Jornalistas Livres

Categoria: fotografia

  • Fotografia contra a barbárie

    Fotografia contra a barbárie

    A exemplo de seus companheiros e companheiras de São Paulo, Rio de Janeiro e, certamente de outros estados, os(as) repórteres fotográficos(as) de Minas também estão organizados em torno da luta pela democracia neste momento difícil em que passa o país, às vésperas de uma eleição presidencial. Na noite desta quinta-feira, 25, a categoria esteve reunida durante ato no Sindicato dos Jornalistas, em Belo Horizonte, onde a conjuntura política foi colocada em debate e várias atividades foram realizadas durante o evento Fotógrafxs Pela Democracia.
    Em sua abertura, a repórter fotográfica dos Jornalistas Livres, Isis Medeiros, uma das organizadoras do evento, falou sobre os esforços colocados em prática para que a iniciativa se concretizasse, seguindo a trilha aberta pelos profissionais da fotografia de São Paulo e Rio de Janeiro. Em seguida, o diretor da Casa do Jornalista, Mauro Werkema, falou um pouco sobre a história da entidade que abrigou o evento e sua luta em favor da democracia ao longo das últimas décadas, inclusive e sobretudo durante a ditadura, destacando que a Casa sempre esteve ao lado e aberta àqueles que estão na luta de resistência contra a repressão, o arbítrio e o fascismo.
    Já o repórter fotográfico Fernando Rabelo falou sobre a importância do acervo fotográfico familiar como registro da história, abordando os dramas vividos pela sua família desde a infância, quando viu seu pai, o jornalista José Maria Rabelo, diretor do extinto jornal “Binômio”, ser perseguido pela ditadura militar após o golpe de 1964, o que o obrigou a se exilar na Bolívia, Chile e França ao lado da mulher e filhos. Fernando mostrou várias fotos suas e de seus familiares durante o exílio e destacou a importância de se lutar, hoje, contra o fascismo.
    Em seguida, a repórter fotográfica Madu falou sobre o medo durante os dias de ditadura, quando presenciou a invasão policial do antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) no bairro Santo Antônio, onde estudantes em fuga eram abrigados por professores e colegas do Colégio de Aplicação, vizinho ao prédio da Fafich. “Por isso é importante estarmos unidos neste momento, para que não tenhamos de volta aqueles tristes dias de repressão política”, disse.
    Durante o evento foram ainda apresentados vídeos de dezenas de repórteres fotográficos(as) da Argentina, Chile, Colômbia, Portugal, e também de diversas regiões do Brasil, manifestando sua solidariedade aos colegas e ao povo brasileiro. As mensagens mostravam a importância e necessidade da luta pela democracia, contra a violência, o fascismo e o retrocesso político e social. Na ocasião, o radialista comunitário, Élder Pacheco, lembrou que justamente no dia 25 de outubro de 1975, portanto, há 43 anos, foi assassinado sob tortura o jornalista Vladimir Herzog no Doi-Codi, em São Paulo.
    Por fim, o evento terminou com a leitura do manifesto em defesa da democracia divulgado pelos(as) repórteres fotográficos(as) paulistas, que hoje conta com milhares de assinaturas de apoio em todo o país.
  • #HaddadeManuSim: eleitorado pró-Haddad se fortalece a poucos dias do segundo turno

    #HaddadeManuSim: eleitorado pró-Haddad se fortalece a poucos dias do segundo turno

    por Isabela Abalen e Milena Geovana, especial para os Jornalistas Livres

     

    Bruna Sampaio durante o ato Haddad e Manu Sim na Praça da Estação, Belo Horizonte. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    “Por um futuro melhor que a gente acredita e luta há muito tempo. E é isso: uma eterna resistência que a gente está fazendo, porque o cenário é de muito ódio, e não é isso que queremos para o futuro de nossas crianças.” Contou a cientista social, Bruna Sampaio, que está grávida de um menino e já tem outra criança em casa. Ela tem certeza do seu voto, que vai em apoio ao presidenciável do PT nesta corrida ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad. Para Bruna, a vitória do candidato à frente no segundo turno, Jair Bolsonaro, do PSL, ainda não está dada: “A gente sabe quem está do lado do povo e quem não está, é por isso que a gente segue acreditando”, concluiu.

     

    O próximo domingo (28) está marcado na agenda. Cerca de 147 milhões de eleitores vão às urnas para decidir quem será o novo presidente do Brasil, como a nova ou o novo vice presidente. Dentre tantas movimentações, o último sábado (20) foi data de atos culturais em todo o país para promoção do candidato Fernando Haddad, do PT, junto à sua vice, Manuela D’Ávila, do PCdoB. A equipe dos Jornalistas Livres de Minas Gerais esteve presente na manifestação cultural de Belo Horizonte, que aconteceu no centro da capital mineira e contou com apresentação de 42 blocos de carnaval protagonizados por mulheres, para conversar com algumas das que saíram de casa a fim de fortalecer o grito #HaddadeManuSim. A advogada Jerusa Furbino foi uma delas. Ela que não veio sozinha, trouxe a filha mais nova, Lívia, de oito anos, e a amiga Marry, com suas duas filhas.

     

    Jerusa fez uma comparação entre os dois presidenciáveis que concorrem o segundo turno para justificar sua escolha. “Como advogada, eu entendo que nós temos que defender o estado democrático de direito, e não deixar essa ameaça de um candidato que quer governar somente para a maioria acontecer. Um candidato que diz que quer eliminar uma minoria é abominável nos dias de hoje”, disse, fazendo menção ao discurso de Jair Bolsonaro durante campanha em Campina Grande, Paraíba, em fevereiro do ano passado. “Nós temos que ter um presidente que pense na educação, que pense no futuro do país, que pense nas minorias e que trabalhe em prol dessas minorias, porque elas têm o direito igual ao de todos”.

    Jerusa Furbino, de chapéu branco, com sua filha, Lívia, à frente, e a amiga com suas filhas ao lado. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres
    Liliana Cunha balançou bandeira pró-Haddad e Manuela D’Ávila em Belo Horizonte. Crédito: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    Quem não pôde levar a filha, mas a trouxe em motivação, foi a psicóloga Liliana Cunha. Liliana contou ter uma filha homossexual e se preocupar em como ela será tratada pela próxima gestão presidencial. “Eu luto muito por ela. Eu não quero ver a minha filha sofrendo, então eu luto pela minha filha e pelas filhas e filhos de outras mulheres, porque é isso que eu quero: um Brasil de amor”, disse.

     

    Em um ato erguido pelas mulheres, que somam cerca de 50% de rejeição à Bolsonaro segundo o último levantamento Datafolha por distinção por sexo, de 4 de outubro, movimentos da luta da mulher marcaram presença. A Marcha Mundial das Mulheres foi um deles. Também, o Movimento de Mulheres Olga Benário compareceu. Indira Xavier, Coordenadora da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, e do Movimento Olga Benário, estava de roxo, a cor da luta feminina. “[estamos aqui] Para dizer que nós temos memória, temos história, e que somos contra a ditadura militar e contra o retrocesso em nosso país. Nós sabemos que a violência,  seja ela qual for, ataca sobretudo as mulheres, e temos visto que o aumento dessa violência vêm crescendo exponencialmente em nosso país”.

     

    Indira Xavier usando seus adesivos em campanha ao candidato Haddad. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    Apesar de serem maioria presente no ato do dia 20, as mulheres não foram as únicas que saíram de casa no fim de semana para declarar o apoio aos candidatos da coligação “Brasil Feliz De Novo”, o que engrandeceu ainda mais o ato. Como destacou a estudante Luanna Costa: “Estou gostando muito dessa manifestação há uma semana do segundo turno das eleições, porque tem uma representatividade muito grande de mulheres, negros e homessexuais.” O respeito a diversidade é uma pauta que foi bastante destacada pelos manifestantes, que contaram não sentir o mesmo vindo dos discursos do presidenciável Jair Bolsonaro.

     

    Para a psicóloga e psicanalista,  Renata Cristina Belarmino, fica bem claro a importância de todas as manifestações que ocorreram durante o período eleitoral para defender a diversidade e lutar por mais igualdade. De início, tímida, acabou nos soltando um discurso: “Eu trabalho na área da saúde mental, milito nela, pela democracia, pela liberdade, pela vida e pela justiça. Acho que esse movimento transfere para a gente a representação do sujeito que luta. É um movimento que ultrapassa a barreira política, não é pela bandeira, mas sim pelo significado do sujeito, que se impõe contra tudo o que a gente está aqui lutando hoje. Um sujeito que é toda a representação do machismo, do racismo, da homofobia e de tantas outras ‘bias’ da vida que nos impedem de avançar.  Seja em qualquer magnitude dessa manifestação, o povo brasileiro se colocou porque ele teve que se colocar. E esse agrupamento hoje traz a simbologia do eu e do todo, que não olha só para si.

     

    Luanna Costa levou seu livro “Ele Está de Volta”, do escritor alemão, Timur Vermes, ao ato cultural Haddad e Manu Sim. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres

    Eu não preciso ser negra para me implicar na militância negra, eu não preciso ser lésbica para me implicar na militância LGBT, eu não preciso ser nada para me implicar em qualquer militância. Eu preciso ser ser-humano para me implicar com a militância da vida.”

     

    E a psicóloga finalizou: “Então eu penso que no primeiro ato que a gente fez, tínhamos sim um caráter de construção política de levantar bandeiras, de ter foco no lugar que a gente queria chegar, um caráter de quem a gente vai derrotar, quem é o nosso inimigo. Mas neste momento a gente traz um olhar mais para quem é você, olha para o que você é e o que quer representar neste dia 28.  Por isso tá lindo o movimento, não é apenas um número, é a energia que passa.” Renata também participou do ato do dia 29 de setembro, chamado de “Mulheres Contra Bolsonaro”. 

     

    A mobilização do último fim de semana levou mais uma vez pessoas às ruas, essas que nos contaram acreditar no voto consciente, que, segundo elas, zela por todas as minorias e pode eleger um candidato que respeite essa diversidade e mudar o país. A poucos dias do segundo turno, apoiadores se movimentam acreditando em uma virada na corrida eleitoral. Amanhã (24), Fernando Haddad faz campanha em Belo Horizonte, às 10 horas da manhã, na Rua da Bahia, ao lado do Museu Inimá de Paula. Acompanhe toda a semana de mobilização pró-Haddad e Manuela D’Ávila na cidade clicando neste link.

     

    A psicóloga e psicanalista, Renata Belarmino, ao meio, com suas amigas que a acompanharam na manifestação. Créditos: Isabela Abalen / Jornalistas Livres
  • Mulheres pelas lentes das mulheres

    A galeria de imagens do Ato Mulheres Unidas Contra Bolsonaro – #elenao em Campinas (SP) , no último sábado de setembro, através das lentes de 5 fotógrafas que registraram  a manifestação.

    Os olhares  das fotógrafas: Alice Carvalho,  Fabiana Ribeiro, Marina Barbim, Natt Fejfar e Paula Rodrigues retratam o quanto foi gigante o movimento na cidade. Mulheres por mulheres.

    #elenunca#épelavidadasmulheres #fotografecomoumamulher

     

     

  • Cinema no Sertão dos Gerais – O CineBaru

    Cinema no Sertão dos Gerais – O CineBaru

    Por Guidyon Augusto, para os Jornalistas Livres

     

    O Projeto que é produzido pelo Coletivo Ecos do Caminho, juntamente com parceiros regionais, propõe uma ampla programação de curtas, oficinas e atividades abertas ao público em geral. Na 2ª edição, o projeto lança um manifesto amplo, assim como três estruturas de programação audiovisual: Mostra Competitiva Regional (para curtas-metragens dos estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e do Distrito Federal), Mostra Sertão (longas escolhidos e convidados pela curadoria), Mostra Sertãozin (programação infantil para as crianças das escolas da região).

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    “Cinema e Ser-tão. Sonhar e ser no sertão. Descobrir(-se) (n)as histórias contadas, aprendendo com os mais velhos, com as crianças, com as tradições.

    A busca pela inteireza da sabedoria da terra, a troca de afetos e a ancestralidade, através do singelo olhar das guardiãs e guardiões sertanejos.

    Potencializar a beleza das vivências e, por meio do cinema e do diverso, expressar gratidão aos parentes geraizeiros.”

     

    (trecho extraído do Manifesto CineBaru 2018)

     

    Tal como na primeira edição, em 2017, o festival integrará uma programação de oficinas, vivências, música e atividades voltadas ao público infantil, totalmente abertas para a comunidade.

    O projeto pauta um olhar para o chamado “território baiangoneiro” (da tríplice fronteira entre os Estados de MG, BA, GO, integrando juntamente o DF), assim como para os territórios que integram o  Mosaico Sertão Vereas – Peruaçu.  A Mostra se propõe a construir um espaço de atividades amplamente alinhado aos contextos socioculturais do Território com o qual se conecta, tendo em mente o incentivo de propostas oriundas do entorno da Vila de Sagarana, dialogando intimamente com as raízes e anseios de participações regionais.

     

    Clement Villien

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Os chamados para inscrição dos curtas e propostas de vivências autogestionadas estão abertos!

    Você pode conferir o Chamado de Curtas acessando o link: https://goo.gl/LffLFz

    As inscrições de propostas de vivências/oficinas possuem um Edital específico que pode ser conferido no link: https://goo.gl/KgRCK3

    O CineBaru não conta ainda com incentivo de editais públicos nem patrocínio privado. A produção lançou uma campanha de financiamento coletivo .

    Para ler o Manifesto completo, é só clicar AQUI.

     

    Todas as novidades estão no facebook, no instagram e no blog, onde você pode conferir como foi a primeira edição do Projeto.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Hoje (13/08) o operário da fotografia, João Zinclar, completaria 62 anos

    Hoje (13/08) o operário da fotografia, João Zinclar, completaria 62 anos

    “Mudar o mundo eu acho que é uma tarefa muito maior do que a fotografia. Mudar o mundo é ter milhões de pessoas na rua em movimentos contra os opressores, contra as ditaduras, é isso que muda o mundo. E a fotografia, se ela quiser cumprir esse papel, tem que andar com esses movimentos, colocando realidades objetivas e subjetivas, porque não existe verdade absoluta.” João Zinclar, em “Caçadores de Alma”, de Silvio Tendler.

    João Zinclar é sem dúvida alguma um dos grandes fotógrafos contemporâneos  da narrativa da história recente movimentos sociais latino-americanos.

    O fotógrafo que faleceu em 2013 foi militante nos campos do sindicalismo, cultura popular, direitos humanos e das lutas por moradia, terra e democratização da comunicação. Participando ativamente dos movimentos sociais e suas lutas nos últimos 24 anos.

    O seu trabalho extrapola classificações convencionais, principalmente as imagens que retratam olhares, se reconhece nitidamente o olhar humano através das suas lentes.

    É importante reconhecê-lo em seu papel como narrador das imagens do povo e das pelejas desse povo  dentro da construção da democracia e direitos humanos.

    O livro fotográfico autoral “O Rio São Francisco e as Águas no Sertão”, lançado em 2009, é sua obra mais conhecida e traz o registro da cultura do povo ribeirinho e sua luta em defesa do rio. O livro é resultado dos cinco anos em que Zinclar percorreu as margens do Rio São Francisco em oito estados.

    O legado de João Zinclar

    O acervo, a partir da morte do fotógrafo, passou  a ser de propriedade da sua filha; Victória Ferraro Lima Silva.  Ela em conjunto com um grupo de militantes das áreas de memória e cultura visual vem dando sequência as ações de organização, preservação e difusão do Acervo. Composto de 53.849 negativos flexíveis, cerca de 180 mil imagens digitais, além de dezenas de publicações impressas. O acervo abarca documentos iconográficos da luta de classes na história política brasileira entre 1994 e 2013, com destaque para as lutas dos movimentos de trabalhadores e trabalhadoras no campo e nas cidades.

    O Grupo Gestor do Acervo, em parceria com o cineasta Carlos Pronzatto está desenvolvendo o projeto de documentário Trajetória militante do fotógrafo João Zinclar.

    O foco da pesquisa não é apenas a trajetória individual, mas sim o que essa trajetória carrega da atuação dos agentes políticos coletivos da classe trabalhadora enquanto sujeitos conscientes da produção de sua imagem.n

    Também visa problematizar a atuação de organizações da classe trabalhadora brasileira na condição de autoras de suas imagens fotográficas, em especial no período  como Ciclo de Governos Progressistas dos países latino-americanos.  É esse o recorte histórico dos processos de luta por emancipação latino-americana em que o documentário de situa.

    A historiadora  Sônia Fardin, integrante o Grupo Gestor  do Acervo Zinclar, fala da importância do legado de Zinclar. “ As imagens do Acervo João Zinclar são parte da ação de um trabalhador inserido nas lutas sociais, que soube identificar as transformações na cultura visual e sua importância na luta política.

    São imagens que registram inquietações sobre sonhos, frustrações, vitórias, projetos, desejos, contradições com as quais a vida, a luta, a militância e a memória se fazem.

    São imagens que esgarçam as fronteiras entre criação e documentação jornalística, que registram inquietações sobre sonhos, frustrações, vitórias, projetos, desejos, contradições e as impermanências com as quais a vida, a luta, a militância e a memória se fazem.”

    A documentação fotográfica das lutas de entidades e movimentos sociais de resistência da classe trabalhadora foi uma das militâncias de Zinclar que reconhecia a importância  dos registros  das lutas populares sob a ótica de quem vive o movimento por dentro. Victória Ferraro Lima Silva , filha do fotógrafo,  proprietária e integrante  do grupo gestor do acervo do pai  relata.

    “A fotografia para o meu pai não era apenas uma arte, era uma forma de contribuir para a mudança de sociedade. A necessidade de preservar o momento, de contar uma história a partir da imagem, de registrar um fato, estava presente em todas as suas falas sobre o que era importante na fotografia, mas a história que ele contou, os momentos que preservou, os fatos que registrou, fazem parte de uma luta muito maior que a fotografia. O que movia meu pai era a luta política e a convicção da necessidade, mais que urgente, de transformar a sociedade. A partir disso, ele viu na fotografia uma maneira de contribuir com essa transformação, e hoje temos um grande acervo onde está presente uma parte da historia da luta dos trabalhadores, dos povos ribeirinhos, dos indígenas, das mulheres, dos povos explorados e oprimidos, uma historia que dificilmente vemos estampada nas capas de grandes jornais, uma historia que deve ser preservada.”

    Falar, lembrar de João Zinclar é falar do povo, da classe operária das suas lutas e anseios.

    Sônia Fardin reconhece o grande patrimônio do legado do fotógrafo.  “O acervo João Zinclar guarda indagações políticas e estéticas sobre inquietações , conflitos e estratégias de lutas. Trata-se de um dos mais importantes acervos da história brasileira recente. Não apenas pela quantidade e qualidade de imagens, nem somente pelo período histórico, mas principalmente por ter como agente produtor um olhar forjado ao longo de anos em estudos e leituras. No peso da rotina operária, nos improvisos da vida de andarilho, no trabalho artesanal, nos embates da luta sindical, na formação foto-cineclubista, na luta política de esquerda e na troca de olhares vivida em metrópoles e vilarejos. Realidades registradas pela ótica de quem recusou-se a ser mera extensão de máquinas, tanto na fábrica como na mídia, e escolheu não se acomodar na camada confortável da obviedade – da vida, da política e da produção fotográfica.”

    Gente e cotidiano,  é título dado por Zinclar a uma série realizada entre 2005 e 2006, durante a pesquisa para a produção do livro O Rio São Francisco e as águas no Sertão, publicado em 2010.  A exposição virtual traz mais de 90 imagens  que compõe uma  série inédita de um dos mais dedicados documentaristas visuais da vida e das lutas do povo nordestino. O acervo  de João Zinclar pode ser visitado no endereço:  https://ajz.campinas.br.

     

    Grupo Gestor do Acervo João Zinclar

    O Acervo João Zinclar, datado de 1994 a 2013, é resultado da atuação do fotógrafo João Zinclar, que foi militante nos campos do sindicalismo, cultura popular, direitos humanos e das lutas por moradia, terra e democratização da comunicação.

    Composto de 53.849 negativos flexíveis, cerca de 180 mil imagens digitais, além de dezenas de publicações impressas, este acervo é um dos maiores legados da história recente dos movimentos sociais latino-americanos.

    Também organiza cursos, debates, exposições e outras atividades militantes nas áreas do audiovisual e da história dos movimentos sociais por direito à comunicação, terra, trabalho e moradia. O Acervo João Zinclar é uma iniciativa popular sem fins lucrativos que preserva e divulga a trajetória e o trabalho do militante João Zinclar, reconhecido como o “fotógrafo das lutas sociais”.Integram a coordenação o Grupo Gestor do Acervo João Zinclar: Victória Ferraro Lima Silva (detentora do acervo), Sônia Aparecida Fardin (historiadora e curadora), Batata (agente cultural), Augusto Buonicore (historiador), Orestes Augusto Toledo (historiador), Carlos Tavares (fotógrafo e cinegrafista) e Danilo Ciacco Nunes (administrador).

    Nesse percurso, os conjuntos de documentos foram inicialmente depositados no Museu da Imagem e do Som de Campinas e passaram por um processo de identificação de suportes, inventário, higienização e parcial digitalização dos negativos.  O Grupo Gestor do Acervo, neste cinco anos, vem realizando ações de difusão, com destaque para o site www.ajz.campinas.br, que é uma  ferramenta de difusão do acervo com destaque para as exposições temáticas virtuais. Este ano já foram realizadas: O Rio São Francisco e as águas no Setor; Mulheres em Luta: Imagens da classe trabalhadora em Luta, e a última Gente e Cotidiano.

    Também provomendo debates e diálogos com diversos segmentos dos movimentos sociais com os quais João Zinclar atuou.

    O objetivo desses diálogos é formatar um modelo de gestão do Acervo João Zinclar que tenha a garantia da presença ativa de três pilares da memória com os quais a ação militante de João interagiu: o Arquivo Edgar Lourenhot, como representante da academia, o Museu da Imagem e do Som, como representante da esfera pública de cultura e a Casa de Cultura Tainã, como sujeito político dos movimentos sociais de cultura e memória.

     

     

    Colaboração

    Sônia Fardin

    Victória Ferraro Lima Silva

    www.ajz.campinas.br

     

     

     

  • MANTENHO O QUE DISSE.

    MANTENHO O QUE DISSE.

    A exposição fotográfica ‘Mantenho o que disse’, que será inaugurada em Montevidéu no dia
    14 de abril revela, em oitenta painéis, as condições em que vivem os indígenas da segunda maior
    etnia brasileira, os Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. O ensaio é resultado do trabalho de
    três anos da brasileira Ana Mendes e do uruguaio Pablo Albarenga.

    A exposição traz algo curioso. Ao lado das imagens, frases de políticos brasileiros ditas em
    situações públicas, discursos ou entrevistas, compõem um cenário que hora é de tristeza, ironia ou
    indignação. Difícil não se consternar ao ver a imagem de uma criança no hospital e ler “Estão
    aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas, tudo que não presta, estão aninhados ali”, dita por um
    deputado federal em 2013. A tentativa dos autores é levar o público a reflexão crítica sobre o que é
    dito explicitamente por políticos brasileiros no que se refere a questão indígena. São 15 frases, dentre
    elas:

    “Vamos parar com a essa discussão sobre terra. A terra enche barriga de alguém?” ou “Temos
    que produzir sustentabilidade. Ensinar a pescar.”.

     

     

     

     

    Luego de la ataque conocido como la masácre de Caarapó, donde Clodiodi Aquileu, indígena de 23 años, perdió la vida. Los indígenas recogieron varios cartuchos de bala. Retomada Kunumy Verá Poty, Caarapó, MS. 
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After the attack known as the massacre of Caarapó, where Clodiodi Aquileu, a 23-year-old indigenous, lost his life. Their relatives collected several bullet cartridges. Retaked land Kunumy Verá Poty, Caarapó, MS.

    O ensaio, entretanto, não trata somente temas pesados e de difícil digestão. Ao contrário,
    Ana e Pablo buscaram retratar o cotidiano dos indígenas. Os momentos de alegria e carinho também
    estão lá. “A gente vem de uma escola da fotografia documental humanista que tem a intenção de
    denunciar sim, mas também de criar empatia. Eu fotografo um indígena do mesmo jeito que
    fotografo minha família, com amor.”, afirma Ana.

    Enterro do agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 23 anos, Reserva Te’ykue, Caarapó, MS

    ‘Mantenho o que disse’ é uma realização do Centro de Fotografia de Montevideo (CDF) e
    ficará aberto à visitação, na Fotogaleria Prado, na cidade de Montevidéu, até 11 de junho. Junto a
    programação da exposição haverá bate-papo com os autores e uma oficina de fotografia de João Roberto
    Ripper, fotógrafo brasileiro que assina o texto de abertura da mostra.

    Índios Guarani e Kaiowá fazem uma vigilha em frente ao Supremo Tribunal Federal em Brasília em protesto contra o marco temporal e outras demandas relacionadas a demarcação de terras e violação de direitos no estado do Mato Grosso do Sul.

    Av. 18 de Julio 885
    (entre Andes y Convención)
    CP 11100. Montevideo. Uruguay
    Tel: [598 2] 1950 7960
    Mail: CdF@imm.gub.uy
    Lunes a viernes de 10 a 19.30 horas
    Sábados de 9.30 a 14.30 horas

    Onde: Fotogaleria Prado, Pasaje Clara Silva esquina Av. Delmira Agustini. Montevidéu, Uruguai.
    Quando: 14 de abril até 11 de junho de 2018.