Jornalistas Livres

Autor: Guilherme Imbassahy

  • O pibinho e o vírus da incompetência

    O pibinho e o vírus da incompetência

    Por Orlando Silva(*)

    Bolsonaro assumiu a presidência da República em meio a uma onda de euforia dos agentes econômicos. Pudera, sua candidatura foi o desaguadouro do apoio da banca financista e do grande empresariado nacional e internacional, ávidos pela imposição de uma nova ordem econômica, política e jurídica que enterrasse as conquistas e garantias expressas na Constituição de 1988.

    Para a turma do bilhão, a vantagem adicional no apoio a Bolsonaro foi que, como a campanha eleitoral passou ao largo do debate programático, o candidato da extrema-direita não precisou firmar compromisso ou negar medidas que viria a tomar no governo. Representou, por assim dizer, um livro aberto para que o ultraliberalismo selvagem pudesse escrever suas páginas, sem quaisquer pruridos que mitigassem os reflexos antissociais de sua agenda. A hora e a vez do mercado puro sangue dar as cartas na economia.

    Desde logo, os economistas ventríloquos de banqueiros se apressaram a cravar crescimento de 2,5% em 2019. Talvez mais, caso se privatizasse até o Palácio do Planalto, como disse Paulo Guedes, e todo o cardápio de reformas usurpadoras de direitos do povo fosse aprovado. Quem não se lembra das previsões edulcoradas – ou mentiras deslavadas – com a aprovação da Reforma da Previdência?

    Pois bem, a dura realidade começa a se impor. Os números divulgados pelo IBGE sobre o PIB de 2019 – 1,1%, abaixo até mesmo do 1,3% de Michel Temer, em 2017 e 2018 – falam por si e jogam água no chope de quem comemorava uma “retomada vigorosa” da atividade econômica. Mesmo no último trimestre, quando há a alavancagem natural das festas de fim de ano, o avanço foi pífio: 0,5% frente ao anterior.

    O miserê do pibinho foi tal que atingiu até a Agropecuária, com avanço módico de 1,3%, ladeada pelo setor de Serviços (1,3%) e pela semi-estagnada Indústria, que se arrastou a 0,5%. Registre-se que estamos tratando de crescimento medíocre e sobre uma base bastante depreciada, uma vez que o histórico recente do país é de um biênio de recessão (2015/2016) e outro de estagnação (2017/2018).

    Outro dado que chama atenção no quadro desolador é que, no que diz respeito ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços sofreram queda de 2,5%, ao passo que as Importações de Bens e Serviços se ampliaram em 1,1%. Se a tendência se projetar para 2020, estaremos diante de uma situação tétrica, pois o dólar atingiu estratosféricos R$ 4,65, após altas sucessivas.

    Os ilusionistas do Planalto iniciaram o ano projetando novamente crescimento superior a 2%, no que receberam o apoio cúmplice dos analistas da banca, viciados nas jogatinas da Bolsa e alheios à economia da vida real. Não se sabe com base em que são feitas tais projeções, já que um dos esportes preferidos dessa turma é revisar, para baixo, a estimativa de crescimento a cada boletim Focus.

    Como pode voltar a crescer um país que virou pária internacional e que tem um presidente sem nenhuma credibilidade? Como voltar a crescer se o governo dobra a aposta numa receita recessiva insana? Quem fala não sou eu, deputado de oposição. Os números estão aí. O Brasil sofreu uma debandada de 44,7 bilhões de dólares em 2019 – os tais “investidores”, presume-se -, o pior resultado em 38 anos! Por outro lado, a taxa de investimento segue ao rés do chão, na base de 15,4% do PIB.

    Bolsonaro e Paulo Guedes venderam ao povo que as reformas ultraliberais gerariam crescimento econômico e empregos. Nem um nem outro. O resultado é o desastre de 2019, que se projeta também para 2020, com os efeitos conhecidos de desemprego, subemprego, degradação do tecido social e ruína das contas públicas. Como bem afirmou Daniel Pereira de Andrade, professor de Sociologia da FGV, “para os neoliberais, se a economia não funciona como o previsto, não é porque seus modelos lógico-dedutivos não são capazes de explicar a realidade, mas, inversamente, é porque a realidade política e social está atrapalhando o funcionando idealmente previsto do mercado”.

    Sem ter o que mostrar, Bolsonaro agora ocupa o centro do picadeiro para distribuir bananas e culpar o Corona vírus pelo baixo crescimento que já se antevê para este ano. Não! A verdadeira ameaça que paira sobre nossa economia é o vírus da incompetência, cujos sintomas estão evidentes no pibinho de 2019.

    (*) Orlando Silva é deputado federal pelo PCdoB-SP

  • IDAS E VINDAS, MAS SEMPRE AVANTE

    IDAS E VINDAS, MAS SEMPRE AVANTE

    Por Alexandre Santini e Tiago Alves

    O trajeto das caravelas entre os mares lusitanos e brasileiros já foi travessia dolorosa, marcada pela chaga da escravidão e pelo processo colonial. Já foi trânsito de ouro, café, borracha. Trouxe os primeiros livros do velho mundo e levou as primeiras notícias do novo. Uma ida e volta diversa, ao longo dos séculos, que neste final da década de 2010, é marcada também pelas trocas solidárias de resistência e da luta popular internacionalista. Com esse espírito, a caravana brasileira, vindo de um país que hoje enfrenta a extrema-direita no poder, foi mais uma vez recebida na Festa do Avante 2019 em Portugal, país que vem avançando no desenvolvimento social, com um governo acompanhado por uma coalização de forças que inclui a esquerda e o Partido Comunista Português (PCP).

    O Avante foi um bálsamo de acolhimento, entre os dias 6 e 8 de setembro, na região do Seixal, ao sul de Lisboa, com centenas de atrações políticas e culturais entre debates, atos públicos, shows, exposições, atividades para crianças, feiras de produtos típicos, gastronomia, eventos esportivos e interação entre militantes de partidos comunistas de todos os continentes do mundo. Quase todos os portugueses e representantes de outros países que visitavam a barraca do Brasil, entre uma caipirinha ou uma feijoada em clima de festa, mostravam o seu apoio às lutas dos camaradas brasileiros na resistência a Bolsonaro e ao desmonte nacional que se opera no país. O conhecimento sobre a situação brasileira é crescente e mobiliza, atualmente, a rede internacional dos movimentos populares e partidos do campo progressista.

    Pela primeira vez, inclusive, a barraca do Brasil levou à festa material completo de divulgação das lutas das esquerdas no país. Um pequeno jornal do PCdoB, em dois idiomas, levou informações sobre temas como a questão ambiental e as queimadas da Amazônia, a censura imprensa e o escândalo das mensagens vazadas da Lava Jato, a Reforma da Previdência e o desmonte da educação, ciência e tecnologia. Camisetas e bottons, levados pela caravana brasileira, coloriram a multidão do Avante com as imagens de heróis e heroínas como Lula, o principal preso político do planeta, Marielle Franco, símbolo da luta pelos direitos humanos e pelas populações das periferias, Osvaldão, líder histórico – e ainda pouco conhecido – da guerrilha do Araguaia e Manuela D’Ávila, a comunista mais conhecida do país atualmente e representante da luta das mulheres no país.

    As lições que nos traz a Festa do Avante são muitas. Em 46 anos de existência, o festival organizado por um dos mais importantes partidos de esquerda da Europa projeta e atualiza para as futuras gerações os Valores de Abril, que inspiraram a revolução dos cravos em 1974: solidariedade, paz, convivência, afeto, humanismo, liberdade. Do tradicional ao contemporâneo, estão presentes na festa as diversas dimensões da cultura: a simbólica/estética, a cidadã e a econômica, já que a Festa do Avante é também uma imensa Feira de Economia Social e Solidária, construída com trabalho voluntário e militante, o que é uma das chaves do sucesso, longevidade e sustentabilidade do evento.

    Ao colocar a cultura no centro, o PCP constrói dentro deste festival multifacetado e diverso um ambiente de debates políticos de alta voltagem e relevância. Estão presentes a todo momento as bandeiras de luta do povo português, a solidariedade internacional aos povos do mundo. As eleições legislativas em Portugal acontecem neste mês de setembro. Portanto, as bandeiras e propostas da CDU (Coligação Democrática e Unitária, aliança que reúne o PCP e o Partido Ecológico Os Verdes) deram o tom da intervenção política nesta edição da Festa.

    O Partido Comunista do Brasil caminha para a comemoração dos seus 100 anos de existência, que serão completados em 2020. A luta dos comunistas brasileiros, marcada por uma trajetória extraordinária de sonhos e ações, têm muito a trocar e aprender com a experiência do Avante e do PCP neste festival incomparável. Certamente haverá de ser bonita a festa do centenário dos comunistas no país, e é possível extrair do Avante exemplos, modelos, propostas e formatos possíveis e adequados à nossa realidade, nos inspirem a construir também um grande evento daqui a três anos, com pinceladas rubras de cravo e aromas verdes e doces de alecrim.

    O retorno da terra de Camões, desta vez veio com muito mais ideias e sonhos a bordo, no rumo da América. Cruzando o Atlântico, continuaremos nos fortalecendo e superando, com a fraternidade dos comunistas portugueses, os desafios da nossa jovem democracia. Precisamos, como nunca desse aprendizado diante do que vivemos no nosso país. A tristeza e as dificuldades com o que vem acontecendo são peso difícil de carregar sobre os ombros sozinhos. Mas seguiremos irmanados. Que os ventos sejam bons, que as caravelas de 2019 continuem levando Brasil, Portugal e o mundo sempre avante.

  • No Congresso Nacional estudantes são agredidos e impedidos de questionar ministro da educação

    No Congresso Nacional estudantes são agredidos e impedidos de questionar ministro da educação

    O Ministro da educação se recusa a ouvir a opinião dos estudantes sobre os cortes na educação na reunião dos deputados, mesmo estes sendo convidados. O ministro disse que “Câmara não é lugar de estudante falar”, porém, as ruas ninguém cala.

     

  • O Brasil quer viver! CTB lança movimento em defesa da previdência pública e do direito à aposentadoria

    O Brasil quer viver! CTB lança movimento em defesa da previdência pública e do direito à aposentadoria

    Quando as pesquisas indicam rejeição da população brasileira à Reforma da Previdência de Jair Bolsonaro, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e sindicatos de todo o país lançam a campanha “QUERO VIVER DEPOIS DE TRABALHAR”

    Principal tema do debate público atualmente no Brasil, a proposta de Reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro está sendo negada pela maioria dos brasileiros e brasileiras, como atestam as últimas pesquisas de opinião de institutos como o Datafolha e o Vox Populi. Representando esse sentimento e mobilizando a população a se manifestar contra essa reforma, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) lança nesta sexta (12) a campanha “QUERO VIVER DEPOIS DE TRABALHAR – NÃO MEXA NA MINHA APOSENTADORIA”, um movimento que busca alertar o público em geral sobre os riscos dessa reforma e a ameaça do fim das aposentadorias.

    Em um contexto de envelhecimento da população e de graves ataques aos direitos sociais básicos, a campanha catalisa a expectativa de milhões de pessoas trabalhadoras, principalmente as mais pobres, de poderem viver com dignidade após todos os seus anos de atividade. Segundo o presidente da CTB, Adilson Araújo, o movimento sindical tem a responsabilidade de mostrar, à maioria da população com menos renda e recursos, que ela é a principal prejudicada com as mudanças na Previdência que serão votadas pelo Congresso Nacional.

    “É um retrocesso que joga o ônus da crise sobre a classe trabalhadora. Não vai tirar o Brasil dessa situação financeira e sim preservar os privilégios de alguns setores, enquanto ignora a dívida de empresas privadas com a Previdência. O projeto do governo é promover um desmonte da seguridade social”, denuncia.

    De acordo com o próprio texto da Proposta de Emenda Constitucional 6/2019, que é o projeto da reforma em andamento, mais de 90% dos valores que o governo espera cortar do sistema previdenciário são do chamado Regime Geral de Previdência Social, ou seja, o que reúne a imensa maioria dos trabalhadores pobres e que recebem aposentadorias de um ou dois salários mínimos.

    REDES, SITE E CARTILHA

    A campanha “QUERO VIVER DEPOIS DE TRABALHAR” será composta de peças gráficas como cartazes, folhetos e uma cartilha com pontos explicativos sobre de que forma o trabalhador brasileiro será prejudicado com a reforma. A campanha também terá vídeos, ações nas redes sociais e um site para tirar dúvidas sobre o tema, auxiliando as pessoas, com uma calculadora online, a medirem as diferenças do atual sistema e do novo em relação ao tempo de aposentadoria.

    OS PERIGOS DA REFORMA

    Entre os perigos do projeto de reforma da previdência, a CTB e as centrais sindicais também denunciam o enfraquecimento da aposentadoria rural, o desmonte do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que promove o apoio a indivíduos em situação de pobreza extrema, o fim da aposentadoria por tempo de contribuição e a proposta de capitalização da previdência pública no Brasil, que já se mostrou desastrosa em outros países como o Chile e contribui para a degradação das condições sociais da população idosa.

    A CTB e o movimento sindical também combatem o falso argumento do governo federal e do ministro da economia, Paulo Guedes, de que há um déficit na Previdência, reivindicando que ela seja contemplada devidamente como parte do sistema de seguridade social brasileiro e que seja garantida como prevê a Constituição Federal para a proteção da vida e da dignidade dos milhões de brasileiros e brasileiras.

    Saiba mais em:

    www.viverdepoisdetrabalhar

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    instagram.com/viverdepoisdetrabalhar

    twitter.com/campanhactb

  • Artistas e intelectuais se manifestam contra censura da UNE – União Nacional dos Estudantes

    Artistas e intelectuais se manifestam contra censura da UNE – União Nacional dos Estudantes

    O ministro Sergio Banhos, do Tribunal Superior Eleitoral, aceitou o pedido da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) e mandou tirar do ar páginas da União Nacional dos Estudantes (UNE) que se opunham ao candidato. A entidade estudantil recebeu um prazo de 48 horas para a retirada de três links, sob pena de multa diária.

    Leia a integra da decisão aqui

    As páginas censuradas são sobre a nota assinada pela UNE, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) e outras duas publicações contrárias a Bolsonaro: “UNE, UBES e ANPG assinam carta contra o ódio e saem em defesa da democracia”, “Motivos para não votar em Bolsonaro”; e vídeo, publicado na página oficial da UNE no Facebook, em que a diretora da entidade manifesta-se contrariamente ao candidato.

    A coligação do candidato de extrema-direita apresentou representação ao TSE sustentando que a entidade estudantil publicou postagens negativas ao cabeça da chapa do PSL, o que seria ilegal por se tratar de pessoa jurídica de direito privado.

    Fotos: Vitor Pastana / CUCA da UNE

  • Coligação “O povo feliz de novo” (PT/PCdoB/Pros) entra com representação contra candidato do PSL

    Coligação “O povo feliz de novo” (PT/PCdoB/Pros) entra com representação contra candidato do PSL

    Via: PT – Partido dos Trabalhadores

    A coligação “O povo feliz de novo” (PT/PCdoB/Pros)entrou com representação criminal, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF),  contra candidato da extrema direita à Presidência da República pelo PSL, por ameaça. A coligação também ingressou com notícia crime pelos crimes de injúria eleitoral e incitação ao crime.

    Conforme comprovado por vídeo em ato realizado no Acre, o radical fez gesto de “fuzilamento” e instou seu público a, em suas próprias palavras,  “fuzilar a petralhada toda aqui do Acre”. O ódio destilado pelo deputado, em sua campanha da raiva e da truculência, parece não encontrar limites, incitando ao assassinato de cidadãos de esquerda.

    O candidato incorreu no crime de injúria eleitoral  – quando ocorre a ofensa à honra subjetiva de
    alguém durante a propaganda eleitoral, ou visando a propaganda -, ameaça e incitação ao crime de homicídio.

    Vale notar que Bolsonaro já é réu no STF pelos crimes de racismo e incitação ao estupro. Basta de ódio. É inadmissível que um candidato a presidente pregue o assassinato de quem não pensa igual a ele.

    Veja no vídeo a lamentável cena do candidato: