Jornalistas Livres

Autor: Henrique Cartaxo

  • Para Padre Júlio Lancelotti, sofrimento do povo de rua está ligado à ação violenta da GCM

    Para Padre Júlio Lancelotti, sofrimento do povo de rua está ligado à ação violenta da GCM

    Em entrevista aos Jornalistas Livres, o Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral Povo da Rua, responde às declarações feitas na tarde de hoje (16/06) pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a respeito dos óbitos de moradores de rua em decorrência da recente frente fria que assolou a cidade.

    Haddad afirmou não haver ligação direta entre a ação da Guarda Civil Metropolitana e as mortes. Para o Padre Júlio, não se trata uma investigação policial a respeito de uma questão pontual, mas antes de um problema social, do trato diário da GCM com a população em situação de rua.

    “Vamos em qualquer dos lugares onde a população de rua está perguntar: como é a ação da GCM?

    É truculenta, ameaçadora, intimidatória, vexatória, humilhante. É o que se chama escracho.”

    O padre afirma ainda que o fato de os laudos médicos não incluírem hipotermia como causa mortis não isenta a administração pública, uma vez que a temperatura é um fator agravante para condições sociais e de saúde pré-existentes. Para ele, as pessoas poderiam ter sido acolhidas ou mesmo socorridas a tempo, em todo caso.

    “Eu penso que a administração pública deveria ser mais humilde, mais humana, conversar. Não ter medo de ser avaliada e até criticada, porque receber crítica pra mudar é um sinal de maturidade.”

    Por fim, o Padre Júlio comenta a situação dos albergues da prefeitura, que segundo ele têm condições de insalubridade e não acolhem os moradores de rua de maneira humana. Ele coloca a disposição o centro de acolhimento da Casa Belém, na Rua dr. Clementino 608, aberta em todas as horas do dia e da noite:

    “Se você encontrar um irmão de rua que quer ser acolhido pode trazer aqui, ele será acolhido com um abraço.”

    Entrevista: Laura Capriglione
    Edição: Henrique Cartaxo, para os Jornalistas Livres

  • São 50 mortes de milhões de vidas

    São 50 mortes de milhões de vidas

    Ativistas da comunidade LGBT se reuniram nesta noite no vão do MASP, na Av Paulista em São Paulo, para fazer uma vigília em solidariedade ao atentado que causou a morte de 50 pessoas numa casa noturna dedicada ao público LGBT em Orlando, nos Estados Unidos.

    O grupo, de cerca de 150 pessoas que resistiam ao frio para se manifestar, realizou também uma reflexão sobre o momento que vivemos no Brasil: a escalada do conservadorismo e do discurso de ódio aumenta o temor de que algo do tipo possa acontecer aqui.

    “Poderia ser um amigo meu, poderia ter sido numa balada da Augusta.”

    O Brasil ainda está no topo da lista dos países com maior número de crimes contra homossexuais e transsexuais. Para muitos dos presentes, a cultura LGBTfóbica – as piadas, os comentários, o preconceito em geral, está na base da construção da violência que chega ao assassinato.

    “Ele não é um monstro que surgiu do nada, ele foi fruto do sistema que forma pessoas preconceituosas, então a gente não tem que praticar o discurso do ódio. Determinadas piadas, determinadas coisas, não é engraçado. É essa cultura que a gente tå passando pra frente que tá gerando esses atos.”

    O momento é de luto e de luta para a comunidade LGBT.

    Todo apoio e toda a solidariedade.

    Vídeo e Reportagem: Henrique Cartaxo, para os Jornalistas Livres.

  • CENSURA: Facebook desativa perfil de feminista que defendia Dilma Rousseff

    CENSURA: Facebook desativa perfil de feminista que defendia Dilma Rousseff

    O golpe ainda não foi consumado, mas a censura já começa a operar nas redes sociais. Na tarde da última quinta-feira, 5 de Maio, a militante feminista Maria Clara Bubna tentou acessar o seu perfil no Facebook e deparou-se com a mensagem de que ele estava desativado. Sem receber qualquer justificativa por e-mail ou nenhum outro canal, ela buscou os contatos de suporte da rede, até o fechamento desta, sem resposta.

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    É evidente que se trata de um movimento de censura, operado através dos algorítmos supostamente neutros da rede social. Maria Clara tinha uma base de cerca de 7000 seguidores e constantemente compartilhava reflexões do movimento feminista, da esquerda e, no atual momento político, contra o golpe parlamentar que tramita em Brasília.

     

    Há pouco mais de uma semana, Maria Clara publicou em sua página um chamado de mensagens de apoio para a presidenta Dilma Roussef. O resultado foi surpreendente: em 5 dias, foram recebidas cerca de 5 mil mensagens, algumas inclusive acompanhadas de ilustrações cedidas por artistas para o projeto, que acabou se transformando em um livro.

    Fica Querida

    Para Maria Clara, o sucesso da iniciativa incomodou os fascisas. Os ataques desta vez foram além das mensagens e comentários costumeiros:

     

    “eu recebia com frequência mensagens me xingando do básico, comunista, pão com mortadela, feminazi… Só que dessa vez os ataques foram mais fortes, porque tentaram invadir meu email e meu dropbox.”

     

    Ela relata que recebeu notificações dos ataques destes serviços e conseguiu evitá-los. A desativação do perfil que veio em seguida, segundo ela, pode ter acontecido através de denúncias de spam ou de que o perfil apresentaria um nome falso – sabidamente as maneiras mais eficazes de se aproveitar do sistema do Facebook para derrubar uma página – mesmo com sua identidade tendo sido verificada pela rede social.

    Para Maria Clara, o algorítmo do Facebook não é neutro como se afirma:

     

    “No mínimo inclinado à direita sim. Veja, meu facebook não tinha NENHUM tipo de discurso de ódio, “pornografia”, nudez, armas, sangue, nada. Meu perfil tinha minhas fotos e meus textos políticos de esquerda e feministas. Não é possível que seja mais fácil derrubar o perfil de quem não tem nenhum discurso de ódio em sua página do que perfis que pregam absolutamente a intolerância e a violência.”

    Não se trata de um caso isolado. Em Abril deste ano, a atriz Letícia Sabatella também teve o seu perfil de facebook suspenso após se manifestar pela manutenção do mandato de Dilma Rousseff. O mesmo aconteceu com o escritor Fernando Morais, exatamente no dia da votação da admissibilidade do impeachment na câmara dos deputados, 17 de Abril.

     

    É a segunda vez que Maria Clara tem um perfil de facebook desativado. Em 2014, ela foi vítima de uma perseguição virtual semelhante quando questionou comentários machistas publicados por seu então professor no curso de direito da UFRJ, Bernardo Santoro. O caso ganhou corpo na internet e ela chegou a ser atacada pelo ex-blogueiro da revista Veja Rodrigo Constantino. Naquela oportunidade os ataques virtuais também resultaram na desativação do seu perfil.

    Assim como naquela oportunidade, Maria Clara voltou às redes e seguiu divulgando sua militância. No mesmo dia da desativação, ela criou um novo perfil e já começou a recuperar seu público. O livro de mensagens de apoio ao mandato de Dilma Roussef já está sendo impresso, uma edição de 1500 páginas que deverá ser entregue à presidenta em Brasília ainda na semana que vem.

    ATUALIZAÇÃO: Pouco tempo depois da publicação desta matéria, o Facebook restituiu o perfil de Maria Clara Bubna, mediante comprovação de sua identidade.

  • AO VIVO – Dilma Rousseff na ONU

    AO VIVO – Dilma Rousseff na ONU

    Dilma está em Nova Iorque para participar da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris, que trata da redução de emissão de dióxido de carbono e mudanças climáticas, na Organização das Nações Unidas.

  • Multidão espontânea toma Av. Paulista contra o golpe

    Multidão espontânea toma Av. Paulista contra o golpe

    Na noite do feriado de Tiradentes, 21 de Abril, um evento do Facebook criado quase como uma brincadeira acabou chamando milhares de pessoas para a Av. Paulista para protestar contra o golpe que está tramitando em Brasília sob a alcunha de impeachment. Diferente dos outros atos do campo democrático, este não foi coordenado por movimentos sociais organizados, sindicatos ou partidos políticos – muita gente, inclusive, participou de um ato contra o golpe pela primeira vez.

    A articulação espontânea deste ato nos permite visualizar uma virada importante na luta pela continuidade da democracia em nosso país. Maiara Beckrich, cientista social presente no ato, suspeita que o teor dos discursos da maioria dos deputados que votaram “sim” no último domingo, conferindo admissibilidade ao processo de impeachment, pode ter sido responsável por trazer mais gente paras as ruas do lado democrático:

    “Acredito que muita gente que estava em cima do muro, muita gente viu em nome de quem estavam votando aqueles deputados.  Eu acho que essas pessoas que viram o cunho dessas falas também se mobilizaram e perceberam que não podiam estar do lado de lá, tinham que estar desse lado de cá mesmo.”

    Na linha de frente e ao longo de todo o ato, as mulheres eram maioria. Entre jovens, adultas e até senhoras de idade, elas davam o tom das palavras de ordem e demonstravam sororidade com a presidenta Dilma Roussef, muitas vezes vítima de xingamentos machistas. Para elas, muitos dos questionamentos em torno do governo Dilma existem pelo fato dela ser mulher. Mesmo assim, a secundarista Anna Júlia Potye comemora a presença feminista no ato:

    “Toda vez que eu venho num protesto e tem um enorme número de mulheres, eu me sinto acolhida, me sinto à vontade num nível que não é compreensível, sabe? Você sente na pele o que é sororidade.”

    Ao final do ato, uma grata surpresa. Encontramos a senhora Edíria de Oliveira Silva, ao lado do marido Reynaldo. Aos 86 anos, ela conhece bem a história da política brasileira. Por isso está agora ao lado da democracia e contra o processo de impeachment que sofre a presidenta Dilma Roussef.

    “Chateada com a situação. Porque desde que a presidente foi eleita, não deixaram ela governar.”

    Edíria diz que se aborreceu com os discursos do deputados que votaram a favor do impeachment no último Domingo: “Eu venho de longa data assistindo política, nunca vi tanta bobagem junta!” Para Eduardo Cunha, o recado é claro: “Que ele caia fora! Suma! Cunha, Temer, Calheiros.”

    Entre feministas, movimento negro, LGBT, indígenas e trabalhadores, o canto é uníssono: Dilma fica, e Cunha sai.

    Vídeo e reportagem: Henrique Cartaxo, para os Jornalistas Livres

  • Dilma se junta às mulheres no palácio do planalto

    Dilma se junta às mulheres no palácio do planalto

    Durante ato feminista pela permanência da presidenta no cargo, Dilma Roussef desceu a rampa do planalto, com flores nas mãos, e se juntou às militantes num grande abraço.

    A emoção é grande entre as manifestantes, que entoam “Dilma, querida, você fica!”

    O ato é uma resposta às ofensas machistas dirigidas à presidenta durante a votação da admissibilidade do processo impeachment, que aconteceu no domingo (17) na câmara dos deputados.

    As flores vencerão os canhões.

    Vídeo: Jornalistas Livres

    #ficaquerida