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  • Coalizão de movimentos apresenta denúncia contra flexibilização de armamento

    Coalizão de movimentos apresenta denúncia contra flexibilização de armamento

    Em denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) uma coalizão de movimentos de representantes da população negra e da sociedade civil solicitou posicionamentos sobre as propostas de flexibilização e liberação de posse e porte de armas do governo Bolsonaro.

    Formada por diversos movimentos, entre eles Educafro, Frente Favela Brasil, Geledés, Instituto Marielle Franco, Mandata Quilombo da Deputada Estadual Erica Malunguinho, MNU – Movimento Negro Unificado, Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, Renafro, Uneafro e Unegro. No total o documento conta com 63 assinaturas.

    Ele descreve o contexto político e social, com ênfase aos aspectos socioeconômicos e étnicos, e como o projeto pode afetar o estado de violência nas cidades brasileiras. O decumento foi elaborado por conta da preocupação de que “a adesão à políticas armamentistas que propiciam a facilitação da posse e do porte de armas de fogo representam importante impacto à segurança pública e radical ameaça à vida de milhares de cidadãos e cidadãs brasileiras, sobretudo da população negra e pobre, alvo preferencial da violência letal em nosso país”.

    Reforçando o impacto que o projeto pode ter o documento também coloca que, de acordo com o Atlas da Violência elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), a no país entre “2016 e 2017, o número de pessoas assassinadas com armas de fogo cresceu 6,8%. O ano de 2017 chegou à assombrosa marca de 65.602 mil pessoas assassinadas no Brasil, 72,4% (47.510 mil) delas foram mortas por arma de fogo. As vítimas principais desta violência são, tragicamente, a população jovem e negra, 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil”.

    O documento destaca os decretos que considera os mais impactantes “foram editados 7 decretos, sendo que os mais graves foram os de 07 e 21 de maio, pois aumentaram as categorias profissionais que poderiam portar armas para 19, aumentaram o número de munição de 50 unidades para 5 mil unidades por ano, aumentaram o prazo de porte de 5 para 10 anos e também aumentaram a potência cinética das armas de 400 joules para 1620 joules, passando a permitir ao cidadão comum o uso de armas que anteriormente era restrito somente às forças armadas”.

    A denúncia termina com solicitações à CIDH, entre as quais,

    • Seja emitido posicionamento público contrário às medidas aqui denunciadas;
    • Sejam enviados observadores internacionais para acompanhar os trâmites destas propostas nas comissões e nas votações em plenário do Congresso Nacional;
    • Seja estabelecido um canal de diálogo permanente com o movimento negro brasileiro.

    Flexibilização

    No dia 20/05 o presidente Bolsonaro publicou três decretos sobre armas no Brasil. Os três textos (Decretos Nº 9.845, Nº 9.846 e Nº 9.84) dispõem sobre a compra, a posse e o porte de armas para civis e caçadores, colecionadores e atiradores. Os três textos reformulam a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (o Estatuto do Desamamento), que tratava dos dispositivos de compra, posse e comercialização de armas de fogo e munição e sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm). As mudanças aumentam o número de munições e os calibres acessíveis, além do número de armas e os tipos que uma pessoa pode comprar.

    Em conjunto com os decretos o Congresso também tem tramitando dois projetos de lei que tratam de posse e porte de armas de fogo para residências e domicílios em áreas rurais. O PL n° 3715 muda a compreensão do espaço definido para o porte e aumenta o que é considerado como residência ou domicílio, que agora “compreende toda a extensão do imóvel rural”. Já o PL n° 224 permite que maiores de possam comprar armas de fogo. Ambos foram aprovados no dia 26/06 na Câmara e no Senado, respectivamente.

  • Estudantes lideram movimento pelo desarmamento nos EUA

    O episódio de um menino de 9 anos que matou a irmã de 13 com um tiro na cabeça, após brigarem pelo controle remoto do videogame é completamente esperável numa sociedade onde se pode comprar armas de fogo em qualquer hipermercado.

    É contra essa cultura de morte, verificada em casos nem tão isolados, como este ocorrido em março de 2018 no estado do Mississipi, e em outros endêmicos na sociedade norte-americana, como os massacres em escolas, igrejas e outros lugares de reunião, que cerca de um milhão de pessoas marchou em protesto, no mesmo mês. Pelo controle da venda de armas á população civil.

    A novidade desse protesto ocorrido em Washington D.C. foi a liderança do ato assumida por jovens, adolescentes e até crianças. Quase todos eles oriundos de escolas, nas quais ocorreram massacres. Alguns deles sobreviventes ou familiares de pessoas mortas nos ataques. Foi o caso de Emma Gonzales, estudante de ensino médio que após ler os nomes de 17 colegas mortos em sua escola e ações corriqueiras que não poderiam mais fazer, silenciou-se durante estrondosos 6 minutos e 20 segundos, mesmo período no qual um atirador assassinou 17 adolescentes.

    Trevon Bosley, jovem negro que perdeu um irmão em ataque ocorrido numa igreja de Chicago em 2006, apresentou dados sobre as mortes por conflito com armas de fogo em sua cidade.  Da perda do irmão até 2012, cerca de 5.850 pessoas foram mortas por armas de fogo. De 2012 a 2018, cerca de 12.000 pessoas. Além disso, caracterizou contextos de abandono social de comunidades pobres dos EUA como componentes da violência armada, porque a fomentam.

    Outros jovens negros deram depoimentos sobre o quão devastadoras foram as perdas por armas de fogo em suas famílias e descreveram os trabalhos que passaram a fazer nas comunidades para prevenir conflitos armados. Evocaram também falas mobilizadoras de Martin Luther King.

    Por fim, Naomi Wadler, uma garota negra de 11 anos, tomou o microfone para dizer o nome de várias meninas de sua idade, mortas por arma de fogo, meninas e mulheres que, segundo seu discurso, não ocuparam as páginas principais dos jornais, tornaram-se apenas números e isso não é mais aceitável.

    Estudantes latinos e brancos também falaram sobre os traumas gerados pelos assassinatos que presenciaram e pela violência que diariamente mata em suas comunidades. Questionaram a ineficiência do armamento de professores ou mesmo de mero aumento de segurança armada nas escolas. Propuseram como solução, política pública de desarmamento e política de oportunidades em todos os campos sociais.

    Praticamente em todos os discursos existiu um chamamento para a responsabilidade do voto; uma crítica por terem deixado Trump se eleger e um apelo para as pessoas se comprometerem com a mudança dali para a frente.