Jornalistas Livres

Autor: Martha Raquel

  • CASO LUANA BARBOSA: 3 HOMENS FARDADOS E ARMADOS CONTRA 1 MULHER NÃO É FORÇA MODERADA, É FEMINICÍDIO! É LESBOCÍDIO!

    CASO LUANA BARBOSA: 3 HOMENS FARDADOS E ARMADOS CONTRA 1 MULHER NÃO É FORÇA MODERADA, É FEMINICÍDIO! É LESBOCÍDIO!

    Fotos de Carol Dutra, direto de Ribeirão Preto

    Fotos: Carol Dutra

    Acontece neste momento a audiência de julgamento sobre o caso de Luana Barbosa no Fórum de Ribeirão Preto. Douglas Luiz de Paula, André Donizete Camilo e Fábio Donizeti Pultz, policiais militares, são acusados de homicídio triplamente qualificado pelo espancamento e morte de Luana, em 8 de abril de 2016, no bairro do Jardim Paiva II, periferia de Ribeirão Preto. A denúncia analisada hoje foi feita pelo Ministério Público.

    Aproximadamente 60 pessoas estão em frente ao Fórum de Ribeirão Preto neste momento. Eles não puderam acompanhar a audiência que começou às 13h porque, segundo relato dos ativistas, estavam com roupas consideradas inadequadas – camisetas com o rosto de Luana e com frases pedindo justiça.

    Coletivos organizados, mulheres autônomas de Campinas e São paulo e o Movimento Negro ocupam a área para lembrar que Luana é a prova de um Estado racista, lesbofóbico e genocida.

  • TV GLOBO MENTE NA COPA DA RÚSSIA

    TV GLOBO MENTE NA COPA DA RÚSSIA

    Durante o primeiro dia da Copa do Mundo na Rússia, a TV Globo anunciou, diversas vezes, durante a programação, que estavam entrando ao vivo direto da Praça Vermelha – a famosa praça de Moscou que ficou conhecida pelos gigantescos desfiles militares durante a União Soviética. A praça, que separa o Kremlin do bairro histórico Kitay-gorod (Cidade Chinesa, em tradução literal), é considerada o principal espaço público central de Moscou, palco de grandes pontos turísticos como o Gum (a maior loja de departamentos da União Soviética), o Mausoléu de Lenin e a Catedral de São Basílio.

    Reparando nas imagens exibidas pela emissora, é possível notar que o estúdio da Globo está montado atrás da Catedral de São Basílio, próxima à ponte Bolshoy Moskvoretskiy Most.

    No final do ano passado estive na Rússia para o calendário de comemorações do centenário da Revolução Russa e registrei em fotos a parte traseira da Catedral.

    Fotos revelam mentira da Globo : a da esquerda foi feita em novembro de 2017, a da direita, em junho de 2018

    Quem circula pela Praça Vermelha tem esta visão (abaixo) e não faz ideia de que existe um estúdio na região

    Praça Vermelha em novembro de 2017
  • FOTOS: 16ª Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo

    FOTOS: 16ª Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo

    Aconteceu hoje a 16ª Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo com o eixo “Somos Marielle: contra a criminalização da pobreza, o genocídio e a intervenção militar”. Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, veio do Rio de Janeiro para participar da marcha. A caminhada reuniu centenas de pessoas entoando palavras de ordem contra qualquer tipo de injustiça social, violência e opressão. Para homenagear esses 15 anos, a caminhada voltou a ter seu trajeto inicial, que começou na praça Oswaldo Cruz e terminou com apresentações artísticas no MASP.

  • Lula, o senhor está presente em cada vitória do povo.

    Lula, o senhor está presente em cada vitória do povo.

    Presidente,

    Passei uma semana nostalgica pensando no que iria te escrever. Reuni cartas de todas e todos ao meu redor para te trazer aqui em Curitiba, mas não conseguia decidir o que eu queria e precisava te falar.

    Sabe, presidente, você mudou a realidade de milhões de famílias e a minha foi uma delas. No seu governo vi minha tia transformar o barraco de madeira numa casa que acomoda os 5 filhos e os 5 netos. Me vi sendo a primeira pessoa da família Rodrigues a erguer um diploma de faculdade. Vi minha mãe terminar os estudos através do Escola para Jovens e Adultos – eu sei, foi um programa criado antes do senhor, mas sem a valorização do salário mínimo nos teus governos, minha mãe jamais conseguiria voltar a estudar porque teria que continuar nos 2 trabalhos que mantinha logo depois que nasci. Também foi no seu governo que vi minha mãe conseguir comprar um carro e um terreno, para a nossa tão sonhada casa própria. Vi minhas tias e meus tios conseguirem se aposentar. Vi minha família conhecer a praia. Vi sobrar um dinheirinho no final do mês pra fazer um churrasco e tomar uma cachacinha.

    Hoje sou jornalista, trabalho na Rede TVT e sou voluntária do coletivo Jornalistas Livres. Já nos cruzamos inúmeras vezes mas nunca tive a oportunidade de conversar com o senhor. Toda vez que um desses encontros acontece, eu acabo me emocionando. Me emociono ao pensar como está a vida de cada brasileiro que saiu da miséria extrema por sua causa. Me emociono também ao ver o rosto do povo que te olha hipnotizado. Sabe, presidente, eu tenho 1,57 de altura e geralmente não consigo ver o senhor quando estou como manifestante nos atos, mas a reação das pessoas e sua voz ao fundo já me bastam. O que o povo não consegue colocar em palavras, escorre pelos olhos, torce o rosto todo com aquele sorriso que parece que vai rasgar a pele.

    Conversando com um amigo, chegamos a conclusão que as cartas que estão sendo enviadas para o senhor trouxeram à tona algo que a grande mídia tentou esconder: a importância dos programas sociais e de distribuição de renda dos governos do senhor. A Globo, principalmente, sempre usou a narrativa da meritocracia pra justificar a ascensão social das trabalhadoras e dos trabalhadores do Brasil, mas as cartas estão revelando que o povo tem consciência da importância de tudo que foi feito pela população mais pobre. Estamos voltando no tempo, presidente, e o senhor está presente em cada vitória do povo pobre, do povo preto, das mulheres, do povo LGBT, do povo indígena.

    Estão sendo dias difíceis sem o senhor, presidente. Não paro de pensar sobre como deve ser, pra alguém que sempre se pintou de povo, estar sozinho. Mas o discurso do senhor em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos foi, além de histórico, uma fonte de esperança, de força, de fé. Fique tranquilo, a ideia do que o senhor e o seus governos representam e representaram está percorrendo o país inteiro. Aliás, no mundo inteiro tem manifestações de apoio e solidariedade ao senhor e a democracia brasileira.

    Presidente, por fim, gostaria de agradecer por ter me mostrado que é possível. Que podemos comer, que podemos estudar, que podemos viajar. Durante seus governos a população mais pobre pode ter um respiro, pode ter uma folga do desespero de tre que colocar comida na mesa, pode curtir os momentos de felicidade. Muito obrigada, presidente, por me dar a chance de não ter medo de ser feliz.

    Um beijo, presidente. Meu eterno presidente. O Brasil está com o senhor.

    Martha Raquel Rodrigues

  • Estupro corretivo, lesbofobia e rebuceteio: L, O Musical

    Estupro corretivo, lesbofobia e rebuceteio: L, O Musical

    Lesbofobia. Escutar esta palavra, que diariamente é ignorada, em um espetáculo é muito importante para a comunidade lésbica. L, O Musical, estrelado por Elisa Lucinda, Ellen Oléria, Gabriela Correa, Luiza Guimarães, Tainá Baldez e Renata Celidonio, passeia por todos os conflitos enfrentados por mulheres que amam mulheres. Com o máximo respeito e cuidado, a trama passa por temas como a descoberta da lesbianidade; a paixão mantida por anos; o rebuceteio (ou REBUCETATION, como chamam na peça); a lesbofobia; e a não-conformidade com os papeis de gênero.

    De forma espetacular, a personagem Simone leva a platéia um dos maiores conflitos da vida de uma mulher lésbica: lidar com as violências cotidianas enfrentadas por ser mulher e por ser lésbica. De tanto presenciar tais violações, que muitas vezes culminam em feminicídios, sofridas pelas mulheres que amam mulheres, Simone deixa transparecer o desejo de não fazer parte daquela violência, de não ser uma de suas vítimas. O conflito é tratado com muito cuidado e leva a platéia a sentir a vulnerabilidade enfrentada pela personagem.

    A trilha sonora é composta por nada mais nada menos que Angela Ro Ro, Isabella Taviani, Zélia Duncan, Cássia Eller, Ana Carolina, Mart’nália, Leci Brandão, Simone, Adriana Calcanhoto, Marina, Maria Gadu, Márcia Castro e Ellen Oléria.

    Elisa Lucinda, em um de seus textos aqui no Jornalistas Livres, disse“Quando Sérgio Maggio, jornalista, escritor, dramaturgo e diretor, me convidou para tanto, o primeiro espanto foi concluir que, em trinta anos de carreira, é a primeira vez que me convidam para interpretar uma mulher que gosta de namorar outra mulher. Que absurdo! Então a ficção está atrasada assim em relação à realidade? Então a ficção ainda está tímida para contar as inúmeras histórias de amor e os dramas que envolvem romances homoafetivos? Então a ficção está desatualizada, é discriminadora, fixando o seu protagonismo somente no amor heterossexual? Então essas histórias não merecem ser tratadas na arte? Ó, ficção, estás desatualizada, sim!” 

     

    Monitorei as redes sociais desde sábado (6), quando assisti o musical, até hoje para ver a reação do público, em especial das mulheres lésbicas. No Twitter muitos tweets destacavam com euforia coisas simples como:

    O teatro é também uma forma de expressão social e política do homem, para além da arte ou do entretenimento. Falar sobre o amor lésbico e a lesbofobia sofrida por essas mulheres é preencher essa lacuna deixada por tantos anos, além de ser um posicionamento político de suma importância. Chamar a atenção para a discriminação é salvar vidas.

     

     

    “A prática da discriminação provoca cortes, desentendimentos, rupturas… A prática da exclusão gera equívocos, distorções da realidade, produz intolerâncias, radicalismos, mortes inexplicáveis, torpes, indefensáveis. Que, não por acaso, são os componentes da guerra.” – Elisa Lucinda

    Elisa Lucinda é jornalista-livre e convida à todas e todos para assistir o espetáculo “L, O Musical” que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, até dia 26 de fevereiro. As sessões acontecem de sexta, sábado e segunda às 20h e aos domingos aos 19h.

  • Retrospectiva 2017: as mulheres que se destacaram nesse ano

    Retrospectiva 2017: as mulheres que se destacaram nesse ano

    Apesar de todos os retrocessos, em 2017 assistimos entusiasmadas mulheres no mundo todo tomarem a linha de frente, resistindo e resignificando o que é ser mulher na sociedade. Por isso, fizemos questão de lembrar alguns dos nomes que mais se destacaram neste ano.

    Anitta
    Mulher negra, ex-favelada e poderosíssima, Anitta, aos 24 anos, se transformou no 15º nome mais influente da música mundial na atualidade, à frente de estrelas de projeção internacional como Rihanna, Selena Gomez, Demi Lovato e Taylor Swift, de acordo com o ranking da Billboard. A mesma publicação a colocou em 41º lugar em outra lista, a de Artistas em Ascensão.

    Elza Soares
    Aos oitenta anos, Elza é um dos maiores nomes da música brasileira, e em 2017 continuou fazendo o que faz de melhor, retratando, de forma impecável, a luta e resistência das mulheres negras no Brasil. Elza foi homenageada em diversos eventos, como na reabertura do auditório Simón Bolívar, no memorial da América Latina, além de ter ganho prêmios no 28º prêmio da música brasileira e no festival Women’s Music Event Awards by Vevo.

     

    Angela Davis
    Em sua passagem pelo país, a professora e filósofa Angela Davis – ícone da luta por direitos civis nos EUA-, discursou por mais de uma hora na Universidade federal da Bahia (UFBA), em Salvador. Na ocasião a filósofa relembrou a trajetória das mulheres negras no país, além de falar sobre a importância na construção de novas lideranças e de novos formatos de liderança.

    Heley de Abreu
    A professora que deu a própria vida para salvar seus “filhinhos”, como chamava carinhosamente os pequenos alunos da creche “Gente Inocente”, marcou a história no dia 5 de outubro de 2017. A heroína foi uma das 12 pessoas que morreram em um incêndio, em Janaúba, Minas Gerais. Graças a ela várias crianças sobreviveram.

    Simone Maulaz
    Outra professora que se destacou este ano foi Simone Maulaz. Ao ouvir disparos em um colégio de Goiânia, ela, heroicamente, conseguiu convencer o atirador, de 14 anos, a interromper os assassinatos. Se não fosse Simone, o episódio no Colégio Goyazes que terminou com 2 alunos mortos e quatro feridos poderia ter sido ainda pior.

    Debora Diniz
    A antropóloga e pesquisadora Debora Diniz protocolou no Supremo Tribunal Federal uma ação que pede a descriminalização do aborto no Brasil. Essa foi a segunda vez que Debora levou o assunto, encarado como tabu no país, à mais alta instância do poder judiciário. Na primeira, em 2012, ela conseguiu o direito ao aborto para gestações de fetos anencéfalos. Em novembro, Debora ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Ciências da Saúde por seu livro “Zika: do sertão nordestino à ameaça global”, uma tentativa de biografar a epidemia de zika que acomete o Nordeste. (VIA UOL)

    Livia Schiavinato Eberlin
    Em setembro, um artigo publicado na revista científica “Science Translational” trouxe uma novidade que pode significar um profundo avanço no diagnóstico do câncer: a MasSpec Pen, uma espécie de caneta capaz de identificar tecidos cancerígenos. Por trás da ferramenta, o nome de uma brasileira: Livia Schiavinato Eberlin, professora assistente do Departamento de Química da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos. (VIA UOL)


    Louie Ponto

    Formada em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina, Louie Ponto atua e faz mestrado na área – mas Louie entra para a lista de mulheres que marcaram 2017 por causa de seu canal no Youtube. De forma descontraída e intimista, a jovem conversa com o público adolescente sobre temas como feminismo, preconceitos, literatura e jogos. Sempre com seu chá na mão, ela torna leve reflexões que muitos adultos não conseguem fazer com seus filhos.

    Patty Jenkins

    Antes mesmo da estreia de Mulher-Maravilha nos cinemas, Patty Jenkins já tinha feito história como a primeira mulher a comandar um filme de mais de US$ 100 milhões de orçamento. Com o sucesso arrebatador do longa em crítica e bilheteria, Jenkins foi além das expectativas para cimentar o lugar de diretoras e heroínas no cinemão americano. Assinou contrato para retorno na continuação, marcada para 2019, quebrando outro recorde – o de diretora mais bem paga da história de Hollywood.

    Rose McGowan & Ashley Judd

    As denúncias de assédio sexual em Hollywood marcaram os últimos meses do ano, e entre as multidões de vozes, vale destacar duas: Ashley Judd e Rose McGowan. Judd, conhecida por papéis em filmes como Risco Duplo e Frida, foi a primeira atriz do time-A de Hollywood a colocar seu nome na denúncia contra o produtor Harvey Weinstein, que mais tarde seria demitido da empresa The Weinstein Company, que leva seu sobrenome; McGowan, que sempre foi assertiva em suas posições feministas, tomou a frente do movimento #MeToo nas redes sociais e também denunciou Weinstein e outros nomes da indústria.