Jornalistas Livres

Tag: bolsonaro

  • Até quando o voto será um ato de vingança?

    Até quando o voto será um ato de vingança?

    ARTIGO

    RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia

    Hoje, quando ouvimos falar em “democracia”, naturalmente pensamos em eleitores indo periodicamente às urnas para escolher seus representantes. Nem sempre foi assim, pois ao longo da história da humanidade, a palavra “democracia” já foi utilizada para definir as mais diversas experiências políticas.

    A democracia direta ateniense, onde os cidadãos (homens, maiores de idade e não estrangeiros), iam à praça pública participar diretamente do governo da cidade. As repúblicas socialistas que no século XX prometeram realizar a utopia na terra. As organizações políticas dos povos originários que, segundo os pesquisadores de coloniais e pós-coloniais, também podem ser consideradas exemplos de “democracia”.

    A nossa experiência democrática moderna nasceu no século XVIII, nos EUA e na Europa, tendo se tornado hegemônica apenas no final do século XX, com o fim da Guerra Fria. A partir de então, uma questão fundamental se coloca para todos aqueles que se dedicam a discutir política na lógica das democracias liberais burguesas:

    O que faz com que as pessoas saiam de suas casas, se coloquem diante de uma urna e votem nesse candidato e não naquele?

    É claro que não há uma resposta única. Depende do lugar, das circunstâncias. Tomando apenas o histórico das eleições presidenciais brasileiras desde a década de 1990, podemos dizer que, entre nós, o eleitor médio quase sempre votou em quem entendia ser mais capaz de atender às suas necessidades materiais mais imediatas. Quase sempre. Em 2018, algo mudou, o que diz muito sobre a gravidade do colapso que hoje desestabiliza a democracia brasileira.

    Peço licença ao leitor e à leitora para uma breve digressão na forma de memória pessoal.

    Minha primeira memória política data de algum momento de 1994. Eu contava oito anos e pela primeira vez ouvia falar em “eleição”. Lembro como se fosse hoje meu avô, homem simples, trabalhador manual, dizendo que ia votar no Fernando Henrique porque “agora dá pra encher o carrinho no supermercado”.

    Menino curioso que era, fui ver quem era o tal Fernando Henrique e achei que o cabra tinha mesmo cara de presidente. Eu também queria votar no Fernando Henrique.

    A escolha eleitoral do meu avô fazia todo sentido.

    Fernando Henrique Cardoso era diretamente vinculado ao plano real, que para o povão significava o controle da inflação. Poucas coisas são mais cruéis com as famílias pobres do que a inflação. A classe média consegue se virar, cancela a pizza no shopping no final de semana, muda a marca do sabão em pó. Num cenário de hiperinflação, os pobres assalariados passam fome em algum momento do mês.

    Era óbvio que meu avô ia votar no Fernando Henrique, até porque o outro cara era um barbudão meio maltrapilho, grevista. Pobre não gosta de político maltrapilho, não gosta de greve. Quem gosta é intelectual de classe média.

    Acabou que Fernando Henrique venceu de lavada, no primeiro turno. Em 1998 foi a mesma coisa, a mesma racionalidade. Aqui, lembro melhor. Lá em casa, todo mundo votou no príncipe uspiano. O carrinho do supermercado ainda estava cheio.

    Em 2002, a coisa mudou, em todos os sentidos.

    O outro cara já não era maltrapilho, a barba estava aparadinha. Escreveu uma carta prometendo honrar os compromissos e não fazer loucuras. O povão gostou. Tolo é quem acha que apenas o mercado gosta de estabilidade. Além disso, o carrinho do supermercado já não estava mais cheio.

    Lá em casa, todo mundo foi de Lula. Lembro da minha gente assistindo o último debate com o Serra, na Globo. O dois numa arena tipo anfiteatro, superprodução. Não lembro se foi minha mãe, minha vó, ou uma tia qualquer que disse “Vocês viram como Lula tá bonito?”.

    Finalmente, Lula estava pronto. E cá entre nós, mais bonito também. Ô homem alinhado pra vestir um terno com elegância.

    2006, 2010. O povão estava feliz. Todo mundo com televisão nova pra assistir a novela e o futebol. Geladeira pra beber água gelada. Construindo uns puxadinhos nas casas pra dar quarto pra filha caçula, que já tava virando mocinha e precisava de privacidade. Penteadeira rosa pra enfeitar. Só acha que consumo é algo de menor importância quem pôde consumir desde o berço. Não existe cidadania sem ampliação do consumo.

    Até aqui a materialidade era o fundamento da racionalidade eleitoral. O povão escolhia aquele que fosse capaz de fazer a vida ser um tantinho menos sofrida.

    Tudo mudou em 2018, ainda que os sinais já se fizessem sentir desde 2014, passando pelas eleições municipais de 2016. Em 2014, Marina Silva, sem tempo de TV e sem estrutura partidária, teve mais de 20 milhões votos, antecipando de alguma maneira aquilo que aconteceria, em maior grau, com Bolsonaro quatro anos mais tarde. Em 2016, o PT amargou grandes derrotas, perdendo 60% das prefituras que governava até então.

    Outra energia política circulava pela sociedade brasileira.

    Desde 2013 que ia se acumulando uma potência de ódio contra todo o sistema político. Soma-se o fato de que o carrinho do supermercado não estava cheio, de que aqueles que sentiram o gostinho do consumo não estavam mais consumindo. Pior do que não consumir é parar de consumir.

    O povão, especialmente a baixa classe média do sul/sudeste, que pelo tamanho é decisiva em qualquer eleição presidencial, foi às urnas em 2018 babando de ódio, querendo vingança.

    Por isso, votaram em um candidato relativamente desconhecido e que já prometia um chicago boy como o comandante da economia. Por isso, o eleitor médio ignorou Paulo Guedes e votou contra seus próprios interesses materiais.

    Guedes representa o que há de pior no capitalismo. É o capitalismo parasitário, que não produz, que não gera emprego, que não administra birosca de esquina.

    Infelizmente, nada indica que esse clima de ódio tenha arrefecido. Parte considerável da população continua querendo vingança e enxerga em Bolsonaro a figura do anjo vingador.

    Sozinho com a urna, quando ninguém está vendo, o eleitor médio se vinga daqueles que acredita serem os culpados pela corrupção generalizada, pela agressão aos valores que considera serem sagrados, pela frustração de seus desejos.

    Basta saber até quando as pessoas estarão dispostas a sacrificar seus interesses materiais em nome de um desejo de vingança.

     

     

  • FENAJ e SJSP se solidarizam com a jornalista Patrícia Campos Mello

     

    A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) manifestam-se em solidariedade à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, alvo de ataques nas redes sociais após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) repercutir, em sua conta no Twitter e no plenário da Câmara dos Deputados, declarações falsas contra a jornalista, por parte de um depoente à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News.

    Uma das fontes de Patrícia Campos Mello na apuração jornalística sobre empresas contratadas para disparos em massa de mensagens de whatsapp nas eleições de 2018, Hans River do Nascimento declarou à CMPI das Fake News que a jornalista queria “um determinado tipo de matéria a troco de sexo”. Ao repercutir a afirmação, o deputado Eduardo Bolsonaro disse não duvidar que a jornalista “possa ter se insinuado sexualmente”.

    As declarações difamatórias foram desmentidas por reportagem da Folha, que disponibilizou provas, como gravações dos contatos e trocas de mensagens de Patrícia com Hans durante a apuração da matéria. A FENAJ e o SJSP repudiam as condutas do depoente e do parlamentar, entendendo que contribuem para a perseguição a jornalistas e descredibilização da profissão, reflexos dos ataques deliberados e estimulados pelo governo.

    A Federação e o Sindicato repudiam, ainda, o caráter misógino, violento e sexista do ataque à profissional jornalista, utilizado para colocar em dúvida a credibilidade das informações apuradas por Patrícia, uma das profissionais mais respeitadas e premiadas do país. O ataque atinge não só a repórter da Folha, mas também os princípios democráticos, constitucionais e a liberdade de imprensa.

    A Fenaj e o SJSP se colocam à disposição da jornalista para discutir e encaminhar as medidas cabíveis para defender o exercício do jornalismo e punir as mentiras e as ofensas utilizadas para atacar a jornalista e seu importante trabalho de reportagem.

    Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
    Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)

  • Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    Editorial: Conhecereis os fatos e a verdade aparecerá

    O jornalismo, assim como a ciência, não se pretende detentor da “verdade”. Nossa matéria-prima são os fatos. E os fatos bem apresentados a leitores, ouvintes e telespectadores são fundamentais para cidadãos tomarem decisões políticas. Jornalistas sérios, como a colega Patrícia Campos Mello, apuram, documentam e relatam fatos importantes para a compreensão da realidade cotidiana. Foi exatamente isso que ela fez na premiada série de reportagens que demonstrou, com dados, fatos e documentos, a contratação de empresas de “marketing” para o ilegal e milionário disparo em massa de mensagens de WhatsApp destinadas a favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro e outros políticos de extrema direita  nas eleições de 2018. Como atestaram entidades do porte da Organização dos Estados Americanos, o Brasil foi o primeiro caso documentado em que as fake news (MENTIRAS, em bom português) distribuídas massivamente por celulares tiveram papel decisivo nas eleições majoritárias de uma grande democracia. Mais tarde, reportagem do jornal britânico The Guardian trouxe uma pesquisa provando que 42% de mais de 11 mil mensagens virais utilizadas durante a campanha eleitoral no Brasil traziam conteúdo falso (MENTIRAS) que favoreciam o então candidato de extrema direita à presidência.

    Os fatos, portanto, são que campanhas de extrema direita por todo país, incluindo a presidencial, se utilizaram de recursos ilegais e fake news para eleger seus candidatos. Os fatos são que os órgãos de fiscalização das eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral, viram isso acontecer e não tomaram, à época, as atitudes que deveriam tomar. Os fatos são que o homem que ocupa a presidência e seus asseclas se elegeram e governam por meio de mentiras e ilegalidades. O fato é que por meio dessas mentiras, o governo caminha rapidamente para um fascismo aberto e ataca diariamente todas as instituições democráticas brasileiras, especialmente as que trabalham com fatos, como o jornalismo. E os fatos são que, apesar de gostarem de usar um versículo bíblico associando verdade e liberdade, o que se tem são mentiras e agressões diárias contra pessoas que trabalham com fatos, como cientistas e jornalistas.

    Ontem, o Brasil viu estarrecido a escalada de um novo patamar nas mentiras, baixarias, calúnias e difamações, apoiadas e divulgadas pelo governo, contra uma jornalista e, portanto, contra toda a imprensa séria nacional. Patrícia Campos Mello foi alvo, em pleno Senado da República, não somente de mentiras sobre sua atuação profissional impecável no caso, mas também de calúnias de conteúdo sexual, o que demonstra, mais uma vez com fatos, que esse governo não apenas é fascista e mentiroso, como também machista e misógino. A Patrícia, toda a nossa solidariedade e apoio, tanto pessoal como profissional.

    É passada a hora de a imprensa brasileira dar um basta nas mentiras e agressões desse governo que tomou posse há mais de um ano num evento grotesco em que os jornalistas foram confinados longe dos políticos e ameaçados de serem baleados se tentassem se aproximar. Não é possível que os colegas da mídia hegemônica sigam aceitando as “coletivas” da porta do Palácio do Planalto em que o homem que ocupa a presidência os xinga, manda calarem a boca, destrata os veículos para os quais trabalham e foge cada vez que é feita uma pergunta diferente da que ele quer responder. É urgente que jornais, rádios, TVs e portais noticiosos PAREM de tratar esse governo como “normal” e usem as palavras corretas para designar os fatos. Mentiras são mentiras. Fascismo é fascismo. Extrema direita é extrema direita. Retirada de direitos é retirada de direitos. Autoritarismo é autoritarismo. Corrupção é corrupção. Milícia é milícia. E bandidos são bandidos.

    A sociedade e os democratas brasileiros devem exigir das autoridades que ainda não foram totalmente cooptadas por esse governo fascista que façam funcionar as instituições democráticas. Os mentirosos e caluniadores precisam ser processados. Os crimes, inclusive de morte como da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, precisam ser investigados e punidos. Os políticos que se beneficiaram de esquemas de corrupção, financiamento ilegal de campanhas e difusão em massa de mentiras precisam ser cassados, ainda que se faça necessário anular as eleições de 2018.

    Não é a mentira manipulada com o uso versículos bíblicos para enganar a população de boa fé que vai nos libertar. Nossa libertação como nação virá da VERDADE proveniente dos FATOS. E para isso, uma imprensa forte e independente é fundamental.

  • Parasitário é o governo federal

    Parasitário é o governo federal

    ARTIGO

    Prof. Dr. Alexandre Santos de Moraes, do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense

     

                    Bolsonaro e demais personagens que ocupam Brasília se especializaram no conflito. Um bom manual de governabilidade recomendaria parcimônia e negociação, mas, por ignorância, incompetência ou truculência, o presidente e seus porcos fazem o perfeito oposto. O último grunhido veio do ministro Paulo Guedes, que em palestra realizada na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas, equiparou servidores públicos a parasitas.

                    Como sou servidor da Educação, área tão desprestigiada e combatida pela horda de que ocupa momentaneamente o governo, decidi consultar o pai de todos eles para que soubesse precisamente o que Guedes pensa a meu respeito. No reino animal, parasita seria “organismo que […] se encontra ligado à superfície ou ao interior de outro organismo, dito hospedeiro, do qual obtém a totalidade ou parte de seus nutrientes”, mas a metáfora de que o ministro se utilizou é tão célebre que já foi dicionarizada: “Indivíduo que não trabalha, habituado a viver, ou que vive, à custa alheia”.

                    O governo, mais uma vez, se equivoca. Falo não apenas por mim, que trabalho mais do que deveria ou poderia, tanto por vocação como por necessidade, mas em nome dos garis, de médicos, de técnicos administrativos, bombeiros, policiais, militares e dos milhares de brasileiros que foram brutalmente aviltados pelo relincho de Guedes. Somos muitos, e apesar dos constantes ataques, é bom que se diga que somos menos do que deveríamos ser. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os funcionários públicos representam 12% dos trabalhadores do Brasil, ao passo que a média dos países ligados à Organização é de 21%. No Reino Unido, por exemplo, são 23%; na Dinamarca, país que possui o mais alto índice de igualdade de riqueza do mundo, 35%. Estamos longe das melhores práticas internacionais.

                    Mais do que uma ofensa pessoal a cada um dos servidores, Guedes ofende o povo brasileiro que não assume a ladainha liberal e defende a constante melhoria dos serviços públicos. A maioria sabe que o funcionalismo existe para que o país siga funcionando, apesar da incompetência de quem se instala em Brasília. As universidades públicas, por exemplo, além de formarem milhares de profissionais qualificados todos os anos, ocupam sempre as primeiras posições em qualquer ranking do país, além de serem responsáveis por mais de 90% do conhecimento produzido por aqui. É também por responsabilidade dos servidores públicos que a maioria dos brasileiros tem acesso à saúde, que crianças seguem estudando, que vítimas são resgatadas, que assaltos são combatidos, que nossas fronteiras são protegidas.

                    É bem verdade que entre os funcionários públicos há parasitas, e talvez Guedes esteja tomando a si próprio e seus patrões como régua para medir quem não conhece. Parasita não é o professor que trabalha obstinadamente, mas alguém que se reformou aos 33 anos, passou outros 30 como deputado medíocre e hoje atua como presidente sem qualquer projeto ou direção. Parasitas talvez sejam seus filhos, que nunca calejaram a mão e sempre gozaram de privilégios fazendo de muletas o sobrenome do papai. Parasita é o próprio Paulo Guedes, que se formou com dinheiro público para se tornar lacaio do mercado financeiro, bajulando rentistas que enriquecem com base em juros, banqueiro inútil que nunca produziu um único prego que servisse para melhor apensar a vergonha em sua cara de pau.

                    Parasita é, por fim, o funcionário público que assume um ministério para fazer serviço para particulares, desprezando o bem-estar do povo brasileiro e as necessidades urgentes que cada dia mais se acumulam por força de um projeto medonho que apenas aprofunda as desigualdades que deveriam ser combatidas. Por sorte, não tarda para que eles abandonem o hospedeiro, seja porque o tempo se encarregará da mudança, seja porque encontraremos, através da luta, o remédio necessário para expeli-los do lugar que jamais deveriam ter ocupado.    

     

     

  • Fórum Social das Resistências 2020, desabafos, experiências e desafios

    Fórum Social das Resistências 2020, desabafos, experiências e desafios

    Luciana Fagundes, especial para os Jornalistas Livres, Foto: Alexandre Costa

    Movimentos Sociais e lideranças estiveram unidos mesmo sob chuva

    O Fórum Social das Resistências com o lema, “Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta” aconteceu em Porto Alegre de 21 a 25 de janeiro e contou com mais de cinquenta atividades com o objetivo de articular ações e iniciativas de resistência no Rio Grande do Sul, no Brasil e na América Latina.

    O primeiro ano do governo Bolsonaro, os inúmeros retrocessos e os constantes ataques à democracia estiveram presentes nas pautas de praticamente todas as atividades, assim como a preocupação com o crescimento dos movimentos fascistas e o ambiente de crise econômica, social e ambiental.  De todos os cantos do Brasil e da América Latina chegaram relatos de preocupação e busca por alternativas coletivas de resistência.

    Com chuva e tudo!

    A XXII Marcha Pela Vida e Liberdade Religiosa, atividade destinada a marcar o início do Fórum Social das Resistências 2020, precisou enfrentar a chuva que veio para aliviar as altas temperaturas da capital gaúcha daqueles dias. Os povos de matriz africana comandaram um carro de som que percorreu as ruas do centro de Porto Alegre até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, chamando a atenção das pessoas para a necessidade de perceber os retrocessos que estão em curso, especialmente, com relação às liberdades individuais.

     

    Marcha no centro de Porto Alegre marca a abertura do FSR

    Os desafios da comunicação abriram os debates no CAMP

    A comunicação como ferramenta de resistência esteve no debate que abriu as atividades do CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional) no dia 22/1.

    A Roda de Conversa “Comunicação, as mídias livres e as lutas por democracia”, permitiu desabafos, relatos e provocações. A diversidade de sotaques presente nas falas dos participantes deixou evidente que a agonia é mais ampla do que pensamos ser, mas não há como negar a disposição de entender e aprender a lidar de forma eficiente com o “inimigo”.

    Os depoimentos reconhecem uma certa ingenuidade que se abateu na militância de esquerda brasileira durante os governos Lula e Dilma quando a grande mídia permitiu a presença de agentes dos governos Lula e Dilma na lista vip dos “banquetes” promovidos pela grande mídia. Carlos Tibúrcio, idealizador do programa Democracia no Ar, que nasceu com o objetivo de fortalecer a comunicação independente e alternativa, foi um dos mediadores da atividade provocando o debate. Algumas considerações estão no vídeo abaixo:

     

     

    MPF sediou atividades do Fórum pela primeira vez no RS

    Por iniciativa da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) e do Comitê de Gênero e Raça, o Ministério Público Federal do RS recebeu, pela primeira vez, duas atividades do Fórum das Resistências: “Enfrentamento ao encarceramento em massa, ao genocídio das juventudes, à criminalização das lutas, movimentos sociais e dos Direitos humanos” e “Diversidade, Igualdade e Direitos Humanos”.

    Na segunda atividade, Alice Martins, coordenadora da Ocupação Baronesa, que está se reconstruindo após o ataque do poder público estadual. Alice foi um dos destaques do debate. Entenda:

     

    Os desafios da democracia hoje foi tema de debate promovido pelo grupo de referência do Fórum

    No dia 23/1, na sede da Fetrafi, a mesa 3 que debateu os desafios da democracia teve as presenças do ex-governador do RS, Olívio Dutra e da médica Kota Mulanji.

    Olívio Dutra era governador do RS em 2001 quando aconteceu o primeiro Fórum Social Mundial, evento que se transformou em referência para o mundo como ambiente de debate sobre as necessidades dos países oprimidos e em desenvolvimento fazendo o contraponto ao encontro de Davos. Desde então, Olívio tornou-se referência no RS, no Brasil e no Mundo. Abaixo, um trecho da sua fala no Fórum Social das Resistências 2020:

    Outra presença importante na mesma atividade foi a de Regina Nogueira, mais conhecida como Kota Mulangi – que quer dizer “combatente” – e é presidente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nuttricional dos Povos de Matriz Africana (FONSANPOTMA). Kota também colocou a necessidade de todos e todas se engajarem na defesa dos direitos retirados dos povos originários quando declara: “Vocês podem não acreditar em nada do que eu estou dizendo aqui, mas eu estou aqui, e o plano era que eu não estivesse.”

     

    Manifestantes caminharam do Centro Histórico até o Largo Zumbi dos Palmares

    Nesta atividade, duas ausências foram destacadas e lamentadas: Sônia Guajajara, da articulação dos Povos Indígenas do Brasil, por motivos de saúde, e Preta Ferreira, representante do Movimento de Luta pela Moradia de SP, que não foi autorizada pela Justiça para viajar e participar do Fórum Social das Resistências.

     

     

     

     

    Uma Ciranda ao som da música Coração Civil abriu a Assembleia dos Povos 

    A mística cultural preparada para a abertura da Assembleia dos Povos, momento onde os encaminhamentos de cada atividade foram apresentados, mostrou que as pessoas que participaram do evento precisavam aliviar as tensões provocadas pelo momento político e pelos intensos debates e reflexões que ocorreram no Fórum Social das Resistências. Confira no vídeo abaixo:

     

     

     

     

  • Ato reúne Judias e Judeus com Lula Pela Paz e Contra o Nazismo

    Ato reúne Judias e Judeus com Lula Pela Paz e Contra o Nazismo

    Na semana em que se celebra os 75 anos da libertação de Auschwitz, campo de concentração nazista na Polônia que matou mais de 1 milhão de pessoas, o ex-presidente Lula se reúne com um grupo de judias e judeus em um ato “pela paz e contra o nazismo” no Sindicato dos Químicos de São Paulo.

    Durante o evento, que reunirá intelectuais e personalidades da comunidade judaica nas áreas das ciências, das artes, da economia, haverá a entrega da “Carta de Judias e Judeus de apoio ao presidente Lula” que denuncia a perseguição sofrida pelo ex-presidente e reconhece sua importância para a construção de uma cultura de paz. A carta já conta com centenas de assinaturas e permanecerá aberta para novas adesões.

    Fernando Haddad, Gleisi Hofmann, Celso Amorim, Márcio Pochmann, Alexandre Padilha também confirmaram presença e darão seus depoimentos sobre a situação atual que enfrenta a política brasileira, após um ano do governo da extrema direita de Jair Bolsonaro que vem demonstrando posturas cada vez mais autoritárias em relação às políticas públicas, imprensa e adversários políticos.

    Recital de poesia e música ao vivo compõe a programação, que teve o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Pastoral dos Trabalhadores. O ato acontece no dia 30 de janeiro, quinta-feira, às 19 horas e tem duração em torno de uma hora e meia.
    Os Jornalistas Livres transmitirão ao vivo em suas páginas do Facebook e YouTube.

     

    Judias e Judeus com Lula pela Paz e contra o Nazismo
    30/01 – 19 horas
    Sindicato dos Químicos de SP
    Rua Tamandaré, 348 – Liberdade