Alunos contrários às questões raciais quebram portão da PUC-SP e ameaçam estudantes

Em um grupo de whatsapp, alunos da PUC-SP, contrários às questões raciais demandadas pelos alunos da universidade,  destilam racismo.   

 

Um dos alunos argumenta que a universidade não tem professoras ou professores negros porque eles não seriam qualificados, ignorando dados do IGBE que mostram que o percentual de negros no nível superior deu um salto e quase dobrou entre 2005 e 2015.  Em 2005, um ano após a implementação de ações afirmativas, como as cotas, apenas 5,5% dos jovens pretos ou pardos na classificação do IBGE e em idade universitária frequentavam uma faculdade. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao nível superior. Na PUC-SP apenas 5 dos 430 docentes são negros. 

Outro aluno menciona que é preciso fazer a conta sobre quantos negros há trabalhando na universidade. Em entrevista aos Jornalistas Livres, um aluno que não quis se identificar respondeu a esta mensagem “Sim, podemos contar quantas negras ou negros estão trabalhando na PUC-SP, na verdade até seria bom, porque aí teríamos em números que a negritude só ocupa a universidade nos trabalhos como faxina, segurança, auxiliares. Quantos negros há no corpo docente? E na coordenação dos cursos? E na diretoria?”

 

QUEBRA DO PORTÃO 

Filmado pelos próprios alunos, um vídeo mostra alunos contrários as pautas raciais invadindo o prédio com a intenção de intimidar os alunos ocupantes.

A OCUPAÇÃO

Na manhã desta segunda-feira  (21/05) estudantes do curso de Serviço Social ocuparam o prédio velho, sede da Fasoc (Faculdade de Ciências Sociais, que abriga os cursos de Ciências Sociais, História, Geografia, Serviço Social e Relações Internacionais) e na madrugada desta quarta o prédio novo, no campus Perdizes, o principal da universidade.

A ocupação, que agora conta com estudantes de toda a Fasoc e de outros cursos da universidade e apoio de alguns professores, pede a efetivação da Professora Marcia Eurico no curso de Serviço Social.

A professora, que hoje atua como substituta, foi a primeira professora negra a integrar o corpo docente do curso desde de sua criação, há mais de 70 anos. O curso, de acordo com o site da universidade,  “é o primeiro no ensino da profissão no Brasil” e se preocupa com “o acesso da população aos bens e serviços e da sua inserção nos canais de representação popular e nos movimentos sociais”.

Em nota oficial o Centro Acadêmico de Serviço Social  (CASS)  afirma que, além da efetivação da docente,  também pede a “compreensão e garantia da não criminalização dos alunos que permanecem resistindo” e apoio presencial e solidariedade, frente a ameaças e hostilidades recebidas de alguns alunos e professores.

 

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