Se foi por “Deus”, pelos “pais” e “netos” que a Câmara autorizou a instauração do processo que arrancaria Dilma Rousseff do cargo legitimamente conquistado nas urnas há exatos um ano e três meses, foi pela instituição “família” que a rede Globo dedicou aquele estratégico domingo de sua programação a fim de efetivar o golpe que então se instalara no país. Patos amarelos gigantes mostravam para o mundo do que seria capaz a tal pedalada fiscal questionada até hoje no meio jurídico, principalmente no que tange à consequente pena aplicada pela Lei.
Dada a largada à temporada do fascismo, a chefe de Estado foi eliminada por parlamentares que “elegantemente” a chamaram de “vaca” junto ao povo que sucumbiu à cegueira promovida por instituições de conluio com a classe patronal. Sendo assim, pelas reformas da Previdência e Trabalhista, afastaram Dilma, uma das poucas personalidades que saiu imune após as delações da Odebrecht.
Hoje, como previsto, a cúpula que sentenciou a petista – muitos deles réus, condenados e investigados na Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, lesão corporal, entre tantos outros crimes – votou pela não admissibilidade do impeachment do vampiro Temer traidor. Personagem cujas acusações reúnem indícios efetivos, embora não tenha sido esse o entendimento da Comissão de Consolidação da Injustiça vulgarmente conhecida pela sigla CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Ou seja, não bastou o registro das câmeras que mostram o ex-deputado Rocha Loures saindo às pressas da pizzaria com a famosa mala com os R$500 mil de propina para atender aos interesses empresariais de Joesley Batista. Tampouco teve relevância a gravação em que o dono do grupo JBS aparece com Temer em encontro extraoficial no Palácio do Jaburu. Dentre ‘patos’ e ‘vacas’ reinou o chiqueiro instaurado na tão frágil democracia de nosso país.
E enquanto Rodrigo Maia em manobra sórdida descumpria os regimentos da Casa objetivando, desesperadamente, safar o mandato do presidente impostor antes do horário nobre em que a maioria dos brasileiros encontra-se com o controle em mãos em frente à televisão, ainda impediu a entrada da população interessada em comparecer à Casa que deveria ser aberta para todos nós.
Se à imprensa branca coube ignorar a compra de votos da bancada golpista, fica a pergunta: se Michel Temer permitiu projeto de lei para diminuir 350 mil hectares da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, a fim de conquistar a bancada de 230 deputados ruralistas na Câmara e consequentemente garantir a derrubada da tramitação do processo, qual terá sido o montante ($) repassado a cada parlamentar ali que hoje, arriscou a própria cabeça frente ao eleitorado que o elegeu e o manteve no poder para safá-lo dessa?
Nas palavras proferidas nesta tarde pela deputada Alice Portugal (PCdoB – BA) “política é a arte de persuadir, e o Congresso Nacional vai criar adendo na Constituição para argumentar que política passa a ser a arte da corrupção”.
O saldo? 02 de agosto de 2017. Nenhuma referência a qualquer divindade espiritual ou, de vínculo familiar no Congresso enquanto a bola rola no campeonato brasileiro. E a triste herança moral deixada por nossos representantes aos jovens cidadãos de nosso amado país.
O povo brasileiro demonstrou seu repúdio às reformas pretendidas pelo golpista Michel Temer, execrado pela maioria da população. De maneira mais descentralizada do que na greve do dia 28 de abril, eclodiram gritos contra a perda de direitos em centenas de cidades e nos cenários mais surpreendentes.
Na avenida Paulista, o “pato” é queimando em frente à sede da Fiesp. Por Nina Azambuja/Jornalistas Livres
No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por exemplo, uma multidão de trabalhadores sem teto ocupou todo o saguão de embarque, gritando “Fora Temer” e “Diretas Já”. O mais legal foi o apoio de muitos passageiros que, apesar do transtorno, apoiavam o protesto, dizendo ser preciso derrotar o presidente golpista.
Aeroporto de Congonhas ocupado pelo MTST. Por Lina Martinelli/ Jornalistasa Livres
Houve de tudo: de fogo ateado a pneus, passeatas, trancaços, saraus e ocupações, até paralisações de categorias inteiras.
Em Salvador, Belém, Recife, Goiânia e Brasília, os ônibus não saíram das garagens e as cidades ficaram desertas até o meio da manhã. Portuários de Rio Grande (RS), Angra dos Reis (RJ), Rio de Janeiro capital, São Luís, no Maranhão, também aderiram ao movimento.
Foram registrados atos no DF e nos seguintes estados: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.
Leia abaixo o resumo dos acontecimentos da manhã deste dia heroico de lutas.
Rio Branco (Acre): Início da concentração no Palácio Rio Branco. Fotos: Manoel Façanha
Acre
Trabalhadores protestaram no Palácio Rio Branco e caminharam até o terminal urbano de ônibus.
Alagoas
Por volta das 6h, manifestantes fecharam os dois sentidos da Avenida Fernandes Lima, em Maceió. Também houve bloqueio na Avenida Assis Chateaubriand, no Pontal da Barra.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a BR-101 em Rio Largo, no km 75, foi bloqueada às 5h40 e liberada às 7h40.
Rodoviários paralisam as atividades entre as 8h e 12h. Servidores da Eletrobras e da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) também aderiram à paralisação.
Diretas Já em Macapá/AP
Amapá
Trabalhadores fazem ato contra reformas no Centro de Macapá desde as 8h .
Nas primeiras horas da manhã, macapaenses ficaram sem ônibus. Os coletivos fizeram uma paralisação de duas horas, de 6h às 8h. Um grupo fechou a Rodovia Duca Serra.
Categorias decidiram entrar em greve. Entre elas, estão a dos bancários, dos servidores públicos em educação, dos servidores públicos federais civis e dos serventuários da Justiça.
Amazonas
Manifestantes fizeram uma passeata no Centro de Manaus entre as 9h30 e 11h30. O grupo percorreu as avenidas Ferreira Pena, Leonardo Malcher, Epaminondas e 7 de Setembro. O trânsito ficou parcialmente bloqueado nessas vias.
Bahia
Rodoviários pararam os ônibus em fila na Avenida ACM (região do Iguatemi), no sentido Paralela, em Salvador, por volta das 6h30. Um grupo de manifestantes fechou todas as vias da região. Em outros locais da cidade, os ônibus circulam normalmente. O ato foi organizado por centrais sindicais e movimentos sociais.
A estação de trens do Subúrbio de Salvador não abriu nesta sexta-feira e não há circulação dos veículos ferroviários. Na região metropolitana, manifestantes bloquearam o cruzamento da região de Mataripe, em Madre de Deus, por volta das 5h.
Ceará
Protestos fecharam vias de Fortaleza nesta manhã. Houve congestionamentos nas Avenidas 13 de Maio, da Universidade, Visconde do Rio Branco, Imperador e Domingos Olímpio em Fortaleza. Servidores do Sindicato de Trabalhadores Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro) pararam cerca de 15 ônibus e esvaziaram os pneus dos coletivos.
Bancários aderiram à paralisação. A concentração dos grevistas acontece a partir das 9h, na Praça da Bandeira, no Centro de Fortaleza.
Distrito Federal
O Distrito Federal amanheceu com estações do metrô fechadas. Os ônibus de todas as empresas também permaneceram nas garagens.
Nas rodovias do DF, as faixas exclusivas foram liberadas mesmo em horário de pico.
Bancários, professores e servidores da Universidade de Brasília aderiram à paralisação.
Espírito Santo
Manifestantes bloquearam uma via em frente à Rodoviária de Vitória, e houve confronto com a Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral. O grupo seguiu em passeata pela cidade, até a região do aeroporto.
Ônibus circulam normalmente na Grande Vitória. No campus Goiabeiras da Ufes, estudantes, docentes e técnicos-administrativos bloqueiam as entradas de carros.
Goiás
Houve paralisação do transporte público em Goiânia. Manifestantes bloquearam a saída de ônibus de uma garagem durante a madrugada e o início da manhã. Devido aos protestos previstos para o Centro da capital goiana, algumas rotas foram alteradas, e nenhuma linha está atendendo a região.
Maranhão
Grupos bloquearam os quatro portões de acesso ao Porto do Itaqui, em São Luís, e que é um dos principais entrepostos comerciais do Maranhão. Nem a Polícia Militar, nem a organização do protesto divulgaram o número de manifestantes.
Categorias como as dos bancários, professores da rede pública estadual, vigilantes, petroleiros, motoristas e cobradores de ônibus, metalúrgicos,disseram que cruzam braços nesta sexta.
Mato Grosso
Manifestantes ligados ao MST fazem bloqueios em dois trechos da BR-364, nas cidades de Jaciara e Jangada. Também foram registradas vias fechadas em Tangará da Serra e Barra do Garças. Nesta última cidade, há uma passeata pela Avenida Ministro João Alberto. De acordo com a organização, houve 800 participantes; a PM fala em 200 pessoas.
Professores e servidores das redes estadual e municipal aderiram à paralisação. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), a paralisação atinge 80% da rede estadual e 85% da rede municipal.
Mato Grosso do Sul
Um grupo com cerca de 5 mil pessoas protestou no Centro de Campo Grande.
Dois trechos da BR-262 e um da BR-158, em Três Lagoas, amanheceram fechados. Todos já foram liberados. Segundo a PRF, no km 5 da BR-262 e no 271 da BR-158, cerca de 90 pessoas participaram dos atos.
Professores aderiram à paralisação em Campo Grande, Corumbá, Ladário e Dourados.
Fora Temer em Ouro Preto
Minas Gerais
Protestos interrompem funcionamento do metrô e bloqueiam avenidas na Grande Belo Horizonte. O sindicato dos metroviários informou que o metrô fica parado da 0h às 11h59. Os ônibus estão funcionando normalmente.
Manifestantes colocaram fogo em pneus na Avenida Cristiano Machado, no bairro Palmares, na Região Nordeste de Belo Horizonte. O protesto foi no sentido Centro. A via foi liberada às 8h. A Avenida Padre Pedro Pinto, em frente à Estação Venda Nova, chegou a ser interditada, mas foi liberada às 7h30.
Em Contagem, na Grande BH, manifestantes bloquearam a Avenida Cardeal Eugênio Pacelli, no bairro Cidade Industrial. Na mesma cidade, outro grupo de manifestantes causava congestionamento no tráfego na Rodovia Fernão Dias, no sentido BH.
Pará
Os rodoviários do estado aderiram à greve e fizeram protestos desde a madrugada na região metropolitana de Belém. O sindicato promete impedir a saída de veículos – afetando o transporte de cerca de 1 milhão de pessoas. Vans fazem o transporte alternativo cobrando preços mais altos.
Paraíba
Protestos contra o presidente Michel Temer fecharam ruas, rodovias e o Terminal de Integração nas primeiras horas desta sexta-feira em João Pessoa. Após liberar o terminal de ônibus do Varadouro, os manifestantes ocuparam o entorno do Parque da Lagoa, no Centro, e inteditaram o trânsito no local. Segundo organização do protesto, cerca de 300 pessoas participam da manifestação. A PM não divulgou estimativa.
A rodovia BR-101, no trecho no km 123, próximo a João Pessoa, foi interditada às 8h, segundo Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Em Campina Grande, manifestantes interromperam a saída dos ônibus da garagem da maior empresa de transporte coletivo da cidade. O Terminal de Integração, contudo, estava funcionando normalmente até as 7h desta sexta-feira.
Paraná
Sindicalistas fizeram protestos em algumas cidades do interior do Paraná. Metalúrgicos protestaram durante a manhã por cerca de duas horas. Funcionários da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) também se manifestaram em frente à empresa e seguiram em direção à BR-476. O trecho está totalmente interditado, nos dois sentidos, desde as 8h40. Na capital, os ônibus do transporte coletivo funcionam normalmente desde o início da manhã.
Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná, os ônibus do transporte coletivo foram impedidos de sair das garagens no início da manhã. Às 7h, os veículos começaram a sair das garagens.
Em Londrina, na região norte, os acessos ao Terminal Central foram bloqueados por volta das 6h, e os ônibus estão sendo liberados aos poucos.
Trabalhadores da Repar interditaram a BR-476, em Araucária (Foto: Divulgação/Sindicato dos Metalúrgicos )
Pernambuco
Rodovias federais foram interditadas no estado durante a manhã. Na região metropolitana do Recife, as BRs 101 Norte e Sul foram afetadas por manifestações, assim como a BR-232, em Bonança, a BR-428, em Paudalho, e a BR-428, em Petrolina.
Na área central da capital, houve bloqueios em avenidas. O Metrô funciona em esquema especial – fica parado entre as 9h e as 16h.
No Agreste pernambucano, manifestantes do MST fecharam um trecho da BR-232 em São Caetano.
Manifestantes bloquearam os dois lados da BR-232 em São Caetano (Foto: Anderson Melo / TV Asa Branca )
Piauí
Em Teresina, motoristas e cobradores paralisaram atividades às 6h e bloquearam as principais vias no Centro da cidade. Durante o movimento, apenas 30% da frota será mantida, e a maioria dos veículos só volta a circular por volta das 12h.
Manifestantes ligados ao PCR, UJR, UJS, UP, MLC, MLB, Tribo Sindical e Povo Sem Medo fecham a Linha Vermelha (RJ), em protesto contra as reformas – Fotos: Jornal A Verdade*
Rio de Janeiro
Protestos em vias importantes dificultavam a circulação no Rio de Janeiro nesta manhã. A cidade entrou em estágio de atenção por causa dos protestos e do trânsito acima do previsto.
Manifestantes fecharam a Linha Vermelha, a saída para a Avenida Brasil da Ponte Rio-Niterói, a própria Avenida Brasil e o acesso ao aeroporto do Galeão. Houve uma manifestação no saguão do aeroporto Santos Dumont.
No interior do estado, um protesto fechou a BR-356 em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Cerca de 60 pessoas participaram do ato.
Rio Grande do Norte
Natal amanheceu sem ônibus nesta sexta. Apesar de o Tribunal Regional do Trabalho do RN ter determinado que pelo menos 70% da frota fossem colocados em circulação, os veículos não deixaram as garagens. Foram registrados bloqueios em cinco municípios: Natal, Ceará-Mirim, Maxaranguape, João Câmara e Mossoró.
Professores de escolas municipais de Natal, bancários, policiais civis e trabalhadores da saúde aderiram à paralisação.
Rio Grande do Sul
Garagens de ônibus de diversas cidades dos estados amanheceram em greve. Por volta das 6h45, a saída das garagens de todas as linhas de Porto Alegre foram liberadas, conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Sete ônibus foram apedrejados pela manhã.
Também há interrupção no trânsito de ruas e avenidas de Porto Alegre. O serviço de trens entre Porto Alegre e Novo Hamburgo foi interrompido na madrugada, mas retomado por volta das 6h30, com passe livre.
Professores de escolas estaduais e municipais, bancários e parte dos serviçores da Justiça aderiram à paralisação.
Rondônia
Mais de 30 categorias paralisaram as atividades em Rondônia, segundo os sindicatos, entre elas os professores, os bancários e os correios.
Em Porto Velho, o movimento se reuniu na Praça das Três Caixas d’Água e saiu em passeata por volta das 10h. Os manifestantes devem percorrer as Avenidas Carlos Gomes, Farquar, Sete de Setembro, Marechal Deodoro e por fim retornar a Carlos Gomes. Segundo a organização, há cerca de 2 mil participantes.
Roraima
Manifestantes bloqueiam duas avenidas de Boa Vista – Av. Brigadeiro Eduardo Gomes e Av. Venezuela, trecho urbano da BR-174. As vias foram fechadas às 6h. De acordo com a o presidente da Central Sindical e Popular Conlutas de Roraima, Kardec Jackson, 50 pessoas participavam do ato até as 8h. A Polícia Militar não acompanha o protesto.
Professores da capital, bancários e trabalhadores da saúde aderiram à paralisação.
Manifestantes bloqueiam Avenida Venezuela, em Boa Vista
Santa Catarina
Pelo menos três rodovias registram bloqueios no início da manhã no estado. Na Grande Florianópolis, os ônibus pararam de circular às 8h e só devem voltar às 11h. À tarde também está prevista outra paralisação de duas horas.
Na BR-282, houve confronto entre a polícia e manifestantes. Bombas de efeito moral foram jogadas para tentar liberar o trânsito. Duas pessoas ficaram feridas, segundo os participantes. Após ação da PM, por volta de 6h50, o grupo se dispersou, e a rodovia foi liberada. Os manifestantes afirmam que o ato teve aproximadamente 200 manifestantes.
Em Navegantes, a BR-470 foi totalmente bloqueada no km 08 por uma hora e meia, desde as 5h30. Cerca de 200 pessoas estavam na rodovia, segundo a PRF, e aproximadamente 400, segundo os manifestantes. Por volta das 7h, outro grupo bloqueou o km 110 no sentido Norte da BR-101. A PRF disse que a rodovia foi liberada às 8h.
Em Chapecó, os ônibus das primeiras horas da manhã não foram até o terminal urbano. Em Araranguá, no Sul, trabalhadores fazem uma caminhada pelas ruas da cidade com cerca de 1 mil pessoas, de acordo com organizadores. A PM não fez estimativa.
São Paulo
Manifestantes interditaram vias e rodovias da região desde cedo – Anchieta e Régis Bittencourt foram afetadas. Acessos aos aeroportos de Congonhas, na Zona Sul, e de Cumbica, em Guarulhos, foram bloqueados, e manifestantes chegaram a entrar no saguão de Congonhas.
Unidade da Sabesp, em Guarapiranga, paralisou as atividades desde às 5h, com apoio da CTB nacional e estadual.
Manifestantes protestam no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. Centrais sindicais e movimentos sociais convocaram para hoje, 30, uma nova greve geral em protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista, propostas pelo governo Temer (Foto: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo)
Interior de SP
Na Baixada Santista, sindicalistas e trabalhadores fizeram protestos e bloquearam vias de Santos e São Vicente. Além da paralisação das centrais sindicais, trabalhadores do Porto de Santos iniciaram uma greve de 48 horas nesta sexta.
Em Piracicaba, sindicalistas protestaram na praça central da cidade e discursaram, com críticas ao governo e às reformas que tramitam no Congresso.
Na região de Campinas, houve bloqueio de vias e a Rodovia Santos Dumont (SP-075) foi interditada. Petroleiros da Replan, em Paulínia, iniciaram uma greve por tempo indeterminado nesta manhã.
Centrais sindicais também fecharam uma avenida e uma rodovia em Jundiaí. Em Sorocaba, transportes urbano, intermunicipal, rodoviário e de fretamento estavam 100% parados.
Em Itapetininga, serviços de transporte urbano, intermunicipal, rodoviário, de fretamento e de cargas também pararam, afetando cidades da região.
Em Limeira, a paralisação do transporte público afetava cerca de 50% da frota.
No Vale do Paraíba, manifestantes bloquearam a Rodovia Presidente Dutra e a entrada de fábricas na região de Pindamonhangaba.
Sergipe
Três trechos da BR-101 foram fechados, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Em Aracaju, ônibus não circulam desdes as primeiras horas do dia. Houve atos na ponte do Conjunto João Alves Filho, município de Nossa Senhora do Socorro, que faz divisa com a capital e na Rodovia Marechal Rondon, em frente à garagem de uma empresa de ônibus, no município de São Cristóvão (SE).
Bancários, professores, trabalhadores da saúde e servidores da Justiça aderiram à paralisação.
Tocantins
Manifestantes na avenida Juscelino Kubitschek, em Palmas. Mais de 1 mil pessoas participam do ato. A concentração começou por volta das 8h, em frente ao Colégio São Francisco, na quadra 110 Norte. A intenção é encerrar o protesto em frente ao Palácio Araguaia, na praça dos Girassóis.
Na manhã de hoje (30) estudantes e funcionários da USP realizaram ato contra as reformas trabalhista e previdenciária.
A concentração começou por volta das seis e meia e, pouco depois, os manifestantes fecharam o acesso pelo Portão 1 da USP.
Agentes da CET colocaram cones para desviar o transito da rua Alvarenga e da avenida Afrânio Peixoto; viaturas da PM também estavam no local e a Força Tática se posicionou ao lado da guarita do P1.
Por volta das oito horas, os manifestantes saíram em marcha pela rua Alvarenga, fazendo um breve ato na estação Butantã do metrô, onde foram distribuídos panfletos sobre a greve geral.
A marcha seguiu pela Av. Vital Brasil até o cruzamento com a Av. Francisco Morato, onde bloquearam o acesso às pontes Eusébio Matoso, Bernardo Goldfarb e marginal do rio Pinheiros, assim como ocorreu na greve geral do dia 28 de abril deste ano.
Como os ônibus não puderam seguir pelas vias, os passageiros seguiram a pé pela ponte Bernardo Goldfarb.
Às dez horas, os manifestantes desocuparam as vias e retornaram ao campus da USP, encerrando o ato pacífico, sem ocorrências.
O ato foi organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP – Sintusp – e pelo Diretório Central dos Estudantes da USP – DCE Livre Alexandre Vannucchi Leme, com a presença de organizações do movimento estudantil.
Soa como piada, mas o assunto é sério. A situação do País é calamitosa, pois o (des)Governo atual surgiu de um golpe, é conhecido internacionalmente como trapalhão, foi delatado como corrupto e “chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”. Mesmo assim, o ilegítimo ainda quer tirar direitos e aposentadoria dos trabalhadores.
Hoje, contra essas atrocidades, em Belo Horizonte, petroleiros, metroviários, técnicos da UFMG, da saúde pública, além de professores da rede Estadual e profissionais da Copasa e da Cemig, entre outros, aderiram à greve geral e se juntaram a milhares de pessoas que protestavam pelo fim das Reformas Trabalhista e da Previdência pelo centro da Capital. A concentração do movimento teve início às 9h na Praça da Estação e os manisfestantes, com faixas e cartazes, se deslocaram em direção à Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Robson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, disse que a categoria também paralisou “atendendo ao chamado das Centrais Sindicais e ao clamor da população”. Segundo Robson, a luta é perversa e, por isso, “a esquerda tem que se unificar”.
Bilhete Único, Vale-Transporte BOM, Vale Alimentação, Vale Refeição e convênio médico. Esses são os cartões que me salvam todos os meses. Jornalista formada há pouco mais de um ano, nunca tinha trabalhado num regime de CLT. Todas as minhas experiências anteriores foram ou estágio ou contrato temporário ou como pessoa jurídica e eu já estava acostumada a reservar pelo menos metade do meu salário para gastos como alimentação e transporte.
Não gosto de usar carteira, então comprei uma capinha de celular que consigo guardar meus cartões. Durante uma festa esqueci meu celular no banheiro e encontrei 30 minutos depois. Comentei com uma amiga, desesperada, que se perdesse o celular estaria ferrada – não só pelo celular, mas principalmente pelos cartões que estavam ali dentro.
Esses benefícios que conquistei apenas no quarto local de trabalho e aos 23 anos me dão a chance de usar o salário para gastos com a minha vida pessoal e não com demandas relacionadas ao trabalho.
Durante uns quatro anos eu conseguia apenas pagar o aluguel e me manter trabalhando – pra conseguir pagar o aluguel. Meus gastos diários com alimentação e transporte chegam a R$ 37,00 (R$ 19,50 de passagens e R$ 17,50 alimentação). Em uma semana eu gastaria R$ 222,00 e em um mês, R$ 814,00.
A CLT me garante que esses gastos sejam custeados pela empresa – gastos esses que se aproximam da renda bruta da maioria das pessoas do nosso país. Segundos dados do Censo 2010, divulgados em 2015 pelo IBGE, aproximadamente 60% da população brasileira ganha um salário mínimo, R$ 937,00, como renda mensal.
Comecei a escrever isso quando voltava de uma consulta. Por curiosidade perguntei ao meu médico quanto custaria a consulta caso eu não tivesse o convênio médico e, pasmem, R$ 320,00. O convênio médico não é uma obrigação da CLT, mas é um benefício importante que as empresas usam como um diferencial atrativo para oferecer aos trabalhador.
O que Michel Temer quer fazer aprovando a Reforma Trabalhista é fazer o povo pagar para trabalhar sem garantia de nenhum direito. Destruindo a CLT, não haverá mais proteção nenhuma às trabalhadoras e aos trabalhadores. A tercerização irá retirar esses benefícios que dão a mim, e a milhares de brasileiras e brasileiros, alguma chance de ter uma vida melhor, de gastar meu dinheiro comigo e com a minha família. Isso em contar com outros benefícios como FGTS, seguro-desemprego, férias e 13º salário, todos direitos conquistados a duras penas e que oferecem amparo ao trabalhador diante das oscilações da economia e do mundo do trabalho. Temer nos fará arcar com custos que são de responsabilidade da empresa. Voltaremos a trabalhar para conseguir apenas pagar o aluguel.
O tal do “negociado sobre o legislado” que parece super difícil de entender, na verdade é bem simples. Tudo será um grande acordo entre patrões e funcionários, e nessa a gente sabe qual voz vale mais, né?
Não podemos deixar que nossos direitos, duramente conquistados, sejam retirados de forma tão autoritária por quem nunca soube que o que é contar as moedas no fim do mês. Os prejudicados não serão os engravatados, seremos nós, que enfim estávamos podendo ter uma vida um pouco melhor. Nós queremos nossos jovens estudando e não trabalhando porque os pais são obrigados a gastar uma parte significativa do salário com demandas que são das empresas.
A única forma de nos fazermos ouvir é ocupar as ruas! A gente tem que parar o Brasil porque eles querem acabar com a nossa vida e com a de nossa família!
Contra os retrocessos absurdos de Michel Temer eu paro para a Greve de sexta-feira! E você?
Por: Maria Eugênia Sá – www.mediaquatro.com – Especial para os Jornalistas Livres
Para quem esteve nas ruas em Brasília nesse 24 de maio não foi difícil testemunhar atos de violência gratuita por parte da polícia. Filmar e fotografar de perto, no entanto, era mais complicado.
Fui abordada em diversas ocasiões, por três vezes alvo de jatos de spray de pimenta mesmo claramente identificada como imprensa, impedida de tomar imagens por policiais por outras três e ameaçada de detenção mais uma.
Ainda assim, foi possível filmar uma agressão totalmente desnecessária a uma jovem que estava apenas comendo um lanche na rodoviária da cidade. A detenção violenta e sem motivo de outro rapaz também foi registrada em vídeo.
Mais uma senhora que não conseguia parar de chorar após apanhar e ter ameaças de prisão, mesmo não tendo quebrado coisa alguma ou portar qualquer objeto perigoso, foi fotografada nos braços de um amigo.
Tudo isso aconteceu depois de terminados os protestos, já longe do Congresso e ainda em meio a nuvens de lacrimogêneo que atingiam manifestantes e brasilienses que somente queriam voltar para casa.
O gramado com a cavalaria avançando sobre o povo e bombas caindo de helicópteros nem é mais preciso mostrar para comprovar. Para quem ainda não percebeu, o Brasil já vive em estado de exceção.
Infelizmente, a tendência parece ser o aumento da repressão sobre todo o conjunto da população. E é o trabalhador comum, o mais pobre, aquele que perdeu mesmo o sapato furado correndo dos cassetetes, quem vai pagar mais caro por isso.