Jornalistas Livres

Categoria: Saúde

  • Os efeitos da baderna no governo federal em meio à crise do petróleo

    Os efeitos da baderna no governo federal em meio à crise do petróleo

    Por Sarah Nafe / Sanaud – Juventude Palestina


    Já é fato incontestável que o cenário mundial se mostra cada vez mais incerto devido à crise causada pela Pandemia covid-19. Há inúmeros setores que serão ou já se encontram afetados por tal acontecimento, sendo um desses o petrolífero, pois este setor se enquadra no grupo de fatores primários da economia mundial. Para além disso, o petróleo é elemento essencial para a movimentação das engrenagens da economia capitalista. Isso nos leva a prever que a queda de preço do barril de petróleo devido à diminuição do consumo mundial, irá refletir demasiadamente na economia de determinados países.

    É de conhecimento geral que os países-membros da Liga Árabe lideram com um total de 35% da produção mundial de petróleo e, consequentemente, parte relevante do PIB desses países advém dessa comercialização. Na situação atual, em que o produto sofreu desvalorização de 65% no primeiro trimestre de 2020, o potencial de compra e consumo diminui proporcionalmente. Como efeito cascata, a crise causada em tais países pela queda na venda de petróleo poderá refletir no Brasil, que tem a Liga Árabe como seu terceiro maior parceiro comercial, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

    Nos próximos meses, a economia brasileira sofrerá um impacto maior, tendo em vista que a China reduzirá a compra da soja produzida pelo Brasil. É pressuposto que essa medida venha de um acordo informal que visa equilibrar a balança comercial: enquanto os Estados Unidos consomem muitos equipamentos médicos advindos da China, o país asiático aumentará a compra da soja produzida em terras norte-americanas. Um segundo argumento sobre tais medidas deve-se às declarações xenofóbicas por parte do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub, que levou a um pedido de retratação pública por parte da Embaixada da China no Brasil.

    Ciente disso, é de extrema importância que o governo brasileiro indique rapidamente sua estratégia de retomada da economia, uma vez que os EUA e China estão intensificando suas negociações. O Governo Federal vem menosprezando seu histórico de relações com parceiros comerciais, como a Liga Árabe e os BRICS (Bloco de países que envolve Brasil, Rússia, Índia. China e África do Sul), que foram estabelecidas anteriormente ao governo Bolsonaro. Esse somatório de problemas reforça a instabilidade econômica e política do país.

    *Sanaud– Juventude Palestina.

  • GOG, o poeta: “Se tivesse teste psicotécnico, Bolsonaro não seria presidente!”

    GOG, o poeta: “Se tivesse teste psicotécnico, Bolsonaro não seria presidente!”

    Os repórteres Katia Passos e Fernando Sato, dos Jornalistas Livres conversaram com o poeta GOG, Genival Oliveira Gonçalves, no último dia 5, sobre sua carreira, que completa trinta anos em 2020, política, RAP e seu novo lançamento. O artista nascido em Sobradinho, no Distrito Federal, é conhecido como poeta do RAP Nacional e tem um grande histórico de contribuição para a construção do estilo no país, tendo sido o primeiro a abrir o próprio selo.

    Ao relembrar os trinta anos de carreira, GOG destacou o papel político de suas canções ao abordar o racismo e os partidos de esquerda:

    “Nossa carência política é de lideranças. Cadê as pessoas, a sororidade? Você não percebe isso nem na esquerda nem na direita. Quem está fazendo, quem está nas quebradas, hoje é o movimento social, é o MST que está produzindo.”

    GOG também não poupou de suas críticas o governo Bolsonaro:

    “Se tivesse teste psicotécnico, o Bolsonaro não seria presidente. Qualquer gestor público tem que passar por provas de inteligência emocional.”

    O poeta ressaltou que o presidente perdeu a oportunidade de unir o país neste momento. Para ele a crise política dos partidos esquerda pode ser resolvida quando ela se voltar para si mesma, esquecer o Bolsonaro e voltar e para as base.

    GOG destacou a importância das mídias independentes e como essa contra-narrativa dialoga  com o próprio RAP, como forma de comunicação crítica de de produção de narrativas marginalizadas. Ao longo da entrevista, o rapper cantou alguns de seus sucessos, como ‘Assassinos Sociais’ e ‘Brasil com P’. GOG respondeu diversas perguntas dos internautas ao longo da entrevista, além das perguntas dos repórteres.  

    Ao falar de RAP, o poeta mencionou as importância das rappers, e o papel feminino na cena:

    “É muita gente, a começar pela Ellen Oléria. Eu gosto muito tanto da música quanto da postura da Preta Rara. Ela me traz uma cena que passa pela transversalidade da música e da mulher negra mais empoderada”.

    Para ele, o RAP é anti-sistêmico por natureza, por emocionar ao falar das realidades em que é feito. Sobre seu novo trabalho, o 12º disco, com sete faixas, terá participação de Renan Inquérito e Fábio Brazza. O foco é ancestralidade e nesse ponto contará com a participação, também, de Milton Barbosa do MNU (Movimento Negro Unificado).

    Sobre o COVID-19, GOG lembrou:

    “Nessa pandemia do coronavírus, tem que ter atitude. Mas qual o papel do governo e porque o estado mínimo não serve? O Estado tinha que estar preparado para receber, também, o que é emergência e o que não foi esperado”.

    GOG insistiu sobre a importância de permanecer em casa, mesmo entendendo a preocupação de quem tem que sair para trabalhar: “Sem saúde você não traz o alimento”.

    Veja a entrevista:

  • Mandetta se finge de bom-moço pra rifar SUS e ganhar eleição futura

    Mandetta se finge de bom-moço pra rifar SUS e ganhar eleição futura

    Todos os dias assistimos a imagem de um Ministro vestindo colete do Sistema Único de Saúde (SUS) reafirmando que tomará todas as medidas baseado em critérios científicos. É esse o mesmo que acabou com o Programa Mais Médicos, deixando milhões de pessoas desassistidas em todos os cantos do país. Está também entre seus colegas o incapaz e recalcado que chamou as universidades públicas de “balbúrdias” e cortou substancialmente verbas das Universidades Federais e do fomento da pesquisa no país. Cortaram também verbas do Bolsa Família, colocando milhões de pessoas em situação de extrema pobreza. Essas, entre outras inúmeras asneiras e crueldades, nos faz perguntar todos os dias: porque Bolsonaro ainda não caiu?

    Por Silmara Conchão* e Eduardo Magalhães Rodrigues**, especial para os Jornalistas Livres

    A atitude pública do ministro de colete azul do SUS na TV está coerente com as recomendações mundiais no enfrentamento ao Covid-19. Este comportamento, contudo, não passa de um trampolim para a disputa eleitoral. Faz do ministro um sucesso na carência nacional de líderes. Esperamos que depois dessa glória Mandetta desista de privatizar o SUS, pois, sabemos, é um dos que mais defende essa ideia e até por isso está onde está. Patrocinado pelos planos de saúde, ele é um vendilhão e não um herói.

    Em um país pautado por uma cultura colonialista e servil ao grande capital, a retrógrada e velhaca elite econômica, aliada à políticos entreguistas e religiosos fundamentalistas, fomenta o esquecimento e o ocultamento histórico.

    Inversamente, a realidade copia a arte. Parecemos viver sob o governo do paranoico, falso moralista e conservador Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia cidade de Sucupira. Na admirável telenovela de Dias Gomes, “O Bem Amado” (Globo, 1973), o político possui a ideia fixa de realizar sua grande obra, a inauguração do cemitério municipal. O projeto se tornou obsessivo e para isso o tosco e medíocre governante não mede esforços. Por exemplo, em uma epidemia de Tifo, sumiu com vacinas e medicamentos. Acreditava que tudo e todos conspiravam contra ele.

    Mentalmente transtornado, o paranoico crê em suas concepções, mesmo que contrárias à razão. Consegue expressar abertamente loucuras e delírios, porque não acredita serem absurdos, mas sim fatos concretos. O coronel Odorico e o ex-capitão Bolsonaro estão apegados a suas verdades únicas e irreais. Somos todos povo de Sucupira liderados por um genocida.

    Enredados em uma ditadura, escolhida pelo voto, naturalizamos o machismo, o racismo, o extermínio de jovens pobres e a lgbtfobia em nome de Deus. Além da prática fascista do governo e sua alucinada e violenta manada de apoiadores, carinhosamente denominados “bolsominions”, que dizem não ter ideologia, a pandemia chega ao Brasil e desnuda o capitalismo perverso do Estado-Mínimo. No entanto, a crise mostra a importância do SUS, das Universidades públicas e da ciência.

    O eleito Bolsorico-Paraguaçu, hoje sem partido, não tem apoio do Congresso; do Supremo Tribunal Federal (STF); dos militares graduados; da mídia comercial (salvo Edir Macedo e Silvio Santos); de organizações internacionais (ONU, OMS etc); dos movimentos sociais e até mesmo de parte dos grupos de direita. Assiste sua popularidade derreter. Segundo pesquisa do Datafolha, (08/04/2020) 64% reprova a conduta do Presidente em relação à pandemia.

    Concomitantemente, seu Ministro da Saúde já está sendo anunciado como o grande líder da nação: um médico seguro, calmo, informado e político conciliador. Todavia, na votação do impeachment de 2016, ou melhor dizendo, golpe contra a Presidenta Dilma (sobre a qual nenhuma corrupção se provou), o Deputado Federal Mandetta empunhava ironicamente uma placa “Tchau querida”. E no início de sua gestão, demitiu os médicos cubanos. Sabemos que o resultado disso envolveu mortes evitáveis dos mais pobres por causas básicas, o que será agravado no atual contexto.

    Por Simch

    As falas e as atitudes desatinadas de Bolsorico-Paraguaçu minimizam a pandemia e fazem pobres e explorados acreditarem que a doença ameaça grupos mais vulneráveis. Estamos no meio do caos. Comunidades sem voz como a indígena, quilombolas, periferias e favelas sofrerão mais pela falta de assistência médica, fome e desemprego. Será que um dia conheceremos o quadro real da devastação ora anunciada e subnotificada? Enquanto isso o palanque eleitoral segue. Bolsorico é um inconsequente oportunista enganando cegos e desvairados que não querem ver, muito menos dar o braço a torcer.

    De qualquer forma o neoliberalismo desnudado revelou para o mundo que só sobrevive com a mão de obra explorada e recursos públicos. Autocentrados em resguardar seus interesses privados, burgueses protegidos nos seus carrões foram às ruas em carreatas exigir que seus empregados voltassem a trabalhar para gerar riqueza. Riqueza para quem? A quem os fundos públicos devem socorrer?

    Nesse precipício em que nos encontramos, parte da esquerda não aproveita o momento político de graves erros do desgoverno para encaminhar mudanças efetiva. Continua apática e frouxa. Titubeia, vacila e se apresenta dividida entre o “Fora Bolsonaro” e o “Fica Bolsonaro”.

    Algumas lições já se mostram óbvias: não devemos mais cair na cilada elegendo dementes e necropolíticos, cabendo ainda ao Estado garantir proteção, igualdade de oportunidades e serviços básicos como a educação e a saúde públicas, universais e gratuitas. Pessoas estão morrendo e morrerão devido à leviandade governamental. Podemos morrer a qualquer momento. A vida que já era frágil virou um sopro. O Coronel Odorico tinha como única meta inaugurar o cemitério que o daria palco. Nosso Bolsorico Paraguaçu não se importa em produzir milhares de cadáveres em nome de uma falsa salvação econômica do país. Salvação sim do grande capital que o elegeu, num plano macabro onde sabemos que os mais pobres morrerão nas portas dos hospitais. A Europa depois da Peste Negra, saiu da Idade Média e entrou no Renascimento, em que passou a valorizar muito mais as ciências, a cultura e as artes. Também houve separação total do Estado e da Igreja e a noção de que a razão leva ao conhecimento. Nossa opção será voltarmos ao passado obscurantista ou sairemos mais fortes para superarmos e avançarmos enquanto civilização? Quem sobreviver, que nunca mais se esqueça de lutar por nosso SUS, pelas Universidades públicas e por investimentos na ciência brasileira.

     

    *Silmara Conchão – Socióloga, feminista e professora universitária da Faculdade de Medicina do ABC. Mestra em Sociologia e Doutora em Ciências da Saúde.

    **Eduardo Magalhães Rodrigues – Sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do ABC. Mestre em Relações Internacionais e Doutor em Planejamento e Gestão do Território.

     

    Veja mais: Vidas ou lucro? Modelo capitalista neoliberal entra em xeque com pandemia do Novo Coronavírus

  • Movimento Nacional de preservação da vida, nesta Páscoa com Covid

    Movimento Nacional de preservação da vida, nesta Páscoa com Covid

     

    Para nós Cristãos, hoje é o sábado de aleluia, dia que aprendemos na nossa cultura, que Jesus ressuscita para renascer de novo.

    Tudo isso ocorre na nossa liturgia presencial e para nós é muito forte e importante, nas procissões temos a cerimônia da crucificação de Cristo e no sábado a ressurreição, imagem criada pelo catolicismo, ramo do judaísmo.

    A ressurreição traz a ideia da recuperação de um corpo mutilado, torturado e assassinado como preso político.

    Hoje o Brasil de forma análoga enfrenta e vê seu povo assassinado por uma pandemia que é quase uma intencionalidade, é quase uma extinção, é quase uma condenação à morte, é quase uma necrofilia.

    É contra essa necrofilia intencional, é contra esse malthusianismo, e distinção das classes populares: negros, mulheres, idosos e porque não dizer dos profissionais da área de saúde, que estou fazendo esta fala.

    Acredito ser necessária neste momento, a criação de um movimento nacional em defesa da vida, movimento nacional em defesa da saúde do povo brasileiro, contra a necrofilia que é o nome que melhor define a eugenia, o genocídio dos negros. 

    As autoridades brasileiras tentam transformar nosso país em um navio negreiro, desautorizando as orientações da Organização Mundial de Saúde, propagando o fim do confinamento, o fim da vigília, o fim a reclusão preventiva. Num pais onde não existem análises, não existem testes que nos permitam ter conhecimento do número de pessoas que de fato contraíram a doença. Pessoas estão sendo enterradas com atestados de óbitos sem definição e em valas comuns. 

    Exortamos a necessidade da criação de um movimento: nacional, suprapartidário, supra religioso, em defesa da vida e em defesa do povo brasileiro. Esse movimento não deve ter protagonismo exclusivo, de mandatos, de partidos, mas um movimento comum e horizontal que permita que em qualquer parte do território nacional as pessoas possam se organizar.

     

    Movimento Nacional de preservação da vida, nesta Páscoa sagrada de 2020!!

    Ele foi traído por um amigo, julgado em dois tribunais iníquos: o religioso de Caifás e o político militar de Pilatos. Foi torturado e assassinado. Pedro o negou três vezes e os demais discípulos fugiram, salvo Maria a mãe e as outras discípulas e João.
    Nós vivemos um tempo quaresmal. Temos desigualdades sociais, fome, torturas e assassinatos; tribunais iníquos religiosos, políticos e militares. Temos o coronavírus que atinge prioritariamente os mais frágeis: idosos e doentes, pobres que não têm como se protegerem no isolamento social por condições de moradias pequenas e insalubres, sem água e desfigurados pela fome.
    Há os que são solidários como o Simão de Cirene.

    Sexta da paixão, dor e morte. Mas não é  o fim da história, a última palavra. O Senhor ofereceu sua vida, seu sangue, sua história por nós. Há uma chama de esperança que fumega à espera do Domingo da Vida.

     

  • Manifesto das favelas sobre o novo Coronavírus

    Manifesto das favelas sobre o novo Coronavírus

    A CMP e a UMM-SP lançam Manifesto das Favelas Sobre o Novo Coronavírus

    A pandemia do novo Coronavírus atinge todos, mas de forma muito mais grave a população moradora das favelas e dos assentamentos precários!

    Nós, das favelas e ocupações, filiadas à Central de Movimentos Populares (CMP) e à União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP), vimos por meio deste Manifesto afirmar que estamos praticando ações concretas de solidariedade, organizando e estimulando pontos de arrecadação e distribuição de alimentos, bem como de materiais de limpeza e higiene para o povo que já está passando fome. Contudo, temos consciência de que nossa ação, embora seja muito importante, não é suficiente para a resolução do enorme problema social nessas comunidades. Por isso, exigimos ações urgentes do Estado Brasileiro no enfrentamento ao caos e à tragédia social em curso. Entendemos que são necessárias medidas imediatas por parte dos governos no combate à crise causada pelo novo coronavírus, que atinge as favelas e outras comunidades igualmente pobres em nossas cidades. Sem atitudes firmes e concretas corremos o risco de levar à morte milhares de pessoas e ao consequente aumento da fome, da miséria e do desemprego.

    Manifesto das favelas
    Manifesto das favelas sobre o novo coronavírus

    O mundo passa neste momento por uma crise de saúde pública com poucos precedentes na História da Humanidade. A epidemia do novo coronavírus se espalhou rapidamente por todos os continentes, atingiu de forma indistinta praticamente todos países do Norte e do Sul e vitimou milhões de pessoas. Estima-se que mais da metade da humanidade esteja em processo de isolamento social, o que tem provocado graves impactos humanitários, econômicos e socais. Especialmente para os países mais pobres ou de grande desigualdade social, como o Brasil.

     

    No nosso País, milhões de pessoas moram de forma precária em favelas, cortiços e ocupações sem saneamento básico, com pouco ou sem nenhum acesso à água encanada que garanta condições mínimas de prevenção e proteção. Essa situação nos deixa em condições sem precedentes de emergência social, colocando em risco de transmissão do vírus milhões de pessoas que vivem em ambientes absolutamente inseguros.

    No Brasil mais de 15 milhões de famílias – cerca de 60 milhões de pessoas estão em favelas, ocupações e loteamentos, em situação de risco social e em condições miseráveis de habitação.

    Se de um lado o isolamento social recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) tem sido a maneira mais eficaz de diminuir – ou mesmo evitar a contaminação – e ainda não causar um colapso do sistema de saúde, de outro lado existem a preocupação sobre como estabelecer medidas para conter a disseminação do vírus entre as comunidades mais pobres, onde os moradores e vizinhos estão muito mais próximos uns dos outros.

    Dados do IBGE de 2010 apontam que existem 6.329 favelas no País. Nelas está a maior parte dos cerca de 13,5 milhões de famílias que vivem na extrema pobreza, sendo que 72% da população de favelas não têm nenhum valor na poupança.

    Outra preocupação está nos impactos do isolamento de milhões de trabalhadores e trabalhadoras que estão na informalidade. São ambulantes que, literalmente, trabalham pela manhã para alimentar suas famílias à noite. Quase 39 milhões de pessoas estão na condição de informais, 14 milhões encontram-se desempregadas e 29 milhões estão empregadas, ganhando até 3 salários mínimos.

    Para que este enorme contingente de pessoas consiga ficar em isolamento é preciso que o dinheiro da renda básica aprovado pelo Congresso Nacional seja pago logo, juntamente com outras medidas de apoio emergencial, que possam, de fato, chegar às famílias moradoras das favelas. Por isso, estamos participando da campanha “Paga Logo Bolsonaro”. É urgente pagar já a renda básica de 600 a 1200 reais, por um período de 3 meses.

    Bolsonaro é um genocida que tem se colocado contra a política de isolamento social. Age na contramão das orientações estabelecidas pela OMS e pelas autoridades sanitárias do País. Não lidera a Nação para enfrentar a pandemia. Ao contrário, sua única preocupação tem sido de produzir factoides que visam assegurar seguidores, com vista às próximas eleições presidenciais. Suas ações e falas são no sentido de passar a falsa ideia de que não é político; afirma ser contra e vítima do sistema político; se coloca até mesmo contra seus ministros, e constrói uma narrativa para se livrar da responsabilidade dos efeitos da crise.

    A população moradora das favelas rejeita a proposta absurda do presidente Bolsonaro de relaxar ou pôr fim ao isolamento social. Pesquisa recente do Instituto Data/Locomotiva realizada em 269 favelas do País aponta que 80% dos moradores têm medo de que falte comida para seus filhos mas, mesmo assim, 71% se opõem ao fim do isolamento. A pesquisa revela ainda que, 8 entre cada 10 moradores tiveram queda de renda após o isolamento, apenas 13% têm mantimentos em casa suficiente para menos de dois dias e mais da metade para menos de uma semana. O levantamento mostra também que 56% do moradores acreditam ter que sair de casa daqui a uma semana para procurarem renda.

    Ao se colocar contra o isolamento social, Bolsonaro cria uma enorme confusão, aprofundando a instabilidade política e fragilizando ainda mais a democracia. Seu objetivo é criar situações que venham favorecê-lo no futuro. Trabalha na linha de que, se o País conseguir evitar uma grande tragédia em virtude do isolamento, terá ganhos políticos. Por outro lado, acredita que se a crise da saúde pública não for evitada, também terá ganhos políticos. Grande oportunista que é, dirá que ficou contra o isolamento.

    Nós, que atuarmos junto a diversas favelas, defendemos o investimento de bilhões de reais na área da Saúde e em medidas de proteção do emprego e da renda, com apoio ao pequeno e médio negócio, responsáveis pela maioria dos empregos.

    Estamos participando das campanhas de solidariedade de doação de alimentos e materiais de higiene e limpeza promovidas pela CMP, UMM e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Nossas favelas e comunidades estão criando centenas de pontos de solidariedade. No entanto, temos consciência de que isso só não resolve o drama, a fome, o medo e o desespero das pessoas. Mesmo praticando a solidariedade de classe, é preciso cobrar do Estado a resolução do problema. É responsabilidade dos governos adotarem medidas concretas e urgentes para o enfretamento da crise.

    Neste sentido, é fundamental irmos além da solidariedade. Assim, exigimos que os governos cumpram suas obrigações e garantam condições para que o povo mais excluído possa enfrentar e sobreviver à esta situação de crise. Além do imediato pagamento da renda básica, exigimos a suspensão dos despejos por falta do pagamento de aluguel, suspensão de todas as reintegrações de posse, isenção de taxas de água e energia e Vale Gás. E, finalmente, defendemos a imediata suspensão do pagamento das prestações dos mutuários de quaisquer programas habitacionais.
    Fora Bolsonaro!

    Abril de 2020
    União dos Movimentos de Moradia
    Central de Movimentos Populares

  • Dilma cobra testes para detecção do vírus e o fim da PEC do teto de gastos durante pandemia

    Dilma cobra testes para detecção do vírus e o fim da PEC do teto de gastos durante pandemia

    Em live realizada hoje de manhã (9/4), quando participou de reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), a ex-presidenta Dilma Rousseff disse que o PT não está denunciando como deveria a falta de testes para coronavírus. Segundo ela, não há como planejar ações de enfrentamento da epidemia, sem que se conheça a realidade do contágio. Para Dilma, o governo está escondendo da população o tamanho do problema. “Tem uma certa deliberação de não fazer testes”, cogitou.

    Dilma apresentou também propostas econômicas para o partido. O fim da PEC do Teto de Gastos é uma delas, seguindo o que estão fazendo os países europeus, que deixaram de lado os rigores do superávit fiscal, santo graal do neoliberalismo, como forma de gerar recursos para atender a população mais pobre durante a crise sanitária.

    A ex-presidenta quer que o PT defenda a idéia de reconversão de fábricas, de modo a produzir insumos necessários para o trabalho dos médicos. Dilma, com a experiência de gestão acumulada em seus anos na Presidência e como chefe da Casa Civil do governo Lula, conhece como poucos a estrutura produtiva do País.

    Estudiosa e meticulosa em suas análises, nesta live, Dilma Rousseff mostra como faz falta ao País uma abordagem ao mesmo tempo técnica, científica e competente em uma situação dramática como a que vive hoje o mundo.