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Categoria: Brasília

  • Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    Torcidas do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se unem contra o fascismo

    Corinthians e Palmeiras juntos? Com o Santos e o São Paulo? Impossível!

    Neste domingo (31/5) em São Paulo, os torcedores desses times estavam juntos e misturados na avenida Paulista, em defesa da Democracia e contra o fascismo e a Ditadura. O povo foi com suas camisetas, bonés, baterias e gritos de guerra. Foram de metrô, de ônibus, foram de carona. E foram. Junto deles, militantes anarquistas antifascistas.

    E eles encheram o domingo de esperança, de luta e de resistência. “A Periferia não apoia Ditador”, gritavam em uníssono.

    Era o povo pobre, periférico, muitos negros, muitas mulheres, levantando bem alto a faixa “Somos pela Democracia!” Somaram-se os trabalhadores desempregados que vivem como recicladores nas ruas, a maioria carregando sacos de latinhas vazias de refrigerante e cerveja, que acabavam de ser recolhidas do lixo e do chão. Nenhum dos que entrevistamos tinha conseguido sacar o benefício emergencial de R$ 600, apesar de viverem em condições mais do que precárias.

    A convocação deste Primeiro Ato Antifascista foi feita pelas redes sociais. Os torcedores perceberam que o Brasil está caminhando para uma terrível armadilha, montada pelos fascistas que apoiam Jair Bolsonaro, para os quais é preciso fechar o Supremo Tribunal Federal, o Congresso, destruir a imprensa, e usar a polícia para ensinar, na base da porrada e dos massacres, que quem manda no Brasil são os banqueiros, os empresários, os generais e os milicianos. E o povo que obedeça.

    No sábado, 30 desses fascistas covardes foram para a porta do STF, em Brasília, ameaçando ministros da mais alta corte do Brasil com gritos e xingamentos. Já seria grave. Mas esses criminosos fizeram questão de desfilar na frente do STF com tochas acesas, imitando dois símbolos da pior opressão: a ku klux klan, que assassinou centenas de negros nos Estados Unidos, e os nazistas, que também amavam tochas acesas.

     

    A mensagem ameaçadora, somada a repetidas ofensas à Democracia por parte de Bolsonaro e seus filhos, levou o ministro Celso de Mello a enviar aos seus colegas do Supremo uma mensagem de alerta:

    “GUARDADAS as devidas proporções, O “OVO DA SERPENTE”, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933) , PARECE estar prestes a eclodir NO BRASIL! É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo Presidente Paul von Hindenburg , em 30/01/1933 , COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA (“REICHSKANZLER”), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA , DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/1919 , impondo ao País um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição , em março de 1933 , da LEI (nazista) DE CONCESSÃO DE PLENOS PODERES (ou LEI HABILITANTE) que lhe permitiu legislar SEM a intervenção do Parlamento germânico!!!! “INTERVENÇÃO MILITAR”, como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO , no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA DITADURA MILITAR !!!!”

    Neonazistas na Avenida Paulista, defendendo Bolsonaro

    Os apoiadores de Bolsonaro estão assanhados: querem acabar com a Democracia urgentemente no Brasil. Seu propósito é entregar todo o poder ao seu “Mito”, que já prometeu “matar uns 30.000”, para completar o serviço da Ditadura Militar.

    Por isso, neste domingo, bolsomínions de São Paulo também foram para a avenida Paulista. Eram poucos, não passavam de 100 gatos pingados gritando contra o STF, contra o comunismo, contra a Rússia, contra a China, contra a imprensa, contra Moro. Só Bolsonaro serve para esses fanáticos do autoritarismo e da opressão.

    Uma dondoca já de cabelos brancos trajava camiseta em que se lia: “Foda-se”, em letras garrafais. Ódio puro. Outra portava uma máscara com as listras e estrelas da bandeira americana. Amarrada na cintura, ela levava uma bandeira do Brasil que arrastava no chão. Na mão, a mulher carregava um taco de beisebol em que estava escrito “Rivotril”. Significa que, como o calmante poderoso, o taco põe as pessoas para dormir. Violência explícita. Os apoiadores de Bolsonaro xingavam muito (e aos berros) o grupo antifascista, que estava a um quarteirão de distância.

    Manifestante carrega bandeira de movimento neonazista da Ucrânia (preta e vermelha) em ato pró-Bolsonaro - Marlene Bergamo
    Manifestante carrega bandeira de movimento neonazista da Ucrânia (preta e vermelha) em ato pró-Bolsonaro – Marlene Bergamo

    Mas o sinal mais grave das vocações opressoras dos fascistas foi a presença de uma bandeira vermelha e preta, com um tridente estilizado no centro. Trata-se do símbolo do Pravyi Sektor (Setor Direito), organização neonazista e terrorista da Ucrânia, criada em 2013. O Pravyi Sektor está envolvido em crimes de guerra e perseguição de minorias, como homossexuais, ciganos, judeus e russos. O homem que carregava a bandeira dizia ter sido treinado na Ucrânia, hoje considerada uma meca do anticomunismo mundial. Sara Winter, que organiza o grupo 300 de Brasília, e que chefiou a manifestação das tochas defronte o STF, diz também ter sido treinada na Ucrânia.

    Apesar dessa preocupante proximidade entre os militantes fascistas brasileiros e os ucranianos, incluindo a ostentação de símbolos nazistas daquele país, a Polícia Militar, que acompanhava as manifestações na avenida Paulista, ignorou a Lei 7.716/89 que, no parágrafo 1º do artigo 20, prevê o “Crime de Divulgação do Nazismo”, para o qual estabelece pena de 2 a 5 anos de reclusão e multa. A PM nada fez para coibir a exibição da bandeira do Pravyi Sektor e, em vez disso, protegeu vergonhosamente a manifestação bolsonarista e reprimiu selvagemente a das torcidas antifascistas.

     

    PM protege fascistas e ataca com milhares de bombas os torcedores antifascistas

     

    Entre a pequena aglomeração fascista e a grande concentração antifascista perfilava-se uma linha de contenção, formada pela Polícia Militar do governador João Doria Junior. Era curioso ver que a PM ficou o tempo todo encarando as torcidas de forma ameaçadora enquanto dava as costas para o pequeno grupo fascista. “A polícia militar virou segurança de fascista, uma vergonha”, reclamou um corinthiano indignado com a diferença de tratamento entre os dois grupos.

    Provocadores bolsonaristas entravam na concentração das torcidas antifascistas, para arrumar briga. Eram rechaçados e voltavam para seu grupo. Numa das vezes, entretanto, a PM atacou. E começou a violência. Milhares de bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, de balas de borracha foram disparadas contra os antifas, que respondiam à injusta agressão da PM com pedras. Como Davis contra os Golias da PM. Alguns dançavam na frente das tropas ameaçadoras. Outros protegiam-se com placas de compensado, usadas como escudos. Durou quase duas horas o ataque policial aos jovens antifascistas, que não arredavam o pé da avenida Paulista.

    E assim o povo pobre mostrou que, contra o fascismo, não pode haver hesitação. É todo mundo junto e misturado, lutando com coragem e amor pela liberdade.

    Coragem, neste domingo, foi o sobrenome de cada um dos torcedores do Corinthians, do Palmeiras, do Santos e do São Paulo que foram para a avenida Paulista defender a Democracia.

    Que os partidos políticos de oposição a Bolsonaro entendam a mensagem desses jovens e destemidos democratas.

     

     

    Veja aqui a manifestação de hoje (31/5) na avenida Paulista, que os Jornalistas Livres cobriram em transmissão ao vivo da avenida Paulista

     

     

    Veja a análise dos fatos de hoje (31/5) na avenida Paulista, com Chico Malfitani, fundador da Gaviões da Fiel

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Sistema prisional do DF: Conselho faz campanha de arrecadação de produtos de higiene

    Sistema prisional do DF: Conselho faz campanha de arrecadação de produtos de higiene

    O Conselho da Comunidade da Vara de Execução Penal do Distrito Federal vem fazendo campanha pra arrecadação de produtos limpeza e de higiene pessoal,  no intuito de  tentar conter avanço da Covid-19 dentro do sistema prisional.

    As arrecadações são entregues todas as sextas-feiras na Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (SESIPE).

    Álcool líquido (70%), sabão em pó azul, água sanitária e sabão de coco estão entre os itens mais solicitados. Confira os pontos de doação no DF:

    Confira nota do Conselho da Comunidade da Vara de Execução Penal do DF:

    Confira o que já foi arrecadado pela campanha:

    Na semana passada publicamos uma reportagem sobre a situação da Covid-19 no sistema prisional do DF. Saiba mais aqui.

  • Reunião ministerial ou sindicato do crime? A Ditadura camuflada

    Reunião ministerial ou sindicato do crime? A Ditadura camuflada

    Por Humberto Mesquita*

    A reunião ministerial do dia 22 de abril, que veio a lume nesta sexta (22/5), não trouxe novidades sobre o Poderoso Chefão. Tudo o que ele disse ali já faz parte, há muito tempo, do seu repertório. É uma figura problemática que criou e chefia o gabinete do ódio e, todos os dias verbaliza impropérios, que desrespeita as instituições, homenageia torturadores e se sente senhor absoluto da verdade. Com ele tudo se amplia na escuridão das trevas.

    Era uma reunião para discutir o Brasil. Foi uma reunião para destruir o Brasil.

    Ninguém se preocupou com a pandemia. Muito pelo contrário, usou-se o desespero que causa o vírus e o foco da imprensa nesse assunto, para articular todo tipo de arbitrariedades.

    O BolsoCorleone, todos nós já conhecíamos pelo seu passado e pelo seu presente. Mas essa reunião serviu para mostrar toda a gangue, da qual fazia parte também o ministro que foi demitido.

    Aliás, a incompetência de Sérgio Moro se mostrou mais uma vez. Ele quis atingir o seu ex-chefe e lhe deu, como alguém já disse, a melhor peça publicitária. A denúncia do Marreco de Maringá não vai dar em nada, porque ela é vazia, como vazia é a cabeça do seu autor. Ele nunca foi bom de provas e com ajuda da Globo procurou um palco para se projetar. Mas vai morrer no esquecimento –mesmo com a ajuda da emissora que precisa fazer dele um novo mito.

    A bomba de efeito devastador me parece ser o empresário Paulo Marinho, que conhece com detalhes toda a trajetória da família do Bozo, e suas possíveis ligações com a Milícia.

    Reunião ministerial minúscula

    Mas voltemos ao circo de 22 de abril, a reunião que desmascarou o ministério mais minúsculo que eu conheci em toda minha trajetória jornalística.

    Guedes, “o melhor ministro”, segundo o Capo di tutti capi (“chefe de todos os chefes”, em italiano), disse que era a grande oportunidade para vender o Banco do Brasil.

    O cara que cuida da educação metralhou o STF chamando seus membros de “vagabundos que deveriam ser presos”.

    O do Turismo defendeu a abertura de cassinos, quem sabe, em Fernando de Noronha.

    Aquela que viu Cristo num pé de goiabeira disse que iria mandar prender governadores e prefeitos.

    O responsável pelo meio ambiente, foi além dos limites e deu um conselho ao chefão: aproveitar a preocupação da imprensa com o corona, e “vamos passando tudo, aprovando tudo do nosso interesse”. Mudar as regras enquanto a atenção da mídia está voltada para a Covid-19. Na moita, como fazem ladrões de carteirinha.

    O chefe concorda com tudo e no entusiasmo do momento propugna armar o povo, certamente com armas dos seus amigos da Taurus.

    Uma grande palhaçada, concordam os esclarecidos. Mas isso não acrescenta nada, a não ser a nossa certeza de que existe uma enorme corrente no Congresso, no Judiciário, na sociedades civil e no povo em geral que recua ante as agressões diárias que sofre a nossa Democracia.

    E os militares de pijama e alguns outros da ativa estão de olho nessa “boquinha” generosa. Já tem mais de trezentos mamando nas tetas da República.

    E qual é a solução perguntam em voz trêmula os amedrontados brasileiros ? Vamos torcer pelo Joe Biden. De lá do Hemisfério Norte vêm sempre as decisões para golpear ou para destruir as ditaduras no Brasil. Foi assim no passado e continuará sendo agora.

     

    *Humberto Mesquita é jornalista e escritor, repórter e apresentador de debates na TV.

     

    Leia mais de Humberto Mesquita, nos Jornalistas Livres:

    URGENTE: Por uma Frente Ampla para evitar que Bolsonaro nos leve para o abismo

     

  • Confira a íntegra da reunião ministerial em que Bolsonaro perde a linha

    Confira a íntegra da reunião ministerial em que Bolsonaro perde a linha

    O Viomundo publicou e o Jornalistas Livres divulga abaixo a íntegra da reunião ministerial que foi divulgada nesta sexta-feira, 22, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello. No vídeo, o presidente Jair Bolsonaro usa palavrões ofensivos e xingamentos direcionados a inimigos políticos e até em diálogo com auxiliares. Ministros da ala raivosa, como o da Educação, Abraham Weintraub, e a da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, usam o mesmo tom violento e defendem prisão de governadores, prefeitos e de ministros da Suprema Corte da Justiça brasileira. Entenda em resumo publicado pelo JL aqui no site.

    Abaixo, publicamos a íntegra da reunião, registrada no Lauro de Perícia Criminal Federal feito pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, órgão que também é alvo de Bolsonaro durante a reunião.

     

    https://www.slideshare.net/lcazenha/reunio-234482244?ref=https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/leia-a-integra-da-reuniao-de-22-de-abril-em-que-weintraub-pediu-prisao-de-vagabundos-do-stf.html

  • Sistema prisional no DF: bomba biológica prestes a explodir

    Sistema prisional no DF: bomba biológica prestes a explodir

    Até a data de ontem (19), 548 internos e 200 policiais penais foram infectados, totalizando 748 casos oficiais, segundo apurou reportagem do Metrópoles. No último domingo (17), a Papuda, maior presídio do DF, registrou a primeira morte, de um policial penal. Cerca de 3,1 mil testes foram aplicados nos presídios, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do GDF (Governo do Distrito Federal). A cada quatro testes, um dá positivo.

    Superlotação

    O Distrito Federal possui quase 17 mil pessoas em privação de liberdade e,  destas, 3.390 não têm condenação; há ainda um déficit de, pelo menos, 5.400 vagas. Em artigo disponível no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Camila Prando – Professora da Faculdade de Direito da UNB, afirma que mais de 15% das pessoas em privação de liberdade na Papuda estão contaminadas pela COVID-19, uma taxa 36 vezes maior que no restante do país, e 31 vezes a proporção de contaminação do Distrito Federal, segundo cálculos do Projeto Infovírus. (dados de 26.04/2020).

    Familiares sem notícias 

    “Não queremos impunidade, lutamos por dignidade humana; há clara substituição de privação de liberdade por pena de  (iminência) morte” (familiar de pessoa em privação de liberdade na Papuda, DF).

    Desde que as medidas de isolamento social foram tomadas pelo GDF, as visitas no sistema prisional foram canceladas, e os familiares estão sem qualquer notícia sobre situação de seus parentes privados de liberdade. Nem mesmo os representantes da sociedade civil, responsáveis por fiscalizar as condições dentro dos presídios, estão podendo entrar, afirmou um familiar (que não quis se identificar) à reportagem dos Jornalistas Livres. 

    Descaso: justiça nega pedido de liberação para pessoas do grupo de risco

    No começo de março – antes do surgimento do primeiro caso de Covid-19 no sistema prisional do DF, a Defensoria Pública do Distrito Federal ingressou, no Tribunal de Justiça do DF,  pedido de soltura das pessoas pertencentes ao grupo de risco com comorbidades, além da  progressão de regime, determinando a soltura das pessoas, cuja progressão para o regime semiaberto e aberto estivesse próxima. 

    No dia 21 de março, a Juíza titular da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, Dra. Leila Cury, decidiu isolar ainda mais as pessoas privadas de liberdade. Veja o despacho da juíza aqui

    Como medida preventiva, a juíza  também determinou a suspensão das visitas nas unidades prisionais, o que criou outro problema: apesar de ser obrigação do Estado fornecer  materiais de higiene pessoal, atualmente são os familiares das pessoas presas que fazem isso e, sem acesso de familiares aos presídios, há falta de abastecimento de produtos de higiene pessoal, segundo relatório da comissão de direitos humanos. 

    Apenas no dia quatro de maio, quase um mês depois do sistema prisional do DF registrar os primeiros casos de Covid-19, é que a justiça tomou providências quanto ao restabelecimento de acesso, por parte das pessoas privadas de liberdade, a itens de higiene pessoal e outras necessidades, que seriam obrigação do estado, mas que são providas pelos familiares dessas pessoas. Veja determinação da juíza Leila Cury aqui.

    Mesmo após o surgimento dos primeiros casos de covid-19 em prisões do DF, e apesar de ter sido apresentado novo pedido de providências pela Defensoria Pública à Vara de Execuções Penais para liberação de pessoas pertencentes ao grupo de risco, requerendo a concessão de prisão domiciliar em caráter humanitário,  a juíza titular Leila Cury negou o pedido, afirma o relatório da CDH-DF a que tivemos acesso. 

    Canal de denúncias

    Para ajudar no enfrentamento da pandemia nos presídios, a CDH-DF criou um canal de atendimento ​via ​Whatsapp (61-999041681), para o recebimento das demandas da população, além de um formulário na página web da Câmara Legislativa, para o recebimento de denúncias acerca da violação de direitos no sistema carcerário do DF. 

    Até o momento, foram registradas 215 denúncias. As mais comuns, dizem respeito a: 

      • insatisfação dos familiares sobre a proibição das visitas e solicitação de canal ágil de comunicação com os internos;
      • insatisfação com as condições de salubridade das unidades prisionais;
      • insatisfação com a qualidade e a quantidade de alimentação fornecidos;
      • solicitação de atendimento às pessoas com problemas crônicos e graves de saúde;
      • insatisfação com o fato de os presos que estavam no semi-aberto terem sido colocados, na prática, no regime fechado;
      • solicitação de entrega de material de limpeza;
      • solicitação de prisão domiciliar nos casos das pessoas que estão em regime semi-aberto, ou que apresentam problemas de saúde ou são idosas;
      • incomunicabilidade com as pessoas em restrição de liberdade;
      • falta de informações e disponibilização de dados, como  nomes das pessoas contaminadas;
      • mesmo após a determinação judicial, as sacolas de alimentos não estão chegando aos presos.

    “as unidades superlotadas tornaram-se bombas biológicas”

    A situação nos presídios do DF é grave, e tende a explodir. Em artigo publicado no Correio Braziliense, Camila Prando – professora de direito da Universidade de Brasília, afirma que as unidades prisionais do DF se tornaram verdadeiras bombas biológicas.

     “Com a suspensão das visitas dos familiares desde o dia 13 de março e, mais recentemente, dos atendimentos presenciais de advogados, as unidades superlotadas tornam-se bombas biológicas de exposição à morte, que não contam com o necessário controle social de averiguação das condições reais do sistema prisional. A isso se agrega o fato de que o juízo tenha instituído um grupo de monitoramento emergencial da Covid-19 sem que nenhuma das associações de familiares de presos esteja em sua composição, descumprindo assim o art. 14 da Recomendação do Conselho Nacional de Justiça.” (Camila Prando)

    Para o deputado Fábio Félix (PSOL-DF), presidente da CDH-DF, “O DF virou a grande vergonha nacional em número de pessoas infectadas no sistema prisional”. 

    “O DF virou a grande vergonha nacional em número de pessoas infectadas no sistema prisional. Quero lamentar muito a morte do policial penal Francisco Pires, no final de semana, e a morte hoje do interno Álvaro Henrique. Estamos vivendo uma situação de alerta máximo, e os familiares sequer têm tido informação sobre aqueles que estão lá dentro. O mandato continuará acionando o poder público e se articulando com a sociedade civil, familiares, Frente pelo Desencarceramento e a OAB com o intuito de garantir a comunicabilidade entre apenados e suas famílias e na busca de garantia de condições mínimas para estas pessoas que estão sob a responsabilidade do Estado. Nesse sentido, quero ressaltar o excelente trabalho que tem feito a Defensoria Pública, a quem recentemente apoiamos, via emenda parlamentar, com 120 mil reais para compra de equipamentos de videoconferência que irão garantir a comunicação dos internos com seus familiares.” (Fábio Félix)

    Depoimentos de familiares de pessoas em privação de liberdade em diversas regiões do Brasil

    Covid na prisões – Vidas em Risco

    “o estado leva nosso filho bom para prisão e, no momento, a gente sabe que ele tá ruim de saúde”

    Atualização: na tarde da última terça-feira (19), foi registrada a primeira morte de pessoa privada de liberdade no sistema prisional do DF. Um homem de 32 anos, que estava internado no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, faleceu, vítima de Covid-19. A certidão de óbito a que tivemos acesso, diz que o homem era portador de tuberculose, HIV e neurotoxopasmose. No entanto, nossa reportagem apurou que família da vítima não foi avisada da existência de tais comorbidades. A neurotoxoplasmose é uma forma grave de toxoplasmose, doença parasitária causada pelo parasita Toxoplasma gondii, presente em fezes de gatos e alimentos contaminados por estas. Outra reportagem do Metrópoles teve acesso exclusivo a um vídeo que mostra as condições de insalubridade a que os em privação de liberdade estão submetidos, como a falta de acesso de água potável.

  • Teste do Covid-19 de Bolsonaro é fake

    Teste do Covid-19 de Bolsonaro é fake

    Por Dacio Malta*

    A presidência da República apresentou, finalmente, ao STF, o resultado dos testes do Covid 19 realizados por Bolsonaro.

    Nos três exames o resultado deu negativo.

    Mas a confiabilidade desses documentos enviados ao Supremo é próximo de zero.

    O capitão fez os juízes de tolos e estes se fingiram de bobos.

    Bolsonaro usou nome falso, mas informou corretamente seu RG e o CPF.

    Se a coleta para o teste fosse feita por um funcionário do laboratório, certamente o técnico veria que se tratava do Presidente da República, e não de Fulano ou de Beltrano. Mas o material foi colhido em um hospital militar.

    Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no dia 7 de março, com uma comitiva de cerca de 30 pessoas.

    Dessas, 23 contraíram a doença, com exceção dele – quem sabe devido ao seu “histórico de atleta” que lhe assegurava apenas ter “uma gripezinha ou resfriadinho”.

    No dia 12 de março, seu secretário de Comunicação Social, Fabio Wanjgarten, comunicou que estava com o vírus e entrou em quarentena.

    Nessa data, Bolsonaro fez o seu primeiro teste, sob o nome “Airton Guedes”.

    Exame do dia 12 de março
    Exame fake do dia 12 de março

    No dia 18 de março, o general Augusto Heleno também testou positivo.

    Bolsonaro tinha realizado seu segundo teste no dia anterior (17), e repetiu-o nesta data, agora sob o nome “Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz”.

    Exame do dia 17 de março
    Exame fake do dia 17 de março

    Os dois primeiros foram realizados pelo Laboratório Sabin, e o terceiro na Fiocruz, este sob o nome “Paciente 05”.
    Estranhamente, o laudo da Fiocruz embora esteja datado no dia 19 de março, só foi entregue a presidência no dia 6 de maio – ou seja 48 dias após a sua realização.

     

    Exame do dia 19 de março
    Exame fake do dia 19 de março

    Os três laudos apresentados referem-se a um teste PCR, que indica apenas se o paciente está com o vírus no exato momento do exame. É como se fosse uma fotografia.

    Não é plausível que, até hoje, o serviço médico da Presidência não tenha solicitado um teste IgM e IgG de Bolsonaro.

    Para esse teste, colhe-se sangue e o resultado sai em dois dias.

    O exame determina se o paciente tem ou teve contato com o vírus, e se já adquiriu anticorpos.

    Durante dois meses, enquanto durou o mistério de seus testes, especulava-se que o presidente já havia adquirido anticorpos e, por isso, estava sempre em contato direto com seus adeptos.

    Mas. se os testes enviados ao Supremo fossem verdadeiros, sua saúde correria perigo nesses contatos públicos.

    Afinal, o presidente da República necessita que não só sua segurança, mas também sua saúde, sejam preservados.

    Muitos diziam que as aparições do presidente contrariavam as recomendações do ministério da Saúde.

    Mas o curioso é que nunca houve manifestação do serviço médico da presidência sobre essas exposições.

    Enquanto Bolsonaro não apresentar a nação o resultado do IgG e IgM – testes que certamente já foram realizados – a dúvida sobre sua contaminação ou não pela Covid permanecerá.

    O que Bolsonaro mostrou ao Supremo é fake.

    É da sua natureza.

     

    *Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.