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  • Marmitas orgânicas da agricultura familiar beneficiam moradores em situação de rua

    Marmitas orgânicas da agricultura familiar beneficiam moradores em situação de rua

    Uma rede de voluntários e militantes que atuam da produção ao preparo de alimentos orgânicos, saudáveis e da agricultura familiar tem feito a diferença na vida e na saúde de moradores em situação de rua e em condição de vulnerabilidade da cidade de São Paulo, por meio do projeto Lute como quem cuida. Elaborado e colocado em prática de maneira coletiva pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) de São Paulo, o projeto distribui aproximadamente 300 marmitas todos os dias há mais de três meses.

    Por Nara Lacerda, do Brasil de Fato

    A ideia é criar uma rede de solidariedade contínua, que atenda essas populações em um momento delicado, com a crise causada pelo coronavírus. A falta de recursos e trabalho pode agravar ainda mais a insegurança alimentar e nutricional. No Brasil, o acesso a alimentos cultivados sem veneno ainda é limitado. Em parte, pelo preço que as grandes redes varejistas praticam, mas também pela falta de incentivo à agricultura familiar.

    A dirigente do MST no estado de São Paulo Daiane Ramos explica que a campanha teve início no âmbito da Brigada Estadual de Solidariedade Zilda Camargo, formada por militantes de diversos municípios, e cresceu com foco na coletividade. Segundo ela, a intenção é chegar à doação de 30 mil marmitas entre julho e agosto. 

    CLIQUE AQUI PARA CONTRIBUIR COM A CAMPANHA

    “Essa brigada está desde o dia 20 de abril participando desse trabalho intenso de solidariedade para a Rede Rua e o Prédio dos Imigrantes (que abriga pessoas de outros países em situação de vulnerabilidade). No fim ela se estendeu, na parceria com o MSTC. As organizações se unem por uma causa única, de trazer esse alimento saudável e orgânico para essas pessoas mais vulneráveis. Infelizmente, com a covid, vem aumentando esse número.” 

    Mais que a simples doação dos produtos, o projeto tem cuidado especial com a garantia de que essas pessoas vão receber o melhor da produção orgânica do país. Todo o preparo – da higienização ao embalo – segue normas sanitárias criteriosas, que ficaram ainda mais rígidas com a pandemia. O cardápio é definido entre os militantes, mas leva em consideração também as sugestões de quem recebe as marmitas.

    Moradores de rua do centro de São Paulo recebem os alimentos. / Arquivo Brigada Zilda Camargo Ramos

    Os mais de 200 quilos semanais de arroz, por exemplo, vêm de assentamentos do Rio Grande do Sul, que hoje são os maiores produtores do grão na América Latina. A Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (Região Metropolitana de São Paulo), fornece as hortaliças e o pão. Assentamentos e acampamentos de outros municípios enviam em média por semana 90 quilos de feijão, 30 quilos de macarrão, 230 quilos de carne, 120 dúzias de ovos e 150 quilos de legumes.

    O trabalho é totalmente coletivo e dividido. Cada voluntário tem a oportunidade de passar por diferentes etapas do processo, para ampliação da experiência e dos laços criados entre quem está na colheita e atrás do fogão e as pessoas que recebem os alimentos. Oscar do Nascimento Teles, militante do MST e morador do Assentamento Dom Tomás Balduíno, no Pontal do Paranapanema (SP), faz parte dessa rede. Ele relata o cuidado existente em todo o processo. 

    “Os companheiros estão fazendo isso com muito amor e carinho, porque a gente viu a realidade na rua de quem tá recebendo o alimento. Você ver as pessoas na fila, erguendo as mãos para pegar aquela comida. Isso fortalece demais nosso trabalho na cozinha, em fazer isso com amor, carinho e preparar os alimentos com todo um protocolo de higiene e cuidado. Nessa grandeza que é São Paulo, é um pouquinho que a gente está fazendo, mas de grande proporção. A gente sabe da importância”, finaliza.

    Pela “manutenção imediata da vida”, a iniciativa “Lute como quem cuida” convida a sociedade civil para também colaborar. As doações podem ser realizadas por meio do site da campanha na internet

    Saiba mais: Quem é Carmen Silva, a líder dos sem-teto que a (in)Justiça quer prender
     

  • Ativistas mobilizam Banquetaço nacional contra o fim do CONSEA

    Ativistas mobilizam Banquetaço nacional contra o fim do CONSEA

    Por Lola Oliveira, especial para o Jornalistas Livres
    Ainda nos primeiros dias do novo governo federal, foi decretado o fim do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), orgão responsável por criar, em diálogo com o poder público e a sociedade civil, políticas públicas que implementem o direito humano fundamental à alimentação adequada. A medida representa um favorecimento ao agronegócio em detrimento de produções seguras e soberanas de alimento. Por esse motivo, ativistas do setor, do Brasil todo, estão organizado o Banquetaço Nacional, ato que será realizado em várias cidades do país no dia 27 de fevereiro, às 12 horas, contra a extinção do CONSEA.
    O objetivo do Banquetaço é chamar a atenção da sociedade e dos políticos, principalmente os tomadores de decisões como os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Ministério da Cidadania, para a importância do Consea. E estimular a vontade legítima de participação democrática por parte de cidadãos especialistas dispostos a colaborar com seus conhecimentos no desenho de planos e projetos em prol do direito humano à alimentação adequada nos seus territórios. A idéia é unificar as questões políticas em torno da extinção do CONSEA e ao mesmo tempo respeitar e valorizar as ações e diferenças em cada estado.

    Nota oficial do Banquetaço:

    O Banquetaço é um ato de solidariedade com aqueles que necessitam do fornecimento de alimentação pública, um congraçamento em torno da mesa com vistas à inclusão social. Somos um Movimento político apartidário que mobiliza a sociedade civil, movimentos sociais, organizações, coletivos e profissionais pela soberania e segurança alimentar. Um Movimento de defesa da boa alimentação no Brasil. Um Coletivo mobilizador de redes que por meio de banquetes públicos visibiliza questões políticas e alimentares urgentes e pressiona por tomadas de decisões em prol do bem comum.

    O Banquetaço surgiu em resposta à necessidade de novas sociabilidades e generosidades em agir em defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada. Em 2017, agricultores, nutricionistas, participantes do Conselho Municipal de Alimentação de SP, cozinheiros e ativistas realizaram um ato diante do teatro municipal de São Paulo onde foram servidas 2 mil refeições gratuitas, com alimentos produzidos por agricultores orgânicos da Cidade de São Paulo, doações de temperos e Panc da Horta da USP; doações de alimentos por empresários e coleta de alimentos que seriam descartados pelo CEASA através da metodologia Disco Xepa. (anexo)

    Em 2018 após o incêndio no Largo Paissandu os ativistas do Banquetaço se organizaram em duas cozinhas cedidas por donos de restaurantes locais, e serviram alimentos para os desabrigados. Atualmente, o grupo de ativistas tem apoiado a iniciativa da plataforma #ChegadeAgrotóxicos e lutado pela aprovação da PNaRA – Política Nacional de Redução dos Agrotóxicos. São apoiadores do coletivo Banquenquetaço o Greenpeace, o SlowFood, Mídia Ninja, #342Amazônia, entre outros.

    Estamos nos organizando para um ato de protesto em vários estados, a favor da manutenção do Consea com a devida participação representativa da sociedade civil. A idéia é congregar pessoas em torno de uma mesa farta, com alimento bom, limpo e justo, no dia 27 de fevereiro, a partir das 12h em várias cidades do país, para chamar a atenção para o CONSEA e o Direito à Alimentação Saudável e Adequada.

    Pretendemos chamar a atenção da sociedade e dos políticos (principalmente os tomadores de decisões como os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Ministério da Cidadania) para a importância do Consea, da vontade legítima de participação democrática por parte de cidadãos especialistas dispostos a colaborar com seus conhecimentos no desenho de planos e projetos em prol do direito humano à alimentação adequada nos seus territórios. A idéia é unificar as questões políticas em torno da extinção do CONSEA e ao mesmo tempo respeitar e valorizar as ações e diferenças em cada estado.

    Abaixo assinado contra a extinção do Consea Nacional:
    https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdDEI1imABNvV7tBM0X1557wQVv06UA_BHDBOHavo-KRuVZNg/viewform?fbclid=IwAR1v9Vs0E-TVFPPJJVCrOr31BWY3Hv32lSa3R3KbmgiE9IpH_wI0ARzGJFA

    Página Oficial do CONSEA NACIONAL
    https://www.facebook.com/segurancaalimentar/

    Página Oficial do BANQUETAÇO
    https://www.facebook.com/direitoalimentacaodeverdade/

    Vídeo retratando a experiência do 1º BANQUETAÇO em SP
    https://youtu.be/ouakayjFuvE

    Manual do Disco Xepa
    https://www.slowfoodbrasil.com/publicacoes/1075-guia-pratico-disco-xepa.

    Tema para foto de perfil no Facebook em apoio ao #BANQUETAÇO e #CONSEARESISTE
    http://www.facebook.com/profilepicframes/?selected_overlay_id=2084594671636701

    Tema para foto de perfil no Twitter em apoio ao #BANQUETAÇO e #CONSEARESISTE
  • Universidade pública descarta agronegócio e fecha com agricultura familiar

    Universidade pública descarta agronegócio e fecha com agricultura familiar

    Os estudantes e servidores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), maior instituição de ensino do estado, agora vão consumir comida saudável, livre de agrotóxicos e produzidas por famílias de agricultores locais.

    Na sala do Conselho Universitário (Consuni), a reitora da Ufal, Valéria Correia, assinou vários contratos com associações e cooperativas da agricultura familiar contempladas na Chamada Pública nº 01/2018/UFAL.

    As famílias serão fornecedoras dos Restaurantes Universitários da instituição. Diariamente os RU’s da Ufal servem milhares de refeições para estudantes, servidores e comunidade do entorno da Universidade. Um projeto de ampliação dos restaurantes universitários da Ufal está em andamento e vai contemplar mais acadêmicos no Agreste e Sertão alagoano.

    A pró-reitora estudantil, Silvana Medeiros, reafirmou que a formulação do processo foi realizada em um planejamento participativo com oficinas e encontros com agricultores familiares e se concretizou como uma iniciativa intersetorial entre a Pró-reitoria Estudantil (Proest) e Pró-Reitoria de Gestão Institucional (Proginst).

    A reitora Valéria Correia ressaltou o compromisso da universidade ao iniciar a compra com esta modalidade que visa garantir o abastecimento alimentar com qualidade para os RUs, além de fortalecer os circuitos locais e regionais agricultura familiar para o desenvolvimento rural sustentável.

    Para a professora. Wanda Griep Hirai, coordenadora do Grupo de Extensão e Pesquisa Serviço Social e Segurança Alimentar e Nutricional (Gepssan), o impacto do processo de compras será grandioso, pois garantirá melhorias na renda familiar. “Certamente o preço justo estimulará os pequenos produtores para novos cultivos garantindo com isso a permanência e a possibilidade de um vida digna no campo”, comemorou.

    Em um processo democrático, debatido com a comunidade acadêmica, a Ufal avança e da exemplo para outras Universidades. É preciso fortalecer a agricultura familiar e cuidar da saúde da nossa população.

     

     

     

  • Cultura Sem Terra conquista o interior mineiro

    Cultura Sem Terra conquista o interior mineiro

    Campo do Meio, uma cidadezinha de 12 mil habitantes no cantinho do sul de minas, se encantou com a arte dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, durante o 1º Festival de Cultura Campesina. Realizado nos dias 22 e 23\10, o evento levou para a Praça da Matriz da pacata cidade a diversidade de linguagens, expressões e cores que compõem a Reforma Agrária Popular. Por lá passaram cerca de 2 mil pessoas durante os shows, teatros, mostra fotográfica, debates, feira de alimentos saudáveis, entre outras atividades.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    “Traduzimos para os trabalhadores da cidade todos os elementos que compõem nosso projeto. Desde a luta pela terra, pela educação do campo e por dignidade, até a produção musical, poética, de alimentos saudáveis. Um canto por terra, arte e pão, entoado por cerca de 120 militantes que se envolveram na construção desses dois dias de festa”, avaliou Bruno Diogo, da Direção Estadual do Setor de Produção. A Feira da Reforma Agrária e a Culinária da Terra entregaram mais de uma tonelada de alimentos direto das mãos do produtor para o mercado local.

    Toda a programação configurou um grande ato político, como jamais ocorreu ali, algo perceptível nas expressões de surpresa e exclamações dos moradores. Um ato de celebração, que evidenciou o resultado da resistência dos trabalhadores por 18 anos acampados na Usina Ariadnópolis, assentados na área de Primeiro do Sul e Santo Dias. “Comemoramos as conquistas geradas pela ousadia dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nessa região de Minas Gerais, uma região historicamente dominada pelo latifúndio, que mais recentemente tem sido dominada pelas empresas do agronegócio”, explicou Silvio Netto, da Direção do MST.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    Este foi só o primeiro

    O movimento pretende realizar eventos semelhantes em pelo menos seis regiões, das nove em que está presente em Minas Gerais. “Nossa intenção é realizar muitos outros momentos como este. Estamos mostrando que o MST não só faz produzir as terras que o latifúndio abandonou. O MST também tem o dever de ocupar as cidades, mostrar que sem a reforma agrária, sem a agricultura camponesa, sem a cultura popular, não é possível que o povo tenha dignidade. Teremos muitos outros festivais nas praças, na roça, em Campo do Meio, em Alfenas, em Belo Horizonte”, projetou o dirigente.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    O Teatro conta a história

    Diversas apresentações cênicas foram marcantes na programação, como o Grupo Máscaras, o Circo Amarelou e os Sapucaiaços, que fazem um bem bolado unido música e bom humor.

    Durante a aula inaugural da Escola Estadual Eduardo Galeano, o Grupo Máscaras divertiu os estudantes com a peça A Cor Flicts, baseada no livro de Ziraldo. O diretor do grupo, Alberto Emiliano (conhecido como Preto) foi
    homenageado como um guardião da cultura caipira do sul de minas. “Ele criou o Máscaras e trouxe até nós. O teatro não é novidade na vida do povo sem terra do sul de minas, Preto, foi o grande responsável por essa popularização, por isso a justa homenagem”, explica Silvio Netto.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

    Já as místicas realizadas pelos militantes do movimento contaram a história do Quilombo Campo Grande. Este processo de resistência negra dominou uma extensão territorial maior que Palmares, abrangendo regiões do Alto São

    Francisco, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Centro e Sudoeste de Minas. O quilombo, coordenado por um agricultor chamado de Pai Ambrósio, chegou a ter 15 mil habitantes em 25 vilas confederadas, nas quais além de
    negros, se refugiavam índios e brancos pobres.
    “A nossa regional foi nomeada como Quilombo Campo Grande como forma de  reescrever esta  história apagada dos livros. A cultura também tem esse papel, de trazer ao povo a memória de luta que o capital esconde. Foram muitos os ataques da coroa àquelas comunidades e o povo enfrentou com muita garra, assim como os Sem Terra fazem em  Ariadnópolis”, compara Maysa Mathias, militante do MST, negra e organizadora do festival.

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    Foto: Geanini Hackbardt/MST

     

    Para Hadd Dalton, do Grupo Sapucaiaços, arte, vida e política não se dissociam. “Não tem como relacionar o teatro, a arte, com a vida/luta dos movimentos sociais sem pensar na frase do Bertolt Brecht, onde ele fala: todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver; e o que é viver, senão lutar.” Segundo o contador, esses espaços são de grande aprendizado. “Foi nos movimentos sociais, na luta e nas rodas, que encontrei as melhores histórias e causos, cantei as melhores bandeiras, e aprendi com ambos, que participação social é a arte de viver e que partindo da cultura eu faria política.”

    Esperança sem fim

    Apesar da festividade, o conflito de terras mais antigo de Minas Gerais – Ariadnópolis – ainda não foi solucionado. O Governo do Estado deu prosseguimento no processo de desapropriação das terras da Antiga Usina, no entanto, ele está parado, aguardando decisão do judiciário. “O festival também vem no sentido de demarcar que nos despejar é despejar toda essa cultura”, assinalou Silvio Netto.

    “Saímos da sede em um acordo, na esperança de que a justiça tivesse uma solução definitiva, mas essa demora é uma tortura para todos nós. Por quantos anos mais teremos que esperar e aguentar as provocações e ameaças dos jagunços, faltando apenas uma decisão de um juiz”, cobrou Fátima Meira, da Direção Regional. O Quilombo Campo Grande resiste, como seus antepassados o fizeram, mas para fazer justiça a essa história, as terras precisam tomar o caminho que lhes é devido, a desapropriação.

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    Foto: Maria Aparecida/ MST