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  • Ex-presidente Lula recebe apoio das centrais sindicais

    Ex-presidente Lula recebe apoio das centrais sindicais

    Dirigentes de diversas centrais sindicais participaram nesta segunda-feira (22), de ato em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Lula confirmou presença ​amanhã​ em Porto Alegre​.​

     

    O ex-presidente recebeu os dirigentes na sede do instituto que leva o seu nome, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Estavam lá sindicalistas da CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, Nova Central e UGT. Lula falou sobre a nova lei trabalhista, dizendo que Michel Temer fez o que o então presidente Fernando Henrique Cardoso havia prometido, mas não teve coragem de cumprir: acabar com a chamada Era Vargas.

     

    “Uma reforma você faz com os interessados, na mesa de negociação, você não impõe. A reforma trabalhista que ele fez foi para acabar com a representatividade do movimento sindical. O trabalho intermitente é uma agressão a um direito elementar. Tem muito fascista neste país querendo acabar com a representação dos trabalhadores”, disse o ex-presidente, que anunciou uma caravana pelo Rio Grande do Sul, provavelmente a partir de 27 de fevereiro. A primeira parada será justamente em São Borja, terra de Getúlio Vargas e João Goulart.

     

    Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, o ato de hoje é também “ato em defesa e solidariedade a nós próprios (trabalhadores)”. Se barram alguém como Lula, afirmou, “imagine o que vai acontecer com os trabalhadores, pobres, mortais, como nós”. “Queremos que a democracia seja respeitada, que as opções sejam colocadas e a eleição é que tenha possibilidade de fazer o processo de julgamento do que aconteceu com os trabalhadores e com o Brasil nos últimos anos”, acrescentou.

     

    “O que nos indigna muito é a forma como você está sendo acusado e a maneira como está sendo julgado nesse processo”, afirmou o presidente da CSB, Antonio Neto, que recentemente deixou o PMDB (agora MDB) e filiou-se ao PDT. “É um direito legítimo seu ser candidato a presidente.”

     

    “Não se trata de investigação, trata-se de uma perseguição para intervir no processo eleitoral”, disse o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio. Para ele, a defesa da candidatura “é uma questão democrática, que deve ser assumida pelos que gostam e não gostam de Lula”. Índio também identifica “uma agenda para destruir o Estado e os direitos sociais”.

     

    O presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, disse que “qualquer historiador minimamente honesto” identificará, no futuro, o momento atual como sendo de retrocesso, da mesma forma que as razões do golpe de 1964 foram sendo reveladas ao longo dos anos. Mesmo juristas sem “identidade com a esquerda” veem um processo judicial “viciado”, acrescentou.

     

    “Trazemos aqui o apoio de todos os nossos dirigentes sindicais, que entendem perfeitamente que neste período o massacre que estão fazendo sobre você é sem precedentes neste país. Nós entendemos que o Estado democrático de direito deve funcionar, mas para todos, não com reservas, reserva de domínio, de mercado. Você é um guerreiro. O que querem implantar neste país é um processo eleitoral sem a participação de quem defende os trabalhadores brasileiros, ou seja, sem a participação do Lula.”

     

    O presidente da CTB, Adilson Araújo, vê um “recrudescimento da direita” e uma agenda “regressiva” em curso contra os direitos dos trabalhadores. “Está muito claro que a estratégia do golpe se consolida inabilitando Lula de ser candidato e promovendo a reforma da Previdência, que nada mais é do que a liquidação da fatura”, afirmou.

     

    “Nós sabemos que ele está no banco dos réus pelo Fies, pelo ProUni, pelo Luz para Todos, por ter defendido realmente um Estado de bem-estar social”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. Para ela, defender de o direito à candidatura também é defender a democracia “e a volta dos direitos que nos foram roubados”. A secretária de Políticas para a Mulher da Força Sindical, Maria Auxiliadora dos Santos, destacou os avanços sociais durante o governo Lula, particularmente na questão de gênero.

     

    Também participaram do encontro na tarde de hoje, entre outros, o 1º secretário da Força, Sérgio Luiz Leite, o Serginho, o vice da central Miguel Torres (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM, confederação nacional da categoria) e o presidente da Nova Central em São Paulo, Luiz Gonçalves, o Luizinho.

     

    Informações da Rede Brasil Atual

  • “O aniversário é dele, mas o presente quem ganha são todos nós brasileiros”

    “O aniversário é dele, mas o presente quem ganha são todos nós brasileiros”

    Por Patrícia Adriely para os Jornalistas Livres

    Gileno da Silva Alves, de 47 anos, é de Guanambi (BA) e viajou 380km para ver e prestigiar Lula no ato realizado em Montes Claros, na noite de 27 de outubro, mesmo dia em que o ex-presidente completou 72 anos. “O aniversário é dele, mas o presente quem ganha são todos nós brasileiros, com sua volta à presidência”, afirmou ele.

    “Eu não poderia deixar de homenagear o melhor presidente que o país já teve, que tornou o país respeitado nacionalmente e internacionalmente e que olhou para os menos favorecidos”, declarou Gileno, que teve a oportunidade de se tornar técnico segurança do trabalho há 5 anos por meio do Proeja, Programa Nacional de Integração da Educação Profissional, criado em 2006. “Sou filho de agricultor e produtor rural, me formei e hoje tenho orgulho de estar empregado e de ser disputado pelas empresas da minha região”.

    O professor da Unimontes, Rodrigo Pessoa, 43 anos, deixou uma mensagem para o ex-presidente pelo seu aniversário. “Quero parabenizá-lo por todos esses anos de dedicação ao povo brasileiro”. Rodrigo trouxe o filho Bernardo para acompanhar o ato. “Quero que ele se torne um cidadão de verdade e conheça a militância. No momento atual, não podemos ficar parados. Lula tem a capacidade de juntar gente que pensa de maneira progressista e não podemos perder a eleição em 2018, senão o golpe fica consolidado”.

    Quando informado sobre o aniversário de Lula, Túlio Fróes Júnior, de 76 anos, disse: “Gostaria que ele vivesse 200 anos pois ele é um homem de coragem”. O técnico em eletricista, que hoje se encontra em situação de rua, contou que recebe um salário por invalidez, devido a um acidente de trabalho, e que atualmente o dinheiro não é suficiente para pagar todas as despesas. “Na época do governo de Lula, o dinheiro tinha um poder aquisitivo, foi um governo que impulsionou o país. Ninguém fez um plano tão completo quando ele. Remédios que eu conseguia no posto, hoje tenho que comprar. Além disso, marcar uma consulta atualmente é muito mais difícil”. Túlio também reclamou da dificuldade de conseguir uma casa do programa Minha Casa Minha Vida. O seu cadastro no programa foi realizado em 2014.

    A trabalhadora rural Rosa Clarice Ferreira Soares, de 56 anos, saiu do município de Coração de Jesus, a 82km de Montes Claros, para ouvir o ex-presidente. “Eu sou fã demais dele. Eles fazem crítica a Lula, mas não têm provas. Ele tirou o pobre da humilhação e os ricos não gostam disso. Com o governo de agora, o Norte de Minas está esquecido. Desejo que Deus multiplique os anos de vida dele, que ele tenha muita felicidade e paz. Vou orar muito por ele”.

    No início do ato, Lula disse que se fosse seguir a lógica de um aniversariante, ele estaria com os filhos fazendo uma festa. “Eu não quis fazer comemoração este ano, pois faz menos de um ano que a Marisa morreu”.

    Ao final, o público cantou um “parabéns para você” caloroso, com direito a acompanhamento musical em ritmo de um forró animado e bolo, que deixou Lula emocionado.

    A cobertura da caravana “Lula pelo Brasil” é realizada por meio da parceria entre Brasil de Fato, Mídia Ninja e Jornalistas Livres

     

  • Lula inicia caravana pelo nordeste

    Lula inicia caravana pelo nordeste

    Alvo de diversas campanhas que pediam que o país fosse separado, o Nordeste tem um papel fundamental na construção do Brasil. Entre os dias 17 de agosto e 07 de setembro, o ex-presidente Lula fará a segunda edição da Caravana pelo Nordeste. 25 anos depois o ônibus percorrerá mais de 30 cidades, saindo de Salvador-BA e terminando em São Luís-MA.

    Os Jornalistas Livres compreendem a importância de contar a história do povo que é deixado à margem não só pelo atual governo mas também pela mídia, que diversas vezes não os consideram pessoas dignas e importantes para o país. Queremos conhecer quem saiu da miséria nos governos Lula e Dilma e agora está voltando a ter fome. Queremos dar voz a quem é ignorado por todos os lados. Os Jornalistas Livres afirmam o caráter jornalístico e ético da cobertura, com ênfase em quem tem esperança de que o Brasil volte a ser governado tendo seu povo como prioridade.

    Nos ajude a mostrar o que não estará na grande mídia. Nos ajude a dar rosto para as lutas pelo fim da miséria, pelo fim da fome, pela saúde, pela educação, pelos direitos trabalhistas, pela água e, principalmente, pela vida. Contribua com qualquer valor para que essas histórias sejam contadas.

    PARTICIPE:

    Banco Caixa Econômica Federal

    AG: 3033

    Conta Poupança: 8971-0

    OP: 013

    Confira o trajeto completo da caravana:
    QUINTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO Salvador – Bahia
    SEXTA-FEIRA, 18 DE AGOSTO Cruz das Almas e São Francisco do Conde – Bahia
    SÁBADO, 19 DE AGOSTO Feira de Santana – Bahia
    DOMINGO, 20 DE AGOSTO Estância – Sergipe
    SEGUNDA-FEIRA, 21 DE AGOSTO Lagarto, Itabaiana e Nossa Sra. da Glória – Sergipe
    TERÇA-FEIRA, 22 DE AGOSTO Aracaju – Sergipe
    Penedo – Alagoas
    QUARTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO Arapiraca – Alagoas
    Maceió – Alagoas
    QUINTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO Recife – Pernambuco
    SEXTA-FEIRA, 25 DE AGOSTO Recife – Pernambuco
    SÁBADO, 26 DE AGOSTO João Pessoa – Paraíba
    DOMINGO, 27 DE AGOSTO Campina Grande – Paraíba
    Currais Novos – Rio Grande do Norte
    SEGUNDA-FEIRA, 28 DE AGOSTO Mossoró – Rio Grande do Norte
    TERÇA-FEIRA, 29 DE AGOSTO Quixadá – Ceará
    QUARTA-FEIRA, 30 DE AGOSTO Juazeiro do Norte – Ceará
    QUINTA-FEIRA, 31 DE AGOSTO Granito – Pernambuco
    SEXTA-FEIRA, 1º DE SETEMBRO Marcolândia – Piauí
    Picos – Piauí
    SÁBADO, 2 DE SETEMBRO Teresina – Piauí
    DOMINGO, 3 DE SETEMBRO Timon – Maranhão
    SEGUNDA-FEIRA, 4 DE SETEMBRO São Luís – Maranhão
    TERÇA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO São Luís – Maranhão

  • ‘FLORES DA RESISTÊNCIA’ CHEGAM ATÉ O EX-PRESIDENTE LULA

    ‘FLORES DA RESISTÊNCIA’ CHEGAM ATÉ O EX-PRESIDENTE LULA

    Em tempos de perda de Estado Democrático de Direito, de falta de respeito pela classe trabalhadora e de ódio dos setores mais conservadores da sociedade, ao único projeto realmente popular e democrático já existente no Brasil, um coletivo chamado ‘Flores da Resistência’ nasce e atua para disseminar o amor e a esperança àqueles que sofrem com os resultados do golpe. Pessoas oprimidas que estejam passando por algum infortúnio também são acalentadas.

    Na época do processo de cassação do mandato da ex-presidente, a ação trouxe amor à Dilma Rousseff. “Foi uma forma de resistência ao golpe. Toda semana mandávamos flores para ela.” Declara a jovem química, Talitha Braga, militante do coletivo “Todxs na rua” e uma das ativistas do “Flores da Resistência”.

    A iniciativa do “Flores”, foi de Renata Del Monaco, professora de rede pública que reuniu um grupo de amigos para discutir as questões que repercutem até hoje e logo após consumado o golpe.

    Thalita Braga emocionada faz a entrega ao ex-presidente

    O coletivo também atua na organização de debates e rodas de conversa com políticos e movimentos populares. “Atuamos juntamente com outros coletivos como o Democracia Corinthiana.” Diz Renata

    Na última quarta (12), quando divulgada a informação da sentença contra o ex-presidente Lula, baseada exclusivamente em delações premiadas negociadas ao longo de meses com criminosos confessos, o pessoal do “Flores da Resistência” não pensou duas vezes. Era hora de Lula receber as flores.

    “Fui para acompanhar o pronunciamento e por acaso sentei ao lado da secretaria do ex-presidente. Ela me perguntou para quem eram as flores e eu disse que gostaria de entregar pessoalmente ao maior líder político da América Latina. Após o término da fala, a equipe de Lula me chamou. Foi muito emocionante! O ex presidente estava muito tranquilo e alegre, mas com um semblante combativo.” Finalizou Thalita

    Lula recebeu orquídeas como sinal de resistência e força. O coletivo também aproveitou para homenagear D. Marisa Letícia Lula da Silva que gostava muito dessa espécie de flor.

     

     

  • Direita contra Lula tem contradições internas

    Direita contra Lula tem contradições internas

    Por Taciana Dutra e Florence Poznanski, para Jornalistas Livres

     

    Nesta segunda 10 de julho, acontecia em Belo Horizonte o lançamento nacional da segunda fase do Memorial da Democracia, com presença do ex-presidente Lula, público de cerca 1900 pessoas acompanhando o evento no Grande Teatro do Palácio das Artes, enquanto aproximadamente cinquenta pessoas organizadas protestavam em frente ao local. Os manifestantes defendiam as palavras de ordem “Lula ladrão”, “Lula vagabundo”, “viva Lava Jato” e “eu vim de graça” e a candidatura de Bolsonaro em 2018, além de homenagear o nome do coronel Ustra, ex-chefe do DOI-CODI e acusado pela morte de dezenas de pessoas durante a ditadura. Lideranças de duas entidades envolvidas no ato foram entrevistadas sobre suas reivindicações e percepções sobre a conjuntura. Os depoimentos mostram heterogeneidade e contradições entre os diversos argumentos.

    Coordenador do movimento Direita Minas, que tem mais de 100 000 seguidores no Facebook, Bruno Engler, estudante de direito, identifica-se como direita conservadora,que preza pelos valores da família tradicional, judaicos e cristãos e pede para penas mais severas para bandidos e porte de arma ao cidadão. Ele argumenta que o movimento da direita representa melhor a democracia que o Lula, afirmando que esse “apoia a ditadura venezuelana, cubana e apoiou a ditadura da união soviética” e defende ainda que “o regime militar brasileiro não foi uma ditadura”.

     

    O movimento se posiciona a favor da queda do atual Presidente Michel Temer e avalia que há provas de que ele seja também corrupto : “todo corrupto tem que cair”, diz ele. No entanto, não parece preocupado à possibilidade de outro politico acusado de corrupção, Rodrigo Maia, assumir a Presidência em caso de queda de Temer. O movimento é contra a convocação de eleições diretas e a favor do respeito à Constituição pela vias de eleições indiretas. A principal razão da rejeição das diretas seria a convicção de que eleições diretas representam “um golpe no voto impresso” que só sera obrigatório a partir de 2018. Segundo Bruno Engler a esquerda quer eleições diretas para não ter voto impresso. Desta forma “quem ira decidir o novo Presidente seria o TSE, não vai ser nós”, acrescenta.

    Apesar de ser contra a reforma da Previdência, que Bruno Engler avalia como necessária, porém inadequada no formato proposto, ele apoia a reforma trabalhista para desburocratizar a CLT, reduzir os encargos trabalhistas e assim favorecer a retomada da economia, mas reconhece não saber todos os pontos da reforma. “Eles [a esquerda] dizem que nos somos facistas, mas a CLT é uma copia da “carta del lavoro” do Mussolini que era um ditador facista italiano”. As origens da CLT são controversadas e podem não se inspirar no texto italiano, mas há grandes semelhanças entre o modelo da CLT brasileiro dessa carta, no que ambas fortalecem o papel do Estado na tutela dos direitos trabalhistas. (confira em: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/83/mais-para-a-esquerda)

    No mesmo ato, estava Hilda Araujo, diretora administrativa da associação Mulheres da Inconfidência, organização de cunho politico que defende a ideia de uma “faxina geral” para o pais, mediante o resgate dos valores morais e éticos, e o fomento ao civismo. Hilda se considera liberal, a favor de um Estado minimo e da meritocracia. Ela também participa de iniciativas de cunho caritativo para causas sociais

    Diferentemente de Bruno, Hilda não vê a atual polarização politica com bons olhos, alegando que “vivemos no mesmo país e queremos todos a mesma coisa”. Para ela a possibilidade de cada cidadão brasileiro conseguir um trabalho digno é a maior prioridade. Mas ela não vê no Estado a legitimidade para cumprir esse papel. Ao mesmo tempo que define a Petrobras como “nosso orgulho”, ela defende a venda de todo patrimônio estatal e limitação da atuação pública às obrigações mínimas do Estado: saúde, educação e segurança. Mas seu raciocínio vai mas a fundo. Questionada sobre de onde viriam os recursos para prover essas politicas publicas, mesmo em um estado mínimo, ela menciona a demanda de maior descentralização dos recursos públicos entre a união e as demais entidades federativas com a possibilidade delas captar e gerirem maior volume de receitas. Um tema de gestão tributária pautado também por alguns setores progressistas que lamentam que o pacto federativo de 1988 descentralizou as competências mas não as receitas.

     

    Hilda e as demais mulheres da associação protestaram a favor da prisão do Lula, mas ela ressalta que mesmo assim “temos que ser respeitosos ao tratar quem a gente nomeia”. Não se firma em orientação política-partidária, e seu posicionamento sobre o atual congresso, é sem pestanejar: “junta tudo e joga fora!”, mas ao mesmo tempo não defende troca de mandatos: “se chegamos onde estamos, vamos segurar até o fim do mandato”. À denúncia contra Lula, se junta também uma denúncia ao Temer (“ele não tem nenhuma vergonha na cara, nao deveria nem ter sido candidato a vice presidente e deveria hoje renunciar”) e ao Aécio Neves, que foi seu candidato em 2014, para quem ela escreveu pessoalmente uma carta manifestando sua revolta contra o comportamento que ela considera inaceitável : “foi uma facada para o povo mineiro”.

     

    Embora tenha demonstrado maior abertura ao diálogo do que Bruno, no que diz respeito a projeto de futuro para o país, Hilda demonstra desconhecimento de taxas de mortalidade da população jovem e negra cometida pela polícia, associando essa população à propensão à criminalidade de maneira genérica, defendendo a ação policial como defesa prévia. Ela afirma: “prefiro ver dez suspeitos mortos a perder a vida de um policial”, desprezando o princípio de presunção de inocência. Acredita na eficiência do regime militar e afirma que “os militares de hoje estão melhores e não vão cometer os mesmos erros do passado”.

  • Eu tenho um político de estimação

    Eu tenho um político de estimação

    Nathaly Munarini em Brasília – novembro de 2016 na manifestação contra a PEC 55.

    Aos 8 anos eu me vi inserida na política. Meus pais eram da articulação do PT aqui na cidade e eu era aquela criança que corria entre vereadores, professores, sindicalistas, prefeito e pessoas do partido. Ia a todos os comícios, reuniões, enxerida desde pequena, eu queria saber o porque do porque do porque e quem é. E todos me falavam. Me ensinavam. Meu pai, professor, sempre com a orientação política de esquerda, me dizia como aconteciam as coisas e era muito honesto quanto suas posições políticas.

    Um fato me marcou muito. Antes do Lula ganhar em 2002, eu ouvi meus pais dizerem ”a Nathaly infelizmente não fará faculdade, a não ser que ela estude muito, a gente nunca vai conseguir pagar os estudos pra ela, vai ser difícil.” Eles não sabiam que eu estava atrás do armário brincando. Até hoje acho que eles não sabem. Eu nunca vou me esquecer daquilo.

    Eu era, definitivamente, uma criança nascida e criada no seio político. E eu me apaixonei pelo Lula. Quem me conhece, sabe. Sabe como eu gosto dele por N motivos. É claro que em relação a sua passagem como presidente, eu tenho inúmeras críticas. Muitas mesmo. Algumas delas, coloca em cheque a minha crença de que de fato, ele governou pra esquerda. Isso é doloroso de admitir, mas é um exercício necessário pra nossa formação crítica-ideológica sobre política. Mas há enormes recortes e análises a serem feitos. E agora eu vou falar, pessoalmente, sobre eles.

    Numa entrevista da Dona Marisa em 2002, ela disse que ao chegarem em Brasília pela primeira vez, ela disse ao Lula: ”Querido, tem certeza de que você quer isso? Que quer enfrentar esses caras? Eles vão engolir você!”. Ela disse ao entrevistador, que Lula estava com uma camiseta do sindicato, uma calça simples e um sapato que usava para trabalhar, muito simples, como sempre andava. Mas ela também disse, que quando falou isso pra ele, ela olhou nos olhos dele e ele não disse nada. Os olhos dele estavam brilhando, como nunca haviam brilhado antes. Ele nem sequer escutou o que ela disse. Com toda certeza, era óbvio que ele não iria desistir. Ele continuou, e todo o resto, nós sabemos.

    Não estou aqui para falar sobre as minhas críticas ao seu governo e sobretudo sobre o PT. Isso eu deixo pra outra oportunidade. Sou humana, e hoje o que me toma, é a emoção e o sentimento.

    É, eu amo o Lula. Aquele cara que quase me fez fugir de casa quando veio para Dourados. Minha mãe sabia que eu era muito maluquinha e não me deixou ir no acampamento Itamarati com os colegas da família. Eu chorei o dia inteiro.

    Eu nasci numa época que meus pais não tinham nem ideia de quando poderiam ter um carro. A gente não viajava, não comia coisas gostosas, não tinha pequenos luxos. A gente não passava necessidade, mas sabíamos muito bem do nosso lugar na sociedade.

    Eu queria estudar na Universidade, eu queria muito fazer faculdade. E quando ele ganhou, tudo que era muito difícil e inacessível, se tornou real, se tornou possível. Se tornou verdade. Conseguimos ter o que a gente nem sonhava em ter. Um carro. Um terreno comprado com dinheiro ”vivo”. Eu na escola com esperança nas Universidades que estavam sendo construídas. O Brasil saindo do mapa da fome. As mulheres conquistando direitos, com tanta dificuldade. Eu nunca vi minha família tão feliz. As minhas vontades, é claro que continuavam, a gente nunca foi rico.
    Mas agora a gente se sentia parte de uma sociedade que era nossa. A gente era gente de verdade.

    Eu sempre fui privilegiada por estudar em escolas particulares. Eu ganhava bolsa de estudos porque sempre fui atleta e tinha notas muito altas. Mérito? Não pra minha concepção.
    Eu simplesmente tive uma oportunidade que condizia com minha educação, que mesmo sem luxos, era a necessária.

    Eu era agradecida por tudo isso. Eu não entendia nada sobre política. Nada mesmo. Nada do que entendo hoje. Eu nem sequer compreendia a questão de direita/esquerda. Mas eu sabia quem eu era na sociedade. E sabia que era de uma classe baixa. Eu tinha consciência de que pra ter o que os meus colegas tinham, era preciso muito mais esforço. E eu sabia que naquele momento, algo estava caminhando para que essas diferenças não fossem mais tão discrepantes.

    Tudo isso, eu compreendi no governo do Lula. Falem o que quiserem, não existiu governo que mais olhou pra nós, pobres, classe média, classe média alta. Nós saímos do mapa da fome. Nós conseguimos ter Universidades. Nós conseguimos viajar de avião e ter um carro. Isso ninguém vai conseguir me convencer do contrário. NINGUÉM.

    É claro que não consigo ultrapassar minha noção de justiça e jamais passaria a mão na cabeça dele se tudo isso que dizem fosse verdade. Eu só acho que do jeito que as coisas procederam, há algo muito errado. Há uma nítida perseguição. Há um desespero intenso em incriminar um ser humano. E isso eu jamais vou aceitar.

    ”Mas ah, e se conseguirem provar?” Se conseguirem de fato provar, sem utilizar desses mecanismos fajutos e sórdidos, pode ter certeza, eu serei uma das primeiras a chorar. E levando em conta toda a atual conjuntura política, judiciária e do nosso executivo, ainda que consigam provar algo, eu vou duvidar. Porque só estão perseguindo ele. E a Justiça é cega. Não perseguidora.
    A Marisa disse na entrevista, que quando eles chegaram em Brasília, nos anos 80, muitos falavam ”quem ele pensa que é?”

    ”Um sindicalista, nordestino e analfabeto!”

    E hoje só consigo pensar, quem ele pensou que era? Quando sua própria companheira advertiu-o sobre o risco que corria. Quando todos os calhordas da elite acusavam de comer criancinhas, quando ele sabia de onde estava vindo e da luta que começava a solidificar a partir de seus impulsos. Quem o Lula pensou que era para quebrar a lógica da extrema direita e colocar um cara como ele no Congresso Nacional? Na Presidência?

    Eu só queria dizer essas coisas no dia de hoje. Não quero ataques, nem ofensas. Adotem o político de vocês e escrevam textões sobre eles.
    A diferença é que eu tenho um político de estimação e tenho coragem de me posicionar de maneira clara e concisa. Deixo os bandidos de estimação pra vocês!

    *Nathaly Munarini é formada em Direito na UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados, militante e ativista de esquerda.