Jornalistas Livres

Categoria: Agricultura Familiar

  • Brasil sofre com pandemia da Covid e pandemia da fome

    Brasil sofre com pandemia da Covid e pandemia da fome

    16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação Saudável e em todo o Brasil estão ocorrendo ações em defesa da soberania alimentar. A política de governo de Jair Bolsonaro, marcada pelo desmonte dos direitos dos trabalhadores, aumento histórico da taxa de desemprego e a não valorização da vida do povo têm contribuído diretamente para o aumento da fome entre os brasileiros.

    Em Goiânia, o Fórum Goiano em Defesa dos Direitos da Democracia e da Soberania, Fórum que reúne diferentes movimentos sociais e entidades sindicais, distribuiu alimentos da agricultura familiar na movimentada Praça A, região central da capital, local onde fica um terminal de ônibus.

    Foto: Alex Catira

    Apesar de Jair Bolsonaro tentar se gabar pela produção de alimentos para 1 bilhão de pessoas durante discurso da ONU, o presidente não citou que a fome se alastra pelo Brasil. A insegurança alimentar é uma realidade desde 2017-2018 para 84,9 milhões de brasileiras/os (IBGE), sendo 10,3 milhões de pessoas residentes em domicílios com insegurança alimentar grave, ou seja, falta comida em casa com frequência. O número não leva em consideração os moradores em situação de rua.

    Segundo a Central Única dos Trabalhadores de Goiás (CUT-GO), os alimentos da ação solidaria em Goiânia, durante o ato pela soberania alimentar, foram produzidos pelos assentados da Reforma Agrária ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Movimento Camponês Popular (MPC).

    Foto: Jornalistas Livres

    Conforme conta Jéssica Silva Brito, do Movimento Camponês Popular de Goiás, presente no ato em Goiânia, o fato de poucas empresas atuarem no controle dos preços dos alimentos, apesar de cerca de 70% da alimentação que chega na mesa dos brasileiros vir da agricultura familiar camponesa, é o monopólio criado pelas empresas que acaba por controlar os preços dos alimentos.

    Segundo o IBGE, o arroz ficou quase 20% mais caro desde o início do ano, o preço do feijão subiu 32,6%, da abobrinha, 46,8%; e da cebola, 50,4%. O desemprego já atinge 13,7 milhões de pessoas.

    Os pequenos produtores vêm sofrendo com fim das políticas públicas para o setor e o consequente aniquilamento dos programas que garantiam comida de qualidade e acessível na mesa do povo.

     “O estado deveria mediar, controlar o mercado, mas não o faz e ainda não tem investido na agricultura familiar camponesa”, explica. Ainda, com a pandemia, “os agricultores perderam cerca de 40% da sua renda, por conta do fechamento dos comércios e dos pontos de venda”, afirma.

    Os dados do IBGE de 2018 sobre a fome no Brasil mostram que a pandemia da covid-19, apesar de acentuada no Brasil pela negligência do governo federal e muitos governos estaduais em enfrentar a crise sanitária, esta pode ser considerada o único vilão da pandemia da fome que se espalha pelo Brasil. O aumento no preço dos alimentos combinado com desemprego estão a refletir diretamente para este retrocesso enquanto Nação e o possível retorno do país para o Mapa da Fome.

    Os avanços na erradicação da fome se deveram, no passado, à implantação de uma política de segurança alimentar e nutricional a partir de 2003, no primeiro governo Lula, com a aplicação de políticas públicas, com os aumentos do salário mínimo acima da inflação, com a geração de empregos e com a implementação do programa Fome Zero.

    O trabalhador e sindicalista Mauro Rubem, importante liderança do estado de Goiás, afirma, em entrevista ao Jornalistas Livres, que o incentivo à plantação de monocultura que é dado no país é também o causador do flagelo da fome e lembra que está destruindo o meio-ambiente. “Esse modelo é destruidor da terra, é um modelo onde eles querem esgotar toda a riqueza natural, transformar a classe trabalhadora em escravos e jogar as pessoas em um conflito social sem tamanho”.

    No próximo dia 15 de novembro, a população vai às urnas eleger os próximos parlamentares municipais, prefeitas e prefeitos. Ainda que a batalha por garantias de direitos plenos, como soberania alimentar, não se limite à disputa eleitoral, eleger candidatos comprometidos com a luta de classes cria condições para avançar rumo a este norte.

    “A população tem que ser atenta ao processo eleitoral municipal de agora, porque as eleições para vereança e prefeitura criam caminhos para começar mudanças”, afirma Mauro Rubem.

    https://www.instagram.com/p/CGaXWIIBQ11/
  • Marmitas orgânicas da agricultura familiar beneficiam moradores em situação de rua

    Marmitas orgânicas da agricultura familiar beneficiam moradores em situação de rua

    Uma rede de voluntários e militantes que atuam da produção ao preparo de alimentos orgânicos, saudáveis e da agricultura familiar tem feito a diferença na vida e na saúde de moradores em situação de rua e em condição de vulnerabilidade da cidade de São Paulo, por meio do projeto Lute como quem cuida. Elaborado e colocado em prática de maneira coletiva pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) de São Paulo, o projeto distribui aproximadamente 300 marmitas todos os dias há mais de três meses.

    Por Nara Lacerda, do Brasil de Fato

    A ideia é criar uma rede de solidariedade contínua, que atenda essas populações em um momento delicado, com a crise causada pelo coronavírus. A falta de recursos e trabalho pode agravar ainda mais a insegurança alimentar e nutricional. No Brasil, o acesso a alimentos cultivados sem veneno ainda é limitado. Em parte, pelo preço que as grandes redes varejistas praticam, mas também pela falta de incentivo à agricultura familiar.

    A dirigente do MST no estado de São Paulo Daiane Ramos explica que a campanha teve início no âmbito da Brigada Estadual de Solidariedade Zilda Camargo, formada por militantes de diversos municípios, e cresceu com foco na coletividade. Segundo ela, a intenção é chegar à doação de 30 mil marmitas entre julho e agosto. 

    CLIQUE AQUI PARA CONTRIBUIR COM A CAMPANHA

    “Essa brigada está desde o dia 20 de abril participando desse trabalho intenso de solidariedade para a Rede Rua e o Prédio dos Imigrantes (que abriga pessoas de outros países em situação de vulnerabilidade). No fim ela se estendeu, na parceria com o MSTC. As organizações se unem por uma causa única, de trazer esse alimento saudável e orgânico para essas pessoas mais vulneráveis. Infelizmente, com a covid, vem aumentando esse número.” 

    Mais que a simples doação dos produtos, o projeto tem cuidado especial com a garantia de que essas pessoas vão receber o melhor da produção orgânica do país. Todo o preparo – da higienização ao embalo – segue normas sanitárias criteriosas, que ficaram ainda mais rígidas com a pandemia. O cardápio é definido entre os militantes, mas leva em consideração também as sugestões de quem recebe as marmitas.

    Moradores de rua do centro de São Paulo recebem os alimentos. / Arquivo Brigada Zilda Camargo Ramos

    Os mais de 200 quilos semanais de arroz, por exemplo, vêm de assentamentos do Rio Grande do Sul, que hoje são os maiores produtores do grão na América Latina. A Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (Região Metropolitana de São Paulo), fornece as hortaliças e o pão. Assentamentos e acampamentos de outros municípios enviam em média por semana 90 quilos de feijão, 30 quilos de macarrão, 230 quilos de carne, 120 dúzias de ovos e 150 quilos de legumes.

    O trabalho é totalmente coletivo e dividido. Cada voluntário tem a oportunidade de passar por diferentes etapas do processo, para ampliação da experiência e dos laços criados entre quem está na colheita e atrás do fogão e as pessoas que recebem os alimentos. Oscar do Nascimento Teles, militante do MST e morador do Assentamento Dom Tomás Balduíno, no Pontal do Paranapanema (SP), faz parte dessa rede. Ele relata o cuidado existente em todo o processo. 

    “Os companheiros estão fazendo isso com muito amor e carinho, porque a gente viu a realidade na rua de quem tá recebendo o alimento. Você ver as pessoas na fila, erguendo as mãos para pegar aquela comida. Isso fortalece demais nosso trabalho na cozinha, em fazer isso com amor, carinho e preparar os alimentos com todo um protocolo de higiene e cuidado. Nessa grandeza que é São Paulo, é um pouquinho que a gente está fazendo, mas de grande proporção. A gente sabe da importância”, finaliza.

    Pela “manutenção imediata da vida”, a iniciativa “Lute como quem cuida” convida a sociedade civil para também colaborar. As doações podem ser realizadas por meio do site da campanha na internet

    Saiba mais: Quem é Carmen Silva, a líder dos sem-teto que a (in)Justiça quer prender
     

  • Assentados de Gália pedem socorro

    Assentados de Gália pedem socorro

    Há pouco mais de sete anos, dezenas de famílias transformaram a terra improdutiva do fazendeiro José Ivan Cassaro, no município de Gália, no Centro-Oeste de São Paulo. A área foi reflorestada e hoje os moradores do assentamento Luiz Beltrame de Castro são responsáveis pelo abastecimento de inúmeros alimentos à população da região. Pois bem, depois do renascimento produtivo da área, o latifundiário cresceu o olho na terra e agora luta para tê-la de volta. E, pior, encontrou uma juíza que lhe deu ganho de causa. Por isso os assentados estão em luta para se manterem produzindo naquele pedaço de terra e, para isso, querem seu apoio. Pedem que você faça como o ator Marcos Palmeira e manifeste ao desembargador Hélio Nogueira seu apoio e solidariedade aos sem-terra que desejam se manter trabalhando no local ao lado de suas famílias.

    As cartas solicitando a suspensão definitiva do despejo devem ser enviadas para o seguinte endereço, podendo usar o texto apresentado abaixo:
    Gabinete do Desembargador Federal Hélio Nogueira: gab12410@trf3.jus.br

    Nós , ________, vimos através deste, solicitar justiça às famílias assentadas do assentamento Luiz Beltrame de Castro, no município de Gália, estado de São Paulo.
    A área onde estão morando, produzindo e contribuindo com a economia da região e contribuindo também para a melhoria dos hábitos alimentares das pessoas que consomem seus produtos, recebeu a classificação de terra improdutiva pelo Incra há sete anos atrás.
    Uma vez assentadas, as famílias reflorestaram a área transformando-a em belíssimos pomares. Tal atitude trouxe ganhos ambientais incalculáveis para a região. Através do suor derramado de seus rostos, a terra se tornou produtiva. De lá saem mandioca, banana, feijão, doces, geleias, legumes , hortaliças, temperos, queijo, ovos e leite pra alimentar as cidades do entorno. As famílias assentadas conquistaram sonhos, entre eles, o da casa própria. Casa essa que de forma cúmplice guarda os segredos do futuro pensado durante um almoço, jantar ou durante um cafezinho às pressas. Esses sonhos dizem respeito ao aumento da roça, do plantel de galinhas ou porcos, melhorar a alimentação do gado e obter um leite melhor. Nesse processo não existem motivos inconfessos a não ser o de trabalhar mais e mais para contribuir com o desenvolvimento do país alimentando a parte que lhes cabe nessa imensa nação. Portanto, é imensamente injusto ceifar essas vidas, retirando-as das terras que essas famílias fizeram renascer. É um plano de muito mau gosto devolver a terra ao senhor José Ivan Cassaro, que inclusive na época da desapropriação alegou não produzir pois a terra não prestava.

    Pois bem, esses trabalhadores que lutaram pra conquistar terra, transformaram a improdutividade num espaço pulsante de vida. A partir da terra nua transformaram-na num organismo com vida, com árvores que já estão produzindo frutos e, principalmente cumprindo a função social da terra: colaborar com a economia da região, aumentar o emprego e produzir alimentos. Isso por si só já lhes garante o direito de permanecer na terra, que por um gesto arbitrário de uma juíza, deu ganho de causa ao latifundiário.
    Solicitamos que analise esse processo à luz das leis, da Constituição Federal e dos interesses difusos de forma a restabelecer a credibilidade do sistema Judiciário. Sem mais para o momento, subscrevemos.

    O desembargador responsável em julgar o processo do assentamento Luiz Beltrame no TRF-3 é o juiz Hélio Nogueira.

     

  • Novo ministro das Comunicações fala em pacificação, defende inclusão digital, mas esquece região mais excluída do país

    Novo ministro das Comunicações fala em pacificação, defende inclusão digital, mas esquece região mais excluída do país

    Por Rafael Duarte, da agência Saiba Mais
    Foto: Alan Santos/PR – Fotos Públicas

    O novo ministro das Comunicações Fábio Faria (PSD) esqueceu as origens. No discurso de posse na nova pasta recriada pelo presidente Jair Bolsonaro para abrigar o Centrão, o deputado federal do Rio Grande do Norte não citou uma única vez o Estado potiguar ou a região Nordeste.

    A ausência no discurso não é um mero detalhe. Faria apontou como principal desafio no novo Ministério das Comunicações a inclusão digital. De acordo com pesquisa recente divulgada em abril de 2020 pelo IBGE com dados de 2018, o Nordeste é a região onde há mais pessoas sem acesso à internet no país. Ao todo, 17,65 milhões de nordestinos não acessam a grande rede.

    Fábio Faria foi eleito pelo povo do Rio Grande do Norte para a Câmara Federal em 2018 na última das oito vagas a que o Estado tem direito. E por pouco não fica de fora. Ele obteve o apoio de 70.350 eleitores, menos da metade dos 166.427 votos que conquistou em 2014, quando foi o terceiro candidato mais votado, impulsionado pela eleição do pai, Robinson Faria, para o Governo do Estado.

    Apesar da eleição pelo RN, o novo ministro fixou residência há alguns anos em São Paulo, onde mora a esposa Patrícia Abravanel, filha do dono do SBT Sílvio Santos. Reportagem do site Congresso em Foco divulgada em dezembro de 2019 revelou que, com recursos da Câmara Federal, Faria viajou 43 vezes a São Paulo no ano passado, e apenas seis para o Rio Grande do Norte, no mesmo período.

    Assim que o nome de Faria foi anunciado por Bolsonaro, entidades como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação destacaram que o fato do novo ministro ser genro de um empresário da comunicação, como Sílvio Santos, torna o ato do presidente imoral na medida em que o novo responsável pela pasta vai “controlar e fiscalizar as concessões de rádio e televisão e, também, será responsável por distribuir verbas publicitárias do governo federal”.

    No discurso de posse, além de não citar as origens, Fábio Faria também não fez menção aos políticos do Rio Grande do Norte que prestigiaram a posse. Estavam lá o ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho (PSDB), o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB), a deputada federal Carla Dickson (PROS), que herdou a vaga dele na Casa, além dos deputados estaduais Galeno Torquato (PSD) e Albert Dickson (PROS). Das autoridades potiguares, apenas Robinson Faria foi citado.

    Pacificador

    Fábio Faria tentou fazer o discurso político que Bolsonaro não fez na posse do novo ministro. O potiguar convocou o que chama de “armistício patriótico” e falou com a autoridade de quem vai pacificar o país:

    – Precisamos de um armistício patriótico e deixar a arena eleitoral para 2022. É preciso sobretudo respeito. Deixar diferenças políticas e ideológicas de lado para enfrentar esse inimigo invisível. É hora de pacificar o país”, disse, interrompido por aplausos.

    Analistas da política nacional afirmam que Fábio Faria também terá o papel de fazer a ponte política entre o Governo e o Congresso Nacional, onde atuou durante 14 anos, por quatro mandatos consecutivos. Uma pista dessa relação, o novo ministro deixou escapar ao se referir à economia do país no período pré-pandemia que, segundo ele, se recuperava “com as medidas do Governo e o apoio do Congresso Nacional”.

    Na frente de Bolsonaro, o ministro das Comunicações elogiou a imprensa, citou a importância da TV aberta (ele é genro de Sílvio Santos), valorizou os canais fechados, citou a importância da rádio, defendeu a implementação da rede 5G como determinação do presidente Bolsonaro, e elogiou o chefe.

    “(Bolsonaro foi) o primeiro a perceber esse movimento digital e espontâneo. A internet não aceita voz de comando. Cada cidadão é um organismo vivo. O povo te deu poder, presidente, e o senhor retribuiu com respeito”, disse.

    Ao final do discurso, Fábio Faria que se converteu à igreja evangélico depois que casou com Patrícia Abravanel, citou um versículo da bíblia.

  • Mirna Wabi-Sabi: Precisamos reavaliar o que significa passar fome hoje em dia

    Mirna Wabi-Sabi: Precisamos reavaliar o que significa passar fome hoje em dia

    A decisão de demitir Mandetta por conta de medidas de distanciamento social é preocupante, mas não surpreendente. De acordo com o presidente, deixar a população trabalhar significa cuidar de seu bem-estar, algo que um Ministro da Saúde centrista não é bem equipado para supervisionar. O ex-bancário Rodrigo Maia, uma pessoa em teoria mais preparada para lidar com questões econômicas, fala de redistribuição de riqueza, enquanto Bolsonaro o ataca por não ter um coração verde e amarelo. Uma resposta mais “patriota” a essa pandemia seria acabar com o distanciamento e reduzir impostos para empresas que contratarem jovens (de 18 a 29 anos) e pessoas com mais de 55 anos. Em outras palavras, botar as pessoas para trabalhar.

    Comparar o Brasil com os Estados Unidos é inevitável. Bolsonaro disse que não temos o luxo de não voltar ao trabalho, porque não somos tão ricos quanto os EUA e não podemos deixar que nossa dívida aumente mais um bilhão de reais. Maia, por outro lado, disse que o que não podemos permitir é que os erros dos EUA se repitam aqui, e que os índices de morte cheguem a tal nível.

    Se há uma coisa que essa pandemia nos ensinou, é apreciar os dois aspectos mais essenciais da vida: comida e abrigo. Trabalho não é sinônimo disso, já que muitas pessoas trabalham e ainda não tem acesso a essas necessidades básicas. Os países ‘em desenvolvimento,’ que ‘ainda não chegaram a um ponto’ em que comida e abrigo sejam acessíveis a todos e todas, estão se preparando para quando a pandemia os atingir em cheio.

    Talvez seja o nosso ‘subdesenvolvimento’ que nos prepara para lidar com uma crise sem acesso a recursos adequados ou apoio do governo, encontrando maneiras criativas de sobreviver nas paisagens mais áridas. Talvez desenvolvemos a capacidade de fazer gambiarra inevitavelmente, como soluções improvisadas de distribuição de alimentos a pessoas em situação de rua, ampliamos nossa rede e redirecionamos nossos recursos.

    Mas há um aspecto da distribuição de alimentos que sempre foi inflexível e difícil de resolver — o que as pessoas querem comer?

    De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014, pelo Ministério da Saúde, a deficiência nutricional deve ser tratada ao lado de doenças causadas pelo excesso de sódio e gorduras animais. Em outras palavras, a desnutrição causada pela pobreza não pode ser mitigada com uma dieta desequilibrada que gira em torno de carnes e alimentos ultra-processados. Eles podem causar um novo conjunto de problemas, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e até câncer. Portanto, toda a campanha que visa ‘alimentar o mundo’ precisa reavaliar o que significa passar fome hoje em dia, agora que comida se tornou acessível, mas mata.

    Um dos pratos mais emblemáticos do Brasil é a feijoada. Vem dos tempos coloniais, quando os colonos comiam as partes mais ‘valiosas’ do animal, enquanto pessoas escravizadas recebiam os restos, pés e orelhas. Era uma época em que os escravagistas não queriam que as pessoas consideradas ‘propriedade’ morressem.

    Hoje, a feijoada é para todas as pessoas, mas os pobres ainda estão recebendo as sobras dos ricos. O cachorro-quente, por exemplo, servido em molho de tomate salgado e processado é muito popular. São as sobras das indústrias de suínos, vacas e galinhas misturadas com conservantes, antibióticos e corantes, depois pasteurizadas, embaladas e distribuídas para as famílias de menor renda. Nesses agregados familiares, a ascensão social está geralmente e inconscientemente ainda ligada ao modelo colonial de distribuição de recursos, onde provar um pouco da ‘vida boa’ significa comer a ‘carne boa’. Isso significa que as ‘partes boas’ do animal geralmente são enviadas para o exterior, enquanto os restos são oferecidos a nós disfarçados de O Sonho Americano, uma imagem dos filmes de Hollywood, com um nome que nem podemos pronunciar adequadamente sem inventar vogais: ‘hotchi- dogui’.

    Houve outra mudança nos últimos séculos: pessoas über ricas não querem mais que pobres sobrevivam.

    Tornou-se aceitável permitir que pessoas pobres morram de diabetes, tuberculose, doenças cardíacas, overdose, covid-19 e assim por diante. Não há vídeos de partir o coração de pessoas violentamente magras que, com sua ajuda, serão poupadas da tortura da fome. Existem ‘pessoas pobres e gordas’ que estão doentes ou abusam de drogas devido a suas próprias ‘más escolhas’ e, silenciosamente, morrem aos milhões, sem causar o menor desconforto ao resto do mundo.

    Agora que as academias estão fechadas, qual é o sentido de tirar selfies para colocar no aplicativo se não podemos sair de casa? Quem somos nós quando não estamos constantemente no corre, tentando sobreviver? 2020 está transbordando de angústia existencial, compreensivelmente, já que muito mais pessoas do que o normal estão sentindo a fome e a perda de moradia (e morte) se aproximando delas.

    Podemos apostar nas iniciativas de apoio mútuo, organizar nossa comunidade, redistribuir recursos e alimentar pessoas em necessidade. Se elas pedem hotchi-doguis, é só responder com um emoji triste e cansado.

    Mudar ideias profundamente arraigadas sobre o papel que a desigualdade desempenha em nossas vidas é muito mais difícil do que acessar recursos básicos. Temos os meios para produzir muitos alimentos saudáveis e diversos de forma eficaz, o que não conseguimos fazer é controlar o crescimento da monocultura, que é ineficaz, direcionada ao processamento pesado e à ração. Os alimentos ultra-processados são feitos para serem baratos e durar uma quantidade desconcertante de tempo, e sabemos há anos como são nocivos. Por que tantas pessoas ainda preferem esses alimentos quando recebem uma alternativa pelo mesmo preço?

    A resposta instintiva é afirmar que os aditivos que melhoram o sabor e preservam os alimentos são viciantes, e há algumas evidências disso. Mas eu gostaria de focar no lado social das péssimas dietas, porque também há pesquisas para mostrar que “exclusão e marginalização social progressiva” é uma “característica comum do vício humano” (“Time to Connect: trazendo o contexto social para a neurociência do vício”, por Heilig, Epstein e Shaham). Se os aditivos colocados em alimentos baratos são viciantes, a marginalização torna uma pessoa pobre mais suscetível a esse vício do que a falta de acesso financeiro a alimentos mais saudáveis.

    Alimentos ultra-processados afetam nossa cultura, tornando os alimentos frescos desinteressantes, especialmente para os jovens. Na página 45 do Guia Alimentar, esse impacto é descrito como:

    “A promoção do desejo de consumir mais e mais para que as pessoas tenham a sensação de pertencer a uma cultura moderna e superior.”

    Essa é a consequência da ideologia do consumismo, um modo de vida dos Estados Unidos que se infiltra em nossa psique tanto quanto se infiltra em nossos corpos. Ingerimos novos aditivos da mesma maneira que regurgitamos novos sons. Os Big Macs, por exemplo, são tão problemáticos para comer quanto para pronunciar; essas consoantes abertas inevitavelmente se transformam em ‘Bigui Méki,’ à medida que o ritual da refeição se transforma em porções rápidas e individuais para serem consumidas ‘on the go.’ Não há mais necessidade de ter cozinha, a habilidade de cozinhar, acompanhantes ou tempo. Existe apenas uma solução rápida e individualista por um preço baixo.

    Tentar mostrar que os alimentos processados estrangeiros não são tão bons quanto os produtos locais é mais difícil do que apenas oferecer esses produtos locais aos pobres. Em escala nacional, nossa produção agrícola é em grande parte direcionada para a manutenção dos hábitos alimentares tradicionais do hemisfério norte (e incorporá-los como nossos), como se pudéssemos ‘comer’ dinheiro estrangeiro. O que não considera que nossa terra é propícia para a produção de alimentos muito mais interessantes do que o que os países europeus minúsculos e frios têm sido historicamente capazes de produzir, e estão atualmente interessados em comprar. Não precisamos viver de linguiça e pão branco como um açougueiro Alemão do século 18.

    Este é o Brasil, temos frutas que a maioria das pessoas do hemisfério norte nem sabe que existem. Temos pelo menos meia dúzia de tipos de bananas amplamente acessíveis, abacates do tamanho de bolas de futebol americano, e conhecimento tradicional e milenar sobre relacionamentos sustentáveis com a terra e com o corpo. Pelo menos neste país, alegar que alimentos ultra-processados são mais baratos do que produtos frescos locais não tem base na realidade — ainda. A única maneira disso se tornar realidade é com o marketing mais agressivo dessas empresas, o que aumentará a demanda por esses produtos, tornando outros produtos menos disponíveis.

    Uma das principais sugestões do Guia Alimentar é: não veja o marketing como fonte educacional. A “função da publicidade é essencialmente aumentar a venda de produtos, não informar ou, menos ainda, educar as pessoas” (página 120). As vendas de alimentos aparentemente acessíveis são vistas como um sinal de Desenvolvimento, como progresso para o país e para comunidades marginalizadas. Este ‘desenvolvimento’ não tem em mente o melhor interesse da população, tem em mente os lucros do mercado de ações.

    A cultura tóxica que somos forçados a engolir é o mais difícil de enfrentar nas iniciativas de apoio mútuo. Mais difícil do que arrecadar dinheiro, distribuir recursos, aprender uma nova habilidade, arregaçar as mangas e sujar as mãos. É aquela coisa escondida nos cantos escuros da psique, esse padrão de comportamento que anos de terapia podem nunca alcançar. Ele sussurra: “Eu não quero que as coisas mudem tanto assim” e dá espaço para a publicidade continuar a nos mudar e a destruir os nossos corpos.

    ____ NOTAS

    Este artigo em Inglês: abeautifulresistance.org/site/2020/4/6/thesystemicchangesneeded

    Guia Alimentar 2014: http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes/alimentacao-adequada-e-saudavel/guia-alimentar-para-a-populacao-brasileira-2014

     

    Mirna Wabi-Sabi é

    Militante descolonial, anarquista, e feminista interseccional. Editora de Gods and Radicals (abeautifulresistance.org), teórica política e professora.

  • NOTA DE REPÚDIO À REMOÇÃO DOS QUILOMBOLAS DE ALCÂNTARA – MA

    NOTA DE REPÚDIO À REMOÇÃO DOS QUILOMBOLAS DE ALCÂNTARA – MA

    O Sindicato dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares de Alcântara (STTR), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Município de Alcântara (SINTRAF), a Associação do Território Quilombola de Alcântara (ATEQUILA), o Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Alcântara e o Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (MABE) e as instituições abaixo subscritas, cientes da Resolução no 11 de 20 de março de 2020 do Gabinete de Segurança Institucional a Presidência da República, publicada no Diário Oficial da União em 27.03.2020, vêm a público repudiar veementemente o teor da referida Resolução, que busca estabelecer, ao arrepio de leis nacionais e internacionais, as diretrizes para a expulsão das comunidades quilombolas de Alcântara de seus territórios.

    Consideramos a medida arbitrária e totalmente ilegal, uma vez que afronta diversos dispositivos legais de proteção dos direitos das comunidades remanescentes de quilombo, bem como, tratados e convenções internacionais referidos aos direitos destas comunidades.

    Denunciamos ao povo brasileiro que o governo Bolsonaro, submisso aos interesses do governo dos Estados Unidos, além de entregar nossa base de lançamentos, medida que inviabiliza o desenvolvimento de nosso conhecimento e tecnologia aeroespacial, também entrega de bandeja o povo quilombola que vive em seus territórios a centenas de anos. Exigimos, em um só tempo, o respeito à soberania do povo quilombola sobre seus territórios e soberania do povo brasileiro sobre a base de Alcântara.

    Por fim, não admitimos quaisquer possibilidades de deslocamentos e reafirmamos nossa irrestrita e ampla defesa das comunidades quilombolas de Alcântara no direito de permanecer no seu território tradicional na sua inteireza e plenitude. Acionaremos todos os meios e medidas possíveis para resguardá-las.

    Os governos passam, mas o povo fica e será soberano sobre seu destino!

    Abaixo assinados::
    1 Sindicato dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares de Alcântara (STTR)
    2 Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Município de Alcântara (SINTRAF)
    3 Associação do Território Quilombola de Alcântara (ATEQUILA)
    4 Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Alcântara
    5 Movimento dos Atingidos pela Base Espacial (MABE)
    6 ABRASCO
    7 Acampamento Terra livre
    8 Ação Educativa
    9 Afrobase – SP
    10 Agência Solano Trindade – SP
    11 Agência Tambor
    12 Agentes de Pastoral Negro do Maranhão
    13 Amigos da Terra Brasil
    14 Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil
    15 Associação Agroecológica Tijupá
    16 Associação Brasileira de Reforma Agrária – ABRA
    17 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (Anpege)
    18 Associação Protetora dos Desvalidos – BA
    19 Balaios Livraria
    20 Bijari – SP
    21 Brigada do Congresso do Povo – MA
    22 Casa Amarela de Cultura Coletiva – SP
    23 Casadalapa – SP
    24 CEBI BAHIA
    25 Central de Movimentos Populares
    26 Central Sindical e Popular CSP – CONLUTAS
    27 Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais – CAIS
    28 Centro de Ciências e Saberes Mãe Anica
    29 Centro de Cultura Negra do Maranhão
    30 Centro de Pesquisa e Extensão em Direito Socioambiental (CEPEDIS)
    31 Coalizão Negra por Direitos
    32 Coletivo Aparelhamento – SP
    33 Coletivo Imargem – SP
    34 Coletivo Madeirista – Porto Velho, RO
    35 Coletivo Ocupeacidade – SP
    36 Coletivo Política do impossível – SP
    37 Coletivo Tralha – SP
    38 Coletivo Transverso – DF / SP
    39 Comissão Brasileira Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CBJP/CNBB)
    40 Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo – CDHPF
    41 Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos e Comunidades Costeiras e Marinha – CONFREM Brasil
    42 Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos e Comunidades Costeiras e Marinha – CONFREM Maranhão
    43 Comitê da América Latina e do Caribe pela Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM- Brasil)
    44 Condominio Cultural – SP
    45 Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil Regional NE 5 – Maranhão
    46 Conselho Nacional de Leigos do Brasil – Regional NE 5
    47 Conselho Estadual da Política de Igualdade Étnico-Racial – CEIRMA
    48 Conselho Pastoral dos Pescadores

    49 Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – CONAQ
    50 Creative Commes – SP
    51 Diocese de Brejo
    52 Diocese de Pinheiro
    53 Ecossistema Tropical – BR
    54 Ecossistema Tropical – SP
    55 Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão – FETAEMA
    56 Feira Da Tralha – São Luís
    57 FIAN Brasil
    58 Fórum Carajás
    59 Frente 3 de fevereiro – SP
    60 Frente Campesina Americana
    61 Frente Parlamentar Ambientalista
    62 Frente Parlamentar Mista de Apoio aos Objetivos Desenvolvimentos Sustentável da ONU – ODS – coordenador: Nilo Tatto
    63 GECA – Grupo de Pesquisas em Geografia Agrária e Conservação da Biodiversidade do Pantanal da Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT
    64 GEDITE – Grupo de Estudos em Dinâmicas Territoriais da Universidade Estadual 89 Marcha das Margaridas do Maranhão – UEMA
    65 Geledès – Instituto da Mulher Negra
    66 GEOAGRÁRIA – Laboratório de Geografia Agrária da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS
    67 GEOLUTAS – Laboratório de Geografia das Lutas no Campo e na Cidade da Universidade Estadual do Oeste do Paraná campus Marechal Candido Rondon – UNIOESTE
    68 GERES – Grupo de Estudos Regionais Socioespaciais da Universidade Federal de Alfenas
    69 Gráfica Fábrica – SP
    70 Grito dos Excluídos Brasil
    71 Grupo de Estudos Rurais e Urbanos (GERUR/UFMA)
    72 Grupo de Estudos, Pesquisa e Debates em Serviço Social (GSERMS) – UFMA
    73 Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente da Universidade Federal do Maranhão (GEDMMA/UFMA)

    74 Grupo de pesquisa Territorialidades e Imaginários na Amazônia-UNIR
    75 Horacio Antunes de Sant’Ana Júnior
    76 Instituto Maranhão Sustentável
    77 Instituto Pacs – Políticas Alternativas para o Cone Sul
    78 Instituto Polis
    79 Instituto Socioambiental – ISA
    80 Irmãs de Notre Dame de Namur
    81 Jornal Vias de Fato
    82 Jornalistas Livres
    83 Justiça Global – JG
    84 Justiça nos Trilhos
    85 Laboratório de Estudos e Pesquisa sobre Espaço Agrário e Campesinato (LEPEC/UFPE)
    86 LAGEA – Laboratório de Geografia Agrária da Universidade Federal de Uberlândia – UFU
    87 LERASSP – Laboratório de Estudos Regionais e Agrários no Sul e Sudeste do Pará da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA
    88 MAM – Movimento Pela Soberania Popular na Mineração
    90 Marcha Mundial Das Mulheres

    91 Marcha Mundial das Mulheres – Maranhão
    92 Movimento Baia Viva do Rio de Janeiro
    93 Movimento de Defesa da Ilha – São Luís/MA
    94 Movimento dos Pequenos Agricultores
    95 Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras do Maranhão – MST
    96 Movimento Mulheres em Luta – MML
    97 Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH Brasil
    98 Movimento pela Saúde dos Povos – MSP Nacional
    99 MSTC – Movimento dos Sem Teto do Centro – SP
    100 NEADEC – Núcleo de Estudos e Pesquisas Agrárias sobre Desenvolvimento, Espaço e Conflitualidades da Universidade Federal do Pará – UFPA
    101 NERA – Núcleo de Estudos, Projetos e Pesquisas de Reforma Agrária da Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus Presidente Prudente
    102 Observatório de Protocolos Comunitários de Consulta e Consentimento Livre, Prévio e Informado
    103 OCA Maranhão
    104 Ocupeacidade – SP
    105 Ong Arte-Mojó
    106 Parquinho Gráfico – SP
    107 Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU
    108 Pastorais Sociais
    109 Pastoral Afro
    110 Pastoral Carcerária Regional
    111 Pastoral da Aids assina
    112 Pastoral da Criança Regional
    113 Pastoral da Juventude -PJ
    114 Paulestinos – SP
    115 Plataforma DHESCA
    116 Política do Impossível – SP
    117 Potira Floricultura – Florianópolis
    118 Programa de Pós Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia
    119 Publication Studio São Paulo
    120 Quilombo Raça e Classe
    121 Quilombo Urbano
    122 Rádio Camponesa – Crateús/CE

    123 RADIO CANAÃ FM – CE
    124 Rede de Médicos Populares
    125 Rede Jubileu Sul
    126 Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
    127 Reocupa

    128 Residência Artística Jardim Aberto – JARA – Porto Alegre
    129 Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU do Maranhão – Sintrajufe/MA
    130 Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) 131 SINTES-MA Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais, Órgãos Classistas, Entidades Não Governamentais e Partidos Políticos no Estado do Maranhão
    132 Sociedade Maranhense de Direitos Humanos – SMDH
    133 SP Terra Indígena
    134 Treme Terra – SP
    135 Uneafro Brasil
    136 União de Moradores do Taim
    137 União Estadual por Moradia
    138 Via Campesina

     

    Conheça um pouco do dia-a-dia da Comunidade Quilombola do Canelatiua – Alcântara: