam completamente inocentes, que não tenham cometido crimes, ou que não tenham sido lenientes com práticas de corrupção há muito utilizadas no Brasil.

    Somente o petista mais ingênuo seria capaz de negar o óbvio. Por outro lado, apenas o antipetista mais virulento não reconhece os atropelos dos operadores da Lava-Jato no processo legal.

    Em um primeiro momento, a Operação Lava-Jato era um braço da oposição aos governos petistas, na época liderada pelo PSDB. De acordo com os vazamentos, em 2016 Sérgio Moro, o chefe da Lava-Jato, orientou Deltan Dallagnol a não investigar Fernando Henrique Cardoso, para não “melindrar alguém cujo apoio é importante”. Os vínculos familiares e políticos de Sérgio Moro com o PSDB já foram demonstrados por pesquisas e pela atuação do ex-juiz no escândalo do Banestado.

    A Lava-Jato se tornou sucesso de público e critica e o galho passou a ser mais pesado do que o tronco.

    Sérgio Moro com foto estampada nos principais jornais e revistas. Os procuradores de Curitiba sob os holofotes, requisitados para entrevistas e palestras. Prometeu e se desacorrentou no primeiro semestre de 2017, quando a Lava-Jato começou a querer caminhar com as próprias pernas.

    Em maio de 2017, também segundo os vazamentos do Intercept, Deltan Dallagnol começou a conduzir uma investigação clandestina cujo objetivo era rastrear possíveis elos entre Gilmar Mendes e Paulo Preto.

    Paulo Preto era tesoureiro das maracutaias do PSDB. Durante anos, Gilmar Mendes defendeu os interesses tucanos na corte do STF. Ao mirar Gilmar Mendes e Paulo Preto, a Lava-Jato sinalizava que desejava se libertar da tutela do PSDB.

    No primeiro semestre de 2018, Deltan Dallagnol, ultrapassando os limites legais da atuação de um procurador da República, apresentou ao Congresso Nacional um “pacote anticorrupção” que jamais seria assinado por um parlamentar do PSDB. Beto Richa, ex-governador do Paraná, foi preso em janeiro de 2019. Pela primeira vez, a Lava-Jato batia na porta de um cacique tucano.

    Por que ser um puxadinho do PSDB quando era possível agir por contra própria? Por que ficar nas sombras de um partido decadente que saiu despedaçado das eleições de 2018?

    Assim, acompanhado de grande ambição, Sérgio Moro chegou ao Ministério da Justiça como o fiador do governo de Jair Bolsonaro, que começava sob a desconfiança de todos. Moro era o “superministro”, o subordinado que nenhum chefe deseja ter: aquele que não pode ser demitido.

    Em janeiro de 2019, sem dúvida alguma, Moro era maior que Bolsonaro. A Vaza-Jato alterou essa hierarquia. A cada vazamento, Moro fica mais acuado, constrangido, pressionando, passando a depender do apoio do presidente da República.

    Hoje, é Bolsonaro quem sustenta Sérgio Moro. A Vaza-Jato enfraqueceu aquele que até bem pouco tempo atrás era o principal adversário de Bolsonaro na disputa pela hegemonia no campo da direita. Sobrou João Dória.

    A situação de Dallagnol é tão difícil quanto a de Sérgio Moro. Os vazamentos já mostraram Dallagnol lucrando com palestras e ofendendo autoridades da República. Gilmer Mendes foi chamado de brocha e Raquel Dodge de barraqueira.

    A Lava-Jato nunca esteve tão fragilizada. Em pesquisa realizada pelo IPSOS em agosto de 2018, nas vésperas das eleições, 63% dos entrevistados acreditavam que a Java-Jato estava ajudando o Brasil a se tornar um país sério, enquanto 26% se manifestaram contrários à operação. Os números variaram sensivelmente em pesquisa mais recente, encomendada pela XP Investimentos no início de julho de 2019, quando os primeiros efeitos dos vazamentos começavam a ser sentidos. O apoio incondicional à Lava-Jato caiu para 43%, enquanto a rejeição subiu para 31%.

    Também em julho deste ano, o Datafolha fez uma pesquisa sobre o prestígio da Lava-Jato na opinião pública. Cinquenta e oito por cento da população reprovam a conduta de Sérgio Moro, apesar de o apoio à força-tarefa ainda continuar relativamente alto, na casa dos 61%.

    Apoiado nestes dados e com alguma dose de observação empírica, creio não ser exagerado dizer que a imagem da Lava-Jato está, no mínimo, arranhada.

    Moro e Dallagnol são os mais prejudicados. Por enquanto, o prejuízo é menor do que desejam os adversários da Lava-Jato, mas tá longe de ser irrelevante.

    Acuada, a Lava-Jato está contra-atacando, dobrando a aposta e se deslocando ainda mais para a direita do espectro ideológico. Em 7 de agosto, tentou transferir Lula para um presídio comum, no interior do Estado de São Paulo. Na voz de Rodrigo Maia, o Congresso Nacional se manifestou em favor de Lula. De forma quase unânime, o STF derrubou a transferência.

    A Lava-Jato sabia que a transferência não aconteceria. Um ex-presidente da República, conhecedor de segredos de Estado, em presídio comum seria de uma temeridade inédita no mundo ocidental. Até mesmo o Brasil do bolsonarismo teria dificuldade em chegar tão longe.

    O objetivo da ação foi transformar Lula no protegido da “velha política” e excitar a base social fascista contra as instituições estabelecidas. Hoje, a sobrevivência da Lava-Jato depende do apoio e da capacidade de mobilização da base social orgânica do bolsonarismo.

    Juristas com algum prestígio acadêmico, a maior parte da imprensa e da opinião pública internacional criticaram a decisão. Depois dos vazamentos, a Lava-Jato coleciona críticos. Sobrou apenas a base social fascista.

    A Lava-Jato foi obrigada pelas circunstâncias a guinar ao fascismo. Foram implodidas as fronteiras que separavam o bolsonarismo do lava-jatismo.

    Lutando pela sobrevivência, os bons moços de Curitiba, barbeados, limpinhos, evangélicos, quase virgens, irão cada vez mais se emporcalhar no esgoto do bolsonarismo raiz.

     

  • A “Justiça” que forja delação é a mesma “Justiça” que forja flagrante na favela

    A “Justiça” que forja delação é a mesma “Justiça” que forja flagrante na favela

    Texto do Editorial 4P (@midia4p e www.midia4p.com)

    O que as alas nacionais progressistas estão sentindo com relação às falcatruas, acordos espúrios e delações forjadas – construídas no âmbito da Lava Jato por juiz, procuradores e empresários, e reveladas neste domingo, 30, por reportagem da Folha de S. Paulo e do site de notícias The Intercept Brasil – é o mesmo que o movimento negro denuncia por décadas a fio em suas ações de combate ao racismo, apontando para o tratamento dado à população periférica e pobre do Brasil.

    A matéria mostra como os procuradores “trabalhavam” mudanças de delações para, desse modo, incriminar pessoas. O exemplo usado foi o do empresário Léo Pinheiro, da construtora OAS, que ao mudar o seu depoimento por duas vezes, foi pivô da condenação de Lula e teve sua sentença reduzida 70% (de 10 anos e 8 meses para 2 anos e 6 meses).

    O caso de Lula é emblemático para o Brasil e para o mundo. Mas, se “a lei é para todos”, como tanto tem se falado nesses últimos tempos, porque a dor dos negros injustamente encarcerados não causa comoção geral e, principalmente, dos setores progressistas nacionais?

    Ao longo dos anos, casos semelhantes vieram a público inúmeras vezes, em vídeos mostrando policiais mudando cenas de crimes, disparando a arma e colocando mas mãos do cidadão abatido, da maconha colocada na mochila para incriminar, entre outros exemplos emblemáticos.

    Mas por que os que se comovem com o caso Lula, em grande maioria, não saem às ruas, não criam fóruns de debates para se manifestar, não inundam a internet com hashtags que demonstrem a sua indignação e tão somente alguns poucos políticos denunciam tais violências?

    Certamente porque os corpos negros encarcerados são invisibilizados pela cultura do racismo, que, além de estruturar a sociedade desumaniza os corpos negros, transformando injustiças em banalidade.

    Casos como os de Amarildo, Rafael Braga e da modelo Bárbara Querino, além de serem esquecidos, não causam comoção por muito tempo, não servem de inspiração para a criação de movimentos em defesa de justiça e equidade e não são utilizados como modelos para apresentar tanto à sociedade brasileira quanto às autoridades internacionais as violações de direitos desses cidadãos, promovidas pelo Sistema de Justiça.

    É como disse, certa feita, o sociólogo Jessé Souza:

    “Essa lei social está para além da nossa consciência e comanda o cara que vai carregar o corpo desse pobre, o advogado que vai cuidar do caso, o juiz que vai dar a sentença. Está na cabeça da sociedade inteira e é o que diz que aquela pessoa é subgente, indigna do nosso respeito”.

    Até quando?, perguntamos.

    A cidadania plena para a população negra passa por esforços de todos os setores da sociedade e, quem sabe, o caso Lava Jato possa servir para uma reflexão mais profunda sobre a atuação do Sistema de Justiça, afinal a lei e a busca por uma justiça imparcial é para todos.

  • Glenn Greenwald anuncia nova bomba: “Hoje é o pior dia para eles”

    Glenn Greenwald anuncia nova bomba: “Hoje é o pior dia para eles”

    Hoje pela manhã em seu Twitter Glenn Greenwald, do Intercept, anunciou a publicação até o final do dia de novos vazamentos para a série de reportagens sobre a Lava Jato.

    Veja a postagem:

  • Diário do  Bolso: não existe nada melhor que a vingança

    Diário do Bolso: não existe nada melhor que a vingança

    José Roberto Torero*

    Diário, não existe nada melhor que a vingança. Vou até confessar uma coisa: quando eu estou no banho, faço o chuveirinho de microfone e canto aquela música: “Por isso eu sou vingativa, vingativa, vingativa…”.

    Vingança é uma vitória dupla, porque vem depois da derrota.

    Eu, por exemplo, exonerei aquele cara do Ibama que me multou em Angra.

    Agora vou mandar a namorada do Lula para Foz do Iguaçu, para ela ficar bem longe dele.

    E também vou vetar esse negócio de bagagem gratuita nos voos. Só porque foi o PT que deu a ideia.

    Pena que não deu para tirar o Paulo Freire de patrono da Educação. A gente propôs botar aquele padre dos índios no lugar dele. Mas o pessoal do Santuário José de Anchieta disse que ele não merece ser colocado como patrono num momento em que a educação não é prioridade no país. Ah, ingratidão…

    Olha, Diário, a verdade é que eu só escolhi gente vingativa pro meu time. E eles querem dar o troco.

    A gente era oprimido por ser menos inteligente, por não ser intelectual, por não ter diploma. Tanto que o Witzel, o Salles e o Dallagnol inventaram que estiveram em Harvard. Mas agora eles vão ver. É a nossa chance da revanche.

    Por exemplo, o Onyx, que odeia a esquerda, demitiu todo mundo da Casa Civil logo que entrou (depois teve que chamar uns de volta, mas tudo bem).

    E o Ricardo Salles, que é xingado pelos verdes, fez uma queimada de ecologistas no Ministério do Meio Ambiente.

    Agora, cá entre nós, o Weintraub é um caso especial. É mais ressentido que miss derrotada. Ele, que tomou um monte de zero na faculdade, está se vingando bonito!

    Primeiro falou que ia cortar o dinheiro de três universidades por causa de balbúrdia. Aí, como teve reclamação, resolveu fazer um corte geral.

    Depois proibiu todo mundo de falar sobre as passeatas. E, como teve um professor que falou para os alunos irem nas manifestações, agora disse que vai instaurar processo contra o cara.

    Diário, falam que a vingança é um prato que se come frio. Mas a gente come ela quente, fria, requentada, de qualquer jeito. Pra mim, vingança é que nem rodízio de carne: tem que comer até explodir, kkkkkk!

     

    @diariodobolso

    *José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

     

  • Acordo que beneficiou Dallagnol obriga Petrobras a fornecer informações estratégicas para autoridades dos Estados Unidos

    Acordo que beneficiou Dallagnol obriga Petrobras a fornecer informações estratégicas para autoridades dos Estados Unidos

     

    Por Joaquim de Carvalho, para o DCM

    Em longo artigo publicado em seu site, a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) defende a suspensão do acordo assinado pela Petrobras com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a Securities & Exchange Commission (SEC), responsável pela fiscalização das bolsas de valores naquele país.

    Em decorrência desse acordo, celebrado em 27 de setembro do ano passado, os procuradores da república sob a liderança de Deltan Dallagnol receberam R$ 2,5 bilhões dos cofres da estatal. O acerto entre Dallagnol e a Petrobras foi suspenso por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

    Para os engenheiros, no entanto, a medida é insuficiente.

    Tão grave quanto sangrar os cofres da empresa com o dinheiro entregue à turma de Dallagnol é permitir que a Petrobras forneça informações sigilosas e estratégicas para autoridades estrangeiros, como prevê o acordo em seu anexo C. Nele, está prevista a obrigação da empresa de se reportar à seção de fraudes do DOJ, periodicamente, com intervalo não menor que doze meses, durante três anos.

    Nessas ocasiões, a empresa  brasileira terá de demonstrar que está se submetendo ao que preconizam as autoridades americanas, de acordo com a legislação daquele país.

    O item d desse anexo exige relatórios “com informações proprietárias, financeiras, confidenciais e de negócios competitivos”.

    O mais grave é que essas informações deverão permanecer em sigilo, a menos que o DOJ autorize a sua divulgação.

    “A Petrobrás optou por abrir informações estratégicas para órgãos dos Estados Unidos e que a sociedade brasileira somente poderá ter acesso a essas informações mediante aprovação de órgãos de um outro país”, alertam os engenheiros.

    Para eles, houve “improbidade administrativa por parte dos administradores da Petrobrás que aprovaram o acordo com órgãos dos Estados Unidos, assim como dos administradores que homologaram o Acordo com os procuradores da República no Paraná.”

    A AEPET decidiu que recorrerá à Justiça para “assegurar a soberania do Brasil, a moralidade e o interesse público ao tonar nulo de pleno direito este acordo, além da imputação, por possíveis implicações relativas à improbidade administrativa, dos responsáveis pela aprovação do referido acordo”.

    Fica cada dia mais claro que a Procuradoria da República agiu contra os interesses da Petrobras desde que Rodrigo Janot, então chefe da instituição, liderou uma equipe que foi aos Estados Unidos para falar sobre o caso da empresa no Brasil, em fevereiro de 2015, logo depois da posse de Dilma Rousseff para o segundo mandato.

    Naquela viagem, ele visitou o Departamento de Justiça e a SEC, justamente os órgãos que, quase quatro anos depois, obrigariam a Petrobras a firmar o acordo que os engenheiros entendem ser lesivo à empresa.

    Janot também esteve no FBI, a polícia federal americana. Oficialmente, ele disse que havia ido buscar apoio para as investigações no Brasil.

    Também afirmou que, nessas conversas com autoridades estrangeiras, a empresa era tratada como “vítima”, mas, como se vê agora, quando é obrigada a fazer os acordos, não foi bem esse o tratamento que passou a receber.

    É preciso verificar até que ponto procuradores brasileiros contribuíram para que autoridades estrangeiras agissem contra a soberania nacional.

     

    Link da matéria no DCM: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/acordo-que-beneficiou-dallagnol-obriga-petrobras-a-fornecer-informacoes-estrategicas-para-autoridades-dos-estados-unidos-por-joaquim-de-carvalho/

  • Toffoli cassa decisões abusivas de Moro contra José Dirceu

    Toffoli cassa decisões abusivas de Moro contra José Dirceu

    Na última terça feira, dia 26 de junho, a Segunda Turma do Supremo revogou a prisão do ex-ministro petista José Dirceu, com os votos dos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli contra a posição de Fachin e permitiu ao ex-ministro o direito de recorrer em liberdade da pena injustamente imposta. A deliberação da Segunda Turma é soberana e não cabe intervenção de instâncias inferiores.

    Sérgio Moro, juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), em descumprimento da decisão da Suprema Corte, usurpação de poder e mais uma arbitrariedade, intimou José Dirceu a ir de Brasília a Curitiba, até terça-feira, 3 de junho, para lhe impor tornozeleira eletrônica, além de medidas cautelares e uma série de constrangimentos que lhe proibiam de sair do país e se comunicar com outros acusados ou testemunhas.

    A decisão de Moro irritou os ministros do Supremo, que se sentiram confrontados pelo juiz da Lava Jato. Nessa segunda feira, 2 de junho, o ministro Dias Toffoli cassou a ordem de Sérgio Moro. A decisão partiu de Toffoli, sem que a defesa tenha pedido. Segundo o ministro, a Segunda Turma do STF assegurou “a liberdade plena” do petista até que o julgamento do caso seja concluído, em agosto.

    Segundo Toffoli, “considerando que a decisão proferida pela Segunda Turma, por maioria de três votos a um, em nenhum momento restabeleceu a prisão provisória do reclamante, tratando-se, no caso, de prisão-pena, a qual foi suspensa para assegurar a liberdade plena do ora reclamante, em razão da plausibilidade jurídica dos recursos interpostos e, mais ainda, por não subsistir nenhuma esfera de competência do Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba – que sequer foi comunicado da decisão desta Corte –, casso, até posterior deliberação da Segunda Turma, a decisão”, escreveu.

    O ministro afirmou ainda que Moro “extravasou” sua competência: “o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, em decisão com extravasamento de suas competências, restabeleceu medidas cautelares diversas da prisão, outrora determinadas em desfavor do paciente, à míngua de qualquer autorização deste Supremo Tribunal Federal, que, em decisão colegiada da Segunda Turma, deferiu medida cautelar em habeas corpus de ofício, para assegurar a liberdade plena ao ora reclamante até a conclusão de julgamento da ação”.

    A medida significa mais uma derrota para Sérgio Moro, que sabia estar cometendo mais uma ilegalidade, deixando explícito no despacho que os constrangimentos valiam “até decisão em contrário”. Em resposta à decisão do Supremo, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Paraná, criticou Toffoli, insinuando que ele beneficiava seu “ex-chefe”, se referindo ao fato de o ministro ter sido indicado ao STF pelo ex-presidente Lula, subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e ter pertencido a AGU durante os governos petistas, antes de assumir o cargo.

    *publicado originalmente em https://fpabramo.org.br/2018/07/03/toffoli-cassa-decisoes-abusivas-de-moro-contra-dirceu/