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Tag: BRT

  • Quem é o autor da foto que viralizou do BRT no Rio

    Quem é o autor da foto que viralizou do BRT no Rio

    A foto que mostra um vagão do BRT (ônibus de transito rápido), na cidade do Rio de Janeiro, com uma super lotação viralizou na internet enquanto o Brasil assume a liderança de infectados pelo novo coronavírus e assume um dos primeiros lugares de número de mortes.

    Quem tirou a foto foi Yan Marcelo Carpenter, após sair do trabalho na segunda por volta das 21:30, “assim que eu bati a cara no VRT,  vi que estava impraticável. [Estava]  o auge da doença. Estava ali, proliferando”. Ele conta que não manifesta nenhum sintoma até agora, mas se preocupou. A cidade esta em processo de flexibilização do isolamento, mas o movimento já é mais intenso do que nas ultimas semanas. O fotógrafo ainda conta o que impressionou “voltou a ser os dias comuns, só que com a maioria de máscara. É sinistro. E todos os veículos de transporte público são assim, em praticamente todas as linhas”.

    O fotógrafo Yan Marcelo Carpenter / Arquivo Pessoal

    O Yan, que atualmente trabalha em uma hamburgueria, é formado em história e começou a fotografar após sair de uma banda na qual tocava como baterista “no tempo em que a bateria estava ali encostada, eu já vinha fotografando com câmeras emprestadas. Depois consegui comprar a minha câmera. Já estou há seis anos na fotografia”.

    A imagem que mostra uma cena comum dos transportes públicos brasileiros, os pequenos espaços de vagões de trens e cabines de ônibus lotados, ganha mais simbolismo enquanto explode no mundo protestos antiracistas que começaram por conta do assassinato de George Floyd, nos EUA, e passaram a adotar pautas internas em outros países, como aconteceu no Brasil. Os dois últimos finais de semana viram grandes atos nas principais cidades do país em solidariedade aos atos estadunidenses, mas também por conta de assassinatos causados por policiais, como a do menino João Pedro , ou de casos de racismo explícito, como o que resultou na morte do garoto Miguel. A foto (que já passou a ocupar lugar na história da fotografia brasileira) mostra que os trabalhadores aglomerados no vagão são, em sua maioria, negros. Não é preciso dizer mais nada.

    Ao longo dos últimos três meses, quando  o país passou a adotar as primeiras medida de isolamento social,  o abismo econômico e racial brasileiro se mostrou novamente. Quem pôde parar de se locomover nas cidades foi a classe média, majoritariamente branca. Quem teve que se manter em movimento? A foto de Yan responde.

    Conheça mais o trabalhode Yan

    https://instagram.com/yanzitx?igshid=1u1ex87gav3gb

     

  • Meio ambiente derrota ‘ACM Motoserra’ em Salvador

    Meio ambiente derrota ‘ACM Motoserra’ em Salvador

    O Ministério Público Federal na Bahia e o Ministério Público do Estado da Bahia ajuizaram nessa terça-feira, 12, ação civil conjunta contra a União, a Caixa Econômica Federal, o Município de Salvador, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e o Consórcio BRT Salvador. Os MPs requerem a declaração de nulidade do contrato firmado entre a Prefeitura Municipal de Salvador e o Consórcio BRT/Salvador e, liminarmente, a suspensão imediata das obras do BRT (Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus, em tradução literal) na capital baiana.

    Além de inadequado e de alto custo, a implantação do sistema de transporte coletivo BRT em Salvador, defendido pelo prefeito ACM Neto (DEM), provocaria a eliminação de centenas de árvores, muitas delas centenárias, o que revolta ambientalistas e a população. Confira abaixo mais detalhes na notícia a respeito divulgada pelo Ministério Público Federal na Bahia:

    http://www.mpf.mp.br/ba/sala-de-imprensa/noticias-ba/brt-em-salvador-ba-mps-requerem-a-nulidade-do-contrato-e-a-suspensao-imediata-das-obras

     

     

  • Não ao BRT de Salvador

    Não ao BRT de Salvador

    Um grupo de cerca de 30 cidadãos e ativistas ocupa desde a manhã desta quarta-feira o canteiro de obras da construção do BRT Lapa-Iguatemi na Av. Juracy Magalhães em Salvador. Os manifestantes protestam contra a realização do empreendimento que está orçado em mais de R$ 820 milhões, o que torna a instalação do modal uma das mais caras do país e a mais dispendiosa por km instalado.

    Alcunhado “Movimento Não ao BRT de Salvador”, o grupo diz que realizará até o fim do dia o registro da destruição ambiental já promovida pelo início das obras, além de atividades convocando a população a se mobilizar contra o projeto. Os manifestantes pedem a interrupção imediata do processo e a discussão de melhores soluções para a mobilidade urbana de Salvador.

    Prefeitura cortou dezenas de árvores para construir o BRT em Salvador.

    Segundo nota divulgada pelos integrantes do movimento, a ocupação iniciou com anúncio aos trabalhadores da obra explicando o propósito pacífico do ato e promovendo registros das condições do canteiro e dos equipamentos para evitar futuras acusações de depredação. Os manifestantes avaliam ainda retirar uma parte dos tapumes que cercam a área para revelar à população o desmatamento que está sendo executado em um dos boulevards mais arborizados da cidade.

    Ainda de acordo com o grupo, os Ministérios Públicos Federal e Estadual e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) “estão sendo convocados publicamente a visitar a ocupação e assumir o papel de mediação de conflitos do qual têm se omitido” já que “representações da sociedade civil junto aos MPs vêm sendo sistematicamente arquivadas desde 2015, mesmo com farta documentação apresentada apontando irregularidades – que vão desde vícios de licitação até a ausência de licença para tamponar os rios e o plano de manejo de fauna”. Para o Movimento, a omissão destas entidades, faz com que seus integrantes recorram à ocupação do canteiro como meio de oferecer a visibilidade que a situação merece.

    As obras do BRT de Salvador vêm sendo questionadas por diversos especialistas da área de mobilidade, meio ambiente e urbanismo. Quase 70 mil pessoas já assinaram petição online contra a derrubada prevista de 579 árvores na área. Artistas como Caetano Veloso, Camila Pitanga e Nando Reis, entre outros, também se manifestaram contra os planos da prefeitura da capital baiana.

    Diversos artistas se manifestaram contra o BRT em Salvador.

    Segundo técnicos e especialistas, a prefeitura também não apresentou estudos que comprovariam a demanda que justificasse a adoção por este modal de transporte, já considerado defasado, o aporte de investimento também é considerado excessivo para esta solução de transporte.

    Outro ponto polêmico do projeto é o futuro tamponamento de dois rios e a construção de quatro elevados, um tipo de intervenção viária que tem sido evitada em todo o mundo pelo seu grande impacto urbano. Além disso, pelo projeto completo da obra, parte de sua estrutura deverá passar pela região do Dique do Tororó, um cartão postal da cidade e área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

    O Movimento afirma que mesmo diante da intensa demonstração de insatisfação nas redes e nas ruas, a prefeitura não abriu o diálogo para discutir com a sociedade a pertinência, a viabilidade ambiental e econômica da obra e os seus impactos na cidade.

    Na tentativa de desqualificar o movimento, a prefeitura de Salvador divulgou nota nesta manhã classificando o movimento como realizado por “militantes políticos travestidos de ambientalistas e pré-candidatos a cargos eleitorais”. Ainda segundo texto divulgado pela prefeitura, a Polícia Militar foi acionado e “a invasão foi patrocinada por lideranças locais e nacionais do PSOL, numa atitude que demonstra o caráter partidário e eleitoreiro da ação, que não é pacífica ou democrática, já que se trata de ocupação irregular de uma área pública em obras”.

    O “Movimento Não ao BRT Salvador”, contudo, se configura como um coletivo plural, suprapartidário, com organizações ambientalistas, populares, associações profissionais, pessoas com diferentes formações políticas, profissionais e sociais, que têm promovido manifestações na região aos domingos, realizando panfletagens, discussões sobre questões ambientais, urbanísticas e de mobilidade envolvidas na obra e mobilizado contra o projeto que entendem como injustificado em seus termos e nocivo em seus desdobramentos e resultados.

  • Cartunista dá cartão vermelho para BRT baiano

    Cartunista dá cartão vermelho para BRT baiano

     

    Depoimento de Cau Gomez

    “Sou cartunista mineiro, radicado em Salvador há mais de 20 anos, e que sempre paga muitos impostos por aqui (IPTU, ISS, TFF, IPVA e muitos outros mais). Resolvi ir nessa terça-feira à audiência pública que aconteceu no Ministério Público do Estado da Bahia, que discutiu o projeto do BRT, que poderá ser implantado sobre os rios da avenida ACM, a fim de conhecer o outro lado e ouvir as informações oriundas da Prefeitura de Salvador.

    A audiência, que tinha como objetivo esclarecer publicamente os pontos de tensão causados pela desinformação da própria gestão municipal e, principalmente, pelo corte de belíssimas e frondosas árvores, algumas centenárias, na fase inicial de implantação do modal de transporte, na Av. ACM. Foram aproximadamente quatro horas de embates acalorados, onde pude ouvir a versão oficial de um projeto que cheira ao desperdício de tempo e energia, em todos os sentidos. Uma proposta de mobilidade urbana dispendiosa e que não previa alternativas até então.

    Os participantes, na maioria professores, ambientalistas, engenheiros, urbanistas, ativistas ambientais, estudiosos, jornalistas, advogados, promotores de Justiça e outros cidadãos contrários à imposição da vontade do prefeito ACM Neto, conseguiram um coro muito interessante para ampliar as minhas suspeitas relativas a vários pontos nebulosos da implantação do BRT. Detectei inúmeras questões negativas na proposta oficial: não houve publicidade antecipada do projeto nem consulta aberta à população; os custos da obra são exorbitantes; as árvores centenárias deixarão de existir; e os canais onde escoam os rios urbanos serão tamponados, piorando o clima da cidade e os intermináveis alagamentos a quaisquer dois minutos de chuva. E, por fim, os grandes ganhadores desse caos urbano serão as empreiteiras e o transporte individual. Mais carros circulando nas ruas, poluindo o ambiente, e menos linhas de ônibus – que já foram gradativamente retiradas desde a implementação das estações do metrô – para interligar a população aos futuros terminais do BRT e do metrô.

    É preciso repensar sustentavelmente uma alternativa complementar que proporcione realmente eficiência à mobilidade urbana na região metropolitana da capital baiana, e para todos os cidadãos.”