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Categoria: Movimentos Sociais

  • Sem-tetos ocupam áreas para exigir Minha Casa, Minha Vida

    Sem-tetos ocupam áreas para exigir Minha Casa, Minha Vida

     

    MTST organiza ações na Região Metropolitana de São Paulo e cobram promessas de Dilma Rousseff

    Os rostos dentro dos cerca de 20 ônibus que saíram de diversos pontos da zona sul de São Paulo na noite de sexta-feira (15/05) não escondiam a ansiedade pelo que os esperava. Eles estavam a poucos minutos de ocupar dois imensos terrenos, um em Itapecerica da Serra, com 250 mil metros quadrados. O outro fica em Embu das Artes e tem 300 mil metros quadrados.

    Foto Jardiel Carvalho / R.U.A Foto Coletivo — Ocupação Itapecerica

    A polícia reprimiria? Os seguranças atirariam? Haveria confronto? Mas os cerca de 1.600 sem-tetos que, a partir das 23h puseram-se em marcha, em um comboio que reuniu também dezenas de carros e muita gente a pé, tinham, além da apreensão, o desejo e a disposição de lutar por uma moradia digna.

    Eles querem um teto. Querem uma casa para morar. Atenderam ao chamado do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, para engrossar as ações que visam exigir a reforma urbana e o lançamento da terceira etapa do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, que está paralisado por força do ajuste fiscal. Às duas ocupações realizadas ontem na região metropolitana de São Paulo, devem se somar outras nos próximos dias.

    Foto: Rodrigo Zaim / R.U.A Foto Coletivo

    Poder das Mulheres

    Era gente como Gilvane. “Eu morava de aluguel. Pagava R$ 600 mais luz e água, e vim para cá porque fui despejada e não tenho onde morar”, disse ela, que tem três filhos.

    Ou Francisca, na luta há oito anos: “Estou aqui porque moro com meu irmão, tenho filhos e crio eles da forma que Deus quer. Crio sozinha, eu e Deus. Preciso de um teto para morar com meus filhos. Eu estou feliz, eu vou com o movimento para todo canto, falo para o patrão que vou viajar e vou. Eu trabalho em uma fabrica de reciclagem e não tenho vergonha disso, é de lá que tiro para os meus filhos comerem. É com luta que agente consegue. Trabalho nessa fábrica o mesmo tempo que estou na luta. A gente só consegue as coisas se lutarmos. Parada, não se consegue nada. ”

    Foto: Wesley Passos / Sigmapress — Ocupação Embu

    Marlene é outra “guerreira”, como se denominam os integrantes do MTST. Ela está há 1 ano e 6 meses na luta no movimento: “Morava de aluguel, hoje moro de favor. Tenho fé em Deus em ter minha casa, algo nosso. Criei 4 filhos sozinha, só com Deus mesmo, tenho fé que irei conseguir minha casa própria, não é fácil morar de favor, quero ter minha liberdade meu cantinho de fé em Deus.”

    Foto: Lina Marinelli — Ocupação Itapecerica

    O Movimento dos Sem-Teto tem uma maioria de mulheres, o que é visível no acampamento. E, entre elas, estão muitas com idades avançadas e feições cansadas, mas que não desistiram da luta. Depois de criarem os filhos, entraram no movimento em busca de um teto para chamar de seu. Maria de Jesus, 68 anos, trabalha como cuidadora de uma senhora com Alzheimer, trabalho pelo qual ela ganha R$ 900 reais. O aluguel custa mais da metade do salário de Maria.

    Foto: Rodrigo Zaim / R.U.A Foto Coletivo — Ocupação Embu

    Especulação Imobiliária

    As duas ocupações realizadas nesta sexta-feira foram preparadas ao longo de meses. Dirigentes do movimento realizam uma ampla pesquisa sobre as áreas disponíveis, antes de qualquer ação. No caso, os dois terrenos são áreas chamadas de Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social, destinadas à moradia popular). Estão abandonados há anos à espera de valorização imobiliária.

    Foto: Mídia NINJA — Ocupação Itapecerica

    “É incrível que tanta gente sofra com a falta de moradia digna enquanto esses terrenos gigantescos permanecem vazios e sem cumprir função social alguma”, diz Ewerton de Almeida, operador de máquinas, 21 anos, desde os 17 anos na luta pela moradia. “Minha mãe mora em uma ocupação e eu nasci para a vida consciente com o MTST. Vim aqui para ajudar”, disse.

    Muitas das pessoas ali presentes montavam as suas barracas de bambu e lona, mas para “reservar” o espaço para outras famílias. “O movimento é assim, todos fazem assim. Eu catei e montei para marcar o lugar. Outra pessoa vem pegar”, diz José Luiz, 34, pedreiro, que não será um dos novos habitantes do espaço.

    Foto: Bruno Miranda — Ocupação Itapecerica

    Solidariedade

    O trabalho solidário é um traço desta noite de ocupação. Bastava uma olhada ao redor e uma conversa com os demais envolvidos no ato para ver que muitos faziam a mesma coisa. “Um aprende com o outro a montar as barracas”, explica o também pedreiro Ailton Gonçalves. “É muito cansativo, mas tem que correr atrás de alguma coisa. E ainda nos veem como gente que não tem o que fazer”.

    “Hoje estou aqui por causa de um amigo, somente para demarcar o espaço da barraca. Eu moro em outra ocupação, com meus dois filhos. Essa é uma chance de ter uma casa própria e uma alternativa ao aluguel que eu pagava, de R$ 380, que é muito caro”, conta.

    A chegada aos terrenos foi o momento de adrenalina máxima. As ocupações têm de ser realizadas com rapidez, as barracas de lona tem de ser montadas correndo. O propósito é “consolidar” a ocupação o quanto antes, a fim de evitar a ação policial. É que, uma vez consolidada a ocupação, segundo o advogado do MTST, Felipe Vono, caracteriza-se a posse do terreno pelos sem-teto. Se ocorrer, o despejo só poderá ser realizado mediante determinação judicial.

    Foto: Paulo Ermantino — Ocupação Embu

    Kits de ocupação foram distribuídos aos sem-teto. Compunham-se basicamente de mastros de bambu (os esqueletos das barracas), plástico preto (o teto), fitilhos para amarrar tudo. Em menos de uma hora, centenas de barracas estão erguidas, colchões são instalados dentro delas.

    Na ocupação realizada no Embu, entretanto, houve uma emoção a mais: quase uma hora depois da ocupação, barracas já erguidas, chegaram duas viaturas da Polícia Militar e uma da Polícia Metropolitana. Pararam bem em frente à entrada do terreno.

    Foto: Rodrigo Zaim / R.U.A Foto Coletivo — Ocupação Embu

    Bomba de efeito moral

    Lideranças e vários coordenadores do MTST tentaram negociar com os policiais. O clima esquentou, um dos ocupantes saiu correndo e dizendo, aos gritos, ter sido atingido por gás de pimenta. Pedia que todos em volta filmassem a ação da polícia de seus celulares. Uma bomba de efeito moral foi lançada pela PM na tentativa de dispersar os sem-teto.

    Foi nessa hora que, de um ônibus retardatário saíram 9 repórteres e fotógrafos da Rede Jornalistas Livres, que desembarcaram do veículo já com suas câmeras registrando a ação policial. Outras duas viaturas passavam em alta velocidade em frente ao terreno, fechando a rua –tensão total. Enquanto isso, bambus e lonas continuavam sendo freneticamente transformados em barracos.

    E logo veio a primeira vitória do movimento, quando os PMs se retiraram, dizendo que só poderiam tomar alguma medida após denúncia de invasão do terreno. Levantou-se o grito de guerra: “MTST, a luta é pra valer!”

    Foto: Sato — Ocupação Embu

    Segundo Josué Rocha, um dos coordenadores do MTST, apesar de particular, o terreno está completamente abandonado há quase 20 anos. “Já temos barracos sendo levantados lá dentro e só vamos parar quando atingir o limite de espaço de toda a área. Esperamos chegar aos quatro mil ocupantes.”

    A ocupação de Itapecerica fica muito próxima de outra, chamada Vila Nova Palestina, há um ano e meio consolidada, à espera do início da construção das moradias. A expectativa da coordenação do MTST é que esse acampamento receba a adesão de outras famílias da vizinhança. Segundo Guilherme Boulos, coordenador do MTST, o acampamento deve reunir nos próximos dias mais de cinco mil famílias.

    Foto: Bruno Miranda — Ocupação Itapecerica

    Frio, garoa e escuridão

    A noite está gelada. Os termômetros marcam 13ºC, mas a sensação térmica é de um frio bem mais intenso –10ºC, por causa da garoa fina e congelante que insiste em cair sobre o terreno. Apesar disso, a direção adverte, está proibido fazer fogueira… Uma faísca sobre os tetos plásticos poderia produzir um desastre. Os sem-teto obedecem.

    Foto: William Oliveira — Ocupação Embu

    Outros artifícios para esquentar, como tomar um trago de bebida, só podem ser usados fora do acampamento. Bebidas alcoólicas e drogas são terminantemente proibidas dentro das ocupações.

    Os terrenos são um breu sinistro — ainda não deu para puxar a eletricidade. Em Itapecerica, bem no meio de um campo de futebol abandonado, repousam as carcaças enferrujadas de uma Kombi e de um Fusca “desmanchados” (sem rodas, bancos, motores, sem nada).

    Foto: Mídia NINJA — Ocupação Itapecerica

    Os coordenadores do MTST anunciam na primeira assembleia, realizada a partir das 2h30, que o campinho será reativado para as peladas entre os sem-teto. “Não pode montar barraca entre as duas traves, tá?” O povo obedece.

    Logo chegam os mantimentos da cozinha comunitária. Arroz, feijão, macarrão para centenas de pessoas. E o fogão, os panelões e o gás. Uma liderança pede desculpas “porque agora não dá para servir nada além de um café quentinho com uns sanduíches de mortadela”. Mas, promete, “amanhã, teremos leite, pão e manteiga”. Tudo certo.

    “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro”, cantaram os sem-tetos nas duas ocupações, ao final das suas assembléias. “A luta só está começando para muitos como eu, mas a esperança é imensa, tão grande quanto esse terreno”, diz Maria Auxiliadora, 56 anos, cozinheira, no movimento há apenas dois dias.


    Colaboraram: Bruno Miranda, Christian Braga, Edgar Bueno, Edvam Filho, Giovanna Consentini, Jardiel Carvalho, Laura Capriglione, Lina Marinelli, Maria Carolina Trevisan, Michelli Oliveira, Oscar Neto, Paulo Ermantino, Rodrigo Zaim, Sato do Brasil, Victor Amatucci, Viviane Ávila, Wesley Passos e William Oliveira.

     

    Enviamos um abraço ao querido #JornalistaLivre Paulo Ermantino, que fraturou o úmero em uma queda dentro da ocupação no Embu. Força, guerreiro!

  • Um tiro na Av. Rio Branco

    Um tiro na Av. Rio Branco

     

    Domingo, 3 de maio de 2015. Uma final de campeonato toma conta de boa parte da atenção dos paulistanos.

    Na avenida Rio Branco, precisamente no número 47, não foi diferente. Moradores de uma ocupação da Frente de Luta por Moradia, humanos que são, também tinham seu foco na televisão.

    Um churrasco acontecia em frente ao prédio.

    Por volta das 18h, campeonato encerrado, uma confusão, um tiro. Um morador alvejado pela PM, inúmeras informações desencontradas e uma certeza: já não somos tão humanos assim.

    A reportagem dos Jornalistas Livres chegou ao local por volta das 18h30, ainda em tempo de ver um morador sangrando ser levado de ambulância ao hospital. Não são imagens que precisam ser mostradas. A violência já se impõe de modo suficiente, não é necessário ilustrar.

    Quem conta, brevemente, o que ocorreu é Danilo, um dos coordenadores da ocupação que estava presente no momento dos fatos:

    Teve uma discussão por conta da final do campeonato. Uma viatura que estava passando parou. O PM saiu já com arma em punho, mandou o Sidney deitar no chão. O Sidney disse que não precisava de nada daquilo, que era todo mundo trabalhador. O PM deu um tiro na virilha dele.

    Nada é tão simples, quando se trata de humanos. Danilo, a testemunha cujo sobrenome será preservado, fala de Sidney Ferreira Silva, 32 anos, coordenador da Frente de Luta por Moradia (FLM) e filho de Cármen Silva, uma das dirigentes do mesmo movimento.

    Danilo entrou na FLM por iniciativa da própria Cármen. À época estava preso, prestes a ser liberado e não sabia para onde ir. A FLM, como já fez com tantos outros, o acolheu.

    Danilo conhece bem a violência. Perdeu boa parte da família ainda quando morava no Rio de Janeiro, vítimas de queima de arquivo. Nada é tão simples, quando se trata de humanos.

    Sidney, atingido na virilha por uma bala policial, foi encaminhado à Santa Casa de São Paulo, local próximo da ocupação e que pouco tempo atrás estava com a emergência fechada por conta da má gestão do governador de São Paulo. O mesmo governador que cuida da PM.

    Noite adentro, Cármen conta melhor o que ocorreu. Sidney, seu filho, estava alcoolizado no momento dos acontecimentos. Ela própria fora chamada ali para acalmar uma briga entre ele e outro morador.

    E enquanto Cármen tentava saber como estava seu filho — os médicos não falaram com a mãe da vítima até aquele momento — sou abordado por outro Danilo.

    Danilo Martinelle também estava na Av. Rio Branco quando o tiro foi dado. Ele é responsável pela triagem das famílias que ingressam (ou não) à FLM e estava preocupado se eu havia jantado.

    Danilo contou, enquanto fazia questão de pagar pela minha comida, que já não conseguia dormir tranquilamente de noite. Estava chocado com o massacre do Paraná. Inconformado que os PMs de lá não se recusaram a baixar as armas.


    É tanta coisa acontecendo todos os dias. A gente aqui faz tanto, mas tem hora que parece que não fazemos nada

    De volta ao hospital, Cármen Silva ainda não conseguia informações sobre o estado de saúde de seu filho. Os médicos nada falavam a ela, sequer permitiam a entrada da mãe na “sala” onde seu filho era atendido.

    A PM, ao contrário, não encontrava dificuldade nenhuma em entrar para falar com quem quer que fosse. Mas foi a própria PM quem, voluntariamente, fez questão de dar notícias àquela mãe angustiada. Nada, nada é tão simples quando se trata de humanos.

    Sidney estava com duas facas na mão no momento do tiro, revela a cabo Ferreira, responsável por colher o depoimento de Cármen sobre os ocorridos.

    Ele estava com a faca do churrasco. Eu cheguei e dei uns tapas nele. Não sou mãe de aceitar essas coisas. Mas o policial não precisava atirar. Ele estava com os braços levantados, longe do policial quando levou o tiro.

    Sidney estava com os braços levantados, mas com duas facas na mão. A PM alega que ele foi para cima do policial, ameaçando. Difícil de acreditar, se a própria mãe, ao lado dele, estava dando tapas no rapaz de 32 anos. Mas, se Sidney não é agressivo, por que segurava as duas facas? Se ele é agressivo, por que não tocou na mãe ou nos companheiros de ocupação quando estes tentavam o acalmar ? Não é simples. Não quando se trata de humanos.

    Os moradores que viram toda a cena ainda questionaram o PM “por que não atirou para cima?”, a resposta do Soldado Mota ? “Não existe tiro para cima. Existe tiro certeiro.

    Soldado Mota provavelmente tem mulher, filhos, família. Provavelmente teve medo.

    Mas atirar, com tanta gente por perto ? E as tais armas não letais ? E a calma para lidar com a situação ?

    A delegada que atendeu ao caso, Elizabeth da Silva C. Galvão — que no hospital se recusou a falar com a reportagem, com a Cármen e com o advogado Dito — ao chegar na delegacia e ver as câmeras da Record e do SBT presentes, de súbito tornou-se educada. O ego também é uma característica humana, afinal.

    Elizabeth, agora atenciosa, encaminhou o caso à corregedoria. O boletim de ocorrência consta a mesma versão que as periferias do país estão cansadas de ler: resistência.

    Segundo o Soldado Mota, Sidney teria ido para cima dele por diversas vezes, ele foi obrigado a dar o tiro para se defender. Segundo os moradores ouvidos pela reportagem Sidney foi na direção contrária à viatura. Levantou os braços e teria dito: “você vai me matar? Me mata então”.

    É possível que o preconceito — outra característica intrínseca aos humanos — tenha feito o Soldado Mota pensar que aquilo de fato ocorreria.

    O que não é possível é acostumar-se com tanta violência. Com tão pouca humanidade. Ou melhor, é possível, já disse alguém, certa vez: o insuportável é que tudo é suportável.

    Mas não devia.

    Em tempo: Cármen Silva entrou em contato com a reportagem para avisar que seu filho passa bem e teve alta.

     

     

     

     

  • Edifício família

    Edifício família

     

    Uma grande família vive unida na aprazível residência da avenida 9 de Julho, 210, no centro de São Paulo. A matriarca, a gerente comercial Carmen, orienta a filharada com prazer, rigidez e determinação. É heterogênea essa grande família. A filha Janice, a Preta, é publicitária formada. Alexandre, corretor de seguros, já foi vendedor, bombeiro civil, garçom, barman, dono de empresa de telemarketing. Simone se formou na faculdade de enfermagem, trabalhou como doméstica em casas de outras famílias paulistanas e atualmente ama ser manicure. Marineide se alterna com o marido, dia e noite, no ofício de taxista no ponto de táxi da vizinha rua Formosa. Jaci é pedreiro e trabalha na construção de um edifício de luxo de 28 andares na Barra Funda. Nesse domingo de Páscoa, Lindamara, mais conhecida como a Loira do Segundo, trabalha em dupla com o pedreiro na tarefa de depenar, limpar e assar os frangos que serão servidos em almoço às crianças e aos adultos dos 170 núcleos que compõem uma família realmente grande, de mais de 500 membros, sem contar os convidad@s de famílias amigas da vizinhança.

    Foto: Sérgio Silva

    Independentemente dos laços sanguíneos que as novelas da Rede Globo tanto apreciam, o sobrenome em comum de Carmen, Preta, Alexandre, Simone, Marineide, Jaci, Loira e dezenas de outros parentes é Movimento Sem Teto do Centro, MSTC. O endereço da avenida 9 de Julho é o antigo e antigamente badalado Hotel Cambridge, que decaiu com o passar dos anos, deixou de pagar impostos, foi desapropriado pelo poder público e passou uma década vazio, entregue ao abandono e à deterioração. Há quase três anos, os 15 andares de ex-quartos de hotel foram ocupados pel@s MSTC, um ramo da família nacional de sobrenome Frente LIVRE por Moradia, FLM. A grande família trouxe de volta à vida não só o ex-hotel abandonado, mas também a vizinhança que se esparrama entre o vale do Anhangabaú, a praça das Bandeiras, o histórico e trágico Edifício Joelma, o Bar Bin Laden, as baladas noturnas modernas, a feira livre que foi expulsa da praça Roosevelt, os mercados, a padaria 24 horas, os restaurantes e comércios do centro antigo, o ponto de táxi da rua Formosa, a Prefeitura Municipal.

    Uma dor comum a todos os membros da grande família é ter de enfrentar cotidianamente os preconceitos de gente como nós, que moramos do lado de fora e reproduzimos voluntária ou involuntariamente os sensos comuns criminalizadores dos movimentos por moradia, metralhados ininterrupta e impiedosamente pela blitz repressora do poder midiático. Movid@ por esses sensos comuns, você faz suas compras na loja favorita e depois ofende a vendedora classificando-a como “vândala”. Você mora em seu edifício de alto padrão e depois rotula o pedreiro que o construiu de “invasor”. Você vai ao salão de cabeleireiros e depois xinga a manicure de “vagabunda”. Você faz seguro de vida e depois tacha de “criminoso” o homem que segurou sua vida. Você e eu fingimos que a Ocupação Cambridge não existe, que os sem-teto são invisíveis e que não estamos enxergando um palmo adiante dos nossos narizes.

    A grande família é emotiva, chorona. #JornalistasLIVRES, eu e o fotógrafo e cinegrafista Sérgio Silva passamos o domingo de Páscoa com nossas irmãs e irmãos do MSTC. Entrevistamos essa gente quente que nos acolhe com amor num dia de festa em que não estamos com nossas famílias de sangue. Vári@s de noss@s entrevistad@s choram diante de nós, quase sempre no momento em que se referem a esta comunidade como uma família, uma verdadeira e grande família.

    Foto: Sérgio Silva

    “Eu sofri muito. O que eu faço hoje é o que alguém fez por mim”, diz, sem conseguir conter a vontade de chorar, Carmen da Silva Ferreira, 54 anos, baiana de Salvador, mãe de oito filhos sanguíneos, líder comunitária da Cambridge e de mais cinco ocupações do MSTC no centro velho e maltratado de São Paulo.

    O emotivo Alexandre de Sant’Anna Loyola, 43 anos, é paulistano, morador desde sempre do centro de SP, e chegou à Ocupação Cambridge à beira de ter de ir viver nas ruas. Aos prantos, ele define a grande família e a mãe Carmen: “Parente é uma coisa, família é muito mais forte. Eu tenho uma família. Está aqui, tenho centenas de irmãos. Eu ganhei uma mãe. A minha está viva, não mora muito longe daqui, mas ganhei uma mãe que é mãe de todos, que cuida de todos aqui como filhos, não se permite perder nenhum. Participar disso é impagável”.

    A ocupação é uma usina inversora de sensos comuns. Como aponta Carmen, “a ordem deles é a nossa desordem, e a nossa desordem é a ordem deles”. Eles, talvez, sejamos nós, todos nós que não olhamos com afeto, cuidado ou atenção para a grande família. Os exemplos da espetacular inversão são inúmeros. Experimente comparar, por exemplo, Hotel Cambridge e Ocupação Cambridge. Na versão hotel, pessoas que se desconheciam ocupavam por poucos dias ou horas unidades autônomas, isoladas umas das outras; tal qual nos edifícios comuns de 2015, pagavam pelo conforto de não ser incomodados por nenhum vizinho. Na versão ocupação, eventos festivos e áreas comuns estritamente bonitas e bem cuidadas estimulam a convivência entre moradores e moradoras também autônomo@s, mas interconectados numa atitude que Carmen tem como pilar tanto da ressocialização de gente que chega ali “totalmente arrebentada, mas arrebentada mesmo” como de um processo coletivo de aquisição de informação, cidadania, espírito político e solidariedade.

    “Nós não queremos pessoas presas dentro de ocupação”, afirma Carmen, que era administradora bem remunerada em Salvador, sofria violência doméstica por parte do ex-marido, separou-se dele à revelia, saiu da terra natal a princípio sem trazer os filhos, morou na rua e em albergue na agressiva cidade de São Paulo. “Em todas discussões políticas da cidade o nosso povo vai. Sabem o que é um conselho participativo, um conselho gestor, de habitação, de política urbana, do idoso. Sabem o que é o plano diretor, o IPTU progressivo.” Quant@s de nós podemos dizer o mesmo que Carmen diz de suas filhas e filhos?

    Foto: Sérgio Silva

    A “mãe de todos” é durona. Nas áreas de vivência não se bebe, não se fuma, não se consomem drogas. Higiene é cláusula pétrea: poucos minutos após terminado o almoço de Páscoa em que as crianças se esbaldam de brincar e os adultos de comer, um forte aroma de limpeza invade o salão e as áreas vizinhas. “Água e limpeza, corredores sempre brancos, muita água e muita comida pro povo”, resume Carmen, sabedora de que a escassez de teto é filha da especulação imobiliária como a escassez de água é fruto da especulação privatista do governo estadual e a escassez de notícias positivas sobres trabalhadoras e trabalhadores é herdeira direta da especulação midiática. Sobre cada uma dessas modalidades de escravização humana, Carmen sabe discorrer com brilho, fluidez e sabedoria. Quant@s de nós?

    A ideia de especulação midiática, lançada pela líder, explica por que o MSTC deposita n@s #JornalistasLivres uma confiança que os meios tradicionais de comunicação não lhe inspiram: “Somos abertos a qualquer mídia, mas a gente tem uma mágoa. A mídia tá pra vender: vender imagem, vender jornal. O que dá dinheiro e ibope eles publicam. A verdade, não. Essa é a nossa grande mágoa: eles não falam a verdade. É uma mídia especuladora também, que não vive a serviço da informação”.

    Alexandre, que é um dos coordenadores de um edifício que não tem síndicos nem zeladores (porque to@s o são), ilustra a mágoa com a mídia que tacha os movimentos de moradia de invasores enquanto estampa anúncios de edifícios de luxo nas páginas vizinhas: “Eu nem cogitava a situação de entrar dentro da ocupação, porque a minha visão era completamente deturpada, formada pela mídia e pela sociedade. Achava que não eram ocupações, eram invasões. Que não era uma situação de direito, era uma situação de contravenção, ou até de crime. Hoje faço parte da luta de trazer a sociedade pra dentro da ocupação, para que enxerguem a maravilha que é isto aqui, o projeto de recuperação de pessoas que é desenvolvido aqui”.

    Foto: Sérgio Silva

    Outra das coordenadoras, a mineira Simone Aparecida Lourenço, 42 anos, revolve e decanta a mágoa: “O povo fala invasão, invasão. Não é invasão. A gente ocupa, dá função social ao prédio, faz o que governadores, presidente, prefeitos têm que fazer. A gente tira o lixo e limpa com nossas próprias mãos. A gente está lutando por um ideal. Se o prédio está ali, porque o governador e o prefeito não fazem uma parceria, baratinho pro povo? Não fazem porque não querem. Eles não estão nem aí pra gente. Deitam nos seus travesseiros de pena de ganso, tomam banho com seus melhores sais. Não sei como conseguem dormir”.

    Na missão de tentar transmitir uma interpretação mais realista (e menos deturpada pela especulação midiática) do que é uma ocupação, Sérgio e eu fazemos um trajeto que Carmen, Alexandre e tantos outros já fizeram. Entramos com o mesmo coração aberto com que a líder e sua filha Preta nos acolheram na Páscoa da ocupação. No caminho, conhecemos Marineide, Loira, Jaci, Simone e um sem-fim de grandes brasileir@s.


    Marineide

    Marineide Jesus da Silva, 35 anos, vive num apartamento do terceiro andar com o marido e cinco filhos. A casa é pequena, mas organizada e aparelhada. A baiana de Jacobina nos recebe com mesa farta no domingo de Páscoa: peixe, lasanha, maionese com coentro, refrigerantes, vários doces de sobremesa. Eu e Sérgio almoçamos com prazer, mas moderadamente, pois sabemos que um almoço coletivo nos aguarda. De #JornalistasLivres, passamos a #JornalistasBocaLivre, gracejamos, contentes com a recepção amorosa.

    Marineide e o marido são taxistas, ela no período matutino, ele no noturno. O ponto de táxi do casal fica na rua Formosa, a 200 metros do Cambridge. “A gente morava em Santo Amaro, eu saía de casa às 5h30 e chegava às 19h30. Agora tenho mais tempo pra ficar com as crianças”, ela comemora. No labirinto da cidade desorganizada, todos colaboram para o trânsito caótico, jogando trabalhadores para morarem muito longe de seus locais de trabalho, inibindo transportes coletivo, tentando fechar ciclovias, tornando a cidade hostil para os pedestres. Da desordem, o MSTC produz sua própria ordem, que ajuda a ordenar o caos geral.

    Marineide se considera uma militante, mas confessa que receio medo de entrar nele. Inicialmente, vinha somente aos fins de semana, como num teste, temerosa de expor os filhos pequenos a situações policiais e riscos que tais. Hoje, diz que a grande organização é o que a agrada na Cambridge. Mais tarde, a reencontraremos ajudando no almoço coletivo, enquanto os filhos se divertem com a criançada.


    Loira

     

    Gaúcha de Soledade, Lindamara Frandoloso da Silva, 42 anos, aceita com resignação o apelido de Loira do Segundo, ou mais simplesmente Loira. Na padaria coletiva que o movimento construiu num dos andares baixos do edifício, ela participa do processo de feitura do almoço de Páscoa. A encontramos sentada em frente da “televisão de cachorro” onde são assados os frangos, zelando pela refeição do dia, que ela própria ajudou a depenar e limpar. Mais tarde, Loira servirá nossos pratos no almoço coletivo, com frango assado, macarrão parafuso, farofa, maionese, refrigerantes — e, de sobremesa, colomba pascal trazida por Carolina Trevisan,d@s#JornalistasLivres.

    Há 28 anos em São Paulo, Loira vem às lágrimas ao lembrar sua chegada à ocupação, dois anos atrás. Foi difícil, e, sim, ela se considera uma militante também. “A luta ensina, te dá coragem, te levanta”, afirma. “Como você não vai no ato? Tem gente que acha que a gente vai pra rua pra gritar. Não, a gente vai lutar.”


    Jaci

     

    Jaci Ferreira Lacerda, de 48 anos, cuida dos frangos enquanto Loira conversa conosco. Depois, ele vem conversar também. Baiano de Vitória da Conquista, pai de três filhos, Jaci morava na região de Perus antes de vir para a Cambridge. Já foi cozinheiro de restaurante e lanchonete, hoje é carpinteiro na laje de uma grande obra residencial na Barra Funda, em frente ao elegante Shopping Bourbon. Na época de Perus, acordava às 4h da manhã para chegar às 5h30 na obra.

    Hoje, morando ao lado do metrô Anhangabaú, chega à Barra Funda em 10 minutos. Pergunto se Jaci conhece o samba “Pedreiro Waldemar”, de Wilson Baptista e Roberto Martins, gravado por Blecaute no longínquo 1948. Ele diz que já ouviu falar, mas nunca escutou. Espero que Jaci passe por aqui e escute o samba agridoce de quase sete décadas atrás: “Você conhece o pedreiro Waldemar? Não conhece, mas eu vou lhe apresentar/ de madrugada toma o trem da circular/ faz tanta casa e não tem casa pra morar/ (…) o Waldemar, que é mestre no ofício,/ constrói um edifício e depois não pode entrar”.

    Da dissolução da antiga ordem se faz a ordem nova: graças à vida cooperativa com o MSTC, o pedreiro Jaci tem casa, tem edifício e não precisa acordar de madrugada para tomar o trem da circular.


    Preta

    Trazida por Carmen de Salvador aos 12 anos, Janice Ferreira Silva, a Preta, 30 anos, chegou a São Paulo já morando em ocupação, na mesma avenida 9 de Julho, número 584. O primeiro endereço fixo da mãe no Sudeste era um prédio federal do INSS, que o movimento ocupou de 1997 a 2003. “Lá a gente aproveitou muita oportunidade de estudo, escola, trabalho. E o que aconteceu? A gente foi crescendo. Aí, não acho justo e correto eu ter condições de morar em outro lugar e tirar o espaço de quem não tem condições”, explica. Alguns irmãos moram na Cambridge, outros em outros endereços, Preta e Carmen alugam um apartamento na rua Santo Amaro, também na região central.

    Formada publicitária, Preta é militante por moradia desde os 12 e gosta de lidar preferencialmente com jovens. “Nosso desejo sempre foi mostrar para a sociedade que no movimento não tem maloqueiro, quebrar essa barreira entre sociedade e movimento sem teto”, explica. “Mas a gente praticamente mora aqui, vive aqui a maior parte do tempo”, observa, abrindo um grande sorriso.

    Preta explica alguns dos ensinamentos que a mãe transmite a@s filh@s, sejam de DNA ou não: “Ela não quer ninguém parado sem ler um livro, sem saber se expressar. Gosta que você tenha argumentos pra não deixar ninguém te humilhar. Por exemplo, não pode não saber explicar o que é o movimento sem teto. A participação ativa de todo mundo é fundamental”.

    O estudo e o conhecimento trazem nova consciência, a ordem naquilo que outros consideram desordem: “Nós não estamos fora da lei. Temos um acordo com a prefeitura, estamos aqui com a concepção deles. Nós não desafiamos a lei, a lei desafia a gente. A lei desafia a gente quando eu pago meu imposto e o rico não paga o dele. Por que o rico é melhor que eu? Quem desafiou a gente foi a lei. É mais importante um prédio vazio, com ratos morando, e pessoas na rua? Não, foi a lei que invadiu meu direito”. Como explicará Carmen mais tarde, “a gente entra ilegal, mas a cada dia a gente vai se tornando legal, procurando os meios jurídicos, combatendo a lei com a lei”.

    Pergunto se Preta sente que os panelaços e xingaços em voga entre as classes média e alta contrariadas são dirigidos a ela própria. Responde que sim, muito. “Eles estão pedindo a volta dos militares. Se os militares voltassem você acha que os moradores estariam aqui nesse prédio? Lógico que não. As pessoas pedem a volta dos militares porque não foram elas que foram torturadas, não foi nenhuma dessas mulheres que usam bolsas caras que foram violentadas. Essas manifestações são contra mim, contra meus princípios, contra tudo o que vivo aqui.”

    Os meios de comunicação tradicionais são parte ativa dos movimentos que buscam cassar direitos da grande família de Preta. “A mídia não vem no prédio, como vocês estão fazendo, para mostrar como funciona realmente. A mídia só diz que aqui é tudo vagabundo, que ninguém faz nada, que ninguém trabalha.”

    Mesmo diante dos obstáculos, Preta vê a situação atual de forma positiva, a começar pela quebra da invisibilidade que deixa nervosa muita gente das classes superiores. “A luta maior já aconteceu, que foi fazer com que a sociedade enxergasse a gente. Algumas pessoas entendem, outras não, mas aí cabe a mim explicar, porque eu tenho o conhecimento, elas não têm”. Como ensinou Carmen, não saber explicar o que é o movimento sem teto não pode. Quant@s de nós conseguimos explicar os movimentos em que estamos mergulhad@s?


    Alexandre

    Ex-desconfiado com os movimentos por moradia, o paulistano Alexandre de Sant’Anna Loyola, 43 anos, é hoje um dos coordenadores da Ocupação Cambridge, além de um defensor fervoroso do modelo a que aderiu após se ver na iminência de ir viver na rua.

    “Alcei voo muito alto empresarialmente. Tive uma corretora de seguros, uma empresa de telemarketing, uma de agenciamento de serviços e produtos. Expandi demais, não tinha como dar suporte financeiro a tudo isso”, descreve. “Não bebo e não uso drogas. Não podem falar que eu era um bêbado, não foi por alcoolismo, não foi por ser toxicômano. Foi simplesmente por não conseguir dar andamento empresarial no que montei. Iguais a mim existem muitas pessoas. Fui decaindo, decaindo, decaindo, até o ponto que resolvi aceitar um convite que há muito era feito. Carmen me convidada a ocupar e fazer a luta há já pelo menos 16 anos, e eu vinha resistindo, por soberba.”

    O clique para a mudança de compreensão foi o momento mais radical, aquele que, mesmo deixado no passado, enche seus olhos de água. “Para não me corromper eu ia realmente morar na rua. Eu estava a dois dias de morar na rua, e me foi dada a chance aqui. Agarrei com unhas e dentes. Eu tinha consciência de que, uma vez em situação de rua, dificilmente eu voltaria. A sociedade não dá oportunidade. O poder público não faz questão de ressocializar pessoas. O interesse maior é sempre a exploração, a exploração e a exploração. Quanto mais escravizado e explorado o cidadão, mais aquela fatia de 1% da sociedade goza.”

    Alexandre não abandonou a profissão que exercia, mas demonstra que ela não é mais sua razão principal de viver. “Consegui manter minha corretora de seguros, minha carteira de clientes, os tenho até agora. Hoje eles me dão subsídio para eu conseguir empenhar o máximo de tempo aqui para o movimento. Hoje, meu segundo plano é a minha empresa. Meu primeiro plano é o movimento. Da hora que acordo até a hora que durmo, eu penso em melhorar isto aqui”. Quant@s de nós colocamos nossa vida à frente de nosso trabalho assalariado e/ou da obrigação de “fazer dinheiro”?


    Simone

    Mineira de Ipatinga, Simone Aparecida Lourenço, 42 anos, é outra das coordenadoras da Ocupação Cambridge. Tatuada e de cabelos tingidos de vermelho, define-se como “doida”, mas mesmo no domingo feriado trabalha séria e compenetrada no escritório da ocupação, tratando da coordenação da limpeza e em quantas outras atividades apareçam. “Meu serviço aqui é ajudar para ser ajudada”, diz. “Antes de ser coordenadora, eu sou moradora, Preciso como todos aqui precisam.”

    Com discrição e expressão grave, conta que passou por um processo de recuperação de uso de drogas, depois passou a cuidar de uma casa de recuperação. Chegou à ocupação trazida por um pastor evangélico, depois de “dar muita cabeçada”. De enfermeira formada em Minas a empregada doméstica em São Paulo e ao sonho de abrir um salão de cabeleireiros dentro da Cambridge, Simone recebeu ajuda e hoje vive de ajudar. A rede é de solidariedade. “Eu achei a família MSTC-FLM pra me abraçar.”

    Também pergunto a Simone sobre panelaços e xingaços. O olhar dela é crítico: “A sociedade burguesa não vê nós com bons olhos. Eu, uma simples sem teto, como se diz, morar em plena 9 de Julho, pagando um valor xis, de frente pra um edifício bem famoso, com um monte de burgueses? Eles ficam pê da vida, né?’. Conta de uma rara cliente que lhe deu razão em sua luta. “Ela disse que eu estou certa e ela, errada. Que se fosse lá fora eu seria chique, seria chamada de homeless. Lá o governo paga, dá trailer para o cidadão morar em estacionamento se ele não tiver condição”, diz a manicure e coordenadora, descrevendo aquele país ultra-socialista-comunista chamado Estados Unidos da América.

    Hora de almoçar, Simone deixa o escritório, desaparece por alguns minutos e volta para a festa, toda bonita, maquiada e bem-vestida. Ajudar a distribuir para as crianças os docinhos cuidadosamente embalados como presentes de Páscoa é mais um prazer para quem está acostumada a ajuda para ser ajudada para ajudar para ser ajudada para ajudar… “Doida” ou não, Simone é a filha que toda grande família sonha ter.

  • 171: a PEC do estelionato social

    171: a PEC do estelionato social

    Movimentos sociais e órgãos contrários à redução da maioridade penal se reúnem para traçar estratégias

    Mais de 100 pessoas de diversos movimentos sociais, entidades e órgãos privados contrários à PEC 171, que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, se reuniram nesta segunda-feira, 6 de abril, na Câmara Municipal de São Paulo. A reunião, inicialmente subestimada pela própria organização da Câmara, superou as expectativas e teve que ser feita em uma sala maior da Casa.

    A sessão foi organizada via redes sociais pelo Movimento Contra a Redução da Maioridade Penal e o microfone ficou aberto a quem quisesse participar. O objetivo era ouvir os diferentes grupos e iniciar um planejamento de ações para tentar interromper a discussão da emenda, que já teve aprovação na Câmara dos Deputados. Agora, segue para discussão entre comissões diversas em 40 sessões. Alguns dos grupos presentes foram Comitê contra o Genocídio, Coletivo Força Ativa, Defensoria Pública, Ministério Público e Conselho Regional de Psicologia.

    Para um dos participantes, Valdison Pereira, de 32 anos, as pessoas que rejeitam a PEC estão desarticuladas e é preciso unir forças. “Temos que nos articular como sociedade civil para sabermos o que vamos fazer para sermos ouvidos”, afirmou ao microfone. Valdison contou que em duas ocasiões o grupo do qual faz parte esteve em Brasília, justamente na semana da votação. Na primeira vez, os parlamentares favoráveis ao projeto de lei queriam mandar o grupo de cerca de 20 pessoas embora do plenário. “Chamaram a gente de vagabundo”, lembrou. Na segunda vez, Valdison disse que o grupo sequer conseguiu chegar perto do Congresso e foi barrado por um cordão de policiais.

    “A resistência é muito grande. Os deputados paulistas da bancada da bala vão fardados para o plenário. Pura intimidação”, afirma Valdison.

    Em uma breve fala, o promotor Eduardo Dias reforçou a ironia de a PEC se chamar 171. “Todos sabem o que é esse número no Código Penal, então não teria outro melhor para essa emenda. É o estelionato social. Um verdadeiro absurdo! Uma grande sacanagem com a juventude brasileira. A população precisa saber com urgência do ônus social dessa medida”. O promotor reforçou o aspecto político da aprovação, já que a emenda tinha ficado no CCJ mais de duas décadas. Além disso, Dias criticou a falta de abertura de diálogo acerca do texto da proposta. “Não há qualquer abertura para discussão sobre tempo de internação e até mesmo tipo de crime. É tudo ou nada”.

    Representando o Conselho Regional de Psicologia, que há muitos anos discute o tema e se posiciona contrário à redução, Gustavo de Lima Bernardes Sales fez um alerta para a raiz da PEC: “Ela vem de uma trajetória marcada pela formação de uma mentalidade que criminaliza o adolescente. O ECA completou 25 anos e as pessoas continuam chamando o infrator ‘de menor’”, ressaltou. Gustavo acredita que o momento político não é o de rachar, mas o de chamar para o diálogo. Para o psicólogo, é preciso formar redes com escolas, Comissões permanentes dos conselhos tutelares da cidade, Defensoria Pública, Ministério Público, para mudar essa mentalidade.

    Muitos concordaram que as periferias precisam se envolver nessa discussão. Um estudo realizado pela própria Câmara no bairro de São Mateus, na zona leste, mostrou que 80% dos jovens em idade escolar são a favor da redução da maioridade, justamente pela falsa ideia de que isso vai combater o crime. Esquecem de considerar que serão eles, também, os maiores prejudicados.

    Uma nova reunião foi marcado para o dia 4 de maio, quando todos os coletivos que participaram desse primeiro encontro deverão levar um retorno formalizado do que decidiram sobre as ações que devem ser tomadas.

  • Movimentos lançam manifesto em defesa de Cesare Battisti

    Movimentos lançam manifesto em defesa de Cesare Battisti

     

    Foto: Mídia Ninja

    As organizações denunciam a ilegalidade da tentativa de deportação e perseguição ao italiano

    Na noite do último dia 12, o escritor e ex-ativista Cesare Battisti foi preso em Embu das Artes pela Polícia Federal (PF) a pedido do Ministério Público Federal (MPF). O MPF considera inválida a decisão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva de recusar o pedido de extradição de Battisti. O pedido do MPF foi acatado pela juíza federal de Brasília Adverci Rates Mendes de Abreu.

    Battisti foi liberado horas depois, na madrugada da sexta-feira (13), em São Paulo, após o Tribunal Regional Federal conceder habeas corpus ao italiano. O TRF acatou que uma decisão da Justiça atual não pode contrariar uma decisão que já havia sido tomada pela Presidência da República.

    Em resposta a tentativa de deportação, diversas organizações realizaram um ato na última quarta-feira (25) e lançaram um manifesto de repúdio a ação.

    Avanço conservador

    Para os participantes do ato-manifesto, a direita estaria aproveitando o momento de avanço conservador para atentar contra os direitos civis.

    Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST, participou da ação e concorda com a avaliação: “o momento é calculado, um momento que a direita conservadora cresce”. Para Boulos, a ação da juíza é inconstitucional: “O que essa juíza está fazendo é uma aberração. Battisti está sendo perseguido por ser militante de esquerda. É um posicionamento político, uma decisão política de nosso judiciário”. Boulos afirmou, ainda, que não abandonará Battisti e que o caso dele não é individual. “O próprio uso da expressão terrorista para caracterizá-lo é uma prova da criminalização dos movimentos sociais. Se querem levar Battisti, terão que fretar 4… 5 aviões para levar todos. Nós do MTST estaremos juntos”.

    O ex-deputado e militante dos direitos humanos, Adriano Diogo, também participou do ato. Ele alerta para um risco maior, a possibilidade de estarem usando Battisti como moeda de troca por Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado no julgamento da ação penal 470. Pizzolato fugiu para a Itália após a condenação, o país negou o pedido brasileiro de extradição.

    Ele também lembrou um importante caso de extradição do Brasil que entregou a militante comunista Olga Benário à ditadura nazista para a morte, em 1936. Pode parecer exagero, mas pessoas próximas a Battisti alegam risco do escritor ser assassinado dentro da penitenciária.

    Adriano Diogo finalizou atentando para a importância dos movimentos não deixarem se abater: “estamos vivendo tempos difíceis, mas não podemos nos entregar. Não abaixaremos a cabeça. Há de prevalecer a justiça, a legalidade e a democracia”.

    Entenda o caso

    Cesare Battiti foi condenado à prisão perpétua na Itália pela suposta autoria de quatro assassinatos entre 1977 e 1979, quando militava na organização de esquerda Proletários Armados pelo Comunismo. Battisti teve um julgamento sem direito à defesa e sem nenhuma prova concreta. Ele fugiu do país em 1981 e morou na França e México. Chegou ao Brasil em 2007, onde ficou preso até 2011.

    O italiano foi condenado à extradição pelo STF em 2009, porém, de acordo com o tratado assinado bilateralmente com a Itália, a presidência dos países podem não cumprir determinação do Supremo caso a pessoa requerida seja ameaçada de atos de perseguição e discriminação por motivo de raça, religião, sexo, nacionalidade, língua, opinião política, condição social ou pessoal; ou que sua situação possa ser agravada por um dos elementos antes mencionados. Com base no tratado, Lula negou a extradição.

    Em 8 de junho de 2011, por 6 votos a 3, o STF voltou atrás em sua decisão e decidiu pela liberação de Battisti. Na época, o ministro Luiz Fux afirmou: “O que está em jogo aqui é um ato de soberania do presidente da República. A República italiana litigou contra a República Federativa do Brasil”.

    Battisti está em situação legal no país desde junho de 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou a decisão de Lula, presidente eleito legitimamente pela população e representante máximo do poder executivo, chefe de Estado e de Governo, de mantê-lo no país.

    Manifesto pela defesa de Cesare Battisti

    A pretensão da direita de deportar o escritor italiano Cesare Battisti é uma típica provocação que não se enquadra nas normas jurídicas de nosso país, por várias razões.

    1. Em novembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal, decidiu, por 5 votos (Joaquim, Marco Aurélio, Carmen Lúcia, Eros Grau e Ayres Brito), autorizar o Presidente da República para que ele decidisse se aceitava ou recusava a extradição.

    2. Em 31/12/2010, Lula decidiu recusar a extradição, como é bem conhecido por todos.

    3. O processo de Battisti ficou encerrado no dia 8 de junho de 2011, quando o Supremo Tribunal Federal acatou a decisão do presidente Lula de recusar o pedido de extradição.

    4. A partir daquele momento, BATTISTI FICOU LIVRE, e sua condição de processado na Itália por supostos crimes, DEIXOU DE TER FORÇA LEGAL para o Brasil. Battisti é hoje, UM ESTRANGEIRO COMO QUALQUER OUTRO, com direitos legais iguais e documentos válidos (CPF, Identidade, etc. etc.)

    A ação do Ministério Público do DF, bem como a sentença da juíza só podem ser entendidos como provocações, que devem ser energicamente repudiadas. E a ordem de prisão, extremamente arbitrária, não resistiu mais que algumas horas, até que o Tribunal Regional Federal pudesse recompor a ordem processual.

    Nós, sindicalistas, estudantes e intelectuais, que integramos o Comitê Cesare Battisti Livre estamos propondo reagir com um Ato Público/Debate na Faculdade de Direito da USP — Largo São Francisco — dia 25 de março, às 18h30.

    Além disso, estamos convidando a todos (mesmo os que não puderem participar do Ato) a assinarem este manifesto (no Link exposto na minha Pagina Patricia Labotierry) como prova de apoio ao Estado Democrático de Direito, e repúdio à manipulação da justiça e da mídia.

    Repudiamos essas tentativas de deportação do companheiro Cesare Battisti e exigimos que os seus direitos como estrangeiro devidamente legalizado no Brasil, sejam respeitados.

    Assinam:

    1. CSP-CONLUTAS — CENTRAL SINDICAL E POPULAR

    2. SINDICATO DOS TRABALHADORES NA USP — SINTUSP

    3. SINDICATO DOS METALURGICOS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E REGIÃO/SP

    4. SINDICATO DOS TRABALHADORES MUNICIPAIS DE BAYEUX/PB

    5. SINDICATO DOS TRABALHADORES EM TRANSPORTE RODOVIÁRIO DO CEARÁ

    6. SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE JUAZEIRO DO NORTE/CE

    7. SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO FEMININA DE FORTALEZA/CE

    8. SINDICATO DOS ODONTOLOGISTAS DO ESTADO DO CEARÁ

    9. SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO FEDERAL DO ESTADO DE MATO GROSSO

    10. SINDICATO DOS COMERCIÁRIOS DE NOVA IGUAÇU/RJ

    11. SINDICATO DOS TRAB. NO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE LIMOEIRO DO NORTE-CE

    12. SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE JAGUARUANA-CE

    13. SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIÁRIO FEDERAL EM ALAGOAS

    14. SINDICATO DOS TRAB NAS EMPRESAS DE TRANSP. RODOV DE PASSAG. INTERMUN. EST. CE

    15. SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO

    16. SINDICATO DOS TRAB. NA EMPRESA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS DO VALE DO PARAIBA/SP

    17. SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MPU NO MARANHAO

    18. SINDICATO DOS TRAB. NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E DO MOBILIARIO DE BELEM-PA

    19. SINDICATO DOS AGENTES MUNICIPAIS DE TRÂNSITO DA REGIÃO DO CARIRI/CE

    20. SINDICATO MUNICIPAL DOS PROFISSIONAIS DE ENSINO DA REDE OFICIAL DO RECIFE/PE

    21. SINDICATO DOS TRAB. DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL/RJ

    22. SINDICATO DOS SERVIDORES DAS AUTARQUIAS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL/ RJ

    23. SINDICATO DOS TRAB. DA EMPRESA DE CORREIOS E TELEGRAFOS E SIMIL. DE PERNAMBUCO

    24. SINDICATO DOS MUNICIPÁRIOS DE STA BARBARA DO SUL/RS

    25. SINDICATO DOS TRAB. DO REFLORESTAMENTO, CARVOAMENTO E BENEFIC. DE MADEIRA/BA

    26. SINDICATO DOS EMPREG. EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE BAURU E REGIÃO

    27. SINDICATO DOS TRAB. EM PROCESSAMENTO DE DADOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

    28. SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE PASSO FUNDO/RS

    29. SINDICATO DOS FUNCIONÁRIOS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ DO SUL

    30. SINDICATO DOS VIGILANTES DE SANTA CRUZ DO SUL/RS

    31. SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTIAS METALÚRGICAS DE NOVA FRIBURGO/RJ

    32. SINDICATO DOS TRAB. NAS IND. DE CIMENTO, CAL, GESSO E CERÂMICA DO MUNIC. DE ARACAJÚ/SE

    33. SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS URBANAS DO ESTADO DE GOIÁS

    34. SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS QUIM, FARM E PLAST DE GOIÁS

    35. SINDICATO DOS TRAB. NOS TRANSPORTES COLETIVOS DE GOIÂNIA E REGIÃO METROPOLITANA/GO

    36. SINDICATO DOS EMPREGADOS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE PASSOS DE MINAS/MG

    37. SINDICATO DOS SERVIDORES PUBLICOS MUNICIPAIS DE FORTALEZA DE MINAS/MG

    38. SINDICATO DOS SERVIDORES DO QUADRO ESPECIAL DA SARH — SINDCAIXA/RS

    39. SINDICATO DOS TRABALHADORES NO TRANSPORTE ALTERNATIVO — GO

    40. ASSOC DEM. P/ MORADIA E DIR. SOCIAIS DE S. JOSÉ DOS CAMPOS — OCUPAÇÃO PINHEIRINHO/SP

    41. SINDICATO DOS TRABALHADORES EM SERVIÇOS DE SAÚDE DE FORMIGA/MG

    42. ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNESP/SP

    43. SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE ESPLANADA/BA

    44. SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE ENTRE RIOS/BA

    45. SINDICATO DOS PETROLEIROS DE SERGIPE E ALAGOAS

    46. FEDERAÇÃO SINDICAL E DEMOC. DOS TRAB. NAS IND. METALÚRGICAS DE MINAS GERAIS

    47. SINDICATO DOS CERAMISTAS DE MONTE CARMELO/MG

    48. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE PIRAPORA/MG

    49. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE ITAJUBÁ E REGIÃO/MG

    50. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE OURO PRETO/MG

    51. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE ITAÚNA/MG

    52. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE DIVINÓPOLIS/MG

    53. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE TRÊS MARIAS/MG

    54. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE GOVERNADOR VALADARES/MG

    55. SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE VÁRZEA DA PALMA/MG

    56. SIND. PROF ENFERM E EMPREG EM HOSP, C. DE SAÚDE, DUCH. E MASSAG. DE DIVINÓPOLIS/MG

    57. SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE DE BH E REGIÃO/MG

    58. SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE DE ITAJUBÁ E REGIÃO/MG

    59. SINDICATO METABASE DOS INCONFIDENTES/MG

    60. SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE DIVINÓPOLIS/MG

    61. SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DE MONTE CARMELO/MG

    62. SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DE BETIM/MG

    63. SINDICATO DOS TRAB EMPRESAS DE ASSESSOR, PESQ, PERÍCIAS E INFORM. — SINTAPPI-MG

    64. SINDICATO DOS TRAB; EM EDUCAÇÃO DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE/MG

    65. ANEL — ASSEMBLEIA NACIONAL DE ESTUDANTES — LIVRE

    66. ADMAP — ASSOCIAÇÃO DEMOCRÁTICA DOS APOSENTADOS E PENS. DO VALE DO PARAÍBA/SP


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  • Manifestantes são impedidos de acompanhar debate sobre redução da maioridade penal

    Engavetada desde 1993, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, pode ser votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

    A medida é vista como um retrocesso para os defensores dos diretos humanos e tem mobilizado entidades progressistas, movimentos sociais e ONGs contra a votação. Na manhã dessa quarta-feira (25), mais de cem manifestantes se reuniram em frente ao plenário da Comissão para acompanhar as discussões da redução da maioridade penal e foram barrados pela polícia legislativa.

    Apenas um pequeno grupo conseguiu entrar. “Mais de 100 jovens não conseguiram acesso à sala da CCJ”, relatou Jefferson Lima, Secretário Nacional de Juventude do PT. O grupo continua no corredor para pressionar os parlamentares a votarem contra a PEC 171.

    A PEC seria votada nessa terça-feira (24), mas pedido de vista conjunto impediu a análise da matéria.


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