No sábado 21 de abril, a Ocupação Marielle Vive situada em àreas de uma fazenda improdutiva no município de Valinhos, região de Campinas (SP), completa a primeira semana.
As 500 famílias organizadas no MST exigem que as terras, alvo de especulação imobiliária, sejam destinadas à Reforma Agrária.
No último domingo, 15 de abril aconteceu um grande ato de apoio à nova ocupação do MST ( Movimento Sem Terra) em Valinhos, região de Campinas.
A ocupação recebeu o nome de “Marielle Vive” em memória à vereadora assassinada há um mês no Rio de Janeiro. São 700 famílias que ocupam a fazenda improdutiva São João das Pedras na cidade de Valinhos (SP).
A Fazenda São João das Pedras que foi ocupada na madrugada do sábado (14 de abril) tem aproximadamente mil hectares é improdutiva e alvo de especulação imobiliária na região. Por este motivo, o MST revindica a área para ser destinada à reforma agrária e assentamento das famílias que desejam produzir alimentos saudáveis através da agroecologia.
O Movimento Sem Terra iniciou um trabalho de base, em novembro de 2017, que envolve o trabalho de organização das famílias carentes englobando os vários municípios que compõem a região de Campinas. As famílias que estão na ocupação se encontravam marginalizadas em periferias com extrema carência e pobreza, a terra significa para essas pessoas a possibilidade de sobrevivência a medida que se torna uma alternativa para situação de extrema vunerabilidade em se estavam. Tornando uma oportunidade para essas pessoas se inserirem novamente na sociedade a partir da produção de alimentos saudáveis onde suprem a sua necessidade alimentar e também de comercializar produtos saudáveis.
O movimento ressalta também a importância da discussão e orientação que é feita a partir dos pontos de vista técnico e político da produção da produção de alimentos com um perfil diferentes da produção do século XX, onde a qualidade é extremamente importante e não apenas a demanda.
O desejo do MST é construir um grande assentamento agroecológico na região, com a produção de alimentos baseada no princípio agroecologia, com diversidade de produção na mesma área. Para se chegar no assentamento ecológico ainda existem muitas lutas, pois há muita resistência para se chegar a conquista.
É uma luta desigual entre os sem terra e os latifundiários, esses detêm os poderes econômicos e políticos usando diversas armas que vão desde as bancadas ruralistas, alas do poder judiciário e todas as forças do aparelho repressivo ao seu lado, segundo a coordenação do ocupação ” é importante estarmos unidos e que muitas famílias se somem a ocupação para somar na luta”
A organização do MST responsável pela Ocupação “ Marielle Vive” reforça que as portas da ocupação estão abertas a todas as famílias que buscam lutar pela terra e queiram fazer parte do movimento.
Ainda conforme a coordenação do movimento quem tiver interesse e quiser integrar o movimento ou ajudar as famílias, pode dirigir-se diretamente na ocupação, para conhecer e conversar ou aos sindicatos dos Professores, Metalúrgicos, dos Eletricitários ( Sinergia) .
A produção do pequeno agricultor e da agroecologia
O pequeno agricultor ocupa papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são alguns grupos de alimentos com forte presença da agricultura familiar na produção.
Agricultores familiares e assentados da reforma agrária são os dois principais grupos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil, em 2016 foram registrados 750 mil hectares.
Agroecologia é uma das vertentes da agricultura sustentável, que, como as demais, busca conciliar a produção de alimentos com a preservação do meio ambiente. Mas a agroecologia não questiona apenas os métodos da chamada agricultura moderna, mas também a organização social, econômica e política em que a produção acontece.
Para produzir sem a utilização de agroquímicos, os agricultores precisam adotar práticas que garantam a reposição da fertilidade do solo e a reconstituição do equilíbrio dos agroecossistemas, além de fornecer renda para as famílias.
Como acontece há 33 anos em todo “ sábado de aleluia”, a rua Treze de Maio, em Campinas (SP), foi tomada por pessoas vestidas de branco , muitas flores, água de cheiro e ancestralidade.
É o ritual da Lavagem das Escadarias da Catedral Metropolitana que reúne diversas comunidades praticantes das religiões de matriz africana e também grupos de cultura popular.
Os participantes do evento se organizam na Estação Cultura, no centro da cidade , e seguem em cortejo pela Rua Treze de Maio até a praça José Bonifácio, onde fica a Catedral Metropolitana da cidade.
Durante o trajeto, os participantes cantam, tocam instrumentos e dançam, os praticantes das religiões de matriz africana carregam vasos com flores e água-de-cheiro a base de alfazema.
A lavagem da escadaria é feita com a essência da alfazema, flores, da energia da água e busca partilhar com o público a energia positiva das ervas e dos elementos da natureza, pois seus seguidores acreditam na importância desses elementos no tratamento terapêutico e energético. A essência da alfazema está ligada às energias femininas Matamba (Iansã), Dandalunda (Oxum), Kisimbe (Oxum Apará), Kaitumba (Iemanjá), Zumbaranda (Nanã). O ritual tem como suas fundadoras e organizadoras, Mãe Dango e Mãe Corajacy.
Grupos como Savuru Teatro e Dança, Caixeiras das Nascentes ( um grupo exclusivamente feminino), Bateria Alcalina, Urucungos, Puitas e Quijengues, Afoxé Ibaô, Casa de Cultura Tainã, Comunidade Jongo Dito Ribeiro e Capoeira Ibeca participam do cortejo e alguns se apresentam depois do ato da lavagem.
Para Mãe Dango, uma das idealizadoras da lavagem das escadarias :”É uma mistura de fé, religião, tradição, cultura e celebra a resistência dos povos negros vindos de todas as partes do território africano, com seu rico legado cultural e religioso”.
Campinas a última cidade do país a libertar os escravos
“O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Campinas foi a última cidade do país”, segundo Ademir José da Silva, presidente da Comissão de Igualdade Racial, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas (SP). O especialista ainda relata que o município também ficou conhecido pela violência brutal com que tratava os negros escravizados e por isso, ser vendido para um barão da cidade era um castigo.
Em Campinas ( SP), na Vila União, bairro da região sudoeste da cidade, a população tem lutado pelos projetos comunitários culturais, sociais e inclusivos que a especulação imobiliária que derrubar.
A Cooperativa Habitacional de Araras que era responsável pela compra e distribuição dos terrenos da vila União vendeu, por valores muito abaixo do preço de mercado, 16 terrenos destinados ao uso comunitário. A venda foi realizada de forma questionável e não divulgada publicamente.
Entre os terrenos vendidos estão as áreas em que funcionam o Ponto de Cultura Maloca, a Maloca Arte e Cultura, o Cursinho Herbert de Souza e o Instituto IBECA, projetos comunitários da região que contam com uma longa história de serviço e benefício à comunidade.
Por conta de diversas irregularidades na venda dos terrenos, foi encaminhada uma representação ao Ministério Público Federal pedindo investigação das vendas.
O processo 24756_16 corre em segredo de justiça e ainda não existe a liberação para qualquer construção das áreas dos terrenos.
A empreiteira particular que atende o interesse dos compradores do terreno tem tentado ocupar a área que está em processo na justiça. Ela instalou irregularmente uma guarita de vigilância privada no terreno da Praça comunitária, na área próxima o Ponto de Cultura Maloca. E no dia de hoje (28), com o apoio da Polícia Militar, está construindo cercas.
A população do bairro tem constantemente se manifestado contra a venda irregular para especulação imobiliária dos terrenos designados ao uso comunitário e consequentemente ao despejo dos projetos sociais comunitários, a comunidade local vem organizando atos, vigílias e protestos. Segundo moradores, em várias ocasiões denunciaram e acionaram a polícia militar a respeito das irregularidades que a empreiteira está fazendo na área, e de acordo com esses moradores, a resposta d dada pelo órgão era que nada poderia fazer enquanto não houvesse a sentença do Ministério Público.
Em uma nova investida contra o trabalhador do serviço público, a administração Jonas Donizette (PSB) protocolou na Câmara Municipal de Campinas uma proposta de “Reforma da Previdência Municipal”, o projeto de lei 92/2018 promove diversas alterações no funcionamento do Camprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas).
O projeto é muito semelhante ao controverso Sampaprev proposto pelo prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), ao criar um instituto de previdência complementar, que segundo a análise preliminar de servidores, este instituto servirá como o carro chefe para a ampliação do desmonte do Camprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas) , inclusive forçando a categoria a aderir ao novo instituto ampliando o desconto previdenciário em folha.
A proposta fixa um teto máximo para a concessão de aposentadoria, cria o fundo complementar de previdência e prevê o aumento da alíquota para os servidores que ingressarem no serviço público a partir da promulgação da lei.
Hoje o servidor contribui com 11% do total do próprio salário, e isso faz com que a aposentadoria seja a integralidade do que recebe. A partir da vigência da Lei, o trabalhador poderá pagar uma alíquota opcional a mais de até 8,5% caso ele opte por uma aposentaria complementar, o servidor para se aposentar integralmente terá que contribuir com 19,5% do seu salário mensal.
Foi contratada uma empresa no valor de R$ 77,8 mil, em dezembro de 2017, para fazer estudos no projeto enviado à Câmara.
Problemas
O projeto não foi debatido com os servidores públicos municipais, também não foi apresentado e muito menos aprovado pelo Camprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Campinas).
Investidas contra o trabalhador
O prefeito Jonas Donizette (PSB), entre suas diversas ofensivas contra os trabalhadores, chegou a utilizar recursos do fundo de aposentadoria dos servidores públicos de forma irregular prejudicando as servidoras e servidores. Também parcelou e atrasou salários dos aposentados e trabalhadores da ativa.
Em janeiro, prefeito de Campinas, Jonas Donizette, foi derrotado no STF (Supremo Tribunal Federal). A ministra Carmém Lúcia negou liminar e manteve a proibição da administração pública usar os recursos do Camprev de forma irregular.
No domingo (18) , durante a Feijoada das Marias do Jongo que acontece há 13 anos na Comunidade Jongo Dito Ribeiro em Campinas (SP), a cantora , compositora e deputada estadual de São Paulo Leci Brandão (PCdoB) falou sobre o empoderamento da mulher negra , refletiu sobre a morte da vereadora carioca Marielle Franco e alerta para o perigo do que pode acontecer no Brasil.
Feijoada das Marias do Jongo
A Comunidade Jongo Dito Ribeiro comemora o aniversario das Marias do Jongo, a celebração tem o objetivo de evidenciar a contribuição dessas Mulheres, Negras e Filhas de Dito Ribeiro, para a Salvaguarda do Jongo por meio dos seus saberes culinários de ensinamentos e lições de vida.
Foto: Fabiana Ribeiro | Jornalistas Livres
Video: Sonia Fardin | Socializando Saberes colaborou especialmente com Jornalistas Livres