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Tag: Amazônia

  • Pará: o novo normal está morto!

    Pará: o novo normal está morto!

    Neste domingo (16), em um dos mais importantes destinos turísticos da Amazônia Brasileira, a impressão que se teve foi de que não existe mais pandemia. Turistas sem máscara, aglomerados, protagonizaram um deprimente espetáculo de falta de empatia e desrespeito com os moradores de Alter do Chão, balneário localizado no baixo Tapajós, no município de Santarém-PA.

    Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

    Alter do Chão, vila situada na margem direita do rio Tapajós, tem uma beleza de tirar o fôlego, e já foi eleita a mais bela praia (na verdade, a vila abriga diversas praias) de água doce do mundo.

    A primeira morte indígena confirmada por covid-19 no país ocorreu justamente em Alter do Chão, no dia 19 de março deste ano. A prefeitura de Santarém imediatamente decretou o fechamento das praias do município e, prontamente, a comunidade de Alter do Chão, em sua maioria formada por indígenas Borari, entendeu o recado e fez um eficiente isolamento social. Os serviços de turismo pararam, e muitas famílias se refugiaram no interior, distantes das praias. Enquanto isso, os casos e mortes confirmadas por covid-19 explodiram na cidade de Santarém, um dos polos econômicos mais importantes do Pará. Resultado: rapidamente, as vagas em UTIs, para tratamento dos casos graves, se esgotaram.

    Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

    Apesar disso, muitos turistas, vindos de Santarém, continuaram a manter suas rotinas de visitar Alter do Chão nos finais de semana, desrespeitando o decreto municipal de fechamento das praias. Foi então que os moradores da vila, através de conselhos comunitários, pediram à prefeitura a decretação de lockdown no balneário. Uma barreira foi montada na estrada que liga a cidade de Santarém a Alter do Chão. A medida deu certo, e a covid-19 não se espalhou pela famosa vila. Até hoje, apenas três mortes confirmadas, causada pela doença que já deixou quase 110 mil mortos no país, sem que o governo Bolsonaro tome qualquer medida eficaz no combate à pandemia. Pelo contrário, sabota, a todo instante, a principal recomendação da Organização Mundial de Saúde: o isolamento social, além de criar atritos políticos com governadores, tentando impedir às ações estaduais de combate à pandemia.

    No dia 21 de julho, com o número de casos e mortes crescendo, o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar (DEM-PA), que é médico, decidiu liberar o acesso às praias do município. Desde então, o turismo voltou a crescer na região. Algo que chamou atenção neste domingo, em Alter do Chão, foi a falta de empatia e responsabilidade dos turistas que visitaram o balneário. Enquanto a maioria dos moradores, que atuam no setor de turismo, utilizava máscaras e álcool em gel, a maior parte dos turistas, vindos principalmente de Santarém, protagonizou aglomerações, sem o uso de máscara, sem qualquer cuidado, como se o “novo normal”, provocado pela pandemia, tivesse morrido.

  • Parceria entre Projeto Saúde e Alegria e Corpo de Bombeiros configura marco histórico após Operação Fogo do Sairé

    Parceria entre Projeto Saúde e Alegria e Corpo de Bombeiros configura marco histórico após Operação Fogo do Sairé

    Via Projeto Saúde e Alegria

    Há mais de 30 anos, no período que antecede a temporada da estiagem no Oeste do Pará, o Projeto Saúde e Alegria (PSA) intensifica suas atividades de combate às queimadas. A cerimônia que marcou o pontapé inicial da campanha de Prevenção ao Fogo 2020 atendeu ao pedido do 4º Grupamento de Bombeiros Militares (4º GBM).

    Depois de todo o ocorrido no final do ano passado, não deixa de ser um marco histórico. Realizado na última sexta-feira (10/07) com a doação de equipamentos de ponta para o pessoal da linha de frente no combate aos incêndios, o evento oficializou a renovação da parceria entre a ONG e o 4º Grupamento de Bombeiros Militares (4º GBM), sete meses após a Operação Fogo do Sairé, que resultou na apreensão de computadores, documentos e prestações de contas dos últimos sete anos do Projeto Saúde e Alegria, que ficou sob investigação.

    O caso foi amplamente divulgado na imprensa nacional e internacional com a prisão de quatro integrantes da Brigada de Alter, um deles funcionário do PSA, investigados por atear fogo na floresta para receberem benefícios financeiros. Apesar do que foi alardeado na época, principalmente nos primeiros dias que se seguiram às apreensões, com algumas autoridades policiais insinuando o envolvimento de ONGs nos incêndios, não houve acusação formal ou indiciamento algum contra a Organização, nem no primeiro relatório final do inquérito da Polícia Civil, nem no segundo e último, mesmo com os pedidos por mais apurações solicitados pelo Ministério Público Estadual.

    “Por tudo isso que passamos, um momento difícil ao ser acusado por algo que não fizemos e sempre lutamos contra, é animador reeditar a Campanha 2020 atendendo ao pedido deles para a revitalizar essa aliança com o 4º GBM. Seguir cooperando e oferecer condições mais adequadas de proteção e combate para essa turma heróica que cuida da gente e das florestas é ainda mais fundamental esse ano, em que a temporada de fogo coincide também com a intensidade da pandemia do coronavírus aqui na nossa região”, disse o coordenador do PSA, Caetano Scannavino.

     

     

     

    A parceria é uma retomada na proposta do Plano Territorial de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, construído em outubro de 2019 com participação de representantes da Resex Tapajós-Arapiuns, Flona Tapajós, Corpo de Bombeiros, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ICMBio e Brigada de Alter, quando então foram traçadas estratégias para atuação das entidades, como cursos de capacitação para novos brigadistas, oficinas de prevenção ao fogo, apoio para aquisição de equipamentos, entre outras ações.

    Nessa primeira ação da campanha de prevenção ao fogo de 2020, o PSA doou à Corporação equipamentos para melhoria das condições de combate, como sopradores, roupas completas, botas, luvas, balaclavas e capacetes. Antes, os bombeiros já haviam recebido EPIs para se protegerem em meio a pandemia de Covid-19.

    Estas ações de prevenção e combate aos incêndios são parte do Programa Floresta Ativa do PSaa, com atividades também de restauração florestal, apoio à agricultura familiar, à bioeconomia e às cadeias produtivas que ajudam na renda das comunidades e mantém a floresta em pé.

    O biólogo Paulo Bonassa, coordenador do Floresta Ativa, aproveitou para agradecer os parceiros Rainforest Alliance, Instituto Clima e Sociedade | ICS, e outros mais recentes que tem apoiado o Programa, e destacou a importância de um plano conjunto:

    “As queimadas infelizmente ocorrem anualmente na Amazônia, ora menores, ora maiores, como as do ano passado na APA Alter do Chão, e a gente sabe das dificuldades dos bombeiros para atender todos os alertas, muitos ao mesmo tempo, em locais diferentes, de difícil acesso, numa área de grandes extensões. Por isso a importância de somar, das campanhas educativas de prevenção, das iniciativas de apoio da sociedade, das brigadas voluntárias, de comunitários capacitados para o primeiro combate, sem falar no suporte para que a turma da linha de frente esteja bem protegida e equipada. São exemplos de ações previstas no nosso programa Floresta Ativa, em apoio ao Plano desde o ano passado e retomadas agora”.

    O comandante do 4º GBM, Tenente-coronel Ney Tito, ressaltou a necessidade dos itens para o grupamento responsável por atender ocorrências em toda região oeste do Pará: “O Saúde e Alegria, grande parceiro de longas datas, hoje fez a entrega desse material de suma importância para nossas ações de combate aos incêndios florestais. Com esses equipamentos, nós vamos ter a capacidade operacional de atuarmos diretamente nesses incêndios e principalmente instruir as instituições, projetos e programas para que os munícipes e as comunidades estejam devidamente treinadas para que possam dar esse primeiro combate. São materiais que com toda certeza vão ser de grande valia para nossas operações”.

    Para Ana Daiane, colaboradora do PSA, comunitária do Maripá, na Resex, e formada como brigadista, a retomada dessa parceria é uma ótima notícia:

    ”É uma oportunidade de remobilizar a Brigada do CEFA num trabalho com brigadistas comunitários da Resex formados no ano passado nessa parceria do PSA, Corpo de Bombeiros e ICMBio. E a depender da pandemia, mais pra frente, além de seguir o trabalho com quem está formado, seria importante retomar também os cursos para formação de novos brigadistas. O verão vem forte e é importante que estejamos preparados!”

    “Mais do que nunca, o momento pede a união de todos, e nesse sentido, seja agora ou antes, o Saúde e Alegria sempre esteve mobilizado para ajudar. Fica nossa gratidão ao Tenente-coronel Tito e sua equipe pelo chamado para retomarmos essa bem sucedida parceria e pela confiança depositada no nosso trabalho. Bóra em frente até porque não serão tempos fáceis de vírus mais fogo. Sigamos!” – finalizou Scannavino.

    Veja matéria sobre a entrega.

  • Higino vive!

    Higino vive!

    por Renato Athias

     

     

     

    Nestes tempos de pandemia eu acordo como sempre, sem saber em que dia, e nem como será o dia. Logo depois, que eu penso que meu corpo está de novo junto com o meu espírito, e começo a realizar que eu estou de fato, nesse mundo novamente. Os meus mestres disseram-me um dia, que quando dormimos o nosso espírito se separa de nosso corpo, e que voltam quando nos sentimos que estamos nesse mundo.

     

    Quando tomei consciência do mundo hoje, foi com uma notícia realmente muito, mais muito triste: a partida de meu amigo Higino, de longas datas. Nos conhecemos no Natal de 1974 em Pari-Cachoeira. Naquela época, Pari Cachoeira, era a Capital do país dos Yepá-Masã, Tukano, Tuyuka, Desana, Miriti, Barasana, Hupd’äh, Yohup e outros que tem o grande Rio Tiquié como referência importante.

     

    Mas, a última vez que troquei palavras com Higino foi fevereiro deste ano de pandemia. Eu acabara de visitar o museu dos salesianos na região Turim na Itália, onde vi uma imensa coleção de objetos retirados da região ainda no tempo das malocas. Higino estava em Manaus. Trocamos palavras e umas fotografias onde eu mostrava para ele a riqueza de detalhes dos objetos eu havia visto e que estão naquele museu. Ele me dizia, “olha… eu acho que é Tuyuka”. Ele, na ocasião me falou que estava convalescente de uma cirurgia que tinha feito no olho e que estava bem, e esperava um transporte para Gabriel.

    No final do ano de 2016, Higino veio ao Recife. Nessa ocasião falamos muito, trocamos muitas palavras, pois ele foi professor na UFPE em turmas do curso Bacharelado em Ciências Sociais e Museologia. Os alunos presentes nas suas aulas ficavam até o fim. Muitas perguntas e muitas conversas de corredor. No final de semana visitamos dois museus, o Museu do Estado de Pernambuco e Instituto Ricardo Brennand. Nossos diálogos foram sobre objetos, coisas e pensamentos Tuyuka sobre o que estávamos vendo. É muito enriquecedor quando visitamos um museu com amigos ameríndios. Já tive essa oportunidade várias vezes. Lembro desses dias com Higino com muito prazer.

     

    Hoje, como disse essa notícia me deixou muito triste. Como sempre eu falo e aprendi com os meus mestres. Higino está presente, mas de forma diferente. Pois o espírito dele saiu do corpo, foi para outro lugar. Ou seja, ele passou para o outro lado da vida, onde a dimensão do invisível é parte essencial. Mas, lá onde está, ele sempre estará nos vendo e fazendo aquelas piadas que ele gostava de fazer. Higino vive nas profundezas de nossos corações. Meus sentimentos de pesar a toda sua família e, evidentemente a todos que fazem parte da FOIRN, e um número sem fim de professores indígenas que foram seus alunos e a educação escolar indígenas no alto Rio Negro que ele ajudou a criar nessas últimas décadas. Higino Vive!

    Renato Athias,  professor no Departamento de Antropologia e Museologia e do Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA), Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (NEPE) de Universidade Federal de Pernambuco.

  • Munduruku  recebem doações  para não saírem das aldeias durante a pandemia

    Munduruku recebem doações para não saírem das aldeias durante a pandemia

    A Distribuição faz parte da Campanha #ComSaudeAlegriaSemCorona de apoio ao Baixo Amazonas contra a covid-19. Os materiais transportados de caminhão foram higienizados antes da entrega para garantir segurança dos indígenas;

    Com número crescente de vítimas pela covid-19 na região do Baixo Amazonas, a preocupação com as comunidades isoladas é ainda maior. Manter os moradores nas próprias regiões é uma necessidade para evitar que o contágio se prolifere entre os comunitários. Na região de abrangência do Dsei Rio Tapajós há cinco casos confirmados, treze suspeitos e dois óbitos, segundo a Enfermeira especialista em saúde indígena e saúde coletiva, Coordenadora do Distrito Sanitário especial Indígena – DSEI, Cleidiane Carvalho: “É um momento de enfrentamento. Um momento árduo, onde o medo reina até por se tratar de uma luta onde não sabemos com quem de fato estamos lutando. Em meio ao caos nós percebemos o quanto as pessoas/instituições/ONGs ainda conseguem ajudar e o Saúde Alegria tem sido parceiro de outras épocas” – ressalta.

    Pensando nisso, entre as ações emergenciais, está a distribuição de malhadeiras para que populações indígenas e ribeirinhas que se encontram no contexto de isolamento social possam realizar a pesca, conseguindo peixe para a alimentação. Cestas básicas e kits de higiene também integram as ações voltadas às populações tradicionais.

    Nesta segunda (25) os kits de malhadeiras, higiene e alimentação foram entregues para as aldeias do polo base Itaituba considerando uma população de 1.210 pessoas: Praia do Índio, Praia do Mangue, Sawre Apompo KM 43, Sawre Muybu, Karo Muybu, Dace Watpu, Daje Kapap, Camarão, Escrivão, Pinhel, Poxo Muybu, Sawre Aboy.

    “Numa parceria com o Dsei Rio Tapajós conseguimos entregar 150 kits de segurança alimentar e 150 de proteção familiar e higiene pra todo mundo poder manter as mãos limpas, a casa bem limpa pra se proteger do vírus. Nós fizemos também junto com a Alessandra Korap Munduruku uma articulação com a Associação Pariri. Lá nós conseguimos 22 malhadeiras e eles estão se organizando pra fazer pescas coletivas. Ou seja, são 22 aldeias que vão ter guerreiros e lideranças pescando pra toda comunidade, fazendo com que as pessoas não venham pra cidade” – explicou o coordenador de empreendedorismo do Saúde e alegria, Paulo Lima.

    As ações de distribuição têm como foco os povos tradicionais indígenas e extrativistas de localidades rurais dos municípios de Santarém, Belterra, Aveiro e Itaituba, com atenção às famílias das zonas de maior vulnerabilidade das bacias do Arapiuns, Maró e Tapajós, incluindo também as aldeias Munduruku. A intenção é reduzir a necessidade de deslocamento para cidade e riscos de novas contaminações. A distribuição tem apoio do Instituto Arapyaú.

    “Nós já fizemos as primeiras entregas de imediato. No contexto atual o fortalecimento das parcerias é fundamental para que nós possamos dar um pouco mais de conforto para as comunidades tradicionais. O momento atual exige somar forças ao enfrentamento do Covid-19 e desta forma garantir a informação, alimentação e o cuidado para com os povos indígenas” – acrescentou Carvalho.

    Para a liderança indígena Alessandra Korap Munduruku as doações são fundamentais para garantir a permanência dos indígenas na aldeia sem contato com as áreas urbanas para evitar novos contágios: “A gente estava muito preocupado com as mulheres, idosos, crianças. Principalmente com as aldeias que moram perto da cidade. Elas são mais vulneráveis porque não tem mais caça pra caçar, peixe pra pescar, não tem mais planta tradicional como antigamente. Hoje a gente depende muito da malhadeira… Quero agradecer bastante ao Saúde e Alegria”.

    Assista ao depoimento na íntegra aqui:

  • Indígenas brasileiros sob ataque: Organizar para Resistir!

    Indígenas brasileiros sob ataque: Organizar para Resistir!

    Por: Maycon Esquer. Especial para o Jornalistas Livres

    No início do ano, estivemos na grande reunião convocada pelo líder kayapó Cacique Raoni, no norte do estado de Mato Grosso. Para entendermos a importância do evento na unificação das vozes dos povos indígenas em defesa da preservação de seus territórios, conversamos com Célia Xakriabá, umas das mulheres indígenas à frente da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Alessandra Munduruku, liderança  do movimento de mulheres indígenas do Tapajós, e Samantha Ro’otsitsina Xavante, integrante da Rede de Juventude Indígena (REJUIND) e uma das organizadoras do encontro.

    Confira abaixo a reportagem completa em vídeo:

  • Estudo científico comprova a importância das Terras Indígenas

    Estudo científico comprova a importância das Terras Indígenas

     

     

     

     

    Estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, de Washington, hoje divulgado nos Estados Unidos, afirma a importância das Terras Indígenas para a manutenção dos estoques de carbono:

     

    Durante décadas, os povos indígenas da Amazônia e as comunidades locais impediram o desmatamento e as emissões associadas de gases de efeito estufa. Embora as emissões dentro dos territórios indígenas e das áreas naturais protegidas  permaneçam bem abaixo dos níveis externos, o desmatamento insustentável de florestas está aumentando em toda a região de nove países. Além disso, as terras e comunidades da Amazônia estão cada vez mais vulneráveis ​​aos processos menos evidentes (e muitas vezes negligenciados) de degradação e perturbação da floresta, que diminuem o armazenamento de carbono e a integridade ecológica. A tendência para o enfraquecimento da proteção ambiental, dos direitos à terra indígena e do Estado de Direito representa, portanto, uma ameaça existencial para as comunidades locais e seus territórios. A reversão dessa tendência é crítica para o futuro das florestas amazônicas com proteção climática e para o sucesso do Acordo de Paris.

     

     

     

    As árvores chovem depois da chuva, diz a canção de Arnaldo Antunes.

     

    Querem extinguir as reservas, querem abrir os parques, dar ganhos à guarda das árvores. O tucano questiona, a arara grita, a onça se coça.

     

     

    leia mais em: 

    https://www.pnas.org/content/early/2020/01/21/1913321117