Estudantes lideram movimento pelo desarmamento nos EUA

O episódio de um menino de 9 anos que matou a irmã de 13 com um tiro na cabeça, após brigarem pelo controle remoto do videogame é completamente esperável numa sociedade onde se pode comprar armas de fogo em qualquer hipermercado.

É contra essa cultura de morte, verificada em casos nem tão isolados, como este ocorrido em março de 2018 no estado do Mississipi, e em outros endêmicos na sociedade norte-americana, como os massacres em escolas, igrejas e outros lugares de reunião, que cerca de um milhão de pessoas marchou em protesto, no mesmo mês. Pelo controle da venda de armas á população civil.

A novidade desse protesto ocorrido em Washington D.C. foi a liderança do ato assumida por jovens, adolescentes e até crianças. Quase todos eles oriundos de escolas, nas quais ocorreram massacres. Alguns deles sobreviventes ou familiares de pessoas mortas nos ataques. Foi o caso de Emma Gonzales, estudante de ensino médio que após ler os nomes de 17 colegas mortos em sua escola e ações corriqueiras que não poderiam mais fazer, silenciou-se durante estrondosos 6 minutos e 20 segundos, mesmo período no qual um atirador assassinou 17 adolescentes.

Trevon Bosley, jovem negro que perdeu um irmão em ataque ocorrido numa igreja de Chicago em 2006, apresentou dados sobre as mortes por conflito com armas de fogo em sua cidade.  Da perda do irmão até 2012, cerca de 5.850 pessoas foram mortas por armas de fogo. De 2012 a 2018, cerca de 12.000 pessoas. Além disso, caracterizou contextos de abandono social de comunidades pobres dos EUA como componentes da violência armada, porque a fomentam.

Outros jovens negros deram depoimentos sobre o quão devastadoras foram as perdas por armas de fogo em suas famílias e descreveram os trabalhos que passaram a fazer nas comunidades para prevenir conflitos armados. Evocaram também falas mobilizadoras de Martin Luther King.

Por fim, Naomi Wadler, uma garota negra de 11 anos, tomou o microfone para dizer o nome de várias meninas de sua idade, mortas por arma de fogo, meninas e mulheres que, segundo seu discurso, não ocuparam as páginas principais dos jornais, tornaram-se apenas números e isso não é mais aceitável.

Estudantes latinos e brancos também falaram sobre os traumas gerados pelos assassinatos que presenciaram e pela violência que diariamente mata em suas comunidades. Questionaram a ineficiência do armamento de professores ou mesmo de mero aumento de segurança armada nas escolas. Propuseram como solução, política pública de desarmamento e política de oportunidades em todos os campos sociais.

Praticamente em todos os discursos existiu um chamamento para a responsabilidade do voto; uma crítica por terem deixado Trump se eleger e um apelo para as pessoas se comprometerem com a mudança dali para a frente.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS