Jornalistas Livres

Categoria: Feminismo

  • “Não há expectativa de reconhecimento da diversidade em um governo golpista”

    “Não há expectativa de reconhecimento da diversidade em um governo golpista”

    Entrevista e Texto por Caio Santos e Rafaella Dotta
    Vídeo e Edição por Lívia Montenegro e Marcos Scatolin Rago

    Um apartamento pequeno, confortável e modesto, na regional Pampulha de Belo Horizonte, decorado com peças de arte negra. Sem ostentar, as pinturas e esculturas revelavam uma personalidade orgulhosa de sua cultura e origem. A dona do apartamento recebeu a reportagem e, enquanto preparávamos o equipamento para a entrevista, ela comentou vaidosa de seu penteado afro: “Antes usava tranças, quando mudei as pessoas se surpreenderam. ‘Ministra, você ficava tão bem de tranças’. É que agora estou soltando minhas raízes!, eu respondia.”

    Nilma Lino Gomes retorna para sua terra natal, Minas Gerais, depois de permanecer por 18 meses como ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Formada em educação na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), ela cresceu no espaço acadêmico como uma das maiores especialistas em ações afirmativas do país, se tornando a primeira negra a chefiar uma universidade federal. Depois, Nilma foi chamada por Dilma Rouseff para compor seu governo. No entanto, menos que uma política ou acadêmica, sua fala mostra tanto a didática de uma professora quanto a consciência de uma defensora dos direitos dos negros e das negras.

    Ficando até os últimos dias ao lado de Dilma Rousseff em Brasília, Nilma foi exonerada de seu cargo devido ao golpe político contra a presidenta e assistiu à extinção do ministério que estava à frente. Em entrevista aos Jornalistas Livres, ela fala sobre o racismo no Golpe, o descaso do governo interino aos direitos humanos e de minorias e também comenta os avanços dos últimos 13 anos da administração petista.

    [aesop_video align=”center” src=”youtube” id=”wyw39D4ueJM” caption=”Nilma Lino Gomes – Parte 1 sobre os avanços dos governos Lula e Dilma” loop=”on” autoplay=”on” controls=”on” viewstart=”on” viewend=”on”]

    [aesop_video align=”center” src=”youtube” id=”Uzc6JuLTgxM” caption=”Nilma Lino Gomes – Parte 2 sobre um governo ilegítimo sem mulheres ou negros” loop=”on” autoplay=”on” controls=”on” viewstart=”on” viewend=”on”]

    [aesop_video align=”center” src=”youtube” id=”Z2fnS3lXUXI” caption=”Nilma Lino Gomes – Parte 3 sobre a extinção do Ministério dos Direitos Humanos” loop=”on” autoplay=”on” controls=”on” viewstart=”on” viewend=”on”]

  • As redes descobriram o que é cultura do estupro? Nós, mulheres, somos lembradas dela todos os dias

    As redes descobriram o que é cultura do estupro? Nós, mulheres, somos lembradas dela todos os dias

     

     

    O estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro e a divulgação de imagens do crime pelas redes chocou o país. A bárbarie ocorrida reacendeu o debate sobre a cultura do estupro e motivou milhares de mulheres a protestarem nesta quarta-feira(1) em diversas cidades brasileiras.

     

     

    A cultura do estupro é um mecanismo de normalização da violência com base em construções sociais, ela é responsável pela criminalização das vítimas e isenta os agressores, além de ser reforçada pelos mais diversos meios, como música, cinema, publicidade e até na abordagem dos veículos jornalísticos. Fato sintomático para um país onde a cada 11 minutos uma pessoa é estuprada, segundo o 9º Anuário Brasileiro da Segurança Público de 2014.

    Mas banalização dessa violência contra as mulheres não viola apenas nossos corpos, ela é política e tem intenção de nos calar. No primeiros dias do governo ilegítimo de Michel Temer já temos exemplos de como isso tem se agravado. De estuprador confesso se reunindo com ministro de um governo sem mulheres, à nomeação da fundamentalista religiosa Fátima Pelaes (PMDB-AP) para a secretaria de Política para Mulheres.
    Por isso iniciativas nas redes tomam tanta força. A chamada primavera feminista no ano passado aumentou o campo de ação das mulheres agora para as ruas. Das redes, em todo Brasil, o ato “Por Todas Elas”, nos reuniu novamente. Em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou em cidades como Botucatu, deixamos bem claro: somos mais que 33.


    Jornalistas Livres agradecemos às nossas leitoras e leitores que nos enviaram as belas imagens na galeria.

  • Estudantes da UFU vão parar dias 8 a 10 de junho

    Estudantes da UFU vão parar dias 8 a 10 de junho

    Os alunos da Universidade Federal de Uberlândia – UFU fizeram nessa quarta uma longa e lotada assembleia para denunciar as quedas nos investimentos em educação nos últimos anos, a falta de condições mínimas de ensino em alguns campi, a cultura do estupro e também novas ameaças do regime golpista como cortes de bolsas de iniciação à docência e a chamada Escola Sem Partido. Ao final da assembleia, em votação expressiva, foi decidida a paralização das atividades discentes entre os dias 8 e 10 de junho, coincidindo com o Dia Nacional de Mobilização Contra o Golpe. A primeira manifestação realizada como consequência das lutas estudantis foi a ocupação da reitoria da instituição (veja aqui) pela urgente melhoria na infraestrutura do Campus Monte Carmelo, onde até a água de beber está contaminada com metais pesados. Veja abaixo nota divulgada sobre a mobilização.

    Mais de 500 estudantes lotaram a assembleia da UFU
    Mais de 500 estudantes lotaram a assembleia da UFU

    “Os estudantes da Universidade Federal de Uberlândia se organizaram em um Conselho de Diretórios acadêmicos (CONDAS) no dia 18/05 para realizar a assembleia geral, com todos os cursos, no dia 01/06 para se debater uma possível paralisação estudantil.  Foram dados alguns dias para que os diretórios e centros acadêmicos (DAs e CAs) mobilizassem e levantassem as pautas internas de cada curso para que as reivindicações fossem levadas ao ato.

    A assembleia geral foi realizada no Centro de Conivência, bloco 5N do campus Santa Mônica, contou com mais de 500 alunos representando todos os campi, exceto Patos de Minas, e começou com cerca de 40 falas de estudantes contendo suas pautas e posicionamentos sobre a paralisação, análise de conjuntura, protestos contra o governo interino de Michel Temer (PMDB) e relatos das assembleias de cada curso, realizadas pelos DAs e CAs.

    Assembleia dos Estudantes da UFU votou quase por unanimidade pela paralização
    Assembleia dos Estudantes da UFU votou quase por unanimidade pela paralização

    Foi decidido em votação, por quase unanimidade dos presentes, a paralisação das aulas de 8 a 10 de junho. O ato vai contar com diversas atividades de formação política e os alunos ocuparão os blocos, praças e salas da universidade reivindicando as pautas gerais retiradas da concentração. Dentre elas, as principais são pela melhoria dos campi avançados (Pontal, Monte Carmelo e Patos de Minas) que sofrem sucateamento por falta de verba e espaço físico. Além disso, os estudantes reivindicam ônibus para congressos e viagens de campo obrigatórias para disciplinas, maior investimento na segurança e mais pontos de ônibus próximos aos campi, melhoria na assistência estudantil e são contra a nova portaria do PIBID (Programa institucional de Bolsas de Iniciação à Docência).”

     

  • Cerca de 15 mil mulheres se reúnem na Paulista contra a cultura do estupro

    Cerca de 15 mil mulheres se reúnem na Paulista contra a cultura do estupro

    Fotos: Fernando Sato e Mariana Martucci

    Nesta quarta-feira (1), mulheres se reuniram no Masp para protestar pelo fim da cultura do estupro. Uma jovem de 16 anos foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro e apareceu em um vídeo após o crime. Isso fez com que atos espalhados por várias cidades recebessem o nome de “Por Todas Elas”.

    Elas, as mulheres que são vítimas de estupro todos os dias no Brasil.

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    Logo na concentração, mulheres explicaram como a cultura do estupro se manifesta em ações que, a princípio, parecem inofensivas, como uma cantada na rua, mas que são extremamente nocivas para a sociedade e para a vida das mulheres. O fato de a mulher ser sempre silenciada e a objetificação do sexo feminino são outros exemplos, talvez mais grave, ou não.

    Com cerca de 15 mil pessoas, a marcha em direção à praça Roosevelt começou às 17h10. Mães e filhos se posicionaram na linha de frente, enquanto um cordão de jovens as protegiam.

    Pautas urgentes, como a saída do governo golpista Michel Temer e a legalização do aborto foram levantadas. Eduardo Cunha e a Polícia Militar do Estado de São Paulo também foram lembrados como sendo contrários aos direitos das manifestantes.

    O ato seguiu pacífico até o final. Porém, na esquina da avenida Paulista com a rua Augusta, policiais do Choque não deixaram as manifestantes seguirem até a Consolação. Algumas optaram, então, por seguir pela Augusta, outras ficaram pela Paulista. Não houve confronto. Algumas mulheres entenderam que a ação da polícia foi para evitar que o ato se unificasse com a ocupação realizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) na sede da Secretaria da Presidência da República. O fato de a maioria dos policiais ali serem homens não agradou às mulheres.

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    Em repúdio à PM, jovens promoveram um “beijaço” na frente do Choque.

    Durante todo o ato, as mulheres gritaram palavras de ordem como “mexeu com uma, mexeu com todas”, “nós somos livres” e “a culpa nunca é da vítima”. Em vários momentos, em forma de jogral, elas fizeram uma contagem regressiva de 33 até zero, se mostrarando solidárias à irmã vítima do estupro coletivo.

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    Ao chegar ao destino do ato, por volta das 19h50, mesmo com chuva, mulheres continuaram a gritar contra a cultura do estupro e o machismo. O ato começou a dispersar por volta das 20h30, com mulheres indo até o metrô mandando o recado: “Se cuida seu machista, a América Latina vai ser toda feminista”.

    por Jornalistas Livres

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  • [Botucatu/SP] Interior contra a Cultura do Estupro

    [Botucatu/SP] Interior contra a Cultura do Estupro

    Um grupo de cerca de 150 pessoas concentrou-se em frente à Catedral onde mulheres falaram, rezaram e entoaram gritos de ordem, segurando cartazes e acenderam velas, pedindo por um momento melhor quando se fala em estupro.

    Depois, embaixo de forte chuva, as pessoas fizeram uma caminhada até o prédio da Ordem dos Advogados que ficou com o auditório tomado.

    Ali leu-se uma carta mostrando o objetivo do evento e iniciou-se um debate que se prolongou.

    “Agora na OAB de Botucatu, depois de uma manifestação linda pelas ruas, nos reunimos para dizer novamente: Somos todas contra a cultura do estupro! Somos contra esse governo golpista, machista e usurpador dos direitos das trabalhadoras e das mulheres!”, disse uma das organizadoras, Beatriz Stamato.

    Viva a Marcha Mundial das Mulheres!

  • Mulheres na luta mesmo sob chuva em Campinas

    Mulheres na luta mesmo sob chuva em Campinas

    Nem a chuva que caiu em Campinas (SP) no inicio da noite  desanimou as cerca de 400 pessoas que participaram  do ato “Por todas elas”.

    A manifestação, de caráter  feminista, contou com mulheres de todas as idades, crianças e inclusive com apoio de vários homens, se posicionando  contra a cultura do estupro. Cartazes, faixas, e 133 placas numeradas, indicando o número diário de estupro no Brasil, foram colocadas em 133 mulheres.

    [aesop_gallery id=”20209″]

    Diversas pessoas que assistiam à passeata se manifestaram a favor: carros buzinando e piscando faróis, passageiros aplaudindo em apoio, luzes piscando em janelas e sacadas de apartamentos em prédios.

    As palavras de ordem durante a passeata foram contra a violência sofrida pelas mulheres, contra o governo golpista do vice-presidente Michel Temer e pela volta do Ministério das Mulheres.