Jornalistas Livres

Categoria: Cultura

  • Dança, acessibilidade e profissionalização para artistas com deficiência

    Dança, acessibilidade e profissionalização para artistas com deficiência

    Desde 2016,  o PROCENA, festival de cultura que nasceu em Goiás com a leis de incentivo Fundo de Arte e Cultura de Goiás,  tem promovido a discussão sobre acessibilidade e diversos outros assuntos que atravessam as realidades dos artistas, produtores e profissionais com vocação para assistência à pessoa com deficiência. Realizado de dois em dois anos, o evento que começou envolvendo a comunidade regional, em 2020 se expande para todo o Brasil, via redes sociais.

    A pandemia, que tem feito os brasileiros tentarem uma adaptação de suas vidas, na medida do que é possibilitado, frente a um governo federal negacionista que tem priorizado pouco ou quase nada salvar a vida dos cidadãos, também tem feito com que os produtores dos festivais culturais adaptem a realidade dos festivais, que costumavam ser espaços físicos não só de cultura, mas também acolhimento, troca e discussões transformadoras da nossa realidade.

    Mas como bem colocado pelo coordenador do evento sobre o novo formato do PROCENA, Thiago Santana, “a realização virtual impediu o contato físico, porém ampliou o alcance do evento, gerando discussões que vão além das fronteiras”. O desafio agora é democratizar o espaço das redes sociais, para que o acesso chegue a todos e todas

    De 7 a 10 de outubro, o Youtube, Facebook e Instagram serão os palcos de apresentações de danças de Goiás, grupos de outras regiões do Brasil e um de Portugal, já que este ano a dança como uma linguagem que inclui é o tema do PROCENA. Para aprofundar nas discussões, a cada dia será apresentado um webnário com um temas que envolvem política, arte e acessibilidade. Então, já assina o canal do YouTube, segue no Facebook e Instagram para garantir que não vai se esquecer desta programão super necessário.

    As discussões apontaram a dança como uma linguagem que inclui e oferece mais possibilidades de acessibilidade para artistas e também para espectadores com deficiência. “Esses debates nos fizeram decidir por começar esta nova proposta com a dança, suas contribuições para a produção cênica, seus processos formativos e composições estéticas da cena inclusiva e acessível”, justifica Thiago Santana, coordenador do evento.

    O coordenador também destaca a importância das leis de incentivo e mecanismos de fomento incluírem exigências e orientações para uma produção inclusiva e acessível às produções artísticas, como por exemplo, do Fundo de Arte e Cultura de Goiás. Ele lembra, contudo, que isso é fruto das metas do Plano Nacional de Cultura, aprovado em 2010 pela então presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em diálogo com outros marcos legais como a Convenção da Pessoa com Deficiência e a Lei Brasileira da Inclusão. Instrumentos que, por sua vez, são resultados de debates e discussões da área, como esses que serão realizados nesta edição do Procena.

    PROCENA 2020 – dança, acessibilidade e profissionalização para artistas com deficiência 

    Datas: 7 a 10 de outubro

    Transmissão: Instagram, Facebook e YouTube do Evento.

    Programação completa: http://procenago.com/procena_2020/

    7 de outubro: 

    9h – Oficina “Dance ability”, com Ana Alonso

    14h – Oficina “Corpo Zona Dissoluta”, com Alexandre Américo

    17h – Webinário “Papo #PraCegoVer”, com Patrícia Braille e Luciene Gomes

    19h – Espetáculo “Dez Mil Seres”, com a Cia Dançando com a Diferença (Portugal)


    8 de outubro: 

    8h – Websérie “Essa é a minha arte! Qual é a sua?”

    9h – Oficina  de Dança Inclusiva “Estranho hoje?!!, normal amanhã?!!!”, com Marline Dorneles

    14h – Oficina “Corpo Zona Dissoluta”, com Alexandre Américo

    17h – Webinário “Políticas culturais e a produção de artistas com deficiência”, com Sacha Witkowski, Claudia Reinoso, Ingrid David e Eduardo Victor

    19h – Espetáculo “Berorrokan – A origem do mundo Karajá”, com INAI/NAIBF – GO


    9 de outubro: 

    8h – Websérie “Essa é a minha arte! Qual é a sua?”

    9h – Oficina  de Dança Movi(mente), com Ana Balata e Laysa Gladistone

    14h – Oficina de Criação Cênica Acessível em ambiente virtual, com Thiago Santana

    17h – Webinário “Formação em dança e recursos de acessibilidade”, com Marlini Dorneles (UFG), Vanessa Santana (UFG) e Marcelo Marques

    19h – Espetáculo “Similitudo”, com Projeto Pés (DF)


    10 de outubro: 

    8h – Websérie “Essa é a minha arte! Qual é a sua?”

    9h – Oficina  de Dança Movi(mente), com Ana Balata e Laysa Gladistone

    14h – Oficina de Criação Cênica Acessível em ambiente virtual, com Thiago Santana

    17h – Webinário “Corpos diferenciados e a cena”, com Henrique Amoedo, Mônica Gaspar e Alexandre Américo.

    19h – Espetáculo  “die einen, die anderen – alguns outros”, com a Cia Gira Dança (RN)

  • Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #53 – Tiago Judas: Homem-Caixa

    Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #53 – Tiago Judas: Homem-Caixa

    O Homem-Caixa, fora de sua casa-caixa, continua internalizado, privado, caminhando pelas ruas vazias de uma cidade-caixa em quarentena gerada pela pandemia do Coronavírus. É mais fácil percebê-lo em tempos de isolamento social, mas não é de agora que somos caixas dentro de caixas: empilhados, segregados, rotulados.

    A princípio, o Homem-Caixa, não desperdiça espaços vazios, pois a sua capacidade de empilhamento é alta e facilita a gentrificação; mas, a propriedade descartável de seu material é, a longo prazo, entrópica.

    Para realizar pela primeira vez o truque em que o mágico serra uma mulher ao meio em 1921, Percy Thomas Tibbles, teve que descobrir antes, até que ponto uma pessoa era capaz de se contorcer dentro de uma caixa apertada.

    Em 2020 estamos tendo que redescobrir essa capacidade, mas as caixas desta vez, são as classes sociais; as etnias; as escolhas políticas. Uma vez encaixados, vivemos a ilusão de que podemos nos separar um do outro simplesmente serrando a caixa ao meio; mas tudo só faz parte desse antigo jogo de esconder.

    O Homem-Caixa é frágil, descartável e fácil de ser armazenado.

    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa
    Tiago Judas: Homem Caixa

    Minibio

    Tiago Judas (São Paulo, SP, Brasil, 1978) é bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP (São Paulo, SP, Brasil, 2001) e possui licenciatura plena em Arte pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (São Paulo, SP, Brasil, 2009). Sua produção artística inclui desenhos, objetos e vídeos, além de histórias em quadrinhos.
    Desde 2000, Judas tem exposto em importantes instituições culturais brasileiras e também expôs trabalhos em países como Alemanha, Áustria, Espanha, EUA e Peru. Em 2007, Judas foi contemplado com o Prêmio Aquisição do 14º Salão da Bahia (Salvador, BA, Brasil).

    Em seus trabalhos, Tiago Judas busca conciliar as artes plásticas e as histórias em quadrinhos, fazendo com que uma influencie a outra. Vale ressaltar ainda que, ao longo dos últimos anos, Judas também tem trabalhado como ilustrador autônomo para jornais, revistas e editoras de livros e atua também como educador, desde 2001 orientou oficinas de arte em centros culturais como no Sesc, Museu da Imagem e do Som, Paço das artes, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Fábricas de Cultura, além de outros projetos.

    Para conhecer mais o trabalho do artista

    https://www.instagram.com/tiago_judas/

    http://portifoliotiagojudas.blogspot.com/

    https://mesadeluzzz.blogspot.com/

    .

    O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

    Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

  • Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #52 – Felipe Cretella: Procissão

    Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #52 – Felipe Cretella: Procissão

    Procissão. Refotografias do Círio de Nazaré – Bélem do Pará – Brasil – 2013.

    Círio é quando agradecemos pelo passado e pedimos pelo futuro. É onde estamos todos presentes e ligados numa mesma vibração de luz e fé. Um rio de gente de todas as crenças e lugares, aglomerados e misturados. Esse ano não teremos o Círio nas ruas. Não estaremos juntos fisicamente, mas estaremos presentes em energia. Unidos pela fé no futuro, no presente e no passado.

    Sequência de fotografias registradas na noite da trasladação e refotografadas em TV de tubo.

    A trasladação é uma procissão noturna que acontece na semana do Círio de Nazaré em Belém do Pará, e antecede o evento principal que é realizado no domingo. Reúne mais de 1 milhão de pessoas em uma onda de agradecimentos e esperança.

    O processo: ensaio original registrado na noite da trasladação. Essas fotografias então são projetadas em TV de tubo e refotografadas em longa exposição e movimento.

    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella
    Procissão - Felipe Cretella

    .

    Felipe Cretella - Procissão

    .

    Felipe Cretella nasceu em São Paulo, em 1977.

    .

    Para conhecer mais o trabalho do artista

    www.felipecretella.com.br

    https://www.instagram.com/feecretella/

    .

    O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

    Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

  • Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #51 – Dani Sandrini: Quarantine

    Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #51 – Dani Sandrini: Quarantine

    Quarantine. Chegou aquela semana em março onde tudo parou e começou oficialmente a pandemia no Brasil. Número de casos aumentando – e a caixa de emails  recebendo, a cada hora, mensagens de cancelamento dos trabalhos e projetos do semestre inteiro.

    Foram 2 semanas com diversos sentimentos contraditórios e aquele futuro absolutamente incerto estava lá, na nossa frente, pronto para gerar mais dúvidas.  Vendo as notícias, fico sabendo que mais de um terço da população mundial estava em quarentena ou, ao menos, com restrições de circulação.

    Se na rua o medo era dominante, era do portão pra dentro que, quem podia, estava lidando com sentimentos novos, desafios, conflitos e adaptações na rotina.

    Nas privações do convívio social, as pessoas que antes passavam o dia cheio de atividades de trabalho e lazer, estavam agora num convívio intenso consigo mesmas ou com outros membros da família. Pequenos atos do cotidiano ganhavam  outra dimensão. Convívio com outras pessoas só acontecia através das telas dos aplicativos.

    Tentando entender esse outro jeito de viver que se apresentava e percebendo que os desafios de cada um variavam muito dependendo de suas condições psíquicas, financeiras, familiares e geográficas, resolvi iniciar um projeto fotográfico via tela de computador com a seguinte pergunta: como é que estão as pessoas que então dentro de casa?

    Assim nasceu o projeto “Quarantine”, onde busco retratar em esfera íntima da casa das pessoas esse momento tão preocupante e trágico quanto histórico e mundial.

    Através de um depoimento sobre a experiência pessoal e familiar neste momento de pandemia, eu e o participante decidimos um recorte da rotina que poderia ser retratado fotograficamente durante uma chamada de vídeo. A partir daí, o ensaio fotográfico acontecia.

    São muitos os diálogos e trocas durante esse processo. E ao ser convidada a adentrar na casa destas pessoas, busquei ângulos, luzes e poesia para representar a história que a pessoa resolveu contar. 

    As imagens foram feitas a partir de chamada de vídeo – e claro que isso dá uma textura da própria tela, assumida como linguagem dessa época em que estamos e das ferramentas possíveis referentes ao encontro.

    A internet ganhou uma super importância nesses tempos, e quem vive em grandes cidades onde sua presença já está tão naturalizada muitas vezes nem se dá conta de que uma parcela grande no mundo não tem nem acesso a isso. Nem pra trabalhar, nem pro próprio lazer.

    Então, esse já é um recorte do projeto: uma parcela da população, com pouquíssimo acesso à internet, não pôde estar presente no projeto.

    As diferenças de condições financeiras, geográficas, psíquicas são gritantes no mundo todo. A pandemia só coloca uma lupa nisso tudo. Então, não se trata de algo que acontece só agora, mas a pandemia nos dá a oportunidade de ampliar essa percepção e, quem sabe, proporcionar uma reflexão sobre as diferenças, dificuldades e injustiças do mundo.

    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini
    Dani Sandrini

    MiniBio

    Dani Sandrini é fotógrafa desde 1998, e tem em seu currículo reportagens, ensaios, retratos, gastronomia, palco e interiores, além do desenvolvimento de projetos especiais em diversas áreas. A partir de 2012 começa a dar mais ênfase a seus projetos autorais, transitando entre a fotografia e as artes visuais. É nessa época também que começa a estudar psicanálise e faz a sua formação de acompanhante terapêutica.

    Em 2014, ganhou o primeiro prêmio no The International Lens Award, Festival de Imagens de Amã, pelo projeto Two Cities.

    Em sua pesquisa autoral, estuda o entrelaçamento de materiais e suportes com a imagem fotográfica,  a ação da memória e a passagem do tempo. Seu último projeto, terra terreno território,  sobre indígenas da cidade de São Paulo, conta com imagens impressas em folhas de plantas e papéis sensibilizados com pigmentos naturais, e foi exposto na Biblioteca Mario de Andrade (SP) de outubro a dezembro de 2019.

    .

    Para conhecer melhor o trabalho da artista

    http://danisandrini.com.br/

    https://www.instagram.com/quarantine_danisandrini/

    https://www.instagram.com/terraterrenoterritorio/

    https://www.instagram.com/dani.sandrini/

    .

    O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

    Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

  • Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #50 – #FumaçaAntifascista

    Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #50 – #FumaçaAntifascista

    Sinal de fumaça [ou: Sobre a potência ambivalente da fumaça]

    Fumaça antifascista

    Estamos sem governo, é necessário sinalizar isso. Com o que houver pra sinalizar. Sinalizar sim que há fumaça, há fogo, há indignação, há corpos mortos não sendo velados. E não há governo. Estamos sem governo, com um presidente que joga, com desfaçatez, com cortinas de fumaça, contra a imensa maioria da população. Estamos há quase 1 mês sem alguém minimamente competente cuidando da saúde de 210 milhões de habitantes. Há que se sinalizar que isso é irresponsável, abjeto, criminoso.

    Se a fumaça era então entendida como sinal perigoso, alarmista, provocador, indutor de desconfiança (proibida junto a torcidas no estádios, por exemplo) há que se enxergar a via de mão dupla que as fumaças nas últimas manifestações representam. Foram vistas há pouco junto a uma rara união de torcidas paulistas em alerta contra o fascismo. Fascismo sim, que não se banalize o termo, mas que se dê nome às atitudes deste governo.

    Fumaça sim, como desejo de novos ares, de renovação espiritual, de louvação a entidades sagradas (o catolicismo, religiões de origem afro, povos indígenas e uma série de rituais de cura confluem no uso de fumaça).

    Faz-se sinal de fumaça em pedido de SOS ao SUS, em socorro das políticas públicas, contra a política enfumaçada e entorpecente que apaga o corpo que vibra, impede a vida, e que afasta a viabilidade de futuro. E a aparente imaterialidade da fumaça não pode turvar o que ela representa.

    Há muitas novas ambiguidades nas fumaças de hoje: é ritual ascendente, é possibilidade de transmutação, é desejo de ventilação, é mensagem codificada de comunicação e é atitude crítica. Pois na signagem das fumaças coloridas e intensas que acontecem pela democracia, entende-se que não é mais possível ser imparcial diante da pandemia, diante do racismo, diante do armamentismo, do fascismo notório e emergente.

    E se as bombas da polícia produziram fumaças contra as manifestações democráticas no dia 31 de maio na Av. Paulista, foram nitidamente um sinal de intolerância aos ares progressistas vitais que emanam de mais de 70% da população, o que não é admissível.

    Então há que se distinguir as fumaças que importam e suas codificações. Entre o que é política de morte e o que é potência de vida. As fumaças que vemos agora em apoio à democracia tem seu fogo ventilado por ideais de grandeza humanitária, universais – _e há que se acreditar que não vamos ficar isolados sob um governo tirano em uma perspectiva pós-pandemia.

    Bem, no campo da arte, as peças vaporosas de Robert Morris (Sem título, 1968-1969), foram utilizadas para comentar o que seria a imagem crítica ou dialética. É assim, a partir da cultura e da arte que a distinção de fumaças se processa. A imagem dialética é uma imagem em crise, uma imagem que critica a imagem. Uma imagem que convida à experiência de dizer: chega, basta, precisamos construir o que importa em uma sociedade que luta pelo coletivo e não contra o comum.

    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista
    #FumaçaAntifascista

    .

    Conheça mais sobre o trabalho:

    redes: #fumaçaantifascista

    https://www.instagram.com/galeria_reocupa/

    .

    O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

    Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

  • Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #49 – Alessandra Anselmi: Face Transmutada

    Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #49 – Alessandra Anselmi: Face Transmutada

    Face Transmutada

    Face transmutada é o resultado das andanças fotográficas pelas ruas da cidade de Santo André, durante a pandemia da Covid-19.

    Entra a camada de pano sobre o rosto, sai a magnitude das feições humanas. Sim, os olhos estão lá, e nada substitui o olhar, eu sei. Está lá também, a expressão corporal e, sabemos o quanto ela interfere nas manifestações e interpretação dos sentimentos.

    No entanto, é impossível negar que esse conjunto de expressões humanas não tenha sido impactado por conta deste novo cenário, expressões essas, que se sobressaem agora com outra potência, marcadas pelo signo da época – a máscara – é a partir desta que se estabelece um novo marco na história da humanidade.

    Se antes, os sentimentos pareciam escapar pelos poros, pelas expressões mais diversas, com a máscara tudo fica encoberto, obtuso, melancólico. O ser humano se acostuma, se entrega à padronização visual – à proteção tão necessária e que, ao mesmo tempo, o descaracteriza, o desumaniza. E, perante a cidade gélida e cinza, tudo agora se mistura: homem e concreto, numa comunhão assustadora, que não sabemos por quanto tempo irá durar.

    Não são somente as feições humanas que foram abaladas pelo uso da máscara. As cidades também nos apresentam essa nova estética do horror. Horror, pelo que o uso da máscara representa e pelo que ela não nos deixa esquecer um só segundo – daí a razão talvez dessa tristeza que percebo pairando no ar cada vez que saio para fotografar.

    Adequamos-nos rapidamente a uma nova linguagem visual que nos apresenta esse outro mundo, violentamente delimitado por este pequeno artefato, impedindo, dificultando a interação humana, mascarando a riqueza das emoções, justamente num momento em que temos urgência de mostrá-las, de compartilhá-las. Haveremos de superar essa face transmutada? Ou ela irá se impor definitivamente?

    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi
    Alessandra Anselmi

    .

    Minibio

    Alessandra Anselmi é fotógrafa, faz parte do coletivo Fotógrafos Pela Democracia.  Vem registrando o cotidiano da Capital paulista e ABC atuando basicamente na fotografia de rua e em manifestações diversas. Atua também com ensaios sensuais e retratos.

    .

    Conheça mais o trabalho da artista

    https://www.instagram.com/alanselmi/

    https://www.facebook.com/le.anselmi

    https://twitter.com/Ale_Anselmi

    .

    O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

    Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente