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Categoria: desobediência civil

  • Após terceiro atraso no salário, estagiárias paralisam em Embu

    Após terceiro atraso no salário, estagiárias paralisam em Embu

    Nesta quarta-feira (11/09), dezenas de estagiárias resolveram paralisar após o terceiro mês consecutivo em que o salário atrasa em Embu das Artes, cidade da região metropolitana de São Paulo. As estagiárias atuam nas escolas municipais auxiliando as crianças com deficiência.

    As estagiárias, estudantes de pedagogia, se concentraram na prefeitura para reivindicar que sejam tomadas providências e que dêem explicações do porquê o auxílio está atrasando. Segundo as manifestantes, o salário que deveria cair no 5º dia útil está atrasando cada vez mais, esse mês já estava atrasado há cinco dias.

    Péssimas condições de trabalho

    Os estagiários recebem uma bolsa-auxílio no valor de R$ 750,00 e o único benefício extra é o vale-transporte de R$ 8,00 por dia trabalhado. Além da baixa remuneração, as estagiárias reclamaram das condições de trabalho. Uma delas afirmou que “dão apenas 15 minutos para comer um lanche e não deixam comer a comida da escola”, “a comida sempre sobra e jogam no lixo mas não deixam os professores comer” continuou.

    Outro grave problema segundo as estagiárias, é a rejeição de atestados médicos para justificar as faltas, “a prefeitura fala que o CIEE não aceita e o CIEE fala que a prefeitura não aceita”. CIEE é o Centro de Integração Empresa-Escola, responsável por administrar contratos de estágios em diversos estados brasileiros.

    Os estudantes relatam ainda que foram ameaçadas de perder o emprego por “quebra de contrato” caso viessem a protestar na prefeitura.

    Conversa com a prefeitura

    O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SindServ) representado pelo presidente, Sebastião Caetano da Paixão, se solidarizou com a causa e conduziu uma comissão para uma conversa com responsáveis da prefeitura. Paixão garantiu que, apesar de não representar efetivamente os estagiários, daria todo auxílio possível.

    As estagiárias pediram que a prefeitura pague o CIEE adiantado para que não haja mais atrasos nos próximos meses. Pediram também que o dia de paralisação seja compensado e que seja disponibilizado um holerite informando os descontos que ocorrem com frequência de forma injustificada. Além dos pedidos, intimaram a prefeitura e prometeram voltar a paralisar se o salário atrasar no próximo mês.

    A prefeitura afirmou que fez o pagamento nesta terça-feira (10/09) – um atraso de quatro dias – e que os valores demoram até 48h para cair na conta. Foi enviado ainda o comprovante de pagamento que pode ser visto a seguir:

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    Comprovante de pagamento da prefeitura, feito com atraso

    Um dos funcionários da prefeitura, Cristiano Maciel, que se apresentou como porta-voz do prefeito Ney Santos (REPUBLICANOS, ex-PRB) conversou com as estagiárias que aguardavam no lado de fora da prefeitura. Segundo ele, esses problemas acontecem porque a prefeitura precisa de arrecadamento e para isso é necessário que os contribuintes paguem os impostos. Maciel também contou que o salário dele e de todos os servidores estão atrasando e não somente das estagiárias, que ele havia inclusive recebido nesta terça-feira (10/09), com quatro dias de atraso.

    Quando o presidente do Sindicato dos Servidores foi questionado se a prefeitura estava quebrada, refutou e afirmou que “a prefeitura não está quebrada, o que pode-se dizer é que há um descontrole fiscal”. Fábio Martini, funcionário da prefeitura e membro do sindicato corroborou o presidente Paixão, de acordo com Martini o repasse do ICMS foi o maior de todos os tempos e apresentou um jornal informativo que apresentava o gráfico a seguir:

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    Repasse do ICMS foi o maior dos últimos anos
    Atualização: fomos informados que as estagiárias receberam o salário no final da tarde desta quarta-feira (11/09).

  • Greve Geral em São Paulo termina com repressão violenta da Tropa de Choque

    Greve Geral em São Paulo termina com repressão violenta da Tropa de Choque

    Começou às 13 horas com algumas pessoas concentradas no Masp que ajudaram a fechar a Avenida Paulista, pois até aquele momento continuava aberta para os carros. Após o fechamento a população ocupou a avenida e assim apareceu o colorido da multidão.

    O dia era simbólico, 14 de Junho, comemoração de nascimento de Ernesto Guevara, um dos maiores líderes dentre os revolucionários do mundo conhecido como Che Guevara, dia da Greve Geral no Brasil, dia de lutar contra a Reforma da Previdência e o desmonte da educação no país.

    Metrô, trem, ônibus, em sua maioria não circularam, foi possível assistir trabalhadores nas portas das indústrias pedindo para que seus direitos garantidos em constituição fossem respeitados. Escolas públicas e privadas aderiram e fecharam suas portas, ensinando a verdadeira história e cidadania para seus alunos, a aula foi nas ruas.

    De acordo com as entidades 45 milhões de pessoas paralisaram a economia do país. Portos e bancos foram fechados, trabalhadores de indústrias fabris e de montadoras do ABC aderiram ao movimento.

    As ruas de São Paulo estavam vazias, sem trânsito, em plena sexta-feira. A proposta de greve bem-sucedida era confirmada pelo trânsito fluído em uma cidade que vive caótica de carros.

    Com o passar das horas, a Avenida Paulista foi tomada por manifestantes, que levantavam suas bandeiras e cartazes contra a Reforma da Previdência, Bolsonaro, desmonte da educação, da saúde e dos programas de moradias populares.

    E assim começou o ato pacífico, colorido por jovens e adultos, com muita música e poucas bandeiras partidárias, a luta central não eram os partidos e sim o direito humano do cidadão brasileiro de viver com dignidade.

    O que começou de forma pacífica, terminou com a polícia militar e a tropa de choque violentando os direitos da população paulistana.

    Quando o ato chegou no início da Avenida Paulista com intuito de descer a Consolação, policiais sem motivos para truculência, se acharam no direito de jogar bombas de gás lacrimogêneo nos jovens que estavam na linha de frente da manifestação.

    Policiais mandados como ratos, que não entenderam até o momento que também são funcionários públicos, que recebem salários miseráveis e que estão sendo tomados dos seus direitos, ainda sim, revidaram na população que estava lá, lutando por eles e pelos seus filhos.

    Logo a fumaça do terror, tomou conta do local. Centenas de jovens foram atingidos pelo horror de uma ditadura disfarçada de democracia, impedidos de apenas caminhar num protesto legal e previsto em constituição. A linha de frente do ato, como uma forma de proteção, criou barreiras e atearam fogo para que a polícia não se aproximasse das pessoas com seus cruéis cassetetes.

    Não foi possível descer a Consolação, mas ainda assim, o ato persistiu e seguiu pelas ruas paralelas com destino ao centro de São Paulo. Mais tropas de choque chegaram à Praça da República para esperar a manifestação que seguia adiante.

    O movimento se dividiu como uma alternativa a represália, metade seguiu até o Teatro Municipal, outra parte se dirigiu para a Praça da República. Todos chegaram, objetivo cumprido apesar da força tarefa da polícia, comandada pelo Governador João Dória, de destruir o que estava lindo.

    Na Praça da República mais de cem policiais esperavam os manifestantes, em uma postura clara de violência e repressão por quem lutava pelos direitos dos cidadãos.

    Naquele momento as mulheres foram as protagonistas, de mãos dadas fizeram um cordão para que a polícia não continuasse a agir com truculência e mesmo ameaçadas pelas bombas que se via claramente nas mãos da tropa de choque resistiram e gritaram “Violência não”.

    A pergunta que não quer calar!

    Fica a pergunta, quão legítima é uma Reforma da Previdência, proposta por um presidente que se aposentou aos 33 anos e por um governo que votou a favor de uma aposentadoria especial para eles?

    O Brasil não precisa da Reforma da Previdência

    É de extrema importância que entendam que a Previdência Social tanto como política pública quanto como uma ferramenta jurídico-estatal foi conquistada após uma longa luta travada entre a classe trabalhadora, composta pela maioria da população e a burguesia, composta pela minoria da população detentora dos meios de produção e da exploração à mão de obra do trabalhador, os donos do capital.

    E desde então a elite ainda alimenta em cadeia cíclica todas as relações sociais presentes sejam por interesses individuais de cada classe ou segmento social, como também por interesses coletivos (no caso de vocês, a bancada favorável à Reforma) e a Previdência Social foi elaborada, proposta e aprovada para garantir o mínimo de equilíbrio e ordem social como um acordo de paz pública.

    A Previdência Social garante ao trabalhador e seus dependentes menores, amparo quando ocorre a perda, permanente ou temporária de sua capacidade colaborativa, ela está inserida em um conceito mais amplo que o da Seguridade Social, Saúde, Assistência Social e Previdência Social, é um fator muito importante no combate à pobreza e à desigualdade, que promove aos idosos e as pessoas por ela beneficiadas uma relativa estabilidade social.

    Nesse contexto a população entende que, para que continue a existir é necessário que cada trabalhador contribua com um percentual do seu salário, fato que ocorre mensalmente em toda a classe trabalhadora, eles pagam a sua parte. Mas por força de interesses individuais ou coletivos em favorecimento de grandes empresários a parte deles não é repassada.

    Segundo relatório datado de 2017 da CPI da Previdência, foi constatado que empresas privadas sonegaram, até aquela presente data, mais de R$ 450 bilhões à Previdência e conforme a Procuradoria da Fazenda Nacional, somente R$ 175 bilhões correspondem a débitos recuperáveis, isto quer dizer que, além de não repassarem para a Previdência as contribuições dos trabalhadores, esses empresários também embolsam recursos que não lhes pertencem.

    Desta forma, o fato da corrupção exercida entre alguns políticos e empresários, colocam o povo trabalhador brasileiro a pagar uma conta que não é dele. Assim estão dispostos a abrir mão da forma amistosa e romântica a qual a relação burguesia e proletariado tomou nos últimos anos e não mais se colocaram em função da submissão popular em prol de interesses pessoais, que é continuar a elevar cada vez a corrupção político-empresário no país.

    Um recado aos políticos favoráveis a Reforma da Previdência

    Aos senhores políticos favoráveis a Reforma da Previdência, existe uma oportunidade de repensar seus próximos passos, em uma análise que demonstrará o quanto é inconstitucional a aprovação da medida, na certeza de que não será interessante para o governo uma ruptura completa de paz entre o capital e o proletariado.

    Melhor escolherem pelo justo e pela paz entre a nação, única forma para que o sangue do povo brasileiro não suje vossas mãos e marque o sobrenome de cada um dos políticos favoráveis a Reforma e de seus familiares por todo o futuro da história.

    Abaixo motivos pelos quais você não deve apoiar essa Reforma

    • A Reforma da Previdência fere o Art. 6º da Constituição que prevê como direito a todos os trabalhadores brasileiros a proteção social e a Previdência pública.
    • A Reforma da Previdência fere o Art. 60º que define o princípio do “não retrocesso” de direitos e garantias individuais.
    • Exigir 40 anos de contribuição para se ter acesso ao benefício integral em um país que findou sua legislação trabalhista é transformar a classe trabalhadora em escravos.
    • Rebaixar o BCP para menos da metade de um salário mínimo é colocar em seres humanos em situação de pobreza extrema.
    • A Reforma favorecerá os mesmos bancos que devem a previdência, obrigando cidadãos a contribuição privada.
    • O problema do país são os juros da dívida pública e não a Previdência, em 2018 pagamos R$ 380 bilhões de juros.
    • 1% da população, os verdadeiros privilegiados, não pagam tributo sobre a renda que recebem. É preciso findar a lei que garante isenção para lucros e dividendos de acionistas, só em 2018 foram R$ 50 bilhões gerados entre lucros e dividendos que deveriam ser taxados.
    • Antes de qualquer Reforma da Previdência é preciso de uma Reforma Tributária. Nossa tributação é taxada sobre o consumo e o certo seria taxá-la sobre a renda e a propriedade da classe mais rica. É muita desigualdade cobrar do pobre a mesma taxa de imposto que é cobrado do rico, que se utiliza da mão de obra trabalhadora para enriquecer cada vez mais, assim desestabilizando a desigualdade social do nosso país.
    • De acordo com o relatório emitido pela CPI da Previdência não há déficit. Segundo cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) citados no relatório da CPI, a Seguridade Social apresentou média de saldo anual positivo de R$ 50 bilhões entre 2005 e 2016.
    • Ainda segundo o relatório emitido pela CPI da Previdência os analistas foram categóricos: “As inconsistências nos modelos de projeção do governo descredenciam qualquer avaliação séria sobre esses números”. Isso quer dizer que vocês não possuem capacidade para realizar estimativas populacionais e financeiras adotadas pelo governo para definir o déficit da Previdência Social.
    • Em um país tão desigual se tornará impossível para os trabalhadores pobres comprovarem a idade mínima e o tempo de contribuição. Eles serão jogados para a assistência e isso tornará nosso país a maior população de idosos miseráveis.
    • Para que a economia do nosso país gire é preciso que a população tenha dinheiro para gastar, conceito básico aprendido no ensino fundamental. Se os senhores cortam a verba da população a mesma não terá a renda necessária para consumir, levando a economia brasileira ao colapso.
    • A Reforma deve ser igualitária, para todos a mesma reforma, por que militares e políticos terão privilégios, o que difere os senhores de nós? Senhores sinto informar, mas somos todos Seres Humanos.
    • Essa Reforma vai custar caro para o país, pois durante a transição estima-se que a Previdência gaste mais de R$ 6,6 trilhões, pois quando os trabalhadores migrarem para o novo sistema, deixarão de contribuir com o atual, causando um rombo financeiro para pagar os já aposentados.
  • Lição de coragem e Democracia: dois alunos do Colégio Bandeirantes exigem Lula Livre bem ao lado de Bolsonaro

    Lição de coragem e Democracia: dois alunos do Colégio Bandeirantes exigem Lula Livre bem ao lado de Bolsonaro

    Por Laura Capriglione e Lina Marinelli, dos Jornalistas Livres

     

    “E este movimento do pessoalzinho aí que eu cortei verba, o que vocês acharam?”, indagou Jair Bolsonaro a um grupo de 36 alunos do Colégio Bandeirantes, o Band, como a escola é carinhosamente chamada, que faziam uma excursão pela Capital Federal neste sábado (18).

    “Um lixo. A gente é estudante de verdade. A gente estuda”, respondeu um dos alunos.

    A imprensa deu destaque para a frase do aluno chamando seus colegas das escolas públicas e de várias particulares de “lixo”. Deu voz para os estudantes gritando “Ô Bolsonaroooo, cadê você, eu vim aqui só pra te ver”.

    Seria a prova de que, ali, onde se pratica um ensino hiper-competitivo, todos os alunos e professores endossam os cortes de 30% nos orçamentos das universidades e institutos federais de ensino. Só que não.

    O que não se mostrou, o que a assessoria de imprensa de Bolsonaro escondeu e o Colégio Bandeirantes convenientemente deletou foi a “foto pra posteridade” do encontro de Bolsonaro com os alunos. Por quê?

    Porque ali, no meio de tanta festa, de tanta balbúrdia, de tantos sorrisos perfeitos de estudantes brancos, 15-16 anos, frequentadores de uma escola de elite, que cobra mensalidades de R$ 4.000… Ali, bem pertinho de um Bolsonaro “simplão” na medida certa, de sandália, short amarelo e a camisa do segundo uniforme da Seleção Brasileira, feliz por ainda receber algum apoio quando até mesmo os entusiastas de sua candidatura pulam do barco… Bem, ali, no meio da festa, dois estudantes tiveram a coragem de destoar da farra, conscientes de que não há o que comemorar no Brasil dos nossos dias.

    Trata-se de Ivan, de 15 anos, e G., de 16 anos, que corajosamente, no meio da euforia juvenil do presidente e seus fãs, ousaram desafinar o coro dos contentes e fazer um “L” perfeito, “L” de Lula Livre, contra o desmanche da Educação e a destruição de direitos, que Bolsonaro representa.

    Tem mais: quatro alunas não quiseram sair na foto-felicidade e retiraram-se, chorando.

    Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente do Colégio Bandeirantes, apoiou o presidente Jair Bolsonaro nas últimas eleições (fez campanha contra Fernando Haddad e o PT), além de explicitamente endossar a candidatura da atual senadora Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo, enviando propaganda aos pais.

    Para ele, os Jornalistas Livres enviaram o seguinte questionamento:

    Prezado professor Mauro Aguiar,

    Estamos escrevendo uma reportagem sobre o encontro do presidente Jair Bolsonaro com os estudantes do Colégio Bandeirantes, neste sábado (18).

    Segundo uma mãe de aluno essa atividade de visita a Brasília é realizada todos os anos. Havia outros colégios visitando o palácio no mesmo momento, mas o presidente resolveu conversar apenas com os seus alunos. Por quê?

    O senhor apoiou o presidente Jair Bolsonaro nas últimas eleições (fez campanha contra Fernando Haddad e o PT), além de apoiar a candidatura da atual senadora Mara Gabrilli, do PSDB. Qual a sua opinião sobre a Escola Sem Partido, projeto tão caro ao presidente Jair Bolsonaro?

    Gostaríamos de entrevistar o estudante que trava o diálogo a seguir com o presidente. Claro que isso seria feito com a anuência dos pais ou responsáveis. O senhor poderia intermediar esse contato?

    Aqui o diálogo:

    “E este movimento do pessoalzinho aí que eu cortei verba, o que vocês acharam?”, indagou Jair Bolsonaro a um grupo de 36 alunos do Colégio Bandeirantes, uma das escolas mais caras de São Paulo, que faziam uma excursão pela Capital Federal neste sábado (18).
    “Um lixo. A gente é estudante de verdade. A gente estuda”, respondeu um dos alunos.”

     

    Hoje, domingo (19), os meninos e meninas do Band chegarão a São Paulo, vindos de avião de Brasília. No saguão do desembarque, a mãe de Ivan, Fabiana Kelly, estará com outras mães, para levar uma mensagem de tolerância e amor a todos os alunos, e de solidariedade a Ivan e aos demais membros da comunidade escolar que se sentiram usados e ultrajados pela propaganda pró-Bolsonaro.

    “Eles não autorizaram que tivessem suas imagens juvenis usurpadas pela máquina de campanha do presidente.”

    “Mas nossos cartazes são de amor e de ênfase no diálogo. O bullying com quem pensa diferente de nós é um caminho sem volta para a barbárie”, diz Fabiana.

     

    Nesta segunda-feira (20), o Colégio Bandeirantes enviou à imprensa a seguinte nota, que reproduzimos na íntegra:

    “Há 6 anos, os estudantes do ensino médio do Colégio Bandeirantes fazem uma viagem para Brasília. Acompanhados de professores de história e geografia, os alunos têm a oportunidade de conhecer o Palácio da Alvorada, o Senado, a Catedral Metropolitana de Brasília, entre outros espaços. A proposta é promover uma vivência em lugares onde a política brasileira acontece, saber mais sobre personagens da história do Brasil e, ainda, desfrutar da arquitetura e da arte presentes na capital. Para a surpresa da equipe pedagógica e dos próprios jovens, pela primeira vez, um Presidente da República  recepcionou-os de forma não programada e casual. Sem restrição ideológica, a instituição valoriza a pluralidade, o pensamento crítico e a liberdade de expressão de sua comunidade de estudantes.”

     

     

  • MST ocupa sede do INCRA #SP

    MST ocupa sede do INCRA #SP

    No dia nacional em defesa da Reforma Agrária, o MST faz por todo o Brasil atos para denunciar desapropriações de famílias já assentadas há anos e em memória aos 23 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás.

    O Brasil é um dos países que tem a terra mais concentrada do mundo e isso está na causa da desigualdade social e da fome, que tanto atinge a vida de milhares de pessoas em.tempos de governo Bolsonaro. Além de ser uma luta legítima, a Reforma Agrária é um direito Constitucional.

     

     

     

     

    #17Abril #Carajás23Anos #PorReformaAgráriaEJustiçaSocial
    #SP #PorReformaAgráriaEJustiçaSocial
    #Carajás23Anos

     

  • Cordão da Mentira desde 2012 desfilando as verdades em SP

    Cordão da Mentira desde 2012 desfilando as verdades em SP

    Na mentira do nosso cotidiano enterraram nossa memória e com ela também indígenas, trabalhadores e trabalhadoras do campo, negras, negros e imigrantes; os corpos femininos, os corpos transexuais; a vida operária, sem-terra, sem-teto. Personagens de uma mesma história sangram no desdobrar de uma ordem cada vez mais fascista.

    O Cordão da Mentira, formado por sambistas, grupos de teatro, coletivos culturais e artísticos, militantes e movimentos sociais, propõe uma intervenção estética e política para marcar a resistência ao avanço reacionário dos últimos anos e recentemente representado pela ascensão da extrema-direita ao poder. Começou a desfilar pelas ruas de São Paulo em 2012, ocupando as ruas para lembrar o sangue derramado por nossos tombados de ontem e hoje e para continuar denunciando a mentira do nosso passado que não passa – pois a tortura, os assassinatos e os desaparecimentos forçados nunca deixaram de ser política de Estado.

    Em 13 de dezembro de 2018, 50 anos após o decreto do AI-5 (que institucionalizou os crimes de Estado), o Cordão realizou ato simbólico nos entornos do TUSP e, além de cantar a resistência com a Roda de Samba Cordão da Mentira, o ato contou com a presença do Movimento Mães de Maio, de representantes do Comitê Memória, Verdade e Justiça e da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, além das intervenções do Slam da Guilhermina, Cabaré Feminista, Coletivo Merlino, Arrastão dos blocos, Terreiro Grande, dentre outros.

    Cordão de 2018, foto de Shiro A | Jornalistas Livres

    Neste momento em que nosso país ameaça regredir 50 anos e voltar aos tempos da ditadura militar, que gente nossa continua a tombar pelas ruas, assassinada pela covardia da extrema direita, a disputa de narrativa histórica deve ser nosso compromisso. Justamente por isso, e identificando a necessidade de expandir a militância para o maior número de frentes possíveis, o Cordão decidiu articular novas formas de resistir, pensando também na própria sobrevivência enquanto coletivo político de oposição. Diante de uma nova (re)estruturação, escolhemos não sair às ruas neste abril de 2019 — para então voltarmos fortalecidos, ainda neste ano, ao front de luta.

    No próximo 31 de março/1º de abril, quando se completam 55 anos da consumação do golpe civil-militar, e em cenário político em que a cúpula bolsonarista, além de institucionalizar o ódio como prática de governo, exalta e homenageia em público torturadores e milicianos, o Cordão continua a se posicionar, por meio desta carta, enquanto oposição resistente ao desgoverno que hoje se apresenta.

    Não pode ser ignorado o fato de que uma parcela substanciosa da população brasileira resolveu apostar na violência e no obscurantismo como solução, um desdobramento dos imperativos de controle e submissão do conformismo ideológico que também é consequência do sistema político herdado pelas imposições violentas da Ditadura. A perda da memória, lapidada pelas perseguições e desaparecimentos utilizados como política de segurança pública na normalidade democrática, organiza as razões do engajamento de extrema-direita em nosso tempo. Não confrontar a monstruosidade abominável do nosso passado legitima a normalidade sangrenta do nosso presente, perenizando o lastro da mentira que vivemos todos os dias.

     

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/1991788290947262/

    Nosso posicionamento político, no entanto, não será apagado tão facilmente. Ele não se resume a uma cobrança de sujeitos moralmente elevados. Não são apenas nossas consciências que nos impelem a agir e pensar. O dever de memória e justiça é cobrado pela realidade objetiva, passada e presente, entendendo que não é possível viver sem confrontar a realidade do mundo e do que nos tornamos como sociedade. A realidade nos impele para nosso engajamento. A ditadura não interrompeu sua sangria, os cadáveres acumulados não permitem falar em página virada, e o sofrimento sem voz abarcado num arco histórico que não se fecha passa a se tornar ensurdecedor. Foi assim, e continuará sendo assim, que acusamos a mentira sobre a verdade do nosso passado.

    Não há o que comemorar nesta data. Não cabem “celebrações efusivas”, tampouco “discretas”. Não aceitamos mais ditaduras, genocídios e torturas em nome de uma elite assassina. Não compactuaremos com regimes de exceção. Renovamos nossa resistência a mais um regime de autocracia racista e machista a condenar o nosso povo à miséria e à ignorância.

    Não abandonaremos o dever de lembrar de nossos mortos e desaparecidos e dos nossos (diariamente) violentados pelo Estado. Abriremos os porões e impediremos que continuemos a ser assombrados pelos fantasmas que os militares escolheram (e ainda escolhem) não encarar.
    Muitos tombaram antes de nós, tombaram por não temer sonhar com um mundo de justiça e igualdade social. É esta a coragem que nos inspira.
    Há ainda muita poesia a ser escrita, muitos sambas a serem compostos e dançados. Tentam amedrontar-nos e lançar-nos à escuridão, mas a resistência mostra o porvir de nossa aurora, sementes lançadas no tempo para transformar o próprio tempo. Até lá, não iremos nos calar. Gritaremos até que nos ouçam. Até que a mentira não seja mais tratada como verdade.

  • Lideranças mundiais convocam as mulheres para construção de uma articulação Internacional Femininista

    Lideranças mundiais convocam as mulheres para construção de uma articulação Internacional Femininista

    Há um chamado internacional, assinado por lideranças feministas como Angela Davis, para que as mulheres se unam além de 8 de março. Estão sendo convocadas reuniões para atos e ações unificados em mais de nove países e foi lançado o Manifesto Feminista – PARA ALÉM DO 8 de Março: rumo a uma Internacional Feminista

    O movimento tem como principal objetivo fazer uma frente feminista contra o movimento opressor, autoritário, depreciador, racista e homofóbico da extrema direita no mundo.

     

    Trechos do Manifesto:

    “Estamos vivendo um momento de crise geral. Essa crise não é de forma alguma somente econômica; é também política e ecológica. O que está em jogo nessa crise são nossos futuros e nossas vidas. Forças políticas reacionárias estão crescendo e apresentando-se como uma solução a essa crise. Dos EUA à Argentina, do Brasil a Índia, Itália e Polônia, governos e partidos de extrema direita constroem muros e cercas, atacam os direitos e liberdades LGBTQ+, negam às mulheres a autonomia de seu próprio corpo e promovem a cultura do estupro, tudo em nome de um retorno aos “valores tradicionais” e da promessa de proteger os interesses das famílias de etnicidade majoritária. Suas respostas à crise neoliberal não é resolver a raiz dos problemas, mas atacar os mais oprimidos e explorados entre nós”.

    “Diante da crise global de dimensões históricas, mulheres e pessoas LGBTQ+ estão encarando o desafio e preparando uma resposta global. Depois do próximo 8 de março, chegou a hora de levar nosso movimento um passo adiante e convocar reuniões internacionais e assembleias dos movimentos: para tornar-se o freio de emergência capaz de deter o trem do capitalismo global, que descamba a toda velocidade em direção à barbárie, levando a bordo a humanidade e o planeta em que vivemos”.

    Para assinar o manifesto entre no site https://www.internacionalfeminista.org/

    Manifesto assinado por 24 lideranças, são elas:

    Amelinha Teles (União de Mulheres de São Paulo, Brazil)

    Andrea Medina Rosas (Lawyer and activist, Mexico)

    Angela Y. Davis (Founder of Critical Resistance, US)

    Antonia Pellegrino (Writer and activist, Brazil)

    Cinzia Arruzza (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Enrica Rigo (Non Una di Meno, Italy)

    Julia Cámara (Coordinadora estatal del 8 de marzo, Spain)

    Jupiara Castro (Núcleo de Consciência Negra, Brazil)

    Justa Montero (Asamblea feminista de Madrid, Spain) Kavita Krishnan (All India Progressive Women’s Association)

    Lucia Cavallero (Ni Una Menos, Argentina)

    Luna Follegati (Philosopher and activist, Chile)

    Marta Dillon (Ni Una Menos, Argentina)

    Monica Benicio (Human rights activist and Marielle Franco’s widow, Brazil)

    Morgane Merteuil (feminist activist, France)

    Nancy Fraser (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Nuria Alabao (Journalist and Writer, Spain)

    Paola Rudan (Non Una di Meno, Italy)

    Sonia Guajajara (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)

    Tatiana Montella (Non Una di Meno, Italy)

    Tithi Bhattacharya (Co-author of Feminism for the 99%. A Manifesto)

    Veronica Cruz Sanchez (Human rights activist, Mexico)

    Verónica Gago (Ni Una Menos, Argentina)

    Zillah Eisenstein (International Women’s Strike, US)