Jornalistas Livres

Autor: Cecília Bacha

  • CPI pra quê, né, Capez?

    CPI pra quê, né, Capez?

     


    Apontado como destinatário final de parte da propina oriunda do esquema de desvio de verba da merenda de escolas públicas paulistas, Fernando Capez (PSDB), mudou de idéia e agora não vê mais importância na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa.
    No início de abril, o suposto lobista Marcel Ferreira Julio fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público e afirmou ter negociado pagamentos de propina com três ex-assessores de Capez, atual presidente da ALESP.
    O delator Marcel é filho do ex-presidente da Assembleia, Leonel Julio, e seu contato com a campanha do tucano foi durante a campanha de 2014 que levou o deputado a ser o deputado mais votado do estado.
    Segundo o advogado Coordenador da rede Minha Sampa, Guilherme Coelho, “no caso da Máfia da Merenda, a CPI é fundamental levantar fatos novos, chamar a atenção da imprensa para o caso. Isso ajuda a aprofundar a investigação e melhorar as chances de punição dos envolvidos de um escândalo com fortes indícios de participação de agentes do estado no esquema.

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    Foto – Lina Marinelli/ Jornalistas Livres

    A figura da CPI aparece na Constituição Brasileira desde 1934, mesmo assim, até hoje, o presidente Capez, que tem 60 livros de Direito publicados, ainda não se acostumou com ela.
    As CPIs não existem para sufocar o trabalho das polícias, mas porque é dever dos deputados prestarem contas à sociedade. E este prestar de contas deve acontecer em reuniões normalmente públicas, sendo reservadas ou secretas somente em casos especiais.
    Para Guilherme, “um dos princípios de uma democracia forte e viva é a oposição ativa, que fiscaliza o executivo”.
    No entanto, há anos, a blindagem tucana impede que qualquer Comissão de Investigação proposta por deputados da oposição seja instalada na Assembleia.
    Em agosto de 2013, o Partido dos Trabalhadores deu início a busca de assinaturas para tentar instalar uma CPI que investigasse o chamado Cartel do Metrô. Mesmo com a oposição mais forte na legislatura anterior, apenas 26 deputados aderiram ao pedido.
    Agora o discurso do Capez é de que CPI sempre acaba em “pizza”. Acontece que esta é uma tentativa de desqualificar a importância da Comissão de Inquerito, já que seu valor está no processo de investigação, que acontece mais perto da sociedade.
    No dia 4 de fevereiro deste ano, pressionado pelas investigações que colheram depoimentos que citavam seu nome, Capez declarou jornal Estadão: “Eu vou instalar porque o fato é grave”. Porém, ontem (04/05), ao dar de frente com Plenário ocupado por estudantes que pedem a instalação imediata da CPI, o presidente não tomou nenhuma providência para aglutinar os deputados de sua bancada para que assinassem o pedido.
    Ao contrário, o presidente da Alesp decretou ponto facultativo para os funcionários e dificultou ao máximo o funcionamento normal da casa, limitando a entrada de assessores.

     

     

  • EM ATO NA UNIFESP INTELECTUAIS COMPARAM CENÁRIO ATUAL À GOLPE 64

    EM ATO NA UNIFESP INTELECTUAIS COMPARAM CENÁRIO ATUAL À GOLPE 64

    O Ato pela Legalidade, Democracia e Universidades Públicas na Unifesp, debateu a fragilização que a votação do golpe impõe à nossa democracia. A comparação dos dias de hoje com o ano sombrio de 1964, do Golpe Militar, esteve em quase todas falas dos palestrantes.

    O professor do Instituto de Economia da Unicamp, Eduardo Fagnani disse que “parece que não evoluímos e esse golpe mostra isso. A história continua e ela não vai terminar com esse episódio grotesco de domingo”, declarou.

    Para o juiz André Bezerra o papel policial e judicial na política vem se impondo sobre os demais. “Quero ressaltar o quadro político e jurídico que tem protagonismo na ordem de prisão. Esse é um quadro que não afeta a classe média, mas sim as pessoas mais excluídas e com menos poder. Mas por quê? Porque esse quadro é muito semelhante ao de 1964, onde em nome de um suposto combate à corrupção, tirou-se um presidente legítimo e instaurou-se a ditadura. Mais uma vez na nossa história esse combate à corrupção vem à tona”.

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    A defesa da população pobre foi a tônica de sua fala. “Tenho três fundamentos pra explicar o perigo desse discurso: ao falar de impunidade à corrupção o judiciário exclui que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, em sua maioria por pessoas pobres. Em segundo lugar, exclui o discurso de liberdade pública, que tem origem liberal, esses que nossas elites econômicas dizem, mas só dizem, defender. Em terceiro lugar é um discurso que fortalece os salvadores da pátria”, explicou o juiz.

    O sociólogo e jornalista, professor da USP, Laurindo Lalo Leal disse que “estamos às vésperas de um golpe de estado e precisamos combatê-lo. Não podemos nos desestabilizar, mesmo que a mídia golpista fique martelando o fascismo nessa sociedade”,

    E André Roberto Espinosa, ex-preso político e professor da Unifesp, acrescentou que a mídia golpista tenta desestabilizar aqueles que estão lutando contra o golpe.

    Já o jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, firmou a questão dizendo que “quem não entendeu ainda que o golpe tem um elitismo de classe, que esse golpe é um retrocesso como nunca visto desde 64, não entendeu nada!”

    Também esteve presente no ato o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Paulo Zocchi que defendeu que hoje, diferentemente de 1964, os jornalistas tem organização e condições melhores para enfrentar e prosseguir na luta.

    Para finalizar, o ex-senador Eduardo Suplicy, mitou exigindo que uma mulher estivesse na mesa e animou a torcida: “Todos aqui irão, assim como eu, na manifestação no Vale do Anhangabaú domingo? Quero todo mundo lutando pela nossa democracia porque #NaoVaiTerGolpe!!!

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  • Polícia Federal desocupa acampamento do Fora Valencius no Ministério da Saúde

    Polícia Federal desocupa acampamento do Fora Valencius no Ministério da Saúde

    As pessoas do #OcupaValencius – que resistiam há mais de 120 dias à posse do Coordenador de Saúde Metal ligado a hospício onde havia tortura – estão sendo obrigadas por Policiais Militares a desocupar o acampamento no Ministério da Saúde!

    desocupacao-valencius3Em uma ação tensa e intimidadora, a Polícia Federal cumpriu uma ordem de reintegração de posse das salas ocupadas por manifestantes que resistiam à nomeação do novo Coordenador de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, na sede do Ministério da Saúde, DF, no início da tarde desta sexta-feira (15).
    Desde que o psiquiatra Valencius Wurch foi nomeado, profissionais e pacientes atendidos pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) rejeitaram a administração do médico por ter posições contrarias à política nacional de saúde mental sustentada pelos governos Lula e Dilma até 2016. Valencius foi diretor do maior manicômio privado da América Latina, a Casa de Saúde Dr. Eiras de Paracambi, fechada em 2012, após anos de denúncias de violações dos Direitos Humanos.
    Durante a desocupação, uma manifestante declarou em vídeo ter se sentido desrespeitada por um policial que tentou burlar o acordo de esperar o advogado de defesa chegar. “Tememos que o Estado volte a retirar pacientes do convívio da sociedade como estratégia de tratamento. É um absurdo porque você deixa a pessoa vulnerável, sujeito a equipes que não dão retorno da saúde à família. Ninguém se reintegra afastado da sociedade”, disse Sheylane Brandão, mestranda em psicologia da UNB, e uma das coordenadoras da ocupação.

    A ocupação na sala do coordenador durou 123 dias.

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    Foto: Flávia Martinelli