Jornalistas Livres

Categoria: LGBT

  • Elisa Lucinda: Quero a história do meu nome

    Elisa Lucinda: Quero a história do meu nome

    É Brasil. Há uma esfera civil que os perseguidores da democracia não alcançam. Algo parece estar para acontecer. Estou em Brasília no Simpósio Internacional “Indígena-Negro, da ancestralidade ao futuro”, promovido pelo MPT e a OIT. Estou entre os meus e descubro que minha tribo me perdeu. Quando entraram aqueles parentes cantando, vibrando seus maracás nas mãos ornadas, fiquei tonta: rostos pintados cobertos de simbologia; dos cocares aos adornos de peito, mãos, quadris e pés, o corpo tela. Pigmentos, cores, tudo vindo da natureza sem a ajuda de uma papelaria para pincéis ou tintas. Segue a tonteira, a doidera, a ancestralidade gritando na cabeça. É que a maioria do povo brasileiro conta que teve uma avó pega a laço. Ora, se de um lado somos herdeiros de tais estupros, por outro, somos também filhos de uma força que existe há muito mais de 40 mil anos. E que é sabedora dos poderes da natureza mais do que qualquer um da civilização branca. Começo a chorar. O que dói no meu peito é o vácuo. Nunca conheci minha bisavó Domingas. Como se chamaria originalmente? Só ouvi dizer. Que não gostava de usar calcinha. Teria nome de flor? De pássaro? Quem saberia? Foi pega a laço, roubada de sua aldeia, sua gente, sua família. Seu corpo ficou à disposição de seu caçador. Quem sabe me dizer como se chamava antes de receber o nome Domingas?

    Julio e o filho, Yonã

    O indígena Júlio, dono do cocar mais bonito do simpósio, me apresentou seu menino Yonã e me disse com um sorriso luminoso, banhado de puro Oxóssi: significa “Aquele que caminha sobre as águas”, na língua Xucuru. O outro veio me dizendo o seu nome original, do qual agora não me recordo, e me diz que significa “Barulho que faz o rio que corre à beira dos cajueiros”. Uma outra ainda, linda, pintada de urucum meticulosamente em volta dos olhos, precisa, e absolutamente roots, como se tivesse pulado de um quadro para a realidade, me disse com olhos sorridentes que seu nome era Pekāshaya que significa “Pena linda e verdadeira”. Mas, como não era permitido que indígenas pusessem nomes indígenas nos seus filhos (seria cômico se não fosse trágico) deram-lhe o nome de Edna. Um verdadeiro poema lhe foi tirado para ser nomeada com um nome que não conta a sua história, o seu lugar na sua tribo.

    Depois veio a conversa com os Kalungas, os quilombolas, o povo preto que está no mundo desde os primórdios, o primeiro homem. A mesma história se repete, nomes lindos que em sua tradução ficam parecendo versos: “A que veio para trazer a paz”, “Os olhos de Deus”, “Presente de Oxalá”, “A que traz grande honra”. Veio uma jovem escritora linda me dizendo que seu nome era Semayat, em aramaico, língua etíope, e que quer dizer “Sol ou Céu do meio dia”. Meus olhos se encheram de lágrimas de novo ao saber disso. A hora em que nasci! Me senti órfã também da história do nome africano que me antecedeu.

    Estou aqui entre Guaranis, Kaiowás, Kalungas, Pataxós, Fulniôs, quilombo Buriti do Meio, Terenas, Xukuru, Shanenawas, Bororós, Xoklengs, quilombo Retiro dos Bois de Minas, Kadiweu, Kariri xocó, Quilombo de Mesquita, Tupinambás ha ha hãe, Quilombo João Borges de Uruaçu, Jardim Cascata de Aparecida, Xavantes, BarésMundurucus e quilombo Conceição das Criolas. Estou em casa. Entre memórias. Se a gente tivesse se juntado antes, índios e negros, Crivella não tinha ganhado no Rio, nem o Witzel. Faltou terreiro, faltou maracá. Pouca gente sabe, porque isso nossa história oficial não quer contar, que em Palmares viviam indígenas, pretos refugiados e até brancos legais. Consta que eles já existiam naquela época. Inconformados, Lgbts, os sensíveis em geral, orientados por Xangô, pelo Sol, pela Lua, fundaram ali uma nação justa. O Sol, deus indígena, governa para todos. O Sol é de esquerda já que ilumina sem diferenças de classes, em relação a negros, indígenas e baianos. A união dessas forças sob fundamentos tão comuns é mesmo imbatível. Para o indígena, ele é quem pertence à mata, não é dono dela, por isso é guardião. Ele cresceu brincando de fazer a própria casa com material vindo da natureza: barro, palhas, galhos, troncos, folhas. Não sobrevive sem as coisas que planta ou que caça. Da mesma maneira, um filho de Oxóssi não desmatará pois é ele próprio a mata. Uma filha de Yemanjá não ofende o mar pois é ela o próprio mar. E assim por diante.

    Alguma coisa parece que vai acontecer, uma coisa nova. Sinto os tambores, a força do canto desses dois povos. Ser humano é um ser ambientalista naturalmente. Fomos separados, foram queimados os nossos nomes, fomos pulverizados em navios diferentes para que não nos juntássemos, vivemos numa hora em que essa união se tornou irreversível. Há pouco tempo raramente se via um elenco de maioria negra em cartaz. Agora, pelo menos nas principais cidades brasileiras, o que se vê é uma proliferação imparável do que estão chamando de lugar de fala. Uma ocupação de espaços nunca dantes navegados em grupo. Era sempre um único preto solitário em cada elenco, em cada trincheira. Agora que avançamos e que o sistema de cotas misturou as cartas do jogo, agora quando nós somos a maioria pela primeira vez nas Universidades, não se pode dar mais ré nisso, e podemos dizer que o Brasil está realmente se preparando para ser um novo país. No último dia do simpósio, com saudações aos orixás, à ancestralidade, às sagradas escrituras todas expostas na natureza e nela refundadas, todos tínhamos a impressão de que algumas coisa muito grande estava para acontecer. Não passou um dia e deu bem alto nos jornais virtuais e gerais que Lula estava livre! Eu sabia que alguma coisa ia acontecer.

    Toda dominação branca que nos acostumou a chamá-la de civilização tem muito que aprender com os fundamentos dos que tenta, há anos, dizimar.

    Eu só sei dizer que quanto mais aprendemos com os povos originários, mais acessamos os antídotos para mazelas atuais, mais encontramos explicações para o que somos, de onde viemos, para onde vamos. Apartada e separatista, longe dos princípios amorosos com o planeta, a humanidade civilizada segue batendo cabeça, longe de si e louca por dinheiro, motivo de crimes,roubos e infelicidades.

    Voltei mais nutrida, tomei lição de casa. Não sei se no meu nome indígena corre um rio, nem sei se há no meu nome africano uma estrela do mar, mas caminho na linhagem da ancestralidade e quanto mais pesquiso, quanto mais aprendo sobre o que mataram ou tentaram ocultar, fica mais fácil lembrar.

  • 200 mil mulheres e dissidências debatem realidade possível no 34º Encontro na Argentina

    200 mil mulheres e dissidências debatem realidade possível no 34º Encontro na Argentina

     

    Por Fernanda Paixão, do Coletivo Passarinho, em Buenos Aires

    Com fotos de Vivian Ribeiro e Nuria Alvarez

     

     

    O que não se nomeia, não existe.

    Essa máxima atravessou os debates do 34ª Encontro Nacional de Mulheres, evento anual em que se encontram mulheres e dissidências em uma cidade diferente da Argentina a cada edição. Cerca de 200 mil participantes conformaram o Encontro e habitaram a cidade de La Plata neste último fim de semana, durante os dias 12 a 14 de outubro. E se a questão da linguagem  e a importância de nomear como um ato político foi uma constante nesse Encontro, o desfecho desta 34ª edição pode ser considerado exitoso: a partir de agora, o grito uníssono é por um Encontro Plurinacional de Mulheres, Lésbicas, Trans, Travestis, Bissexuais e Não-Bináries.

     

    O que melhor caracteriza os encontros são a coletividade organizada e afetiva e a participação popular, tanto nas inúmeras atividades e marchas nas ruas e nas praças quanto nas dezenas de grupos de discussão nas universidades e escolas sobre temáticas que interpelam às diversidades. Não é à toa que conta, em grande parte, com cobertura colaborativa: o encontro massivo de mulheres e dissidências de diversas nacionalidades debatendo para construir perspectivas e repensar propostas políticas e combater o patriarcado capitalista heteronormativo parece não ser fato noticioso para as grandes mídias argentinas.

     

     

    Das divergências

     

    Apesar de ser organizado horizontalmente, há uma forte divisão na comissão organizadora entre as que querem manter o nome original, desde sua primeira edição, em 1986, e entre quem segue a campanha “Somos Plurinacional”, que defende a mudança oficial por um nome mais inclusivo e democrático. Dessa forma, estariam nomeadas, devidamente representadas e com suas existências reivindicadas xs migrantes, os povos originários e as dissidências sexuais.

     

    Portanto, um evento tão abrangente em seu conteúdo é permeado por embates partidários e posturas obsoletas que reproduzem as práticas patriarcais que são denunciadas pelas próprias diversidades que participam e compõem os encontros. As grandes divergências que geram os conflitos centrais do Encontro são derivados de uma lógica que a maioria que os conforma quer combater: o conservadorismo, o pensamento colonizador, a opressão do capitalismo e do patriarcado. Em diversos grupos de debate e nos discursos nas praças foi enfatizado categoricamente que o que não se nomeia, não existe. Nomear –ou escolher não nomear– é um ato político.

     

    A cada Encontro fica mais claro que as concepções de “mulher” e “nacional” ficaram no tempo, e não correspondem ao que se dá a cada ano. A comissão organizadora liberou comunicados que deixavam clara a divergência, fincando a bandeira do “Encontro Nacional de Mulheres” como um “nome histórico” referente ao evento. A campanha Somos Plurinacional defende, por sua vez, que a ideia de “nacional” exclui xs migrantes e povos originários e a palavra “mulher” reforça o binarismo patriarcal que não dá conta das diversidades que conformam o encontro. Ainda assim, há um segundo nível de debate, já que os povos originários não seguem a ideia de Estado e, portanto, não se veem unanimemente representados no termo “nação” e, por outro lado, as chamadas dissidências também rechaçam a invisibilização de sua autenticidade ao serem agrupados em um termo tão abrangente e que acaba se esvaziando.

     

     

    Xs silenciadxs tomam a palavra

     

    Muito ainda há que se debater. Nesse aspecto, o Encontro é um espaço extremamente fértil: foram 114 grupos de discussão com temáticas urgentes, essenciais para construir novas maneiras de pensar, de descolonizar os corpos e as mentes, de relacionar-se unxs com xs outrxs a partir de um lugar novo. Em 2019 deu-se o primeiro grupo temático sobre pessoas não-binárias que, como muitos outros, teve que de desdobrar em dois, três ou quatro salas. Nos encontros também é onde se percebe a demanda que existe por certos temas. Na abertura do segundo dia de discussão, x mediadorx abriu a sessão esclarecendo a importância da mudança oficial do nome do Encontro, porque “o que não se nomeia, não existe”, e que ficava determinado uso da linguagem inclusiva em todo o âmbito da discussão. “Se alguém errar, tudo bem, estamos em desconstrução. É só se corrigir e seguir”, pontuou.

     

    A palavra tem peso e um enorme valor nesse contexto de encontro. Todxs estão em desconstrução e em constante reflexão ao mesmo tempo que promovendo mudanças sociais, seja em um âmbito macro ou micro. A palavra é política, o pessoal é político. Os relatos pessoais compartilhados, gatilhos de lágrimas, sorrisos de cumplicidade e abraços de contenção e por identificação se unem aos questionamentos de falta de representatividade institucional, de amparo legal, de políticas públicas, de direitos sobre o próprio corpo e poder de decisão.

     

    No ato político de tomar a palavra e reivindicar existências, há um movimento de descolonização do pensamento também em relação às próprias formas de relacionar-se afetivamente. Os grupos de discussão desta temática se desdobraram em pelo menos seis grupos, em salas lotadas. Predominaram reflexões sobre formatos de relacionamento, sobre o próprio desejo, o autoconhecimento, sem as amarras e etiquetas sociais, vinculados à responsabilidade afetiva.

     

    Através da fala e da escuta, em um grande e coletivo processo de empatia e compartilhamento, se constroem sentidos e se geram novos pontos de vista. Em um depoimento emocionado no grupo de não-bináries, umx jovem profundamente tocadx por ter em volta a tantas outras pessoas com quem se podia identificar, enfatizou: “Só conheço a uma pessoa não-binária, e na minha cidade é muito difícil, são muito conservadores. Criem laços de confiança, se apoiem, conversem com essas pessoas. É muito importante.”

     

     

    Apesar dos desencontros

     

    Superando as censuras e os inúmeros problemas logísticos do evento  em La Plata, entre dias de chuva e frio, a atmosfera de encontro e coletividade encheu as ruas. Nesses dias de encontro, predomina a realidade de uma vida possível, as ruas repletas de cânticos no lugar do medo, com debates construtivos e a potente vontade de construir um mundo igualitário.

     

    No sábado, primeiro dia do 34º Encontro, a abertura dos grupos de discussão foi seguida de uma marcha contra os travesticídios, que já expressava a notável quantidade de participantes reunidxs para esta edição. Diversas atividades culturais fecharam a primeira noite e, no domingo, deu-se continuidade aos grupos de discussão para, depois, fechar as conclusões que seriam lidas no palco do Estádio Ciudad, no dia seguinte. A tarde de domingo foi reflexo do poder da coletividade, em rádios abertas, apresentações artísticas e assembleias nas praças, banhadas pela luz do sol inesperado em um fim de semana inteiro previsto com chuvas torrenciais.

     

    O Encontro foi, e continua sendo, um grande transformador da história do movimento feminista argentino há 34 anos, com poucas iniciativas comparáveis em outros territórios. Dele, nasceu a campanha pelo Aborto Legal, Seguro e Gratuito, de grandes proporções e visibilidade internacional – que quase culminou na aprovação da lei no ano passado, em 2018.

     

    O desfecho foi igualmente uma mistura de tensão e comemoração. Os portões abriram uma hora mais tarde, o que provocou um alvoroço de uma multidão correndo para ocupar o espaço de audiência do estádio. Os agrupamentos políticos levavam enormes bandeiras e lutavam por posicionar-se o mais próximo possível do palco. A confusão resultou em pessoas machucadas, algumas caíram com os empurrões, e, outra vez, um clima anti-sororidade contradisse o propósito do Encontro.

     

    Mas o ponto alto do conflito no evento de fechamento foi a tentativa de impedir o inevitável: o grito em uníssono pela mudança oficial do nome do evento. O público cantava em coro, enquanto integrantes da campanha Somos Plurinacional eram impedidas de falar a respeito no microfone do palco, dedicado, naquele momento, à leitura das conclusões de cada grupo de discussão.

     

    Ao passarem com dificuldade por uma barreira de algumas integrantes da comissão organizadora contrárias à mudança do nome, as jornalistas Claudia Vasquez Haro, professora e militante trans, e Zulema Enríquez, quechua  e também docente, anunciaram o caráter inclusivo do evento e a mudança do nome, apoiadas por uma multidão que não deixava de soar o cântico “plurinacional e com as dissidências”. Por aplausômetro, ficou decidido que o encontro era plurinacional e das dissidências, da mesma forma que assim se decidiu a próxima sede do Encontro: na província de San Luis.

     

    “Estamos muito felizes de poder abarcar todos os corpos que habitam esse espaço”, disse Claudia, em entrevista após o anúncio do novo nome. “Isso mostra que temos um feminismo potente, que reúne todas as diversidades, a pluriculturalidade e expressões de forma horizontal. Todas as particularidades que temos, de diferentes mulheres, feminidades e corpos dissidentes, faz o movimento feminista na Argentina ser o mais potente da região latino-americana e caribenha. Estamos felizes que essas questões foram discutidas em todos os grupos de debate, pelas redes sociais, na mídia, e que esse 34º Encontro termina sendo plurinacional.” No palco, Zulema enfatizou: “O feminismo não é mais branco e europeizado, os feminismos são favelados, indígenas, comunitários, trans e travestis, são afro, são do povo.”

     

    A mensagem final deste encontro pode ser lida como um chamado a seguir discutindo, questionando e transformando, até encontrar palavras que correspondam, para dar sentido e linguagem ao movimento das bases e dos pensamentos que, na prática, já está acontecendo. A linguagem é construção e um preciso reflexo da nossa expressão.

     

  • Um arco-íris de gente à beira-mar em resposta aos ataques homofóbicos

    Um arco-íris de gente à beira-mar em resposta aos ataques homofóbicos

    Os ataques homofóbicos à liberdade de expressão e à diversidade de gênero pelo presidente, ministros e governador do Rio de Janeiro parecem ter despertado ainda mais a disposição de ir às ruas em defesa do direito de cada um ser o que é. A 13ª edição da Parada do Orgulho LGBTI+ de Florianópolis levou mais de 50 mil pessoas a ocuparem a Beira-mar Continental neste domingo (8) de sol e vento sul gelado. Das 11h às 21h, a avenida foi interditada para receber uma multidão colorida de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, homens, mulheres, crianças, famílias. Elas marcharam, dançaram, cantaram e gritaram palavras de ordem contra a intolerância e o estado teocrático que quer normatizar a identidade heterossexual e reprimir as múltiplas subjetividades.
    Pelo quarto ano consecutivo, a Parada LGBTI de Florianópolis ocorre na Beira Mar do Estreito, tendo à frente de sua coordenação o Movimento Social Organizado de Florianópolis. Na avaliação da suplente de vereadora Carla Ayres, do mandato popular do PT na Câmara de Vereados, o protesto e a consciência política marcaram o evento, que neste momento de luta contra o retrocesso ético, moral e político do país, definitivamente mostrou ser muito mais do que uma mera catarse ou entretenimento:
    Foto: Vagner Gomes Siqueira (GAPA/Floripa)

    “Este ano talvez tenha sido a edição mais política da história das paradas em Florianópolis, não só pelos discursos, mas especialmente pelo mar colorido de corpos afirmativos de nossa existência e resistência ao momento de graves ameaças aos direitos e à vida da população LGBT. Foi um ato extremamente politizado, em que organizações da sociedade civil e os próprios artistas que se apresentaram e se posicionaram recorrentemente contra as retiradas de direitos, contra os desmontes sociais do atual governo federal e em defesa dos nossos direitos.”

     

    Como grande aliada das minorias, a força feminista das mulheres também marcou presença. Um cordão delas aninhou-se embaixo da bandeira gigante da diversidade, com as cores do arco-íris. Tendo à frente Ana Bezerra, Elenira Vilela, Juliana Lima, Íris Gonçalves, Elaine Sallas entre outras integrantes do 8M Florianópolis, as feministas lançaram a Greve Internacional das Mulheres, convocando para a preparação do 8 de março de 2020. Também lembraram a grande mártir Marielle Franco, vítima das milícias governistas, com o estandarte que trazia o seu grito: “Quantas mais tem que morrer pra esta guerra acabar?”

    A concentração começou às 11 horas, na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, onde a bateria da Consulado do Samba, escola campeã do Carnaval 2019, fez a abertura. O trio elétrico orquestrou a festa, puxado por Selma Light, uma drag queen de Floripa com fama nacional, ao lado de Suzy Brasil e do DJ Paulo Pringles, também referências nacionais no mundo LGBTQI. Foi uma surpresa o momento em que a subiu no carro do trio elétrico a ex-chacrete, cantora, atriz e dançarina Rita Cadillac, que continua carismática para o público. E uma emoção quando dois casais, as lésbicas Vitorí e Maria, e os homossexuais André e Adriano, celebraram sua cerimônia de casamento em cima do caminhão de som.

    Às 16h30, acompanhado a pé pelo cordão gigante do arco-íris humano, o trio se deslocou até o palco principal do evento, no final da Beira-Mar Continental, para levantar e alegrar a multidão com as atrações musicais de Aretuza Lovi e Dan Murata, ícones da performance da diversidade. Também se apresentaram os influencers Mandy Candy (@mandycandyreal), Júlia & Flávia (@fripolter) e Biga Kalahare (@bigakalahare),

     

    Foto do G1 de Paulo Mueller (NSCTV) por si só desmente o próprio veículo

    Embora a Polícia Militar tenha calculado o número de participantes em 10 mil pessoas, número que foi reproduzido nos jornais comerciais, as imagens da manifestação desmente essa estimativa. A própria foto publicada pelo G1, por exemplo, mostra que os números dos organizadores são muito mais próximos da realidade. Carla Ayres, que faz parte do Acontece – arte e política LGBTI (uma das entidades organizadoras da Parada) e a presidente da Comissão dos Direitos LGBTI+ da OAB-SC, Margareth Hernández, calculam a participação entre 50 e 70 mil pessoas.

    Por diversas vezes, artistas, públicos e coordenadores fizeram referência aos 50 anos da Revolta de Stonewall, confronto entre a polícia e homossexuais nos Estados Unidos, que é um marco na resistência e luta por igualdade e marca o lema das paradas deste ano em todo o país. Fica o depoimento de Toninho Fernandes:

    “Santa Catarina virou bunker de Nazifascistas… A intolerância levando à ignorância, mãe de tudo que é de pior na humanidade… O bom é que todos os (des)governos passam este passará muito rápido porque não chegará ao fim de mandato! Crivellas, Witzels, Bolsonaros irão embora do Brasil e espero que seus seguidores também…”

     

     

    Edição de Emílio Rodrigues / Jornalistas Livres, com vídeo de Vagner Gomes Siqueira (GAPA/Florianópolis) e fotos do 8M Florianópolis e organização do evento

    Guia Gay Floripa
    País é um dos que mais fazem marchas arco-íris no mundo! Aqui estão todas, grandes, pequenas, de norte a sul
  • #13ACuiabá – Mato Grosso na luta pela educação

    #13ACuiabá – Mato Grosso na luta pela educação

    Sete meses e meio de governo de extrema-direta já deixaram mais do clara a guerra aberta contra a educação, a ciência e todos os direitos duramente conquistados por anos pela classe trabalhadora. A miséria voltou, a recessão bate à porta e o presidente que venceu as eleições com fake news e o processo ilegal contra Lula não tem nenhuma proposta para o desemprego, a retomada econômica e a redução das desigualdades sociais. Entre escatologias e nepotismo, lança o Fu(a)ture-se, um projeto de privatização do ensino superior com rendição da autonomia universitária (e financeira) em favor de Organizações Sociais e Comitê Gestor que sequer existem ainda e com regras a serem definidas. Por isso, movimentos sociais, estudantes e comunidade acadêmica voltaram às ruas nesse 13 de agosto de 2019 no 3º #TsunamiDaEducação. Segundo balanço da União Nacional dos Estudantes, mais de um milhão e meio de pessoas protestaram em pelo menos 205 cidades de norte a sul. Uma delas foi Cuiabá, capital de Mato Grosso.

    foto: www.mediaquatro.com

    Enquanto os colegiados da Universidade Federal de Mato Grosso ainda se reúnem para uma posição conjunta oficial, que deve ser tomada até a próxima quinta 15 de agosto, Diretórios Acadêmicos e Departamentos de diversos cursos já decidiram refutar o Future-se. Instituições de Ensino Superior públicas federais por todo país, como a UFRJ e a UFMG, também escolheram rejeitar o projeto. A UNE e centenas de outras entidades, como a ADUFMAT – Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso, idem. Mesmo cansados de uma longa greve de quase 80 dias encerrada dia ontem, a maior da categoria, os professores estaduais organizados no SINTEP/MT – Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, tomaram novamente as bandeiras para pisar o asfalto e exigir nenhum direito a menos.

    Lélica Lacerda / ADUFMAT, Edna Sampaio / UNEMAT, RUA Juventude Anticapitalista- www.mediaquatro.com –

    Mulheres, negros, quilombolas, indígenas, LGBTs… Gente de todo jeito, de toda cor, marcharam, se abraçaram, gritaram palavras de ordem e avisaram em alto e bom som que esse governo vai cair. Ninguém vai voltar para o armário, para a senzala, para a falta de esperança no futuro. Ninguém vai desistir de garantir e ampliar os espaços de inclusão e diversidade conquistados com muita luta, suor e sangue. O ensino TEM de ser público, gratuito, universal e laico. O governo precisa garantir o acesso, a permanência e, na saída, a igualdade de condições no mercado de trabalho e a plena cidadania. Estamos nas ruas e das ruas não sairemos!

  • Projeto prevê placas educativas no comércio contra LGBTfobia no RN

    Projeto prevê placas educativas no comércio contra LGBTfobia no RN

    Por Pedro Torres I Agência Saiba Mais 

    O deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL) apresentou à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte projeto de lei que prevê a fixação de placas informativas em estabelecimentos para promover conscientização sobre a lei estadual 036/2007. A lei proíbe e pune atos discriminatórios em virtude da orientação sexual e identidade de gênero em ambientes públicos e privados do estado.

    Segundo o texto, os cartazes devem ser postos em locais visíveis, de preferência na área destinada à entrada em estabelecimentos e repartições públicas. O projeto estabelece, ainda, um padrão de texto informativo contendo a indicação da lei de 2007, do então deputado Fernando Mineiro (PT), até hoje não regulamentada pelo Governo do Estado, e o seguinte texto: “Discriminação por orientação sexual e identidade de gênero é ilegal e acarreta multa”. 

    “O Projeto de Lei é acima de tudo educativo, pois no Rio Grande do Norte já temos lei para coibir a LGBTfobia“, afirmou Sandro Pimentel. “O que estamos fazendo é dar publicidade para a lei já existente, interferindo diretamente num ciclo insistente de violência LGBTfóbica que insiste em se perpetuar no RN e no Brasil”, completa.

    Num país que somente em 2019, de janeiro a maio, já registrou 141 mortes de LGBTs, de acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, projetos de lei como esses buscam promover conscientização sobre os mecanismos legislativos existentes no Estado que asseguram direitos fundamentais e a liberdade de orientação sexual e identidade de gênero.

    Modelo de placa sugerida no projeto de lei do deputado estadual Sandro Pimentel (PSOL)

    Na justificativa, o deputado esclarece que o texto da lei de 2007 é ainda desconhecido por grande parte dos potiguares, que desconhecem sobre esse direito e dever. A importância possibilita o reconhecimento do direito das pessoas LGBTs e assegura a existência de um dispositivo legal que combate qualquer ato de preconceito e discriminação.

    projeto segue para Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, onde deve ser apreciado em breve.

  • Confira a programação da semana da Parada LGBT em SP

    Confira a programação da semana da Parada LGBT em SP

    por Redação Spbancarios

    Durante esta semana, as ruas da capital paulista estarão respirando diversidade. Até domingo (23), dia da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, dezenas de eventos, em todas as regiões da cidade, estarão trazendo para o debate a importância do combate à homofobia, transfobia e todo tipo de preconceito baseado em identidade de gênero e orientação sexual.

    Confira os principais eventos e programe-se!

    20/06 – Cãominhada da Diversidade

    Os LGBT e quem é amigo da diversidade estão convidados a levar seus animais de estimação para uma caminhada pelo centro da cidade. Além da caminhada, haverá sorteios e outra atividades culturais. A inscrição é gratuita, e é recomendado doar 1kg de ração.

    Onde: Praça da República

    Horário: 10h às 15h30

    20/06 – Feira Cultural LGBT

    Conhecida como Feirinha da Parada, o evento ocupa a Praça da República com tendas vendendo produtos como roupas, acessórios, livros, calçados, arte, decoração, entre outros. Haverá um espaço para alimentação e para as entidades.

    Onde: Praça da República

    Horário: 10h às 22h

    20/06 – Bate-papo sobre literatura LGBT

    Durante a feirinha, acontece um tradicional bate-papo entre autores e autoras LGBT sobre suas obras e os temas ligados à diversidade. Na ocasiaão, eles estarão vendendo e autografando seus livros.

    Onde: Praça da República

    Horário: 10h às 22h

    21/06 – Marcha do Orgulho Trans

    Dedicada a discutir a pauta de homens e mulheres transexuais e intersexuais, a marcha é um espaço para visibilizar um dos grupos que ainda tem menos visibilidade no debate da diversidade. Ela parte do Largo do Arouche, na região central da cidade. A concentração é a partir das 12h.

    Onde: Largo do Arouche – República

    Horário: 12h às 21h

    21/06 –  Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+

    Homenagem da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo a pessoas físicas ou jurídicas que promoveram avanções em prol da comunidade LGBT+ no último ano.

    Onde: Audio (Av. Francisco Matarazzo, 694)

    Horário: 19h às 20h30

    22/06 – Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais

    Com o tema “A política do ódio não nos representa: mulheres lésbicas e bis, trans e cis, na mesma luta pela vida e por liberdade”, a tradicional caminhada parte do MASP, na Avenida Paulista, até a Praça da República, onde haverá shows de bandas e artistas mulheres lésbicas e bissexuais.

    Onde: MASP

    Horário: 14h às 21h

    23/06 – Parada LGBT de SP 2019

    O tema deste ano, 50 anos de Stonewall – Nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT+, tem como inspiração a Rebelião de Stonewall, que aconteceu em Nova York há 50 anos, um marco de luta e visibilidade da comunidade LGBT+. A concentração ocorrerá na Av. Paulista, em frente ao MASP, a partir das 10h e com saída programada para as 13h30.

    Onde: Avenida Paulista (concentração no vão do MASP)

    Horário: 10h às 18h

    Foto: Agência Brasil