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  • Jamais apoiarei o #elenão Jair Bolsonaro, diz o presidente do Tucanafro

    Jamais apoiarei o #elenão Jair Bolsonaro, diz o presidente do Tucanafro

    Por: Humberto Meratti – especial para os Jornalistas Livres

    Em meio às polarizações nestas eleições de 2018, torna-se necessário entender o que a política realmente representa. Além disso, é importante e interessante compreender as diferentes militâncias negras dentro de partidos de Centro e Centro Direita no País, como elas pensam e o que representam dentro de suas agremiações.

    O Tucanafro, grupo interno do PSDB, é encarada, por alguns, como a esquerda dentro do partido, com suas próprias causas e lutas, possuindo embates contrários diferentes de muitos que estão no partido. Nessa entrevista exclusiva para os Jornalistas Livres, o presidente do grupo, Alexandre Ifatola (46 anos), natural e residente de São Paulo (SP), fala sobre o atual cenário que vive dentro do PSDB e os rumos que ele e outros militantes deve seguir:

     

    Humberto Meratti – Olá Sr. Alexandre, obrigado pela entrevista cedida aos Jornalistas Livres. Gostaria de abrir a entrevista contigo, inevitavelmente, perguntando sobre a campanha do Sr. Geraldo Alckmin à Presidência da República. Aos olhos de diversos analistas de política, foi um fracasso a campanha. O que aconteceu na sua visão? Foi um problema interno? O Segmento Negro do PSDB, apresentou propostas? Estas propostas, foram ouvidas pelo mesmo?

     

    Alexandre Ifatola – Grato pela entrevista. Na minha visão, acredito que a população está agindo pelo fígado, e também pelo fato de que os brasileiros não estão preocupados com plano de governo e sim em buscar um pseudo “Salvador da Pátria”, e infelizmente nós brasileiros, estamos passando por um período de muitas denúncias de corrupção em nosso país, haja vista que os maiores políticos corruptos são do PT, entretanto, o resultado desse primeiro turno mostra que boa parte da população não estão preocupados com a ética, com o desenvolvimento econômico, educacional e social e sim, estão em busca de um ídolo, tanto, que quem foi para o segundo foi dois extremos e não de um político experiente e que conhece a máquina pública como o Geraldo Alckimin, portanto acredito que não foi um problema interno dentro do meu Partido PSDB e sim, a população por estar atrás de um ícone caricato. Nós do Segmento Negro do PSDB, entregamos em mãos do próprio Geraldo Alckimin no dia da oficialização da sua candidatura para Presidente do Brasil, nossas propostas para a população negra, onde foram recebidas e incorporadas ao seu plano de governo, pois sempre tivemos nós do Tucanafro, um elo muito forte com o partido, que sempre desenvolveu programas principalmente no combate ao racismo, como a criação do “Comitê de Saúde da População Negra”, a capacitação de professores sobre a Lei 10.639/03 (que obriga o ensino da história da África e do afro-brasileiro). Auxiliamos também, na criação do projeto “São Paulo: educando pela Diferença para a Igualdade”, projeto este, direcionado ao Estado de São Paulo junto a Conselhos da Comunidade Negra, capilarizando o conhecimento, o empoderamento, e principalmente tratando de ações afirmativas para a população negra.

     

    Humberto Meratti – Na noite deste domingo passado (07/10), a mídia noticiou os resultados para Governo no Estado de São Paulo em relação ao 1º turno e, em entrevista realizada junto ao candidato João Dória, o mesmo citou que fará apoio ao candidato à Presidência, o Sr. Jair Bolsonaro. Para vocês do Segmento Negro do partido PSDB, o que essa declaração representa? 

     

    Alexandre Ifatola – Eu estava na entrevista naquele momento, e posso afirmar que o candidato João Doria falou por si, e não pelo partido, haja vista que eu também estava na coletiva em que o Presidente Nacional do Partido PSDB – Geraldo Alckimin, disse que iria se reunir com membros do partido para tratar sobre apoiar ou não, o candidato #elenão mais conhecido como Jair Bolsonaro. Saliento que a maioria da população negra, principalmente a militância negra e o coletivo negro na qual sou o atual Presidente Municipal do Secretariado da Militância Negra do PSDB – Tucanafro, como Presidente da Câmara de Comercio e Indústrias Brasil e Nigéria e Vice Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo, e pôr o candidato #elenão desrespeitar a população negra, as mulheres, o público LGBT e incitar a violência e o preconceito, por minha questão de ética e da minha ancestralidade, e pela solidariedade a todos os meus irmãos de raça, jamais apoiarei o mesmo. Muitos dizem que somos todos iguais, digo só se for em espirito, porque a desigualdade é tamanha. Basta observar que não se respeita a reserva de 20% de vagas em todas as instâncias do poder público para afrodescendentes desde o cargo de estagiário até os de alto escalão, vou além se me permite – temos milhares de negras e negros altamente qualificados para ocupar qualquer cargo. A Executiva Municipal do PSDB da Cidade de São Paulo decidiu, após consulta a suas bases e salvo orientação em sentido diverso das instâncias superiores do partido, pela liberação de seus filiados para tomar posição no segundo turno da eleição presidencial conforme a consciência de cada um.

     

    Humberto Meratti – Em diversas mídias, visualizamos que o PSDB em alguns Estados, apoiarão o Bolsonaro, principalmente em alguns estados do Sul do País, já na região do Nordeste, maioria apoiarão o Fernando Haddad. Minha pergunta é, o PSDB hoje, está rachado assim mesmo?

     

    Alexandre Ifatola – Posso dizer que o PSDB, como qualquer outro partido tem as suas divergências internas, que podem tomar atitudes de acordo com a sua regionalidade, mas nem por isso podemos considerar que estamos rachados.

     

    Humberto Meratti – Você pode nos informar, pelos bastidores, o que os mais velhos e célebres do partido como o FHC, antecipam já sobre o 2º turno?

     

    Alexandre Ifatola – Não tenho como dizer sobre todos, mas em relação ao FHC e ao José Serra, os mesmos afirmaram que não vão apoiar nem o PT, nem Jair Bolsonaro, conhecido também como “#elenão”, no segundo turno, pois prezam pelo País e o povo. Assim faço das palavras deles como o meu posicionamento. Digo claramente que vou votar em branco por ser democrático e válido. Jamais votaria no Haddad e por minhas convicções em relação ao candidato #elenão que instiga a violência, o ódio, o preconceito de negros, mulheres e de gays, haja vista que até criaram um jogo para celulares que tem com objetivo de matar petistas, gays, defensores de direitos humanos e negros, sendo que os chefões do jogo são políticos de esquerda e que uma fase do jogo ocorre dentro de uma escola, onde o objetivo é matar gays para proteger as crianças do kit-gay.

     

    Humberto Meratti – Qual será o posicionamento do Segmento Negro do partido neste 2º turno? Vocês apoiarão quem, e por quê?

     

    Alexandre Ifatola – Digo que o Segmento Negro do PSDB – Tucanafro, seguirá a decisão do partido, mesmo que isso contraria a vontade de alguns pois somos militantes e queremos o melhor para o PSDB.

     

    Humberto Meratti – A candidata a Deputada Federal, Aline Torres pelo partido em SP, teve amplamente o apoio da Juventude Negra do PSDB? Ela teve de desbancar políticos com mais prestígio para poder concorrer? Nos explique como foi esse processo e como vocês encarão os quase 14 mil votos que ela obteve.

     

    Alexandre Ifatola – Como Presidente Municipal do Secretariado da Militância Negra do PSDB –Tucanafro, posso dizer que o meu apoio foi fundamental para que a mesma pudesse ser Candidata a Deputada Federal, pois foi eu que apresentei uma carta ao Partido, solicitando a vaga dela para participar como Candidata a Deputada Federal, tanto que também ela teve todo o apoio também do Presidente do Diretório do PSDB – sr. Pedro Tobias. Em relação a Juventude Negra, infelizmente quase não se tem jovens negros dentro do nosso partido PSDB, por muitos até acharem que é um partido de elite, mas a Aline Torres com toda a sua garra e determinação, sendo uma mulher, negra e da periferia, sem recurso quase algum e se não fosse ela, uma mulher batalhadora, guerreia, que gastou sola de sapato, muita saliva e praticamente com apenas 8 pessoas, onde nós nos dedicamos para que a mesma conseguisse todo êxito, pois para todos nós a Aline é motivo de um grande orgulho, posso até dizer com a vitória do nosso candidato João Doria onde tenho a certeza que vai vencer, a Aline Torres tem toda a condição de assumir a Secretaria Estadual de Cultura do Estado de São Paulo, que para nós da população negra, será um grande marco na história do Governo do Estado de São Paulo. Nomear uma mulher, negra que veio da periferia, alcançando uma cadeira tão almejada por nós, pois o que a população negra mais tem é cultura.

     

    Foto: assessoria de imprensa PSDB

     

    Humberto Meratti – O que é o Tucanafro? Qual é o papel desta no PSDB? Um ponto que observamos como você é o Atual Presidente Municipal do Secretariado da Militância Negra do PSDB-Tucanafro, e pelo que pesquisamos sobre você é muito atualmente sobre as causas da militância negra e que condiz com as características de quem pode representar a população negra, agora entrando na esfera do Estado de São Paulo, pesquisamos e verificamos que a Presidente atual do Estadual de São Paulo da Militância Negra do PSDB-Tucanafro Silvia Cibele e que também a mesma é chefe de Gabinete da sub-prefeitura do Jaçana, não apresenta fenótipos da raça negra, e que tem pouca atuação nos coletivos da população negra. Podemos afirmar que isso se dá por ter poucos negros e negras no Partido PSDB?

     

    Alexandre Ifatola – É o núcleo do Secretariado da Militância Negra do PSDB, que surgiu no Município de São Paulo, em que por meio de planos, projetos e programas de combate ao racismo, melhorar-se condições políticas, econômicas e sociais dos negros em todo território nacional, busca contribuir de forma incisiva na ampliação e legitimação do partido no enfrentamento ao racismo e às desigualdades raciais, por meio de ações afirmativas e do reconhecimento a valorização da população negra. Digo que na minha gestão, estamos promovendo debates, seminários, afroempreededorismo e palestras de ações afirmativas relacionadas às questões étnicas raciais, visando a elaboração de propostas públicas em benefício da população negra, assim também como é nosso objetivo, a participação ativa do negro na política em todas as esferas.

     

    Em relação ao meu envolvimento ao coletivo negro sempre se deu por eu ser negro, por ser das religiões de matrizes africanas, por criar projetos que levem ações afirmativas para a população negra e por escrever em diversas revistas sobre a cultura africana e afro-brasileira, por ter um canal no youtube – Tucanafro nas Ruas e outros vídeos através do Instituto Akhanda, que sempre busco levar adiante pautas que coloque em evidencia todas as ações que venho desenvolvendo ao logo dos anos para levar representatividade, principalmente visando apoiar e disseminar pautas ligadas a Década Internacional dos Afrodescendentes (2014-2015) para o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento para toda população negra. Sobre a questão da atual Presidente Estadual de São Paulo da Militância Negra-Tucanafro, digo que vem desenvolvendo um excelente trabalho em sua gestão, e não é porque ela não possui aspectos negroides, não podemos desmerecer o trabalho que vem executando com louvor e criando ações para dar visibilidade a população negra do Estado de São Paulo, e falo mais, tive o prazer de conhecer a mãe da Silvia Cibele e também alguns irmãos dela que são negros. Afirmo que de fato não temos muitos negros dentro do Partido do PSDB, devido que muitos pesam que somos elite, mas tanto eu como a Silvia Cibele, estamos trabalhando em conjunto para agregar e somar cada vez mais a população negra dentro do nosso partido.

    Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Nigéria

    Outras notas sobre Alexandre Ifatola:

     

    É graduado em Psicologia (Universidade São Marcos); graduado Pedagogia (Universidade São Marcos); especialista em Meio Ambiente e Sustentabilidade (Faculdade Futura); Mestre em Ciências da Religião (Universidade São Marcos) e, é doutor em Psicologia Transpessoal (Université Fédérale Toulouse Midi Pyrénées). Foi Coordenador Geral de Políticas Públicas para Idosos na cidade de São Paulo, entre Janeiro a Agosto de 2017 foi também Coordenador de Programas na Autoridade Municipal de Limpeza Urbana do Município de São Paulo de setembro de 2017 até agosto de 2018.

     

    Iniciou-se aos 6 anos de idade no Terreiro do Gantois ou, Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, um terreiro de candomblé brasileiro em Salvador, tornando-se Babalorixá com 21 anos de idade. Em 2004 iniciou-se na Nigéria, em Ifá na Cidade de Osogbo Osun, onde tornou-se Babalawo.

     

    Fui Fundador e Presidente do Instituto Akhanda, que trabalha com a população idosa, onde através do projeto “Faça Um Idoso Feliz”, capacita alunos idosos travestis e transexuais através do curso “Padaria Artesanal”.

     

    Por ser assumidamente gay, faz parte do órgão secretariado “Diversidade Tucana”, servindo de referência para as questões relativas à população LGBTI+, tendo como objetivo, articular o desenvolvimento e implementação de políticas públicas voltadas à diversidade sexual nas administrações geridas pelo PSDB.

    Alexandre Ifatola é também, o atual Presidente da Câmara de Comércio e Indústrias Brasil e Nigéria.

  • Wilson Witzel, que festeja com Bolsonaro e fascistas, tem um filho transexual. Como pode?

    Wilson Witzel, que festeja com Bolsonaro e fascistas, tem um filho transexual. Como pode?

     

    Wilson Witzel (do PSC), que teve maior número de votos para o governo do Rio de Janeiro, cresceu eleitoralmente na reta final do primeiro turno graças a suas declarações de apoio a Jair Bolsonaro. No vídeo que se vê neste post, ele aparece no palanque de campanha, em Petrópolis, estusiasmado, em companhia dos então candidatos a deputado federal Daniel Silveira e deputado estadual Rodrigo Amorim.

     

    Os dois fortões ficaram tristemente famosos depois que arrancaram e destruíram uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco. No vídeo, a platéia fascista urra e vaia Marielle, gritando “Mito, Mito, Mito”. Amorim, de camiseta escura, promete “sentar o dedo [atirar] nesses vagabundos”, referindo-se à esquerda e ao PSOL, o partido de Marielle.

    Witzel, que quer governar o Rio, tripudia sobre o corpo sem vida de Marielle Franco, mulher negra, lésbica, favelada. Ele alinha-se com Bolsonaro, que é um defensor de que os pais espanquem filhos gays, para “corrigi-los”.

    Mas Witzel precisa explicar para todo o povo do Rio de Janeiro e do Brasil como é que ele consegue posar festivamente com os homens que pisoteiam a memória de Marielle Franco e depois olhar no olhos de seu filho Erick Witzel, um menino transexual de 24 anos, chef de cozinha, vegano e empreendedor.

    Como é que ele não percebe que o fascismo de Bolsonaro e suas hienas violentas odeia o menino Witzel, a quem se refere como “degenerado”, “deformado moral” ou “aberração”? Ou ele percebe?

    Como é, juiz Wilson Witzel, que é possível amar o filho e confraternizar com quem o odeia?

    Em tempo:

    1. Daniel Silveira e Rodrigo Amorim foram eleitos neste domingo.
    2. Marielle vive para sempre em nossos corações e na nossa luta!

    Mais informações sobre Erick Witzel aqui: https://extra.globo.com/famosos/filho-de-witzel-candidato-ao-governo-do-rio-lamenta-resultado-das-eleicoes-dia-triste-23141004.html

  • Nas Eleições 2018, as pessoas LGBTQ+ descobriram quem é Aliado com A maiúsculo

    Nas Eleições 2018, as pessoas LGBTQ+ descobriram quem é Aliado com A maiúsculo

    Algumas semanas atrás, conversava com um desconhecido do lado de fora de uma balada LGBTQ+ em Campinas. Ele, um cara heterossexual com uma cerveja na mão; eu, um cara bissexual com um monte de glitter no rosto. Falávamos, em um daqueles assuntos sérios que surgem na balada sabe-se lá de onde, sobre o significado daquele velho clichê do movimento LGBTQ+, o do “aliado hétero”.

    Disse a ele, meu novo amigo da balada, que não basta tratar bem os seus conhecidos LGBTQ+ para se dizer Aliado (com A maiúsculo, de verdade) – que é preciso outro A, o de ação. Na ocasião, citei o exemplo trivial de ouvir um amigo fazendo piada homofóbica e dizer um simples “ei, cara, isso aí não é legal, gente gay não é chacota”, mesmo que você vá passar de estraga-prazeres por isso. Clamar aliança sem pagar o preço é muito fácil.

    As eleições de 2018 no Brasil ilustram um lado mais sombrio desse dilema dos aliados, ao qual tenho prestado atenção a minha vida inteira, puramente pela virtude de ter nascido em uma cidade do interior, sem conhecer sequer uma pessoa LGBTQ+ (ao menos assumida) até meus anos de faculdade. Nos últimos meses, a separação difícil que cada um de nós teve que fazer, nas redes sociais ou no mundo real, é a entre amigos (na definição mais ampla e menos sentimental da palavra) e aliados.

    Ser amigável é fácil. Ir para a balada LGBTQ+ e constatar que é muito mais divertido, especialmente pela falta de caras heterossexuais dispostos a arranjar briga e/ou forçar a sua vontade em uma mulher, é fácil. Dar risada das nossas fofocas, se aproveitar da forma como os bons entre nós valorizam e exaltam as mulheres ao nosso redor, é fácil. Difícil é se libertar de uma vida inteira de doutrinação no paradigma heterossexual e mudar conceitos, crenças e comportamentos enraizados que ofendem o seu amigo LGBTQ+, de quem você se diz aliado.

    Essa é uma luta diária que eu travo com as pessoas heterossexuais que eu conheço e amo. Algumas fazem dessa luta mais difícil, outras mais fácil – para estas últimas, a facilidade é quase sempre resultado de anos de diálogo e convivência comigo e com muitas outras pessoas LGBTQ+. Eu acredito na mudança, acredito que dá para se tornar Aliado (com A maiúsculo), mesmo partindo de uma posição precária de preconceito.

    Também acredito, no entanto, que momentos extremos são quando descobrimos quem já chegou lá, e quem não. Nenhuma das pessoas que eu descobri no meu círculo social como votantes de Jair Bolsonaro me surpreendeu, não de verdade – mas algumas delas me machucaram profundamente, mesmo assim. Pessoas que sempre me trataram bem, e que sempre demonstraram tratar bem outras pessoas LGBTQ+ que conheciam. Pessoas que assumiram papéis importantes na minha vida, em uma proporção ou outra, com quem criei laços fraternais, por vezes familiares.

    Em certos sentidos, fiquei órfão de cada uma dessas pessoas. Bolsonaro fraturou, talvez irreparavelmente, o caminho delas para o esclarecimento, o respeito, e a ação como Aliados (com A maiúsculo). Ao mesmo tempo, ele fortaleceu o caminho de outros neste sentido – daqueles que sempre estiveram prontos para a ação, e daqueles que se descobriram prontos para a ação. Da enxurrada de pessoas que expressou apoio a Fernando Haddad na noite de domingo (7) e no dia de hoje, no Facebook, expressando com todas as letras que esse era um voto contra a intolerância e a violência. Embora Bolsonaro tenha feito com que eu me sentisse mais em risco do que nunca, a reação a ele fez com que eu me sentisse mais protegido também.

    E, é claro, me encheu de admiração. Fiquei admirado com as mulheres heterossexuais resilientes e incríveis que não me decepcionaram nesse caminho. Falo de amigas próximas, em quem eu já tinha fé inabalável, mas que me emocionaram mesmo assim com a resistência. Falo de mulheres da minha família, que reafirmaram o seu amor, normalmente representado em gestos pequenos e na convivência, com esse aceno gigantesco de oposição a quem quer me ver morto (ou, mesmo se não queira, não se importa o bastante para impedir).

    Alguns homens mostraram a mesma resistência. São a exceção gloriosa a uma regra triste trazida a tona pelo machismo, que não tem mais máscara, e que impossibilita a convivência que eles mesmos dizem defender. É difícil saber quem vai vencer no próximo dia 28 de outubro. Se essas eleições trouxeram algo de bom, no entanto, é que fizeram as pessoas LGBTQ+ descobrir quem são seus Aliados (com A maiúsculo) de verdade. E, exatamente como suspeitávamos, não somos poucos, nem fracos, nem estamos divididos. Será difícil nos calar.

  • Bolsonaro: “Por eu ser homofóbico, o senhor citou esse nome aí”

    Bolsonaro: “Por eu ser homofóbico, o senhor citou esse nome aí”

    O candidato a presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) afirmou em sessão oficial da Comissão Especial da Câmara sobre Reforma Política, no dia 05 de maio de 2011, que é homofóbico e que tal traço de sua personalidade é de conhecimento público.

    Por eu ser homofóbico, o senhor citou esse nome aí“, afirmou o então deputado federal pelo Partido Progressista (PP-RJ), conforme consta nas notas taquigráficas da Câmara dos Deputados.

    Bolsonaro proferiu a afirmação em resposta a uma fala do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que tinha dito “Ministro, aproveitando o seu intervalo, quando V.Exa. citou o Rei Ludwig, na disputa com Bismarck, dizendo que inclusive ele era homossexual, foi a hora em que o Deputado Bolsonaro entrou correndo na sala”.

    Ivan Valente se referia a uma passagem do discurso de Nelson Jobim, na época Ministro da Defesa, recordando uma disputa ocorrida na Alemanha pré-nazista: “Lembrem-se da disputa de Bismarck com Ludwig, que foi Rei da Baviera, um maluco que era muito ligado ao Wagner, homossexual inclusive.”

    Bolsonaro, então, pediu a palavra para advertir Ivan Valente para que não tentasse relaciona-lo a qualquer temática envolvendo homossexuais. Sua fala completa foi: “Por eu ser homofóbico, o senhor citou esse nome aí. Não procede o que ele está pensando que eu sou”.

    “Sou preconceituoso, com muito orgulho”

    Dois meses após a declaração no Congresso, Bolsonaro deu uma entrevista à Revista Época reafirmando seu preconceito de gênero.

    Ao ser questionado sobre o limite entre liberdade de expressão e ofensa, quando trata de homossexualidade, Bolsonaro defendeu sua luta contra o kit gay e afirmou que “certamente não acredito que nenhum pai possa se orgulhar de ter um filho gay”.

    Em outra passagem da entrevista, o candidato à presidência da República disse que “a maioria dos homossexuais é assassinada por seus respectivos cafetões, em áreas de prostituição e de consumo de drogas, inclusive em horários em que o cidadão de bem já está dormindo”.

  • DERROTAR O FASCISMO, COM FERNANDO HADDAD E MANUELA D’ÁVILA!

    DERROTAR O FASCISMO, COM FERNANDO HADDAD E MANUELA D’ÁVILA!

    Editorial dos JORNALISTAS LIVRES

     

     

    O capitão do Exército Jair Bolsonaro é um adversário político, mas é bem mais (ou menos) do que isso. Se eleito, já prometeu metralhar a favela da Rocinha e os petistas (a quem ele chama de “petralhas”). Bolsonaro já tratou as mulheres como resultado de “fraquejadas”. E os pretos como “reprodutores”, pesados em arrobas (como animais).

    Bolsonaro homenageia torturadores, como Brilhante Ustra. Já disse que teria matado 30.000 opositores do regime ditatorial de 1964, incluindo Fernando Henrique Cardoso.

    Bolsonaro é o fascismo. É o nazismo, aproveitando-se de uma crise econômica e política abissal para ganhar pelo voto o poder. 

    Nunca esqueçamos que Adolf Hitler foi eleito chanceler pelo voto democrático do povo alemão. Sua primeira providência —e de sua gangue de bandidos— foi atear fogo ao Parlamento germânico, o Reichstag. Ele culpou os comunistas por isso, desencadeando furiosa repressão contra todos os que ele desprezava: judeus, negros, ciganos, gays, deficientes físicos e mentais, feministas e, logicamente, a esquerda.

    As forças democráticas não podem dar-se ao luxo de brincar de cizânia. O inimigo é monstruoso demais para isso.

    Neste momento, é importante lembrar do fenômeno verificado hoje no Nordeste brasileiro, região em que mais da metade dos eleitores votam no Lula e, agora, no candidato dele, Fernando Haddad, que pretende prosseguir com os programas sociais que garantam o filho do trabalhador na Universidade, a chance de os pobres reverem a terra natal e os parentes em uma viagem de avião, a geladeira e a TV dentro de casa depois do programa Luz para Todos.

     

    Além de ser o primeiro colocado na luta contra o fascismo nas pesquisas eleitorais, Haddad representa neste momento o espetacular legado de inclusão começado por Lula, e o PT, que resiste como força popular e eleitoral.

    Bolsonaro une a cúpula do Exército Brasileiro e as Forças Armadas em geral, incluindo as Polícias Militares. Une o poder econômico. Une o Judiciário golpista. Une a mídia oligopólica. Todos contra o PT, como antes, à época de Hitler, foram todos contra o comunismo.

    Não se trata mais de Lula contra Bolsonaro. Chega dessa polarização estúpida, tão ao gosto da mídia que vaticinou dias de glória pós-impeachment de Dilma Rousseff.

    O resultado está aí –o Brasil de volta aos mapas da miséria, os recordes de desemprego e o desespero.

    Chega de brincar de paneleiros contra petistas. Agora o que está em jogo é a vida ou a morte de milhões de pessoas desfavorecidas economicamente, humilhadas pelo golpe, que voltaram a cozinhar com fogão a lenha ou álcool.

    Agora, trata-se de defender a ideia de sociedade plural contra a ordem unida das casernas.
    Sabemos que o Brasil acumula séculos de opressão assassina sobre os povos negros e indígenas. Conhecemos a canga que o machismo colocou sobre os ombros das mulheres, tratadas como meros objetos sexuais para todas as taras e sadismos, ou como meras reprodutoras. Sabemos da dor dos gays, lésbicas e travestis, expulsos de casa e das famílias, lançados para a marginalidade abjeta simplesmente por proclamarem seu direito ao amor que não hesita em dizer seu nome.

    Nós não podemos correr o risco de ver vencer um monstro moral como Bolsonaro, que defende o assassinato, a perseguição e a tortura como métodos de melhorar o Brasil.

    Assombra-nos ver cristãos desejando a vitória de Bolsonaro. Onde foi que Jesus Cristo defendeu a tortura, a perseguição e o assassinato?

    Responda, por favor, bispo Edir Macedo!

    Não! Cristo jamais defendeu a tortura. Ao contrário, foi ele o torturado e assassinado pelo crime de defender os pobres contra o sistema da Roma Imperial.

    Hoje, quem cala, consente! É por isso que os Jornalistas Livres consideram-se obrigados a dizer e a declarar bem alto que um grave risco coloca-se sobre o futuro do Brasil. E esse risco é Bolsonaro. Elegê-lo significa que nos tornaremos, como povo, cúmplices dos piores crimes. 

    O povo alemão penitencia-se até hoje pelos campos de concentração e fornos crematórios em que se lançaram milhões de seres humanos. Não é possível que o povo brasileiro, de marcas sofridas queira compactuar com decisão de voto tão hedionda.

    Bolsonaro não esconde e nunca escondeu quem é. E todos os poderosos do Brasil já se aninham sob as asas sinistras dessa ave de rapina. Espanta que os democratas não se dêem conta da imensa responsabilidade histórica que está colocada sobre cada um deles.

    Estamos a quatro dias das eleições presidenciais. Um gesto de Guilherme Boulos, de Ciro Gomes, de Marina Silva, de outros competidores, declarando apoio ao que pode barrar a vitória do fascismo, a morte dos mais pobres e a presidência de um homem que um país como o Brasil não merece, em favor de Fernando Haddad, teria enorme efeito psicológico neste momento em que Bolsonaro surfa na onda de uma possível vitória em primeiro turno.

    Marina, como mulher, negra, estaria automaticamente fazendo a defesa de sua própria gente, frase proferida por ela tantas vezes. Ciro, um homem inteligentíssimo, teria a oportunidade de lutar ao lado do que parece ter marcado sua história política: defesa do povo nordestino. Boulos tem a chance agora de trazer à tona, de uma vez por todas, seu espírito de compaixão com os mais pobres, com as lutas diárias do trabalhador que mais sofre.

    Bolsonaro não enfrentou debates, não está nas ruas para debater com o contraditório. Até agora, ele se escondeu dentro de hospitais, por força de um atentado para todos os efeitos muito mal explicado. E que prestou um desserviço para o povo que não teve a chance de ouvi-lo diretamente, declarando sua animosidade pelo sofrimento dos mais pobres.

    A (in)justiça do juiz Sérgio Moro liberou para os urubus da imprensa corporativa a “delação premiada” de Antonio Palocci, ex-petista que está preso há um ano e que desde então se oferece para ajudar a detonar o PT e Lula.

    Debalde.

    Nem o Ministério Público Federal embarcou na infame delação de Palocci. Porque ela não dispõe de um único elemento de prova! Então, fica claro que a liberação da delação de Palocci, por Sérgio Moro, obedeceu apenas ao propósito de “esculachar” o PT. Para pavimentar a vitória de qualquer candidato anti-PT.

    Fernando Haddad está há 15 dias em campanha. Bem  menos do que Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Marina Silva, que já puderam mostrar seus dotes e propostas. Se em vez de Haddad fosse Ciro Gomes o líder anti-Bolsonaro, seria para ele que chamaríamos o voto. Se fosse Boulos, idem. Para Marina, o mesmo. Nós faríamos a defesa daquele candidato democrático que tivesse a chance de lutar e vencer as eleições contra um Bolsonaro.

    Mas é Fernando Haddad que desponta como o primeiro lugar dentre os opositores de Jair Bolsonaro. Nós, Jornalistas Livres, não abdicaremos de nossa responsabilidade histórica.

    É preciso derrotar o “coiso”. É preciso gritar bem alto “#EleNão“.

    É preciso impedir o agravamento do genocídio dos pretos, pobres e favelados… O agravamento dos índices de feminicídios e estupros.

    É preciso conversar com quem está do seu lado, com quem quer tornar o domingo , 7 de outubro, o dia de um voto útil e dizer que precisamos estar vivos no próximo período, precisamos estar juntos e fortes contra tudo aquilo que Bolsonaro representa.

    Por tudo isso, agora é Fernando Haddad, o resto é a divisão entre nós, que a direita tanto ama!

    Depois de derrotado o torturador, o nazista, o Brilhante Ustra, o anti-mulher, anti-gay Bolsonaro, estaremos juntos de novo para cobrar de um Fernando Haddad vencedor as pautas populares, anti-racistas e inclusivas!

    Fernando Haddad e Manuela! Lindos e incríveis! Pro Brasil ser Feliz de Novo!

    E Lula Livre!

     

  • Mulheres pelas lentes das mulheres

    A galeria de imagens do Ato Mulheres Unidas Contra Bolsonaro – #elenao em Campinas (SP) , no último sábado de setembro, através das lentes de 5 fotógrafas que registraram  a manifestação.

    Os olhares  das fotógrafas: Alice Carvalho,  Fabiana Ribeiro, Marina Barbim, Natt Fejfar e Paula Rodrigues retratam o quanto foi gigante o movimento na cidade. Mulheres por mulheres.

    #elenunca#épelavidadasmulheres #fotografecomoumamulher