Jornalistas Livres

Autor: JLCampinas

  • Juca Kfouri é o convidado do ‘Prosa Sociológica’, na Unicamp

    Juca Kfouri é o convidado do ‘Prosa Sociológica’, na Unicamp

    O jornalista Juca Kfouri é o convidado deste mês do “Prosa Sociológica”, evento promovido pelo Departamento de Sociologia (IFCH/Unicamp) é aberto ao público e ocorrerá nesta terça-feira, a partir das 15h30, no Auditório da ADunicamp (Associação de Docentes da Universidade Estadual de Campinas). O evento será transmitido ao vivo pelo site da ADunicamp na internet e também pelos canais do Youtube e do Facebook.

    “Prosa Sociológica” ocorre todos os meses e reúne professores e estudantes de graduação e pós-graduação para discutir pesquisas, reflexões e memórias de colegas do departamento ou de outros pesquisadores(as) e escritores(as) brasileiros.

    Juca Kfouri foi convidado este mês para falar das histórias que narra em seu “Confesso que perdi”, recém publicado pela Companhia das Letras.

    Em quase cinquenta anos de atuação como jornalista, Kfouri, formado em Ciências Sociais, relata suas marcantes experiências, como observador ou participante (e muitas vezes as duas coisas), no mundo da política, da cultura e do esporte.

    O saldo é uma inescapável sensação de derrota, compartilhada nas memórias que o autor registra em Confesso que perdi. Juca cobriu todas as Copas do Mundo desde 1982, e já havia participado indiretamente da cobertura das Copas de 1970, 1974 e 1978. À frente da revista Placar, foi responsável por desvendar e denunciar a chamada “máfia da loteria esportiva”, e por memoráveis capas como a que trazia seu amigo Sócrates posando como “O pensador”, de Rodin.

    Na Playboy, revista que também dirigiu, Juca publicou entrevistas e reportagens notáveis, como a que revelou a identidade do desenhista Carlos Zéfiro, um segredo que durava mais de trinta anos: tratava-se do funcionário público Alcides Caminha, parceiro de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Tendo se oposto à construção do Itaquerão, o corintiano Juca estava no meio da torcida na fatídica noite de 1977, quando o time quebrou o jejum de mais de vinte anos sem títulos. “Não sei como, fui parar no gramado do Morumbi, com uma bandeira na mão, bandeira que não levara ao estádio e não me recordo de ter comprado”, lembra, sem lembrar.

  • 10 Anos de Mostra Luta!

    10 Anos de Mostra Luta!

    Entender e propor discussões sobre o momento atual e seus caminhos, as diversas faces e forças que muitas vezes oprimem a classe trabalhadora. Refirmar, dar visibilidade as luta sociais, fortalecer que as vozes da luta ecoem e tenham seus direitos respeitados.
    A Mostra Luta! Durante os 10 anos em que acontece tem trazido discussões importantíssimas para a sociedade. A partir da sexta-feira, 13 de outubro, ela acontecerá em diversos locais, todas as ações são gratuitas, a programação engloba teatro, música, exposições, rodas de conversa, exibição de filmes entre outras atividades compõem a grade.
    Documentários importantes como; “Menino 23” de Belisário Franca, “Era o Hotel Cambridge”; filme de Eliane Caffé, Chão de Fábrica; Documentário de Renato Tapajós (2017) entre outros fazem parte da Mostra. Exposições dos alunos secundaristas sobre as ocupações das escolas e a primeira iniciativa do coletivo de fotografia, formado por mulheres, – “Carolinas” traz a exposição fotográfica “ReExistir” .
    Os Grupos de Teatro Carcaça e Vila 8 encenam temáticas para refletir e discutir. Um sarau com Batalhas de poesia, participação de diversas bandas, do Grupo de Teatro Fora dos Trilhos, Grupo Aos Brados e apresentação de Drags, e ainda um encontro musical com TC, Laila, Grupo Urucungos, Puítas e Quijengues e Baque Mulher integram a programação.
    Além do MIS- Campinas, a Casa de Cultura Tainã, a Comunidade Nelson Mandela, a Praça Rui Barbosa e a UNICAMP fazem parte dos espaços que integram a Mostra Luta!.

    Mostra Luta!
    É um evento político cultural organizado por coletivos de comunicação popular de Campinas, que começou em 2008 como uma mostra de vídeos que abordavam as lutas sociais e, ao longo dos anos, passou também a incluir realizações em outras linguagens, como fotografia, quadrinhos, poesia, dança, música, teatro, debates, rodas de conversa, oficinas e saraus.
    Em tempos de golpes, a Mostra Luta! reafirma que a luta continua presente nas ruas, nos bairros, nas fábricas, nos sindicatos, nas escolas, nos quilombos e nas quebradas de todo o país, nas muitas formas de luta por direitos, justiça, dignidade e emancipação social.

    PROGRAMAÇÃO COMPLETA

    SEXTA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    19h – Abertura das exposições.
    19h30 – “Menino 23”, documentário de Belisário Franca, 2016
    A partir da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo, o filme acompanha a investigação de Sidney Aguilar e a descoberta de um fato assustador: durante os anos 1930, cinquenta meninos negros e mulatos foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para a fazenda onde os tijolos foram encontrados. (1h19)
    Debate com a presença de convidados

    SÁBADO, 14 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    19h30 – “Era o Hotel Cambridge”, filme de Eliane Caffé, 2017
    Refugiados recém-chegados ao Brasil dividem com um grupo de sem-tetos um velho edifício
    abandonado no centro de São Paulo. Além da tensão diária que a ameaça de despejo causa, os novos moradores do prédio terão que lidar com seus dramas pessoais e aprender a conviver com pessoas que, apesar de diferentes, enfrentam juntos a vida nas ruas. (1h39)
    Debate com a presença de convidados

    DOMINGO, 15 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    15h – “A farsa: ensaio sobre a verdade” – filme da Cia Estudo de Cena (SP), 2017
    O filme, de 21 episódios organizados em três atos e epílogo, fala da memória do Massacre de Eldorado dos Carajás e da trajetória da peça “A farsa da justiça burguesa”. Um experimento sobre arte, política e memória popular. (2h40)
    Debate com a presença do diretor, Diogo Noventa.
    19h – “Recado para o mundão”- documentário de Diogo Noventa (SP), 2016
    Morte, cultura, violência, relações familiares e amorosas na voz de jovens privados de liberdade nas Fundações CASA de São Paulo, que através de um dispositivo de câmeras de segurança e usando máscaras, enviam seu recado para o mundão. (1h24)
    Debate com a presença do diretor

    SEGUNDA-FEIRA, 16 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    “100 anos da Revolução Russa de 1917”
    19h30– “10 dias que abalaram o mundo”- documentário, 1967
    Uma produção anglo-soviética,baseada no livro homônimo de John Reed, feita para a TV, traz imagens de época e algumas cenas retiradas de Outubro (1927), de Serguei Eisenstein, além de cenas recriadas especialmente para o documentário. A narração original é de Orson Welles. (1h16)
    Debate coma presença de Augusto Buonicore, historiador e secretário geral da Fundação Maurício Grabóis

    TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    “Os 10 anos da Mostra Luta!”
    19h – Especial curso DOC 360º – Aula Aberta
    Roda de conversa coordenada por Juliana Siqueira e Batata, com
    a presença de organizadores da Mostra Luta! e convidados

    QUARTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    “Os sindicatos e o Golpe no Brasil”
    19h – Chão de Fábrica; Documentário de Renato Tapajós (2017)
    Chão de Fábrica é uma série documental televisiva de 13 episódios sobre a história do Novo Sindicalismo brasileiro, produzida pelo Laboratório Cisco, dirigida por Renato Tapajós e com narração de Zé de Abreu (primeiro episódio -17m)
    Debate com a presença de vários sindicalistas de Campinas.

    QUINTA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO
    ARQUIVO EDGARD LEUENROTH / UNICAMP
    14h30 – 1917, a Greve Geral; documentário de Carlos Pronzato, 2017
    O documentário busca as origens da greve de 1917, uma das mais longas e importantes de São Paulo e do Brasil, e discute momentos históricos, a trajetória dos trabalhadores e a greve diante da situação cem anos depois. (60m)
    Debate com a presença do diretor.

    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    19h- “Direitos Humanos na resistência à indireitação planetária”
    Roda de conversa coordenada por Paulo Mariante, presidente do Fórum Municipal
    de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania de Campinas, grupo Identidade e convidados.
    SANDRA PRESENTE!!! homenagem a Sandra, mulher guerreira, uma das fundadoras da
    Associação das Mulheres Guerreiras de Campinas

    SEXTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    19h – “Martírio”, documentário de Vincent Carelli, Uma análise da violência sofrida pelo grupo Guarani Kaiowá, uma das maiores populações indígenas do Brasil nos dias de hoje e que habita as terras do Centro-Oeste, entrando constantemente em conflito com as forças de repressão e opressão organizadas pelos latifundiários, pecuaristas e fazendeiros locais, que desejam exterminar os índios e tomar as terras para si. 2016 (2h42) Debate com a presença de Selvino Kókáj Amaral, primeiro professor indígena da Unicamp (IEL)

    SÁBADO, 21 DE OUTUBRO 10H
    PRAÇA RUI BARBOSA
    Centro Grupo NATO, de Campinas, apresenta Teatro Fórum- PEC´s do Fim do Mundo

    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    15h – “Se a escola fosse nossa – A luta dos estudantes secundaristas das ocupações à greve geral de 2017”
    “Acabou a paz, isto aqui vai virar o Chile”, documentário de Carlos Pronzato, 2015
    No final de 2015, estudantes secundaristas se mobilizaram contra a proposta do governo paulista de reformulação da rede estadual de ensino de São Paulo. Nãoconcordavam com a imposição vertical do projeto, considerando-o arbitrário, além de nãobenéfico para a classe estudantil. Em resposta, iniciaram manifestações de rua, culminando com a ocupação de escolas estaduais como uma forma de luta, estratégia influenciada pelos estudantes secundaristas chilenos que fizeram o mesmo em 2006. (60m)
    Debate com a presença do diretor, Eduardo Vinagre (Professor da Rede Estadual), Tuany Cristina (Ocupação Eliseu Narciso), Carol Ynara (Ocupação Carlos Gomes), Nathalia Rodrigues (Ocupação Dom Barreto) Madu Lopes (Secundarista E.E Carlos Gomes) e mediação de Isabela Gonçalves.

    18h – SARAU: Batalhas de poesia + Bandas: Pública, Ponto Oeste, Trupe, Kabbalah e Nêgo
    Mantra + Grupo de Teatro Fora dos Trilhos + Grupo Aos Brados e apresentação de Drags

    DOMINGO, 22 DE OUTUBRO
    COMUNIDADE NELSON MANDELA
    10h – “Fragmentos de cidade agrária – recortes cênicos sobre a relação do homem e a cidade”- Grupo de Teatro Carcaça, de Campinas
    CASA DE CULTURA TAINÃ
    15h – Comunicação em tempos de Golpes: Por onde devemos caminhar?!
    Roda de Conversa sobre Comunicação Social
    17h -“Candombê, Comparsas e Mocambos” – documentário de Alceu José Estevam, 2017 Contextualiza a passagem do Grupo Nación Zumbalelé, companhia de comparsa de candombê, sediada na cidade balneária de Salinas, no Uruguai, que realizou na Casa de Cultura Tainã várias oficinas culturais divididas entre construções de tambores, dança e percussão, organizadas pelos artistas e ativistas culturais Gustavo Fernandez e Camila Ocampo Albarenque.
    Entrevistas, bailados, sonoridades percussivas, mesclando com as lutas dos movimentos de ativismo político-cultural, tanto da Rede Mocambos como da Nación Zumbalelé, que reúne povos afro latinos americanos, para a construção de “ uma cultura de paz e do jeito que queremos”, é o fio condutor de documentário. E também tem o caráter de salvaguardar as ações desta grande rede de produções colaborativas espalhadas na América Latina. (20m)
    Debate com a presença do diretor.
    18h -Lançamento da revista da AEESSP
    Anais do XIX Congresso Mundial de Educadores e Educadoras Sociais
    19h-Encontro Musical com TC, Laila, Grupo Urucungos, Puítas e Quijengues e Baque Mulher

    QUARTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS)
    19h – Abertura da exposição fotográfica “ReExistir”
    Debate com as fotógrafas do Coletivo Feminino Carolinas: Cíntia Antunes, Fabiana Ribeiro, Gabriela Zanardi , Sandra Lopes e convidad@s

    SÁBADO, 28 DE OUTUBRO
    SALA DOS TONINHOS
    20h – Peça de teatro ; Noites Árabes – Grupo de teatro Vila 8 , de Campinas
    Direção de Eduardo Okamoto, dramaturgia de Isa Kopelman, música de Marcelo Onofri e atuação de Cadu Ramos, Lucas Marcondes, Tess Amorim, Vanessa Petroncari e Virgílio Guasco.
    Cinco atores sobre um tapete: um louvor às narrativas. Noites Árabes evoca o antigo hábito humano de narrar histórias traçando um paralelo entre as espantosas histórias que Sahrazad conta durante “Mil e Uma Noites” para se manter viva e relatos contemporâneos de guerra de palestinos na Faixa de Gaza. Os atores-narradores se revezam para recontar o mito de Sahrazad e histórias que espantosamente conseguiram escapar de um lugar de confinamento.
    Ao contrário dos corpos, as palavras atravessam territórios e eras, transformando-se em força vital mantenedora da sobrevivência humana. Debate com o grupo após a apresentação.

    Endereços:
    MIS ( MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE CAMPINAS) CAMPINAS
    Rua Regente Feijó, 859 – Centro

    SALA DOS TONINHOS
    R. Francisco Teodoro 1050 – Vila Industrial

    CASA DE CULTURA TAINÃ
    R. Inhambu, 645 Vila Padre Manoel da Nóbrega

    ARQUIVO EDGAR LEUENROTH
    R. Cláudio Ábramo, 377 Cidade Universitária

    COMUNIDADE NELSON MANDELA
    Jardim Nossa Senhora Aparecida, próximo ao Distrito Industrial (DIC)

    PRAÇA RUI BARBOSA
    R. 13 de Maio, 159 – Centro

    Todos os eventos possuem entrada gratuita

  • VEREADORES DE CAMPINAS RETIRAM A PAUTA DA VOTAÇÃO DO PROGRAMA “ ESCOLA SEM PARTIDO”

    VEREADORES DE CAMPINAS RETIRAM A PAUTA DA VOTAÇÃO DO PROGRAMA “ ESCOLA SEM PARTIDO”

    Uma conquista da população aconteceu nesta segunda-feira (11/09) na Câmara Municipal de Campinas,  a proposta de lei de implantação do programa “ Escola sem Partido”  no município perdeu o caráter de urgência e consequentemente foi retirado da pauta de votação do mérito, que é a última votação antes de seguir para a sanção ou veto do prefeito. Mas ainda há o risco de uma nova votação enquanto a proposta não for arquivada.

    Um requerimento assinado por todos os vereadores de Campinas , inclusive pelo autor da proposta, solicitou a retirada da tramitação do regime em urgência do projeto inconstitucional que institui “Lei da Mordaça” .

    O projeto de lei na cidade de Campinas , de autoria vereador Ten. Santini (PSD),  parte do princípio de instituir a suposta neutralidade dentro das escolas, impedindo a livre manifestação de pensamento e discussões políticas. Nega aos estudantes a possibilidade da construção de consciência crítica pressupondo a incapacidade dos alunos em  construir suas próprias sínteses, reflexões, posições e precisassem estar sob a tutela de “Lei da Mordaça”.

    Segundo Santini, autor da proposta que institui “Lei da Mordaça” ; “ a retirada da urgência serve para a população maturar um pouco mais o assunto”, e completa; “existem os que são favoráveis a proposta. É a maioria? Não, é a minoria, mas existem”.

    A sessão em que foi votada a legalidade do projeto, considerado institucional, aconteceu no último dia 04 de setembro, em meio a um “show de horrores”  promovido por diversos vereadores  da cidade. Em uma sessão tumultuada com a maioria dos cidadãos protestando contra a proposta de lei.

    Cidadãos promovem intervenção artística em protesto a ameaça do ” Escola sem Partido”

     

    SEM VAN, SEM LANCHE, SEM MANIFESTAÇÃO FAVORÁVEL AO “ ESCOLA SEM PARTIDO”

    O auditório da Câmara foi ocupado por artistas, professores, estudantes e cidadãos contra o programa “ Escola Sem Partido” na cidade que se manifestaram por meio de intervenção artística em uma forma protestar contra a censura imposta pela proposta de lei. Algumas pessoas envolvidas em  fita de sinalização zebrada ( a faixa é utilizada para  isolar e indicar áreas consideradas de risco), com cartazes contendo a  frase “ professora da Escola sem Partido” e  movendo-se com gestos robóticos, entraram na Câmara,de onde assistiram a votação da retirada do caráter de urgência da proposta.

    Não houve manifestação contrária a retirada da pauta de votação do programa  “Escola sem Partido”. Na votação do dia 04 de setembro, uma van trouxe alguns manifestantes da cidade de São Paulo para se manifestarem apoiando “Lei da Mordaça” em Campinas.  Após a sessão as pessoas  ao entrarem no veículo receberam lanches.

    VITÓRIA DA PARTICIPAÇÃO POPULAR

    Para o vereador Gustavo Petta (PCdoB) foi uma importante vitória que se deve a participação popular  nas  várias manifestações em repúdio a proposta de censura. Petta  reforça a importância de continuar a mobilização para que a proposta seja derrotada e avalia que o programa “ Escola sem Partido” é um grande retrocesso para a educação.

    Por: Fabiana Ribeiro

     

    Cidadãos promovem intervenção artística em protesto a ameaça do ” Escola sem Partido”
    Cidadãos promovem intervenção artística em protesto a ameaça do ” Escola sem Partido”
  • RESISTÊNCIA CONTRA A “ESCOLA SEM PARTIDO” EM CAMPINAS (SP)

    RESISTÊNCIA CONTRA A “ESCOLA SEM PARTIDO” EM CAMPINAS (SP)

    Outro capítulo contra a censura imposta pelo projeto “Escola sem Partido” se desenrolará nesta segunda-feira, 11 de setembro, na Câmara Municipal de Campinas, interior de São Paulo.

    No último dia 04 de setembro, em meio a um “show de horrores”,  promovido por diversos vereadores  campineiros, foi votada e aprovada a “legalidade” do projeto considerado inconstitucional pelo próprio corpo técnico Câmara de Campinas.  A sessão foi tumultuada, repleta de cidadãos que protestavam contra a proposta de lei. A vereadora Mariana Conti chegou a colher assinaturas suficientes para a retirada da pauta de urgência de votação sobre legalidade do projeto, mas a base governista da Câmara rejeitou a proposta da vereadora. A única mulher a ocupar uma cadeira do legislativo do município, Conti também assistiu o parecer contrário da Comissão de Legalidade e Justiça, ao seu projeto; “Escola sem Censura” que seria votado na mesma sessão.

    Após a aprovação da legalidade, o projeto de lei tem que passar pela votação do mérito da proposta e depois segue para a sanção do prefeito. A votação de mérito  da proposta deveria acontecer na data de 11 de setembro, segunda-feira,  mas um requerimento assinado por todos os vereadores de Campinas  que foi  protocolado solicita a retirada da tramitação do regime em urgência do projeto de lei “Escola sem Partido”. Portanto, na sessão do dia 11 de setembro, será votado o requerimento de retirada da urgência do projeto.  E se for aprovada a retirada de urgência ,  o projeto será suspendo da pauta de votação na Câmara.

    Cidadãos mobilizam-se para a sessão, desta segunda-feira (11/09), da Câmara Municipal e estão programadas várias ações organizada por  diversos artistas, coletivos, professores e a população que é contrária ao projeto de implantação da proposta de “Escola Sem Partido” no município.

    A PROPOSTA INCONSTITUCIONAL “ESCOLA SEM PARTIDO”  EM CAMPINAS

    O texto é de autoria do vereador Tenente Santini (PSD), e parte do princípio de instituir a suposta neutralidade dentro das escolas, impedindo a livre manifestação de pensamento e discussões políticas.

    O programa “Escola sem Partido” impõe uma condição de tutela aos estudantes, ao descrevê-los como seres “vulneráveis”, no processo educacional. Aniquila a liberdade de aprendizagem e ensino. Nega aos estudantes a possibilidade da construção de consciência crítica, como se os lecionados fossem incapazes de construir suas próprias sínteses, reflexões, posições e precisassem estar sob a tutela de “Lei da Mordaça”.

    A ideia central do projeto é de que seria possível e desejável uma desvinculação entre os conhecimentos científicos e os posicionamentos ideológicos, políticos e culturais. Na verdade o quê o projeto faz é apenas delimitar, a partir de um único ponto de vista, o que é considerado ideológico e o que é válido como conhecimento científico, ignorando que todo conhecimento é fruto de uma elaboração que atende às perspectivas sócio-histórico-político-culturais.

    Assinaturas para a retirada de urgência da votação
    Manifestantes defendem a escola democrática e repudiam a censura a professores e alunos
  • CENSURA EM ESCOLAS MUNICIPAIS É APROVADA PELA MAIORIA DOS VEREADORES DE CAMPINAS

    CENSURA EM ESCOLAS MUNICIPAIS É APROVADA PELA MAIORIA DOS VEREADORES DE CAMPINAS

    Vinte e quatro vereadores da Câmara Municipal de Campinas votaram, na noite de ontem (04), pela aprovação, em primeira discussão, do projeto “Escola Sem Partido” no município, também conhecido como “Lei da Mordaça”. O texto é de autoria do vereador Tenente Santini (PSD), e parte do princípio de instituir a suposta neutralidade dentro das escolas, impedindo a livre manifestação de pensamento e discussões políticas. Carlão (PT), Pedro Tourinho (PT), Mariana Conti (Psol), Gustavo Petta (PCdoB) e Luiz Rossini (PV) foram os parlamentares contrários à proposta que tenta acabar com o pensamento crítico no ambiente escolar.

     

    “LEI DA MORDAÇA”

    O programa “Escola sem Partido” impõe uma condição de tutela aos estudantes, ao descrevê-los como seres “vulneráveis”, no processo educacional. Aniquila a liberdade de aprendizagem e ensino. Nega aos estudantes a possibilidade da construção de consciência crítica, como se os lecionados fossem incapazes de construir suas próprias sínteses, reflexões, posições e precisassem estar sob a tutela de “Lei da Mordaça”.

    A ideia central do projeto é de que seria possível e desejável uma desvinculação entre os conhecimentos científicos e os posicionamentos ideológicos, políticos e culturais. Na verdade o quê o projeto faz é apenas delimitar, a partir de um único ponto de vista, o que é considerado ideológico e o que é válido como conhecimento científico, ignorando que todo conhecimento é fruto de uma elaboração que atende às perspectivas sócio-histórico-político-culturais.

    A VOTAÇÃO

    A votação aconteceu sob vaias dos manifestantes que lotaram o plenário, entre eles educadores, sindicalistas, estudantes, artistas e demais cidadãos sem vínculos com movimentos sociais. Muitos, inclusive, permaneceram do lado de fora por falta de espaço dentro da Casa. Cerca de 40 pessoas ligadas a movimentos da direita reacionária, como MBL (Movimento Brasil Livre), vieram de São Paulo para apoiar a instituição da censura nas escolas municipais. A Guarda Municipal, de forma truculenta, à base do empurra-empurra e de agressões, colocou uma grade para separar as duas alas.

    A vereadora Mariana Conti tentou barrar a votação, com pedido de retirada da urgência do projeto. Com as assinaturas necessárias, a requisição  foi colocada em votação, mas rejeitada pela maioria dos parlamentares.

    O projeto foi inserido na pauta às pressas, pelo vereador Vinicius Gratti sem debate público ou discussão aprofundada sobre o tema. O vereador Gustavo Petta foi um dos parlamentares que criticaram a condução antidemocrática da votação.“O projeto é extremamente autoritário, por isso não tem audiência pública”, disse. Ele também defendeu a inconstitucionalidade do texto, que tem pareceres contrários de instituições como a Faculdade de Educação da Unicamp, Supremo Tribunal Federal (STF) , da Comissão Técnica da própria Câmara Municipal e até mesmo da Organização das Nações Unidas (ONU), todos ignorados pelos parlamentares.

    Petta lembrou ainda que em março deste ano, o ministro Luís Roberto Barroso suspendeu, em decisão liminar, o projeto intitulado “Escola Livre”, aprovado em Alagoas nos moldes do “Escola Sem Partido”. O texto estabelecia punições para professores que praticassem “doutrinação ideológica” em sala de aula.

     

    INCOERÊNCIAS

    A “Lei da Mordaça” foi colocado na pauta de votação junto ao projeto “Escola Sem Censura”, de autoria da vereadora Mariana Conti, que teve parecer contrário da Comissão de Legalidade e Justiça, sendo arquivado, enquanto o primeiro seguiu para votação.

    A proposta da vereadora prevê a liberdade de opinião, pluralismo de ideias e a liberdade de ensinar e aprender, sem qualquer tipo de censura ou repressão. Mariana Conti contestou o parecer. Ela ressaltou que a análise dos vereadores foi incoerente e que a recusa se deu por motivos ideológicos.

    As incoerências não pararam por aí. Durante a discussão da legalidade, o vereador Paulo Galtério (PSB) usou a tribuna para fazer críticas ao projeto e declarar que o mesmo é inconstitucional.“É livre a manifestação de pensamento. Como nós vamos tirar a liberdade de manifestação do professor?”, questionou. No entanto, votou a favor, fazendo coro com a base do governo Jonas Donizette, da qual ele faz parte.

    Diante da possibilidade de aprovação do projeto, o vereador Carlão (PT) também repudiou o texto. “Esse projeto nada mais é do que uma perseguição ideológica aos educadores. É uma mordaça. Não vamos permitir que ele seja implementado na cidade”, acrescentou.

    O vereador Pedro Tourinho destacou o caráter hipócrita das manifestações dos representantes da direita favoráveis ao projeto. “É um show de hipocrisia. No dia de gritar “Fora Temer” eles “amarelaram”, porque tem bandido de estimação. O que se esconde por trás da ação desses grupos é uma semente autoritária”, completou.

    O vereador Gustavo Petta disse vai estudar medidas judiciais para pedir a anulação da sessão, que, segundo ele, apresentou incoerências, como o parecer contrário ao “Escola Sem Censura”, apesar da semelhança, na forma, com o projeto Escola Sem Partido.

    O segundo turno da votação do projeto não tem data prevista para acontecer.

     

    SHOW DE HORRORES

    Os discursos conservadores de uma das Câmaras mais reacionárias do país não foram deixados de lado durante a sessão. Santini, autor do projeto, e que recentemente defendeu “passar cerol” em pessoas em situação de rua, reduziu os manifestantes contrários à sua proposta a uma “minoria militante” e apelou para que os vereadores “defendam suas igrejas e famílias”.  

    Já as falas machistas tiveram seu ápice com o vereador Campos Filho (DEM), já conhecido por recorrentes posicionamentos com o mesmo cunho. Autor do projeto que prevê a proibição da  discussão de gênero nas salas de aula de Campinas, ele relembrou, após citação anterior de Gustavo Petta, a moção de repúdio contra uma questão do ENEM 2015 que citava um trecho de um texto da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir sobre a condição da mulher. “Simone de Beauvoir foi uma devassa. Uma verdadeira devassa”, esbravejou.

    A fala machista de Campos filho foi repudiada pela grande maioria do público presente, e ovacionada pelos apoiadores do Tenente Santini. O discurso do vereador é mais um indicativo da necessidade da discussão de gênero em todos as esferas sociais, tendo em vista que é daí que resultam posicionamentos e ações de violência contra a mulher, que é julgada e punida por exercer liberdades historicamente negadas. O recado aos presentes foi dado em alto e bom som: MACHISTAS! FASCISTAS! NÃO PASSARÃO!

    O vereador Edison Ribeiro (PSL) também fez questão de participar do espetáculo para dizer que jamais deixaria a sua neta brincar de caminhãozinho, pois “homem é homem, e mulher é mulher”, em consonância com o discurso machista e homofóbico de Campos Filho.  

    Já passava das 21h20 quando o show de horrores protagonizado pela maioria dos vereadores da Casa chegou ao fim. Ainda restou tempo para selfies e cumprimentos calorosos entre os direitistas reacionários e vereadores igualmente denominados da Câmara Municipal de Campinas.

     

    Por: Geisa Marques e Fabiana Ribeiro

    Manifestantes defendem a escola democrática e repudiam a censura a professores e alunos
    Manifestantes defendem a escola democrática e repudiam a censura a professores e alunos
    Movimentos conservadores, vindos de São Paulo, insuflam ódio e violência na Câmara Municipal de Campinas
    Manifestantes defendem a escola democrática e repudiam a censura a professores e alunos
    Manifestantes defendem a escola democrática e repudiam a censura a professores e alunos
    Vereador Tourinho alerta para os sérios e verdadeiros problemas da cidade
    o Vereador Gustavo Petta ressalta a inconstitucionalidade da proposta de lei
    Mariana Conti, a única mulher ocupar uma cadeira na composição da Câmara defende a educação libertadora e democrática.
    Vereador Campos Filho acusou a filosofa Simone de Beauvoir de devassa em seu discurso ultra conservador.
    Os vereadores Gratti e Ten Santini observam o auditório lotado de cidadãos contrários a propostas que eles defendem
  • Lésbicas de Campinas promovem Semana da Visibilidade

    Lésbicas de Campinas promovem Semana da Visibilidade

    Ser lésbica vai além de transar com mulheres. Enquanto lésbica, esta frase me contempla quando penso em tantas experiências que tive ao longo da vida que foram profundamente afetadas pela minha relação com outras mulheres. As coisas que conheci, que aprendi, que senti, neste universo particular que criamos sempre que queremos nos sentir a vontade e partilhar dessa força, desse carinho e desse acolhimento que emergem sempre que mulheres decidem se encontrar.

    Foi nesta tônica que foi aberta a Semana de Visibilidade Lésbica de Campinas, neste domingo (dia 27), na Estação Cultura. O dia começou com a Oficina “Consciência corporal para lésbicas: autoestima e companheirismo” ministrada por Daniela Beskow seguido de um debate sobre militância lésbica em Campinas.

    Durante a oficina, entramos em contato com nosso próprio corpo e com os corpos de nossas colegas lésbicas, em atividades que buscaram estreitar laços e tecer relações de colaboração e compartilhamento. Daniela estrutura sua oficina de forma a exercitar a sensibilidade de sentir e perceber, em um primeiro momento a si mesma, sentindo nosso próprio corpo e pensando sobre nós mesmas e nossas forças, nossas qualidades. Em um segundo momento, a ideia é deixar os canais de comunicação e percepção abertos, trocar olhares, observar as suas companheiras, para que então possamos construir algo coletivamente, respeitando umas as outras e aprendendo em conjunto.

    Em seguida, organizamos um debate entre as presentes no qual tratamos da situação atual dos círculos de convivência lésbicos de Campinas além de diversos temas que se mostraram pertinentes. Antes de tudo, foi preciso ser colocada a grande demanda por espaços de convivência e discussão entre lésbicas na cidade, o que pareceu ser a questão mais urgente entre as mulheres presentes. Não só uma demanda por lugares de debate político, mas muitas vezes simplesmente lugares de convivência amigável, onde podemos nos conhecer, trocar experiências e nos sentirmos acolhidas. Como uma das mulheres da organização bem pontuou “Ficou muito clara tanto a falta desses espaços de convivência, como a nossa vontade de se ver, de se conhecer”.

    Foi discutida também a questão de como as nossas diferentes condições perpassam a nossa existência enquanto lésbicas. Especialmente a importância de se discutir como ser uma mulher negra afeta profundamente a experiência lésbica e como os espaços de encontro devem sempre ter em vista e pautar essa questão ao tratar da condição das mulheres lésbicas.

    O encontro acabou funcionando para falar da articulação entre lésbicas latino-americanas. Uma das mais importantes é o Encuentro Lesbico Feminista de Abya Yala, que está sendo planejado desde já para o ano que vem. Foi colocada também a data do dia 13 de outubro, o dia da Rebeldia Lésbica, como um dia que se deve lembrar e destacar. Em 2007, durante o VII Encuentro Lésbico Feminista de América y el Caribe, foi decidido que o dia 13 de outubro será lembrado como o Dia da Rebeldia lésbica, pois foi neste dia, no México, em 1987, que se realizou o primeiro dos encontros Lésbico Feministas da América e do Caribe.

    Uma das participantes do encontro, a estudante Ana*, diz que foi muito bom escutar outras mulheres lésbicas, pois não se sente encaixada na maioria dos espaços, ela se sente procurando um lugar, especialmente por ser uma mulher lésbica negra. A estudante Diana sente que foi bom falar sobre as experiências do cotidiano sem julgamento. Ela acha que não pode falar sobre isso no dia a dia, porque ninguém entende, especialmente por morar em uma cidade pequena.

    A psicóloga Larissa, que faz parte do Rolê das Pretas (movimento de mulheres negras), ficou animada com a ideia de se encontrar mais vezes e discutir outros temas. Segundo Larissa, ser lésbica e ser negra se relacionam de diversas formas, em aspectos como a questão da solidão da mulher negra, que muitas vezes é colocada na segunda opção, ou que é escolhida como parceira para ser exibida como uma quebra de padrão, para mostrar que a parceira não tem preconceito.

    A bancária Letícia, membro do grupo Mulheres que leem mulheres e do cineclube Purpurina, afirma que ainda se sente insegura em alguns espaços em Campinas, pelo medo dos homens olhando, o medo da violência. Ela diz: “Acho que ter a Parada LGBT para dizer que a gente existe e vocês vão ter que nos engolir ainda é uma questão pertinente”. Sobre o cineclube, ela comenta que às vezes ele acaba virando uma sessão de psicologia, pois as pessoas não tem espaço para falar em outros lugares e de repente começam a desabafar.

    A técnica de segurança do trabalho, Cris*, gostou da oportunidade de falar com outras lésbicas no encontro. No setor industrial e construção civil ela diz se sentir retraída de sair do armário, pois sabe que vai ter repressão.

    Em uma conversa entre as mulheres da organização do evento, a sensação que ficou do primeiro dia foi a satisfação de ter saído de lá com a proposta de encontros futuros. Houve a troca de contatos e foi esboçada uma ampliação da rede de mulheres que já vem se formando desde que nos propusemos a nos juntar para promover o Rolê Lésbico Feminista, que aconteceu em maio deste ano, com a Oficina de defesa pessoal para mulheres e a festa Sapaelas.

    Ficou muito evidente, ao mesmo tempo, a diversidade da expressão lésbica na cidade. Como somos diferentes umas das outras, temos gostos e sonhos diversos, somos negras, brancas, jovens, idosas, de meia idade, da periferia, do bairro de classe média, estudantes, trabalhadoras, autônomas. E ao mesmo tempo ficou evidente como muitas vezes tanto as características que nos unem como as que nos diferenciam umas das outras ficam invisíveis, uma vez que a nossa própria existência muitas vezes é negada nos meios de comunicação e nos espaços de sociabilidade.

    O evento de domingo foi aberto exclusivamente para mulheres. Quando questionei a organização a respeito da importância desses espaços, uma de nós colocou como é evidente a diferença que faz estar em espaços só para mulheres: “quando todo mundo chega a gente está sorrindo, querendo acolher. Diferente de outros espaços, quando a roda se desfez, todas se comunicaram, todas se abraçaram, foram falar minimamente umas com as outras e demonstrar esse afeto”.

     

    Terça da Visibilidade

    Na terça-feira de manhã fizemos o programa de rádio Bom dia Sapatão, quando discutimos diversos tópicos relacionados à nossa vivência. Começamos falando sobre a origem da data da Visibilidade Lésbica, 29 de agosto (instituída no 1º Seminário Nacional de Lésbicas e Bissexuais – Senale, ocorrido em 29 de agosto de 1996) e da origem de outras datas importantes, como o 13 de outubro. Falamos sobre a saúde da mulher lésbica, sobre a violência que sofremos nos consultórios ginecológicos e a invisibilidade das nossas demandas específicas. Falamos sobre a vida de mulheres lésbicas importantes como Sappho, Audre Lorde e a nossa querida Cássia Eller. À noite nos encontramos no bar Stout, em Barão Geraldo, para um Happy Hour. Passamos a noite entre mulheres conversando sobre nossas vidas, nossas experiências, cantando músicas ao som do violão (como boas sapatonas que somos) e ouvindo músicas cantadas por mulheres.

     

    Quinta no MIS

    Na quinta à noite foi exibido o documentário Eu sou a próxima, sobre violência lesbofóbica, no Museu da Imagem e Som de Campinas, em parceria com o Cineclube Catavento. No filme, as integrantes da coletiva interpretam relatos de casos reais de violência lesbofóbica, entre eles a história de Luana Barbosa, mulher preta, lésbica, mãe e periférica assassinada pela Polícia Militar, no dia 13 de abril de 2016, em Ribeirão Preto.

    Depois da exibição, fizemos uma roda de conversa com as criadoras do documentário, Fernanda e Ane, da Coletiva Luana Barbosa. A conversa foi extremamente rica e as meninas fizeram um incrível panorama sobre as diversas questões que enfrentam na trajetória da Coletiva. Foram discutidos temas como a violência lesbofóbica, que tem como principal alvo a mulher negra periférica que não performa a feminilidade. Discutimos também a pressão que existe sobre as mulheres que não performam a feminilidade que muitas vezes são precocemente diagnosticadas como homens trans. Também foi apontada a falta de políticas públicas de apoio à mulher lésbica, que passam por situações de violência na família, de privação, que são forçadas a se prostituírem e acabam caindo em situação de rua.

    Ao longo da conversa, também foram abordadas as questões específicas das lésbicas negras; a saúde da mulher lésbica, especialmente sobre as doenças sexualmente transmissíveis; o uso de drogas dentro da comunidade lésbica, que acabou gerando grupos de discussão e apoio por parte da Coletiva; a violência doméstica e os relacionamentos abusivos entre mulheres; a importância de pensar a condição das lésbicas que são mães e de sempre providenciar creches para os eventos lésbicos como proposta de inclusão dessas mães; a festa Sarrada no Brejo, exclusiva para mulheres, que é mensalmente organizada pela Coletiva; e, consequentemente, o rebuceteio!

    Foi uma semana maravilhosa de muita lesbicagem, assim como imagino que tenha sido os diversos eventos lésbicos que aconteceram por todo o Brasil neste mês da Visibilidade Lésbica. Gostaria também de chamar todas as sapas que não puderam participar ou não ficaram sabendo do evento a vir conosco nessa jornada de luta e autoconhecimento que está apenas começando ou também a se juntar com as suas companheiras lésbicas e promover encontros e debates, pois é juntas que conhecemos mais sobre nossa existência lésbica, é juntas que nos fortalecemos para0= fazer frente às opressões que enfrentamos todos os dias e é juntas que comemoramos, damos risada e nos acolhemos. Afinal, melhor que uma sapatão só um brejo inteiro!