Jornalistas Livres

Tag: Brasil

  • A onça na cidade

    A onça na cidade

    O mundo começou com grandes catástrofes que resultaram do mau uso do poder e por desentendimentos entres os seres que habitavam a terra; após, os deuses antigos reconstruíram o mundo. Quem mantém a ordem são os pajés, chamados Guardiões dos Cosmos – escreve Denilson Baniwa em sua rede.

    Denilson Baniwa, do povo indígena Baniwa é natural do Rio Negro, interior do Amazonas. É publicitário, artista visual comunicador, web ativista e ativista dos direitos indígenas e atualmente reside no Rio de Janeiro.

    As atitudes do comunicador são surpreendentes, da arte ao pensamento, das interrogações às afirmações.

     

    A violência sexual, aborto mata mais meninas indígenas que tiros. Acrílico recortado eletronicamente e serigrafado. 2017. 120 cm de altura.

     

    Prossegue Denilson em suas redes:

    A destruição do mundo é uma possibilidade presente, pois está marcado pelo mal que ainda vive dentro das pessoas. Estamos vivendo esse tempo onde a destruição dos seres humanos é bem provável, pois estamos destruindo tudo o que encontramos pela frente: os oceanos cheios de lixo, as florestas que viraram pastos sem vida, as cidades poluídas, as doenças que são derivadas do estilo de vida atual, as violências proporcionadas pela manutenção do Poder.

    É provável que este mundo vá acabar logo, se não formos mais conscientes. A notícia boa é que logo após a destruição, haverá uma renovação onde o próprio mundo irá se curar, pois o veneno do mundo é o ser humano, onde reside toda sorte de maldade.

    Música Nativa

     

    Desde os anos pré-Constituição de 1988 que os povos indígenas viam a importância de se apropriarem dos meios de comunicação com debates presentes em suas discussões e esses meios já eram utilizados em prol do Movimento Social Indígena. Nos tempos atuais, esta necessidade permanece presente e se faz cada vez mais importante, pois através destas tecnologias e conhecimentos é possível realizar o reconhecimento e monitoramento territorial, a divulgação das questões indígenas dentro e fora do país, criar redes de povos onde possam unir ideias e estratégias, dentre outras possibilidades que são possíveis por meio das novas tecnologias.

    Sobre índios usarem celular não serem mais índios: essa crença diz respeito ao desconhecimento sobre o que vem a ser identidade cultural. O progresso tecnológico da humanidade vem contribuir em diversos setores da sociedade e é instrumento a serviço dos seres humanos. Já a identidade cultural está ligada à história de um povo, seus signos, suas pertenças, visões de mundo, cosmologia e o sagrado. Dessa forma a utilização de “modernidades” ou novas ferramentas não significa o abandono ou a perda da cultura indígena, pode, inclusive, ajudar a fortalecer a identidade e transpor mudanças que ocorreriam naturalmente ou forçadamente pela violência externa.

    Por fim o artista reza sua prece:

    Pai Nosso que estás nos céus,

    Neste dia 19 de abril,

    Nos livre das professoras e professores que pintam seus alunos com canetinhas hidrocor

    Nos livre das escolas que colocam cocares de papel nas crianças

    Pai Nosso, que estás nos céus

    Não deixem as professoras ensinarem para as crianças que o Dia do Índio é uma homenagem aos povos originários

    Mantenha longe de Nós aqueles que repetem as palavras:

    Índio, Oca, Tribo, Selvagem, Pureza e Exótico

    Afaste de Nós os bu-bu-bu feito com a mão na boca

    Senhor, perdoem aqueles que por desconhecimento nos fazem uma imagem estereotipada

    Mas livre-os do desconhecimento e do preconceito que os fazem acreditar que ainda somos os indígenas de 1500

    Amém!

  • Fallet-Fogueteiro: “Deram facadas no coração de um, no pulmão de outro. Foi uma chacina a facadas”

    Fallet-Fogueteiro: “Deram facadas no coração de um, no pulmão de outro. Foi uma chacina a facadas”

    Nesta terça-feira, 12 de fevereiro, uma van sufocante, sem ar e sem janela, levava o “pessoal dos direitos humanos” do centro do Rio de Janeiro até o Morro do Fallet, na zona norte. O objetivo era participar de um encontro, promovido pela Defensoria Pública, com os moradores da comunidade e familiares de 15 jovens mortos pela polícia quatro dias antes, na mais violenta operação da década. O entrosamento entre todos, tristes e preocupados com o que ouviriam logo mais, foi cortado pelo diálogo de uma mulher com um jovem, representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
    – Quem é o secretário de Direitos Humanos do Witzel?
    – É A secretáriA. Fabiana Bentes.
    (Cara de: quem é essa pessoa???)
    – Ela vem do Esporte. Não é ligada aos Direitos Humanos.
    A van seguiu. Quando chegou ao posto de gasolina, no pé da favela, os defensores e assessores parlamentares (de mandatos de esquerda) desceram. Foram imediatamente filmados por cinegrafistas da Globo e do SBT. Alguns não gostaram. A situação era tensa. Mas os cinegrafistas não estavam nem aí. Alguns jornalistas freelancers, que trabalham na defesa dos direitos humanos, comentaram a presença da repórter da Globo. Foi ela quem, ano passado, divulgou o nome e a foto de um jovem de Acari, suspeito pela polícia de ser assassino de um policial. Ocorre que este mesmo jovem, na hora do telejornal, já havia se apresentado à delegacia e provado sua inocência. A repórter estava com medo. Disse para a colega: “eles já estão nos observando lá de cima, não conheço nada aqui, não sei avaliar o risco”. O cinegrafista da Globo completou: “poderiam ter nos trazido em um carro descaracterizado, não esse, com esse logo enorme da Globo”.
    O “pessoal dos direitos humanos” subiu o morro. Os jornalistas, no primeiro momento, evitaram. Ao chegarmos na Associação de Moradores do Fallet, uma liderança local pedia a todos os visitantes que se apresentassem. Estavam lá defensores públicos do Estado, da União, assessores parlamentares, jornalistas e, ainda, representantes da Secretaria de Direitos Humanos cuja secretária “não é ligada aos diretos humanos”. Todos eram aplaudidos pelos moradores, que lotavam o pequeno imóvel.
    Os familiares das vítimas foram chamados para uma sala à parte. Ali os defensores coletaram os depoimentos para fortalecer a pressão sobre o Ministério Público, a Polícia Militar e a Polícia Civil, que, teoricamente, investigam a trágica ação. Os demais ficaram na sala maior, explicando o que aconteceu para o Ouvidor-Geral da Defensoria Pública do Rio, Pedro Strozenberg. Os relatos, quase todos de mulheres, são aterrorizantes.
    “A operação começou logo de manhã!”, gritou a primeira.
    “O Choque e o BOPE vieram para matar”. As falas, em gritos, iam se atropelando.
    “Os policiais me chamaram de piranha e vagabunda!”, reclamou outra, já quase chorando.
    “Foi uma carnificina! Uma chacina! Eles mataram a facadas os meninos, todos estavam rendidos”. Uma chacina a facadas? A afirmação estremeceu os visitantes.
    “Os meninos estavam fugindo dos policiais, que entraram no morro por todos os lados, invadindo as casas, xingando as pessoas. Esse grupo de sete meninos correu para dentro de uma casa qualquer. Os policiais quebraram a porta e entraram na casa”, explicou uma voz mais tranquila.
    “Os meninos queriam se entregar. Eles entraram na casa e se entregaram”, disse uma senhora, que emendou: “aí, em todos os grupos de zap chegou a mensagem de que os policiais estavam com meninos dentro de uma casa, fazendo maldade. Foi por isso que toda a comunidade correu em direção a essa casa”.

    “Às 9 horas, eu recebi uma mensagem mesmo, que dizia que os garotos estavam sendo torturados nesta casa. Eu corri pra lá”, confirmou uma menina de não mais de 15 anos, que conhecia vários deles.
    “Quando os moradores chegaram perto da casa, os policiais atiraram para cima dos moradores. Teve gás de pimenta. Bomba! Quebraram as motos dos mototaxistas! Eles ameaçaram quem filmava”, disse uma jovem, amiga dos mortos.
    “A polícia disse que houve tiroteio. É mentira! Temos que desmontar a versão através dos detalhes!”, gritou uma mulher, tentando organizar as falas.

    “Como eles dizem que houve tiroteio se meus sobrinhos XXXX e XXXX foram mortos com facadas na barriga? Tá aqui a certidão de óbito. Houve espancamento. Quebraram o pescoço de um dos meninos! Tá aqui o laudo do IML. Há um consenso entre nós de que houve tortura. Teve facada no coração, no pulmão!”, disse o tio, ainda jovem, de dois dos mortos.

     

    “A polícia não acuou apenas os jovens na casa. Ele acuou toda a comunidade!”, gritou uma senhora, de 40 anos na sociedade.

    “Os policiais pegaram os corpos rapidamente e botaram em cima das caminhonetes. Eles sentaram em cima dos corpos. Nem mesmo depois de mortos, os corpos foram respeitados. Os corpos foram levados para o hospital com policiais sentados em cima desses corpos”, esbravejou uma jovem, já chorando.

    “Isso não é novidade, senhor. Eles vem com essas chaves mistas, que abrem qualquer porta. Foi assim que entraram em outras várias casas da comunidade naquela manhã. Em duas delas, mataram mais dois irmãos em cada! Mataram o filho da XXXX e da XXXX”, deixou escapar uma das moradoras.

    “Cada um fala de seu morto!”, tentou organizar um jovem mototaxista.

    A essa altura, os jornalistas da grande imprensa já haviam chegado à associação. Como raramente estão preocupados com a segurança dos moradores de favela, já haviam ligado suas câmeras. A situação incomodou os moradores.

    “Tira essa câmara da minha cara! Depois a polícia vem aqui e me mata. O que vai adiantar minha cara no jornal? Ô moço, por favor, cuida com isso aí!”, reclamou, com toda a razão, uma mulher de cerca de 40 anos.

    “Então se cada um fala do seu morto, eu vou falar do Jefferson. Eu vi o Jeferson caminhar baleado pela comunidade logo cedo. Ele pedia para chamarem seu pai, o XXXX. Mataram o Jeferson, depois mataram dois na casa da XXXX. Tiraram um de casa. A gente sabe o nome de cada um dos mortos!”, disse uma moradora, sugerindo que os nomes, quase todos Silvas, fossem enfileirados na conversa.

    “Roger Silva, David Silva, Felipe Antunes, Enzo Carvalho, Maikon Silva, Vitor Hugo Silva, Luan de Oliveira, Carlos Alberto Castilho, Jeferson de Oliveira, Gabriel da Silva, Robson da Silva e André Leonardo Dias”, foi a chamada perversa dos jovens, muitos ainda menores de idade.

    “Foi isso, senhor. Sete foram mortos na casa. Depois, duas duplas de irmãos em duas casas diferentes. Teve ainda o Jefferson. Foram 12 mortos no Fallet. E ainda mais três, fomos saber depois, que foram mortos lá no Morro dos Prazeres (morro vizinho, onde havia uma operação do BOPE”, explicou um homem.

    “Um desses mortos foi encontrado na mata dos Prazeres. Ele era aqui do Fallet, mas a polícia não queria deixar a gente entrar na mata. Quando encontraram o corpo dele, ele tava num buraco, que havia sido coberto por folhas de árvores. O Matheus tinha dois tiros na boca”, lembrou, com horror, uma senhora.

    Foi então que o Corregedor Pedro intercedeu, para lembrar o contexto no qual a tragédia estava inserida: “Pessoal, vocês sabem que tem muita gente lá fora achando que tá certo fazer o que foi feito. Tem muita gente que acha que a operação foi bem sucedida. A gente tá aqui para ajudar a dizer que não, que esta operação não foi bem sucedida”.

    “Eu briguei toda a semana no Face por causa disso! Tem muito gente dizendo: bandido bom é bandido morto. Não gente! Tem a lei para quê, então?”, disse a moça mais jovem a se pronunciar.

    “Por que só foram no Fallet?”, disse uma moradora, deixando escapar um consenso entre os moradores: de que a operação da polícia ocorreu em parceria com a facção rival a do Fallet. Um jovem se levantou e mostrou um vídeo, da Rede Record, que mostrava a PM usando uma toalha para esconder das câmaras quem entrava dentro do caveirão naquela manhã.

    “Aliás, se tiver um jornalista da Record aqui, não vou bater palma não. A Record tá sempre aplaudindo a polícia, que oprime o morador, não pode isso!”, reclamou uma senhora bem velhinha, provavelmente, ex-telespectador de Wagner Montes, jornalista sensacionalista que morreu recentemente.

    “A gente tá aqui para evitar que isso aconteça de novo. Porque hoje é aqui, amanhã…”. Ela foi cortada: “É aqui de novo! A polícia tem alguma coisa com o Fallet”, disse uma mulher, que saiu da sala imediatamente.”Eles poderiam ser presos e mudar de vida”, voltou a dizer um tio de vítimas. “Então a pena de morte existe no Brasil! Por que existe só para pobre? Tem muito bandido do colarinho branco que tá preso por aí, mas vai sair e pode mudar de vida. Nossos sobrinhos, nossos vizinhos também podiam”.

    “Eu quero contar outro caso, que eu vi: nos Prazeres, neste mesmo dia, a polícia pegou um gaguinho. Ele ficou todo assustado, não sabia o que falar. Ele tem problema. A polícia pegou esse cara e deu uma martelada na mão dele. Eles tavam tão drogados, tão drogados…”, lamentou uma senhora bem negra, que disse ainda mais: “Eles matam cachorros quando entram aqui também. Eles vêm aqui na comunidade condenar as pessoas”.

    “Ninguém aguenta mais! Eu quero dizer uma última coisa: aprendam a votar, Marcelo Freixo me representa!”, gritou uma jovem, que também se levantou e saiu da sala.

    Uma senhora já bem idosa levantou uma ideia: “Tinha que ter um repórter morando aqui. Ia ver que quem chega atirando sempre sempre é a polícia. Tem que acabar com isso. Tem que ser dentro da lei! Depois que esse governador (Wilson Witzel) entrou, muita gente vai morrer ainda!

    “Naquele dia das mortes, se aqueles dois repórteres ali não tivessem chegado na hora certa, muito mais gente iria morrer. Foi um anjo quem mandou vocês”, disse uma mulher, fazendo a mais bonita homenagem que eu já vi um jornalista receber.

    “A gente até sabe quem são os policiais que vêm aqui com a má intenção. É o Cara de Espinha e o Salchicha!”, denunciou uma moradora.

    O representante da Defensoria da União pediu a palavra. Ele explicou o projeto do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que quer ampliar o conceito de legítima defesa: “Eles fazem tudo isso que vocês falaram sem ter permissão. Se o projeto passar, eles terão permissão”.

    “Agora vão ter?”, perguntou, apavorada, uma moradora.

    “Sim!!! Então vamos nos armar!”, gritou um homem, que foi acompanhada por outra mulher, a mais agitada de todas: “Alguém me dá uma pistola e me ensina a atirar! É guerra, então?”

    O Corregedor da Defensoria tomou a palavra novamente. Disse que quem quiser formalizar as denúncias poderia procurar os defensores. Foi logo interrompido: “A gente até quer, mas tem medo!”

    A reunião terminou, e a imprensa foi entrevistar individualmente os familiares dos mortos. A mãe de dois deles foi a que mais se dedicou a falar, para a Globo e SBT: “Tiraram o direito deles de viver, tiraram meu direito de ser mãe. Um escolha não define a vida de ninguém. Agora só me resta o vazio. Eu nem tive coragem de ver os vídeos”. A repórter da Globo foi a única, naquele dia inteiro, a perguntar se os jovens eram traficantes. Assustada com a pergunta, a mãe respondeu: “Um filho meu viu o outro ser morto. Eles andavam com os amigos do tráfico. Tinham cometidos erros”.

    Ao terminar a entrevista, ela mostrou as certidões de óbito de seus filhos, de 16 e 18 anos. Em uma delas, o resumo de um dia de terror: LESÃO POLICERVICAL. FERIMENTO TRANSFIXIANTE DO TÓRAX. AÇÃO PÉRFURO CONTUNDENTE.

    Arrasados, o “pessoal dos direitos humanos” desceu o morro a pé. No caminho, um deles perguntou aos representantes do governo do Estado: “e aí, o governador vai saber disso que foi falado hoje?”. Com a cara de chateação, um dos representantes respondeu: “saber ele já sabe”.

    Ao lado do coronel Rogério Figueiredo, secretário da Polícia Militar, o governador Witzel publicou um vídeo na internet nesta quinta-feira no qual parabeniza o Choque, o BOPE, toda a PM: “O que aconteceu no Morro do Fallet-Fogueteiro foi uma ação legítima da Polícia Militar. A polícia agiu para proteger o cidadão de bem.”

  • Grande dia?

    Grande dia?

    Por Ícaro Jatobá para os Jornalistas Livres

    Há sete dias de tomar posse do novo mandato, o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jean Wyllys (PSOL), anunciou em entrevista exclusiva à Folha de S. Paulo que abriria mão do seu terceiro mandato para resguardar a sua vida.
    Jean Wyllys que desde a morte da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, vivia escoltado por policiais, levou em consideração para a sua decisão as constantes ameaças e a falta de liberdade. Wyllys alega ainda que as fake news, muitas disseminadas no período eleitoral, serviu para alimentar constantes agressões verbais e até físicas.
    No país que mais se mata LGBT (445 em 2017 e 336 até outubro de 2018) segundo o Grupo Gay da Bahia, Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a agenda LGBT no Congresso Nacional e enfrentou resistência de bancadas que representam a ‘tradicional família brasileira’, como a bancada da bíblia e da bala.
    Após o anúncio da saída de Wyllys do cenário político brasileiro, o parlamentar se tornou o assunto mais comentado do Brasil no Twitter, diversas manifestações a favor e contra foram registradas. Mas a quem interessa a saída de Jean Wyllys do Congresso Nacional? Quem perde com isso?
    Poucos minutos após Jean Wyllys atingir o ‘trending topics mundial’ do Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) atualizou a sua rede social com a mensagem “Grande dia! ”, o que foi suficiente para que seus seguidores vissem como uma comemoração ao pronunciamento de Jean. No mesmo instante e também no twitter, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSL) postou “Vá com Deus e seja feliz! ”. Um dos seguidores interroga “Prezado Presidente, se o motivo de Jean Wyllys estar saindo do país e abandonando o seu cargo de Deputado Federal for, de fato, receio pela sua integridade física, então é gravíssimo! O senhor não deveria estar comemorando, mas, sim, exigindo investigação e apuração dos fatos.”

    Entre as mensagens de apoio, famosos e colegas de profissão ressaltam o grande legado que Jean Wyllys fez durante a sua vida pública. Perde a esquerda, perde a comunidade LGBT, perde a democracia, perde o Brasil.

     

  • Trabalhador de Supermercado: o que está ruim pode ficar pior

    Trabalhador de Supermercado: o que está ruim pode ficar pior

    Fotografia e Texto: Franci Brito, jornalistas livres

    Bolsonaro sempre admitiu que seu fetiche é os Estados Unido e que esse sistema neoliberal, “é um modelo a ser copiado”. Mas o Capitão Presidente nunca explicou que a cópia pode ser só a forma de submeter a classe trabalhadora a ofícios exaustivos para enriquecer os capitalistas.

    Na Flórida e nos outros 49 Estados americanos, operadores de caixa trabalham 8h por dia em pé. Exercem também duas funções, a de cobrar e de empacotar, ” é um trabalho exaustivos que nos doem as pernas”, disse uma operadora do supermercado Walmart do Lake Buena Vista (Orlando) que não quis se identificar.

    Em 1872 o sociólogo Karl Marx já dizia que em um sistema capitalista “o tempo e o cansaço ficam com o trabalhador e os lucros com o burguês” . E é esse modelo que o Capitão reformado quer implantar no Brasil.

     

    Segue abaixo algumas imagens do cotidiano do trabalho nas nesta rede de supermercados dos Estados Unidos.

     

     

  • “TromPetista” e “Pilha” recebem carta de Lula em solidariedade a repressão

    “TromPetista” e “Pilha” recebem carta de Lula em solidariedade a repressão

    “Eles (Governo Bolsonaro) precisam aprender que Democracia não é um pacto de silêncio, mas sim uma sociedade em movimento em busca de liberdade. Que toquem os trompetistas do Brasil inteiro para acordá-los para a realidade.” Essas foram as palavras do ex-presidente Lula essa semana para os ativistas brasilienses Fabiano Leitão, o tromPetista, e Rodrigo Pilha, do canal Botando Pilha, numa carta em solidariedade às suas liberdades de expressão. 

    Na quarta-feira, 16, Fabiano Leitão e Rodrigo Pilha foram repreendidos pela Polícia Militar em frente ao prédio do Palácio do Itamaraty, em Brasília, antes e depois de uma ação de protesto que eles fizeram na chegada e na saída da visita do presidente direitista neoliberal fundamentalista da Argentina, Maurício Macri, ao presidente direitista neoliberal fundamentalista, Jair Bolsonaro.  

    Após a saída de Macri, Fabiano tocava trompete e Pilha transmitia ao vivo em seu canal e páginas nas redes sociais, quando o trompetista foi abordado por um policial e encaminhado a uma delegacia próxima por estar sem o porte dos documentos. Pilha foi questionado pela transmissão e, após apresentar documentos, liberado em seguida. Já o trompetista, mesmo dizendo seu nome completo e número do RG (Registro Geral) ao policial, só foi liberado após passar algumas horas detido na DP para averiguação. 

    “É um abuso de autoridade isso, para intimidar mesmo. Não é proibido, nem contra a lei, sair de casa sem documentos, muito menos tocar trompete em forma de protesto, nem transmitir ao vivo. Só na Ditadura Militar repreendiam e prendiam pessoas por esses motivos. Com a Constituição de 1988, isso caiu. E nós vamos lutar até o fim pela Democracia e liberdade do nosso país e contra esse golpe que prende não só nosso presidente Lula, como todos e todas as vítimas desse sistema, e que foram contempladas com políticas públicas para as minorias”, afirmou Fabiano. 

    Segundo a advogada ativista, Tânia Mandarino, não existe legislação que obrigue o cidadão brasileiro a portar os documentos identificatórios, portanto, ninguém pode ser detido “para averiguação” com fins de identificação, especialmente após ter passado os dados do RG. “Esse procedimento é ilegal e constitui crime de abuso de autoridade”. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, LXI, diz que “preceitua dever ocorrer a prisão somente em decorrência de flagrante e por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária”. 

    Nessa mesma linha, a Lei 12.403/11, norma infraconstitucional, ao dar redação atual ao artigo 283 do Código de Processo Penal determina que “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso de investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”. “A chamada prisão para averiguação não foi recepcionada pela Constituição de 1988”, explica a advogada.  

    A segunda repressão da semana veio da própria Rede Globo, mais especificamente do repórter Marcos Losekann. Durante entrada dele ao vivo no Jornal Hoje de ontem, sexta-feira, 18, Fabiano Leitão tocou ao fundo um dos hinos dos petistas, “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula!”. Após finalizar a transmissão, Losekann foi atrás e repreendeu o trompetista. 

    Contudo, Fabiano recebeu a carta do ex-presidente Lula com muito carinho e felicidade logo após ele entrar ao vivo com Losekann, no link da Globo. “Essa carta foi o melhor presente da minha vida. Ainda bem que li logo depois da ação, se não eu poderia perder o foco. Imaginei ele escrevendo, fiquei emocionado. Tudo que fizemos por ele vamos continuar fazendo”, finaliza o trompetista. 

    Para Pilha, a carta é um gesto generoso de Lula. “Ficamos muito emocionados, porque significa um alento, um abraço e um aceno de quem reconhece a nossa luta. Mas nada tira a nossa indignação e tristeza com o fato dele estar pagando com a sua liberdade o preço de ter desafiado a elite perversa do nosso país. Não descansaremos enquanto ele não for libertado”. 

     

    Reprodução: carta do ex-presidente Lula aos ativistas Fabiano Leitão e Rodrigo Pilha na íntegra

     

     

  • Ativistas mobilizam Banquetaço nacional contra o fim do CONSEA

    Ativistas mobilizam Banquetaço nacional contra o fim do CONSEA

    Por Lola Oliveira, especial para o Jornalistas Livres
    Ainda nos primeiros dias do novo governo federal, foi decretado o fim do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), orgão responsável por criar, em diálogo com o poder público e a sociedade civil, políticas públicas que implementem o direito humano fundamental à alimentação adequada. A medida representa um favorecimento ao agronegócio em detrimento de produções seguras e soberanas de alimento. Por esse motivo, ativistas do setor, do Brasil todo, estão organizado o Banquetaço Nacional, ato que será realizado em várias cidades do país no dia 27 de fevereiro, às 12 horas, contra a extinção do CONSEA.
    O objetivo do Banquetaço é chamar a atenção da sociedade e dos políticos, principalmente os tomadores de decisões como os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Ministério da Cidadania, para a importância do Consea. E estimular a vontade legítima de participação democrática por parte de cidadãos especialistas dispostos a colaborar com seus conhecimentos no desenho de planos e projetos em prol do direito humano à alimentação adequada nos seus territórios. A idéia é unificar as questões políticas em torno da extinção do CONSEA e ao mesmo tempo respeitar e valorizar as ações e diferenças em cada estado.

    Nota oficial do Banquetaço:

    O Banquetaço é um ato de solidariedade com aqueles que necessitam do fornecimento de alimentação pública, um congraçamento em torno da mesa com vistas à inclusão social. Somos um Movimento político apartidário que mobiliza a sociedade civil, movimentos sociais, organizações, coletivos e profissionais pela soberania e segurança alimentar. Um Movimento de defesa da boa alimentação no Brasil. Um Coletivo mobilizador de redes que por meio de banquetes públicos visibiliza questões políticas e alimentares urgentes e pressiona por tomadas de decisões em prol do bem comum.

    O Banquetaço surgiu em resposta à necessidade de novas sociabilidades e generosidades em agir em defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada. Em 2017, agricultores, nutricionistas, participantes do Conselho Municipal de Alimentação de SP, cozinheiros e ativistas realizaram um ato diante do teatro municipal de São Paulo onde foram servidas 2 mil refeições gratuitas, com alimentos produzidos por agricultores orgânicos da Cidade de São Paulo, doações de temperos e Panc da Horta da USP; doações de alimentos por empresários e coleta de alimentos que seriam descartados pelo CEASA através da metodologia Disco Xepa. (anexo)

    Em 2018 após o incêndio no Largo Paissandu os ativistas do Banquetaço se organizaram em duas cozinhas cedidas por donos de restaurantes locais, e serviram alimentos para os desabrigados. Atualmente, o grupo de ativistas tem apoiado a iniciativa da plataforma #ChegadeAgrotóxicos e lutado pela aprovação da PNaRA – Política Nacional de Redução dos Agrotóxicos. São apoiadores do coletivo Banquenquetaço o Greenpeace, o SlowFood, Mídia Ninja, #342Amazônia, entre outros.

    Estamos nos organizando para um ato de protesto em vários estados, a favor da manutenção do Consea com a devida participação representativa da sociedade civil. A idéia é congregar pessoas em torno de uma mesa farta, com alimento bom, limpo e justo, no dia 27 de fevereiro, a partir das 12h em várias cidades do país, para chamar a atenção para o CONSEA e o Direito à Alimentação Saudável e Adequada.

    Pretendemos chamar a atenção da sociedade e dos políticos (principalmente os tomadores de decisões como os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Ministério da Cidadania) para a importância do Consea, da vontade legítima de participação democrática por parte de cidadãos especialistas dispostos a colaborar com seus conhecimentos no desenho de planos e projetos em prol do direito humano à alimentação adequada nos seus territórios. A idéia é unificar as questões políticas em torno da extinção do CONSEA e ao mesmo tempo respeitar e valorizar as ações e diferenças em cada estado.

    Abaixo assinado contra a extinção do Consea Nacional:
    https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdDEI1imABNvV7tBM0X1557wQVv06UA_BHDBOHavo-KRuVZNg/viewform?fbclid=IwAR1v9Vs0E-TVFPPJJVCrOr31BWY3Hv32lSa3R3KbmgiE9IpH_wI0ARzGJFA

    Página Oficial do CONSEA NACIONAL
    https://www.facebook.com/segurancaalimentar/

    Página Oficial do BANQUETAÇO
    https://www.facebook.com/direitoalimentacaodeverdade/

    Vídeo retratando a experiência do 1º BANQUETAÇO em SP
    https://youtu.be/ouakayjFuvE

    Manual do Disco Xepa
    https://www.slowfoodbrasil.com/publicacoes/1075-guia-pratico-disco-xepa.

    Tema para foto de perfil no Facebook em apoio ao #BANQUETAÇO e #CONSEARESISTE
    http://www.facebook.com/profilepicframes/?selected_overlay_id=2084594671636701

    Tema para foto de perfil no Twitter em apoio ao #BANQUETAÇO e #CONSEARESISTE