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Categoria: Religião

  • Na igreja Bola de Neve, Profeta Kevin previu que Roberto Alvim comandaria a Nação

    Na igreja Bola de Neve, Profeta Kevin previu que Roberto Alvim comandaria a Nação

     

    “Deixa eu pedir uma coisa pra vocês. Vocês que filmaram, não postem, porque isso é a vida privada [da Igreja]”, pediu o Apóstolo Rina (é assim que Rinaldo Luis de Seixas Pereira, marqueteiro e dublê de surfista prefere ser chamado), a uma multidão de milhares de fiéis da Bola de Neve Church, em sua sede no bairro da Lapa, em São Paulo. O Apóstolo Rina foi quem criou a Bola de Neve, em 2000, igreja famosa por colocar uma prancha de surfe em cima do altar, seja lá o que isso queira dizer.

     

    A “vida privada” a que se referiu Rina foi um mega-culto ministrado pelo americano Kevin Leal, também “apóstolo”, mas que gosta de ser chamado de “profeta”. Na ocasião, o Profeta Kevin homenageava Roberto Alvim, ex-secretário Nacional da Cultura de Jair Bolsonaro. Roberto Alvim, como se sabe, é o sujeito que lançou um tal Prêmio Nacional das Artes numa encenação grotesca que incluiu a reprodução ipsis literis de partes de discurso do Ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels.

     

    A homenagem a Roberto Alvim ocorreu há pouco mais de um mês, quando o ex-secretário da Cultura ainda não havia “incorporado” Joseph Goebbels. Mas o que se via lá já não prenunciava coisa boa. Roberto Alvim ajoelhou, fechou os olhos, recebeu a unção dos óleos com ares de comoção, ergueu as mãos como se estivesse em louvor e adoração, enquanto o Profeta Kevin gritava-lhe em inglês, imediatamente traduzido para o português, também aos gritos:

    “Vocês trabalham para o presidente, mas servem a um Rei”.

     

    A platéia delirava.

     

    Era só o começo.

     

    Ah, nem é preciso dizer que o pedido do Apóstolo Rina, diante dos fiéis, para que o culto não fosse postado nas redes… Bem, o pedido foi ignorado e o vídeo é o que está embaixo deste texto (o pedido de Rina, para que o vídeo não fosse colocado nas redes está no último minuto do vídeo).

     

    Quem é o Profeta Kevin?

    "Palavra de Deus" ensinada pelo Profeta Kevin - apenas 3 dólares
    “Palavra de Deus” ensinada pelo Profeta Kevin – apenas 3 dólares

    Em 1971, servindo na Força Aérea americana, Kevin “foi salvo e cheio do Espírito Santo”, conforme consta em seu currículo. Logo descobriu seu dom profético e profetizou para centenas de pessoas em reuniões de dois ou três dias. Nos anos 1980, ele uniu seus dons de profecia a uma nova missão, que lhe teria sido passada diretamente pelo Espírito Santo e se transformou num formador de quadros evangélicos. Presidente do Kevin Leal Ministries e do Key Ministries, ele ensina para líderes de igrejas evangélicas do mundo todo como conquistar e permanecer com as chaves de acesso aos corações dos fiéis. Em outras palavras, Kevin é um consultor de igrejas. Ajuda a construir equipes de liderança, ensina e treina pastores e quadros dirigentes das denominações religiosas que atende, produz livros para serem usados em escolas de ministério, além de obras de auto-ajuda, como “Detox Espiritual” (veja ao lado o anúncio) e “Expansão dos Negócios”. Também é o criador de um programa da “mentoring”, chamado Headlights, que será instalado em sua propriedade, onde funciona a igreja Jubilee International Ministries em Pensacola/Flórida.

     

    O Brasil está no foco das atenções do Profeta Kevin. Ele é presença frequente nas sedes da Bola de Neve e da Rede Águias e Leões (REAL), liderada pelo Apóstolo Maurício Cundari Marques, da qual é um dos conselheiros.

     

    Com esse currículo todo, coube ao Profeta Kevin a tarefa de (como não?) profetizar, vaticinar, prever o futuro que caberia ao então secretário Nacional de Cultura, Roberto Alvim. E o profeta não fez por menos, já que estaria falando por inspiração divina ou, mais sério ainda, sendo a própria voz de Deus.

     

    Para Roberto Alvim, o profeta profetizou, falando bem de perto e tocando no rosto do ex-secretário, como se fosse o Todo Poderoso:

    “Você trabalha para o presidente, mas serve a um rei. Eu te faço como Daniel na casa do Brasil. Todo o teu preparo acadêmico todo o teu treinamento, agora está nas mãos do Senhor. E você será o conselheiro sábio, não somente para este governo, mas para outros governos. Dê a eles a sua sabedoria. Você será uma voz para a próxima geração. Você vai ver o futuro do Brasil e vai influenciar muitos políticos. Você vai influenciar as leis do Brasil, porque eu te dei o meu maior dom: a Sabedoria para a Nação. E você vai sentir a presença de Deus sobre ti. Você vai sentir algo sobrenatural sobre ti. Receba agora a Sabedoria para comandar uma Nação.”

     

    Uau! Comandar uma Nação!

     

    O Profeta Kevin pediu aos milhares de fiéis que cantassem enquanto oravam por Roberto Alvim, no que foi obedecido com devoção.

    “Eu quero dizer para as pessoas no Brasil. Só porque você teve uma eleição, isso não determina o resultado final. Deus comanda que o povo continue orando pelos seus líderes, oração é a mão de Deus no Brasil. Então, quando a música começar a tocar, eu quero que vocês orem por eles. Para que eles sejam fortalecidos pelas orações que vêm de dentro.”

     

    O Apóstolo Rina também foi grandioso:

     

    “Em sua presciência o Senhor determinou que, nesta hora, o Brasil viveria mudanças que primeiro começariam nas regiões celestiais, que foram geradas por oração, por intercessão, e que agora estão se materializando. São mudanças que também dizem respeito à área cultural. E nós estamos diante de pessoas que o Senhor gerou, treinou, preparou e condicionou para esta hora [n.r. estavam diante de Roberto Alvim, o que copiou frases nazistas]. Tudo o que eles viveram de bom e de ruim os capacitou para aquilo que eles precisam enfrentar. O nosso papel como corpo de Cristo, como igreja é interceder por eles… Que o Senhor lhes dê intrepidez, unção para que, dirigidos pelo Espírito Santo, eles possam fazer o melhor trabalho que essa Secretaria, que esse Ministério já fez nesta Nação. Porque aquilo que é Belo, aquilo que é alimento espiritual para povo, também é cultura. Dai-lhes graça, diante de Deus e diante dos homens. E que toda a arquitetura das Trevas seja dissipada. Que tudo o que eles façam tenha a Tua benção e a Tua aprovação. Para a glória e honra do nome de Jesus.”

     

     

    Coincidência estranha:

     

    Fachada do Cine Nacional na inauguração, em 1950: monstros e nazismo
    Fachada do Cine Nacional na inauguração, em 1950: monstros e nazismo

     

    A igreja Bola de Neve, onde essas cenas “proféticas” ocorreram, localiza-se na rua Clélia, 1.517, na Lapa (zona oeste de São Paulo). Lá, no mesmo local, em 1950, foi inaugurado o luxuoso Cine Nacional, com capacidade para 3.300 espectadores sentados nas confortáveis poltronas Cimo, as melhores que havia para grandes casas de espetáculos. Foi um acontecimento. Uma edição especial do jornal “Cine-Repórter” saiu no dia 15 de abril, inteiramente consagrada à inauguração do “imponentíssimo palácio da cinematografia”, que pertencia ao Circuito Serrador. De página inteira, um anúncio da British Films do Brasil, oferecia seus produtos aos exibidores. E eles pareciam instigantes. Em um filme, chamado “Ilha Desconhecida”, mostrava-se a luta do homem moderno contra criaturas pré-históricas. O outro, com título em forma de pergunta, atiçava os fantasmas: “Acontecerá de Novo?” -prometia cenas inéditas com Adolph Hitler, Eva Braun e “todos os nazistas em pessôa”. A sessão inaugural do novo cinema exibiu o filme “Monstro de um Mundo Perdido”. Parece que eles estão voltando… Acontecerá de novo?

     

     

    VEJA O VÍDEO (há partes com o áudio cortado devido a reclamação de direitos autorais por parte da gravadora Onimusic, que diz ser “proprietária” do hino de louvor cantado durante o culto)

     

  • Benedicto Abicair: quem é o desembargador-censor do Porta dos Fundos

    Benedicto Abicair: quem é o desembargador-censor do Porta dos Fundos

    Benedicto Abicair, desembargador do TJ-RJ Foto: Reprodução
    Benedicto Abicair, desembargador do TJ-RJ Foto: Reprodução

    O desembargador Benedicto Abicair, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou que a Netflix suspenda a exibição do especial de Natal ‘Primeira Tentação de Cristo’, feito pelo grupo Porta dos Fundos. Advogado por 30 anos, ele se tornou magistrado apenas em 2006, quando foi nomeado pela então governadora Rosinha Garotinho. Conseguiu o cargo pelo “quinto constitucional”, uma cota que reserva vagas na magistratura para advogados.

    Foi depois de se tornar magistrado, em 2006, que Benedicto Abicair passou a publicar suas opiniões na imprensa. Esquisitão, Benedicto Abicair escreveu sobre assuntos diversos, como trajes adequados para advogados, trajes e calçados adequaos para cães domésticos, escovação dentária de cães, higiene íntima de cães, roupas a serem usadas nos aviões (ele manifestou-se contra os “corpos suados” nas “poltronas geminadas”) e justificou em 2018 o pagamento de auxílio-moradia para juízes, pois eles teriam vida “difícil e sacrificante”. Benedicto Abicair não se esqueceu, em seu bestiário, de defender um colega que deu voz de prisão ao ser parado em blitz da Lei Seca, que ele já havia atacado em 2009.

    A decisão do tal Benedicto, determinando que o Netflix suspenda a exibição do especial de Natal “Primeira Tentação de Cristo”, do Porta dos Fundos, foi motivada por pedido do Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, que alegou que “a honra e a dignidade de milhões de católicos foram gravemente vilipendiadas pelos réus”. No seu especial, Porta dos Fundos retratou um possível romance gay de Jesus, ocorrido durante seu período de retiro no deserto.

    “Minha avaliação, nesse momento, é de que as consequências da divulgação e exibição da ‘produção artística’ (…) são mais passíveis de provocar danos mais graves e irreparáveis do que sua suspensão, até porque o Natal de 2019 já foi comemorado por todos”, diz a decisão do desembargador, afrontando a Constituição brasileira.

    Quem é o desembargador

    Antes de virar desembargador, o doutor Abicair, ou será o Benedicto?, atuou em um caso que teve grande repercussão no futebol brasileiro, em 1999.

    Benedicto Abicair era um dos três auditores do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) que participaram de uma punição ao São Paulo Futebol Clube. O time perdeu pontos no Campeonato Brasileiro por escalar o jogador Sandro Hiroshi, que havia falsificado sua certidão de nascimento.

    Na época, a decisão causou bastante polêmica: o São Paulo perdeu pontos de duas partidas. Em uma delas, o clube havia vencido o Botafogo por 6 a 1, mas os pontos do jogo acabaram repassados para o time derrotado. Os pontos acabaram salvando o clube carioca do rebaixamento para a segunda divisão.

    Ternos, cães e magistratura

    Nos últimos anos, Benedicto Abicair tem publicado textos com suas opiniões na imprensa.

    Em um dos artigos, interessantíssimo, porque parece saído da mente de um redator do Porta dos Fundos — publicado no jornal O Globo em fevereiro de 2019 —, (Será o) Benedicto Abicair afirma que “donos selvagens” de cães domésticos deveriam seguir “rígidas regras” quando saem com seus animais nas ruas.

    Para ele, os cães domésticos são “desprovidos de higiene adequada, pois não são banhados diariamente, não trajam indumentárias, nem calçam as patas, além de não realizarem higienização após suas necessidades fisiológicas, muito menos se utilizarem de fio dental, escova e pasta de dentes.”

    Uau, ele queria cachorro de sapato, usando papel higiênico e escovando os dentes!

    (Será o) Benedicto Abicair finaliza, tipicamente cinofóbico: (…) já passa do tempo de serem impelidas, com rigor, aos donos selvagens de cães domésticos regras e penas severas para que respeitem a cidadania daqueles que não são simpáticos ao convívio com cães domésticos e seus pelos, muito menos sentem prazer ao serem por eles cheirados e lambidos.”

    O desembargador também já escreveu que o traje passeio completo — terno e gravata — deve ser obrigatório para advogados, mesmo em dias quentes do verão.

    “Que os jovens, como eu no início da carreira, se rebelem contra certos hábitos e costumes é plenamente aceitável e previsível. Porém, inconcebível que pessoas amadurecidas não enxerguem a necessidade de preservar tradições, em confronto com experiências anteriores”, afirmou o desembargador.

    O artigo, também publicado no site Conjur, foi escrito em 2011 em reação a uma decisão da OAB-RJ que tornou o uso do traje facultativo durante o verão.

    “Os estudantes universitários, obrigatoriamente, vestiam-se com terno e gravata. A permissividade extinguiu o paletó, depois a gravata, em seguida, as camisas sociais e hoje frequenta-se as Faculdades de bermuda, saída de praia, camiseta regata e chinelo”, escreveu ele.

    O magistrado argumenta que o uso do traje “tem a finalidade de padronizar e dar aparência de organização”.

    Ah… esses “corpos suados”…

    “Lembro, ainda, que, tempos idos, era obrigatório, ou pelo menos de boa prática, o traje ‘passeio completo’ para os passageiros de avião. Atualmente vemos homens e mulheres seminus, encostando seus corpos suados nos ocupantes dos minúsculos assentos geminados. Bons tempos quando era politicamente correto ser bem vestido”, escreveu (Será o) Benedicto Abicair.

    Em outro artigo, publicado no Conjur em março de 2018, o desembargador afirma não ser verdade que os juízes brasileiros são “privilegiados” e que recebem quantias exorbitantes. Para ele, os magistrados passam por muitas “agruras” na carreira, como morar em locais distantes e em acomodações precárias.

    No mesmo texto, ele também escreveu que um juiz “não pode exercer qualquer outra atividade remunerada, exceto no magistério (?!), onde é impossível repor as perdas e menos ainda obter ganhos extravagantes”.

    “Como é difícil e sacrificante a vida na magistratura, pois no Judiciário são, aproximadamente, 17 mil magistrados decidindo conflitos entre mais de 200 milhões de pessoas naturais, além das pessoas jurídicas. (…) Já os ‘obtusos” detratores reflitam, isentamente, e parem de apedrejar a magistratura e outras carreiras jurídicas do serviço público, que de privilegiadas nada têm, antes de serem todas extintas por falta de candidatos, pois não haverá atrativos que os animem a enfrentar a dura e espinhosa trajetória a que se submetem”, completou.

    Pergunta de 1 milhão de dólares: Será o Benedicto, ou é outra sacanagem do Porta dos Fundos?

     

    Com informações do site BBC Brasil e do UOL

     

     

  • Representante do Papa participa de Encontro para a Economia de Francisco na PUC-SP

    Representante do Papa participa de Encontro para a Economia de Francisco na PUC-SP

    de Fernanda Queiroz (Assessoria de comunicação/ABEF), para os jornalistas livres

    Enrique Palmeyro, diretor mundial do Programa Pontifício Scholas Occurrentes, da Argentina, representará o Papa no Encontro Nacional para Economia de Francisco marcado para os próximos dias 18 e 19 de novembro, na PUC-SP. O evento é organizado pela ABEF (Articulação Brasileira para a Economia de Francisco), representante de 35 entidades com o Instituto Casa Comum (ICC) e a Universidade.

    Palmeyro foi nomeado para articular o Pacto Educativo Global, também lançado pelo Papa Francisco. Na programação, o teólogo fará uma apresentação sobre “O Pacto Educativo e a Economia de Francisco”, terça-feira (19).

    Para o coordenador-geral do ICC, Célio Turino, a vinda de Palmeyro estreitará as relações do Brasil com o Vaticano. “Essa é uma demonstração de afeto e compromisso com tudo que os movimentos sociais estão fazendo no Brasil, sobretudo nesses tempos difíceis, em que o horror tenta se impor em nosso país”, completa Turino.

    O objetivo do Encontro Nacional é reunir intelectuais, estudantes e jovens, movimentos sociais e ativistas das várias experiências do Brasil em geração de renda e produção sustentável como alternativas à economia geradora de desigualdades e dilapidadora da natureza.

    Na programação brasileira serão realizados mesas, paineis e rodas de conversa, como espaços de reflexões, compartilhamentos e troca de experiências, além de sistematizar diretrizes a partir do acúmulo das iniciativas brasileiras para a proposta da Economia de Francisco.

    Está previsto para o primeiro dia (18/11) dois paineis sobre economia não capitalista e a construção de um novo currículo para cursos de economia. Entre os convidados estão Carlos Vainer, doutor em Desenvolvimento Econômico e Social (Université de Paris), e as economistas Tania Cristina Teixeira (PUC-MG) e Rosa Maria Marques (PUC-SP).

    Os palestrantes, Milton José Fornazieri do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Eduardo Marques da FEOP (Fórum Estadual de Orçamento Participativo), Hamilton Rocha do Banco Comunitário União Sampaio e João Joaquim Neto do Banco Palmas, compartilharão as experiências das entidades na manhã do dia 19, segundo dia de evento.

    Na carta divulgada em maio, o Papa Francisco lançou um pacto global de mudança do modelo de economia. O Pontífice convocou economistas, empreendedores e empreendedoras, jovens de até 35 anos, para pensar novas formas econômicas no mundo. “Através de um ‘pacto’ comum, promoveremos um processo de mudança global que esteja em comunhão de intenções não só aos que têm o dom da fé, mas a todos os homens de boa vontade, para além das diferenças de crença e nacionalidade, unidos por um ideal de fraternidade e atentos, sobretudo, aos pobres e excluídos”, escreve Santo Padre Francisco.

    A ABEF foi criada a partir de um diálogo em julho deste ano com o objetivo de construir ações brasileiras para disseminar a proposta do Papa de uma nova economia. O encontro mundial “Economia de Francisco” ocorrerá de 26 a 28 de março de 2020, em Assis, Itália.

    Como resultado, a Articulação Brasileira deve preparar uma delegação para a atividade mundial do ano que vem, além de levar modelos alternativos e experiências de economia do país por meio da Carta Brasileira para a Economia de Francisco.

    Feira de produtos artesanais vai trocar a moeda ‘Chiquinho’ por produtos de cooperativas de economia solidária

    Em ação paralela do Encontro Nacional Economia de Francisco, marcado para os dias 18 e 19 de novembro na PUC-SP, será realizada a Feira de Economia Solidária, com o objetivo de comercializar produtos artesanais de cooperativas que trabalham com economia solidária no Brasil. A forma de compra será feita com a moeda criada para o evento e de mesmo valor do real, a “Moeda Chiquinho”. O evento é organizado pela ABEF (Articulação Brasileira pela Economia de Francisco), representante de 35 entidades com o Instituto Casa Comum (ICC) e a Universidade.

    Serão 66 expositores credenciados, dos municípios de São Paulo e outros estados, que vão vender desde produtos alimentícios, artesanato, como peças para casa, para mulheres, bijuterias, até cosméticos e essências naturais. As barracas da feira estarão espalhadas no saguão do Tuca Arena e no prédio da PUC-SP, aberto das 9h às 20h.

    O Encontro Nacional é uma preparação para o Congresso de Assis, Itália, convocado pelo Papa Francisco e ocorrerá em março de 2020. O objetivo é reunir intelectuais, estudantes e jovens, movimentos sociais e ativistas das várias experiências do Brasil em geração de renda e produção sustentável como alternativas à economia geradora de desigualdades e dilapidadora da natureza.

    Quem está à frente da organização da feirinha é a ativista Vera Machado, membro da Rede Economia e Feminismo (REF) e do Fórum Paulista de Economia Solidária. Segundo Machado, a Feira serve para mostrar que existe alternativas econômicas possíveis. “Essa feira reforça que nós, mulheres, também estamos fazendo economia. É uma economia alternativa que o capitalismo despreza, mas que tem muito mais impacto nos territórios”, afirma a ativista.

    A economia solidária é uma forma de articulação nos territórios em uma cadeia produtiva de desenvolvimento local. Desde a produção da matéria prima, confecção até a comercialização e as formas de pagamento, são feitos apenas dentro das comunidades. Um exemplo de locais no Brasil que tem este sistema econômico é o bairro de Palmas, em Fortaleza. “Lá eles foram os primeiros a montar um banco social, o Banco Palmas, e também comercializam seus produtos com a moeda digital E-dinheiro. Todos os moradores vivem dos produtos que produzem e consomem, desde a comida até os produtos de limpeza”, explica Vera Machado.

    O Banco Palmas está na programação do dia 19, no Painel de Boas Práticas com João Joaquim Neto, fundador do banco. Ele vai dividir as experiências deste empreendimento com mais três palestrantes: Milton José Fornazieri do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Eduardo Marques da FEOP (Fórum Estadual de Orçamento Participativo), Hamilton Rocha do Banco Comunitário União Sampaio. No total, existem 150 bancos comunitários no país.

    Os inscritos que se credenciarem no evento poderão adquirir a moeda Chiquinho no pagamento da taxa não-obrigatória de R$ 20 reais. O valor arrecado será revertido exclusivamente na Feira. Também será possível comprar produtos com cartão de crédito.

    Veja local do Encontro e da Feira:
    Realização Articulação Brasileira para a Economia de Francisco (ABEF)
    Encontro Nacional para a Economia de Francisco
    Data: 18 e 19 de novembro de 2019
    Horário: 14h às 21h (18/11) e das 9h às 21h (19/11)
    Local: TUCARENA – PUC SP (R. Monte Alegre, 1024 – Perdizes, São Paulo)

    Feira de Economia Solidária no Encontro Nacional Economia de Francisco
    Data: 18 e 19 de novembro
    Horário: 9h às 20h
    Local: Saguão do Tuca Arena e prédio da Universidade – 1º andar e corredor próximo à lanchonete (R. Monte Alegre, 1024 – Perdizes, São Paulo)
    Site: https://www.ecofranbr.org

  • Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia

    Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia

     

     

     

     

    “Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria. Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados”, é uma das passagens da carta.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Após o Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia realizado de 28 a 30 de agosto no Centro de Espiritualidade Monte Tabor, Arquidiocese de Belém, foi divulgada a seguinte mensagem pelos participantes –  bispos da região, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas:

    “Reunidos em Belém do Pará, com o objetivo de estudar o Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, nós, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das Igrejas amazônicas, como também irmãs e irmãos que compartilham a caminhada ecumênica, queremos manifestar nossas preocupações com a “Casa Comum” e uma missão evangelizadora encarnada, samaritana e ecológica.

    Desde 1952, os bispos da Amazônia se reúnem periodicamente para se posicionar sobre a missão da Igreja na realidade peculiar da Amazônia. “Cristo aponta para a Amazônia” é a expressão profética e programática do Papa São Paulo VI que em 1972 repercutiu no Encontro de Santarém. A nossa Igreja assumiu, então, o compromisso de se “encarnar, na simplicidade”, na realidade dos povos e de empenhar-se para que por meio da ação evangelizadora se tornasse cada vez mais nítido o rosto de uma Igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos e da terra. No encontro de 1990, em Belém-Icoaraci, os bispos da Amazônia foram os primeiros a advertir o mundo para um iminente desastre ecológico com “consequências catastróficas para todo o ecossistema (que) ultrapassam, sem dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente” (Documento “Em defesa da Vida na Amazônia”).

    Novamente reunidos em Icoaraci/PA em 2016, os bispos da Amazônia dirigiram uma carta ao Papa Francisco pedindo um Sínodo para a Amazônia. Acolhendo o desejo da Igreja nos nove países amazônicos, o Papa convocou em 15 de outubro de 2017 a “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia”, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

    A Igreja Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das “missões” da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados.

    Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria. Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados.

    Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade.

     

    A violência, que ultimamente cresceu de maneira assustadora, nos causa horrores e exige também o engajamento da nossa Igreja para que a paz e o respeito, a fraternidade e o amor prevaleçam.

    Defendemos vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito deste macro-bioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente.

    O Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história. Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações.

    Cabe um agradecimento especial à Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM por todo o esforço dedicado no importante processo de ESCUTA das comunidades e no envolvimento dos diversos segmentos do Povo de Deus, especialmente mulheres e com forte participação das juventudes e dos povos originários.

    Pedimos que rezem por nós, irmãs e irmãos, para que a caminhada sinodal reflita “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1).

    Que Maria de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas terras e águas amazônicas para que ela seja sinal e presença do Reino de Deus. Que ajude, com sua missão evangelizadora e humanizadora, a dignificar cada vez mais a vida em nossa região.

    Participantes do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia”.

    (CNBB / REPAM)

  • Francisco critica especulação imobiliária e a perseguição à luta por moradia

    Francisco critica especulação imobiliária e a perseguição à luta por moradia

     

    Por Santiago Gómez, especial para os Jornalistas Livres

    O Papa Francisco divulgou o dia 4 de Julho, uma mensagem nas redes sociais contra a especulação imobiliária. No vídeo, Francisco começa reconhecendo que “dos juízes dependem decisões que influenciam os direitos e os bens das pessoas” e que “sua independência deve ajudá-los a serem isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”. Esta última afirmação fez que no Brasil se interpretasse a mensagem como um recado para o juiz Sérgio Moro. Francisco, do jeito dele, já se manifestou contra a utilização do poder judiciário contra as lideranças populares, no encontro que manteve com juízes pan-americanos no mês de junho. Mas há outra dimensão da fala de Francisco, que é preciso levar em consideração: desde o primeiro encontro do Papa com os movimentos sociais, Francisco vem impulsionando as três T: Terra, Teto e Trabalho.

    No primeiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, acontecido em Roma no ano 2014, Francisco afirmou:

    “Este nosso encontro responde a um anseio muito concreto, a algo que qualquer pai, qualquer mãe, quer para os próprios filhos; um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza cada vez mais distante da maioria das pessoas: terra, teto e trabalho. É estranho, mas se falo disto para alguns o Papa é comunista. Não se compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, casa e trabalho, aquilo pelo que lutais, são direitos sagrados”.

    Cabe destacar, que o direito à moradia, é reconhecido no artigo 6º da Constituição Federal brasileira. Desde então, o Papa repetiu esses encontros mais duas vezes, o segundo aconteceu na Bolívia em 2015 e o último, de 2016, de novo na Itália.

    No primeiro encontro, no momento de abordar a problemática dos sem teto, Francisco afirmou:

    “Hoje, vivemos em imensas cidades que se mostram modernas, orgulhosas e até vaidosas. Cidades que oferecem inúmeros prazeres e bem-estar para uma minoria feliz… mas se nega o teto a milhares de vizinhos e irmãos nossos, inclusive crianças, e eles são chamados, elegantemente, de ‘pessoas em situação de rua’. É curioso como no mundo das injustiças abundam os eufemismos. Não se dizem as palavras com a contundência, e busca-se a realidade no eufemismo. Uma pessoa, uma pessoa segregada, uma pessoa apartada, uma pessoa que está sofrendo a miséria, a fome, é uma ‘pessoa em situação de rua’: expressão elegante, não? Vocês, busquem sempre, talvez me equivoque em algum, mas, em geral, por trás de um eufemismo há um crime. Vivemos em cidades que constroem torres, centros comerciais, fazem negócios imobiliários… mas abandonam uma parte de si nas margens, nas periferias. Como dói escutar que os assentamentos pobres são marginalizados ou, pior, quer-se erradicá-los! São cruéis as imagens dos despejos forçados, dos tratores derrubando casinhas, imagens tão parecidas às da guerra. E isso se vê hoje”.

    No vídeo difundido pelo Papa (no dia da Independência dos Estados Unidos), a situação acontece num tribunal, numa disputa por terra, onde uma parte quer construir um resort, e a outra é um homem que esta defendendo a terra onde tem sua casa. Quando a câmera mostra o hotel, se escuta a voz do Francisco dizendo “Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade”, e quando foca no homem mostrando a foto da casa para o juiz, se escuta o Papa dizer “Rezemos para que todos aqueles que administram justiça operem com integridade e para que a injustiça que atravessa o mundo não tenha a última palavra”. A cena acaba com o juiz batendo o martelo, olhando para o pobre.

    Desde que Francisco chegou ao Vaticano, ele briga de frente com o sistema financeiro e seu parceiro lógico, as corporações midiáticas. Quem especula com informação precisa dos meios de comunicação. Por isso no Terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, o Papa perguntou “Quem governa então? O dinheiro. Como governa? Com o chicote do medo, da desigualdade, da violência econômica, social, cultural e militar que gera sempre mais violência em uma espiral descendente que parece não acabar nunca”.

    O Papa Francisco, quando era Jorge Bergoglio, fazia trabalho de base nas favelas de Buenos Aires. Foi uma peça fundamental na criação da Mesa do Diálogo, que se criou após o “estallido”, a crise social argentina de dezembro de 2001. É por isso que conhece bem de perto o trabalho dos movimentos sociais, com os quais sempre articulou, e as consequências políticas e legais que as lideranças devem confrontar por lutar por direitos constitucionais.

    No último encontro com os movimentos populares, de 2016, Francisco falou para as lideranças presentes: “Penso, às vezes, que quando vocês, os pobres organizados, inventam o seu próprio trabalho, criando uma cooperativa, recuperando uma fábrica falida, reciclando os descartes da sociedade de consumo, enfrentando as inclemências do tempo para vender em uma praça, reivindicando um pedaço de terra para cultivar e alimentar quem tem fome, vocês estão imitando Jesus, porque buscam curar, mesmo que somente um pouquinho, mesmo se precariamente, essa atrofia do sistema socio-econômico reinante que é o desemprego. Não me surpreende que também vocês, às vezes, sejam vigiados ou perseguidos, nem me surpreende que aos soberbos não interesse aquilo que vocês dizem. (…) Sei que muitos de vocês arriscam a vida. Sei que alguns não estão aqui hoje porque arriscaram a vida”.

  • Após não conseguir maioria absoluta no parlamento governo de Israel convoca novas eleições

    Após não conseguir maioria absoluta no parlamento governo de Israel convoca novas eleições

    Por Sarah Nafe / Sanaud – Juventude Palestina

    Com apenas um mês do novo governo o parlamento israelense vive um caos político e votou por sua própria dissolução. O primeiro-ministro interino, Benjamin Netanyahu, não conseguiu unir os partidos de direita, a fim de controlarem maioria das 120 cadeiras parlamentares, mesmo depois de ter conquistado sua quinta vitória nas urnas.

    A crise no governo começou após um impasse entre os judeus ultra-ortodoxos e os militares, que insistem em manter a obrigatoriedade do serviço militar para todos os jovens Israelenses, inclusive os ortodoxos que eram liberados desde a fundação do estado até 2017, isso é um total desrespeito a ideologias e crenças, pois,mesmo que discordem da posição do seu governo em relação aos conflitos com os palestinos, ainda assim devem se alistar aos 18 anos de idade e servir por 2 anos para mulheres e 3 para homens, alem do serviço de reserva também obrigatório.

    REFILE - CORRECTING DATE PHOTO WAS TAKEN Israeli army officers salute in front of the flag draped coffin of former Israeli prime minister Ariel Sharon as he lies in state before a memorial ceremony at the Knesset, Israel's parliament, in Jerusalem January 12, 2014. Israel beefed up security for former Sharon's funeral near the Gaza border on Monday and warned the enclave's Palestinian rulers not to allow rocket fire during the ceremony, which U.S. Vice President Joe Biden will attend. Picture January 12, 2014. REUTERS/Darren Whiteside (JERUSALEM - Tags: POLITICS OBITUARY) ORG XMIT: JER1

    Vale lembrar que um novo processo eleitoral pode retardar no supremo tribunal o julgamento do primeiro ministro, que é acusado de fraude e suborno. Netanyahu tentou conseguir imunidade a si mesmo nos julgamentos além de aceitar presentes e distribuir favores políticos é frequentemente denunciado por censurar a imprensa. Sua mulher, Sara, é julgada por fraude e Seu filho, Yair, 27, foi banido do Facebook por propagar discurso de ódio contra palestinos e muçulmanos.

     

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    Sanaúd – Juventude Palestina pede que Milton Nascimento boicote Israel

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    Página do oficial de Sanaúd – Juventude Palestina aqui: https://www.facebook.com/juventudesanaud/