Jornalistas Livres

Autor: Patrícia Zaidan

  • “Não há democracia enquanto o Estado não responder quem mandou matar Marielle”

    “Não há democracia enquanto o Estado não responder quem mandou matar Marielle”

    A decisão de realizar a manifestação desta sexta, no Rio de Janeiro, foi tomada depois de o Jornal Nacional associar o nome do presidente da República à investigação do homicídio

    “Não há democracia enquanto o Estado brasileiro não responder quem mandou matar Marielle”, disse a arquiteta e ativista Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL), covardemente assassinada em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro.

    Mônica divulgou um vídeo em suas redes sociais convocando um ato de protesto para esta sexta (1º de novembro), às 17 hs, na Cinelândia. A manifestação pretende pressionar as autoridades para que apontem os mandantes das mortes da parlamentar e do motorista Anderson Gomes.

    A convocação acontece no momento mais grave da investigação. Na última terça-feira (29/10), o principal telejornal da Rede Globo, o Jornal Nacional, citou o presidente da República, Jair Bolsonaro, na trama que teria culminado na execução da parlamentar.

    Segundo a reportagem, o porteiro do condomínio do presidente, que na época era deputado federal, revelou que o ex-PM Élcio Queiroz, acusado pelos homicídios, se apresentou na guarita dizendo que visitaria Bolsonaro. Élcio se reuniu com outro acusado pela execução, Ronnie Lessa, sargento aposentado da PM, que morava na casa 68, do mesmo condomínio. A reunião se deu horas antes dos assassinatos; e os dois estão presos.

    Como informou o JN, o porteiro revelou no inquérito que “o seu Jair”, da casa 58, havia autorizado, por telefone, a entrada de Élcio. O telejornal noticiou ainda que o então deputado, naquele horário, teve sua presença registrada no plenário da Câmara.

    Em viagem à Arábia Saudita, Bolsonaro gravou uma resposta nervosa, longa, crivada de ataques à Globo, considerada por ele “canalha”. E disse que não haverá “um jeitinho” no processo de renovação da concessão da Rede Globo. No vídeo, o presidente acusou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de vazar para o JN detalhes da investigação do assassinato de Marielle, que corre em segredo de Justiça. No dia seguinte, o Ministério Público fluminense declarou que o porteiro deu informação falsa ao citar Jair Bolsonaro na investigação do crime.

    Na semana conturbada, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, cuidou de ampliar a crise com uma ameaça à democracia brasileira. Disse, em entrevista, que “se a esquerda radicalizar”, uma das medidas do governo seria uma espécie de reedição do Ato Institucional número 5, o famigerado AI-5, um dos piores instrumentos usados pela ditadura militar para violentar não só os seus opositores, mas a nação inteira. Bolsonaro desqualificou a declaração do filho, desautorizando-o a falar no retorno do AI-5. Neste clima, será realizado o ato da Candelária, encabeçado, entre outros militantes, por Mônica Benício, que escreveu em seu Instagram: “…completam-se 597 dias sem resposta. Sem justiça. Sem saber quem mandou matar Marielle. Se você também está do lado da democracia, se você também quer ver um Brasil mais justo, vem pra rua com a gente. Estaremos juntas, juntos e juntes ocupando as ruas por ela e por nós.”

    Em São Paulo, a manifestação está marcada para dia 5, terça-feira, às 18 hs, no vão do Masp, na avenida Paulista. A convocatória carrega as frases: “Ditadura nunca mais”; “Basta de Bolsonaro”, “Justiça por Marielle”.

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  • FOTOS: A alegria toma conta da caminhada por Haddad em São Paulo

    FOTOS: A alegria toma conta da caminhada por Haddad em São Paulo

    Quando Boulos (PSOL) apontou no meio da multidão, na Avenida Paulista, uma saraivada de clicks iluminou seu rosto.  Escurecia, os manifestantes queriam fotos com ele, beijar, abraçar, agradecer a campanha bonita que fez e o apoio dado a Haddad e Manu no segundo turno. Nas primeiras horas do ato pela eleição do candidato do PT à presidência, Luiza Erundina (PSOL) emocionou quem a viu erguer seu pequeno cartaz rosa, com letras de papel recortado, onde se lia “#Ele não”. Aos 83 anos, energia de sobra, a deputada reeleita com 176.883 votos bradou forte aos nossos repórteres: “Ô Jornalistas Livres! Venham registrar o povo na rua, defendendo a democracia, repudiando a ditadura.” Erundina é pop. Diva da festa que começou no Masp às 15 hs.

    Mulheres no comando

    A palavra “alegria” talvez possa resumir o espírito do ato convocado pelas mulheres nas redes sociais e que se alastrou contagiando os partidos de esquerda, coletivos, organizações LGBTQI, estudantes e sem-teto. Viralizou! Rapidamente foram puxadas inúmeras ações para dizer “Haddad sim!” nas ruas das principais cidades brasileiras e também em Nova York, Londres, Paris, Berlim. “O sábado virou o dia de virar votos”, disse uma menina magrinha, de 16 anos, enquanto metia bronca com a baqueta no bumbo, marcando a marchinha que dizia ao final: “ Haddad, Haddad!”

    Criativa esta gente que animou a Paulista. Passaram por lá 50 mil pessoas. Nas janelas dos prédios altos moradores balançavam colchas vermelhas, bandeiras gay, lençóis com escrita improvisada : “Ele não”. Um bandeirão branco cobriu o asfalto com seus 15 x 5m, que igualmente cravava: “Ele não”. Um grupo gritava: “Ele não é o Dória também não”. Foi o sábado da paródia. O povo da ciranda cantou um “Cirandeiro, cirandeiro ô, a estrela do Haddad brilha mais do que o sol”.

    Carnaval para Haddad

    Um pagodinho citava o nome de Manuela, a Marcha das Mulheres estava reforçada, um grupo numericamente parrudo pisou na avenida avisando: “A Zona Leste chegou”. O grupo Ilu Oba de Min esteve ainda mais exuberante, o pessoal do Arrastão dos Blocos anunciou  que no próximo sábado, dia 27, às 16 horas, os blocos de carnaval afinados com a democracia promoverão o maior carnaval fora de época que a capital paulista já viu – o Carnaval do Haddad. Está tudo combinado, o cordão de foliões sai do Largo do Arouche, na região central, e arrasta a sandália pela Praça da República, Praça Roosevelt, Rua Augusta…

    Dos refrões, alastrava-se fácil e grudava no ouvido, este: “Ô Bolsonaro, seu arregão, o povo quer debate na televisão”

    Cassação de Bolsonaro”

    A pauta mais séria esteve em torno do pedido de cassação da candidatura do capitão-candidato por fraude eleitoral. A compra de pacotes de mensagens (o escândalo do WhatsApp) com dinheiro de empresários “É o Caixa 2 do Bolsonaro!”; “É o Caixa 2 do Bolsonaro!”, ecoava pela avenida mais charmosa da capital.

    Havia, sim, muitos homens junto das mulheres. Muitos. Surgiram cartazes lembrando “Herzog vive”, “Marielle vive”. Eleitores do PSB, PDT, PCB. Gente de todas as cores, de todos os credos, de todo tipo de fé, gente que não reza. Cidadãos de centro, indígenas, periféricos, negros, nordestinos.  O time Black bloc, que quase não se junta, apareceu fazendo coro. A presidenta da UNE, Mariana Dias e o Coletivo Democracia Corintiana compareceram. O Suplicy também. E gente que lutou na ditadura, que foi preso. Gente que pede liberdade de expressão, direito ao corpo, à sexualidade, ao trabalho, ao 13º. Direito de ficar bem longe do general Mourão! Direito ao SUS, aos remédios para diabéticos, para pessoas vivendo com HIV/Aids.

    A alegria dobrou a Brigadeiro Luiz Antônio e desceu, emblematicamente. Com as pessoas entoando uma mistura de cantos, palavras de ordem e refrões formando o melhor retrato do Brasil. Imagem do povo que quer conquistar votos e eleger Haddad e Manu.