Jornalistas Livres

Autor: Bruno Falci

  • MANIFESTANTES QUEREM MORO FORA DE EVENTO EM PORTUGAL

    247 – Os portugueses estão se mobilizando para cancelar a participação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, nas tradicionais Conferências do Estoril, em Cascais, Portugal, que acontecem no próximo dia 28.

    Em petição na internet, portugueses lembram que Moro tem sido duramente criticado pela forma como lidou com o julgamento do ex-presidente Lula. “Mesmo que as suas ações possam ser duvidosas, ele foi aceite como membro de um governo dos opositores de Lula, o que é muito estranho, para dizer o menos”, escreve Pedro Teles na publicação, um dos organizadores do protesto.

    “Ao aceitar que Sérgio Moro fale neste conferência, está-se a compactuar as suas ações e do seu governo”, conclui Pedro Teles. Até o início da noite desta quinta-feira (23), o abaixo-assinado, publicado na plataforma Change.org, contava com 621 assinaturas.

    • Arte do protesto contra a vinda de Moro a Portugal

    No Facebook, há também um evento que protesta conta a participação do ex-juiz da Lava Jato. “Em 28 de maio de 1926, o fascismo instalava-se em Portugal. Em 28 de maio de 2019, receberemos o fascista brasileiro mostrando-lhe que não é bem vindo. Fascismo nunca mais, nem em Portugal nem no Brasil”, lê-se no evento

    As Conferências do Estoril são organizadas pela sociedade neoliberal portuguesa, conquistando repercussão no meio internacional. Neste ano, além de Sérgio Moro, figuram entre os convidados José Manuel Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia e atual consultor da Goldman Sachs.

    Em edições anteriores, as Conferências receberam a participação Francis Fukuyama, autor de Fim da História, Lech Walesa, antigo sindicalista que se tornou presidente da Polónia e implantou no seu país a doutrina do choque neoliberal, Niall Ferguson, historiador econômico neoliberal, e Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria conhecido por suas posições autoritárias.

    Via Brasil 247

  • ATOS POR MARIELLE NO MUNDO PERGUNTAM: “QUEM MANDOU MATAR?”

    ATOS POR MARIELLE NO MUNDO PERGUNTAM: “QUEM MANDOU MATAR?”

    Nesta quinta (14), completa-se um ano do assassinato da vereadora do Psol-RJ e do motorista Anderson Gomes. Pelo menos 25 cidades organizam homenagens no Brasil. Confira essa lista e também a LISTA COM ATOS NAS CIDADE NO MUNDO TODO por Marielle: Às vésperas do dia 14 de março, data que marca o primeiro ano do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e de Anderson Gomes, que dirigia o carro em que foram emboscados, diversos movimentos sociais convocam atos, vigílias e debates pelo país para homenageá-la e exigir justiça e respostas quanto aos mandantes do crime.

    Sob a pergunta que ainda não foi respondida, “quem mandou matar Marielle?” e com o mote “Marielle Vive”, as manifestações ocorrerão em pelo menos 25 cidades brasileiras, para reafirmar as bandeiras da vereadora que representava a luta de negros, mulheres, populações periféricas e LGBTs. Desde o dia 8, quando a resistência e a luta pelas causas das mulheres foram celebradas no Dia Internacional da Mulher, marcado fortemente pela repúdio aos retrocessos sociais representados pelo presidente Jair Bolsonaro, movimentos por várias partes do mundo vêm prestando homenagem ao legado de Marielle.

    Neste dia 14, cerca de 15 cidades no exterior organizam atos, entre elas, Melbourne, na Austrália; Buenos Aires, na Argentina; Madri, na Espanha e Washington, nos Estados Unidos. Clique aqui para conferir as homenagens fora do país.

    O Psol organiza ainda para o dia 18 uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados em homenagem a Marielle e Anderson. Em suas redes sociais, a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) justificou a importância das manifestações diante da falta de respostas após um ano do crime. “A importante descoberta dos que apertaram o gatilho nesse crime político não vai nos tirar das ruas no dia 14. O Estado – com sangue nas mãos – tem que responder que grupos estão por trás dessa execução”, afirmou a parlamentar.

    No Rio de Janeiro, cidade de Marielle, o ato está marcado para as 16h, na Cinelândia, na região central.Em São Paulo, na capital, a manifestação ocorre a partir das 17h, na Praça Oswaldo Cruz, próxima à Avenida Paulista. Em Manaus, a homenagem será realizada às 17h, na Casa das Artes, no Largo São Sebastião. Na cidade de Fortaleza, o ato ocorre a partir das 17h, na Praça Gentilândia, em Benfica. Já em Porto Alegre, está programado para começar às 17h, na Esquina Democrática, no centro histórico.

    O município de Itaberaba, na Bahia, também fará uma homenagem, a partir das 8h, na antiga rodoviária. Em Pouso Alegre (MG), o ato ocorre às 17h30, em frente à Catedral.

    CONFIRA LOCAIS DE ATOS NO MUNDO TODO:
    Veja alguns eventos já confirmados no exterior:

     

    AUSTRALIA

    ALEMANHA

    ARGENTINA

    CANADÁ

    COLOMBIA

    DINAMARCA

    ESPANHA

    ESTADOS UNIDOS

    Dia 13: Remembering Marielle
    https://www.facebook.com/events/327650671279505/

    Dia 14: Honoring Marielle Franco
    https://www.facebook.com/events/2097799303648404/

    Dia 16: Marielle Franco – The Legacy of a Powerful Woman
    https://www.facebook.com/events/335194017121433/

    *Boston
    Dia 14: Marielle Presente em Boston
    https://www.facebook.com/events/2220916131285443/

    Dia 16: Marcha das Marielles em Boston
    https://www.facebook.com/events/420789738668239/

    *Cambridge
    Dia 12: The Other Side of Violence
    https://www.facebook.com/events/2253617351544381/

    *Los Angeles
    Dia 09: Lute como Marielle Franco
    https://www.facebook.com/events/347510042544131/?ti=icl

    Dia 14: Round-table: Structural Racism and Marielle Franco’s Legacy
    https://www.facebook.com/events/315222802680552/

    INGLATERRA

    ITÁLIA

    PORTUGAL

    SUECIA

    -Estocolmo
    Dia 14: Brasilien – vad händer? Årsdagen av mordet på Marielle Francohttps://www.facebook.com/events/2151480818273428/

    SUÍÇA

    #FlorescerporMarielle
    #MarielleVive

    Confira lista de atos no Brasil:

    Fonte: Mulheres da Resistência no Exterior

  • Jean Wyllys: “Marielle vai derrubar Bolsonaro”

    Jean Wyllys: “Marielle vai derrubar Bolsonaro”

    Texto e vídeos de Bruno Falci, de Lisboa, especial para os Jornalistas Livres

    Após a revelação das identidades dos assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) a frase que Jean Wyllys (PSOL-RJ) repetiu diversas vezes em Portugal se torna cada vez mais importante, “Marielle vai derrubar Bolsonaro”. A pergunta que a sociedade brasileira esta fazendo nas redes sociais, na grande imprensa nacional e internacional é – quem mandou matar Marielle e porque a matou?

    Vamos aos indícios. Ronnie Lessa, sargento reformado da Polícia Militar, que de acordo com a polícia, é o autor dos 13 tiros que assassinaram Marielle Franco e Anderson Gomes, em março de 2018, foi preso em sua casa em um luxuoso condomínio na Avenida Lúcio Costa, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, na madrugada de 12 de março último.  O local  é o mesmo onde morou Jair Bolsonaro.  Ronnie Lessa, além da casa no mesmo condomínio de Bolsonaro, é proprietário de uma mansão – e uma lancha – no condomínio Portogalo, em Angra dos Reis.

    O outro criminoso, que dirigiu o carro, Élcio Vieira de Queiroz, aparece com Bolsonaro em foto publicada por ele no Facebook. Élcio foi expulso da PM em 2016, depois de preso, em 2011, na Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que investigou o envolvimento de policiais militares com o tráfico de drogas e com as milícias. Mas o assunto não se limita à vizinhança.

    Apareceu também o primeiro vínculo concreto entre a família de Jair Bolsonaro e a de Ronnie Lessa: um dos filhos de Bolsonaro namorou a filha de Lessa. O fato foi confirmado pelo delegado responsável pela Divisão de Homicídios da capital fluminense, Giniton Lages, durante a entrevista coletiva sobre a prisão do PM reformado Lessa e do outro assassino, o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz.  Visto que Bolsonaro e Lessa moram no mesmo condomínio na Barra da Tijuca, no Rio, pergunta-se que tipo de relação estabeleceu-se entre as duas famílias já que seus filhos mantinham relações intimas.

    Em matéria publicada em março na revista Piauí, são apontados outros indícios mais antigos da ligação do clã Bolsonaro com as milícias, como as menções honrosas propostas em 2003 pelo deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro ao major Adriano Nóbrega, que é apontado como um dos líderes do Escritório do Crime. Nóbrega havia sido apresentado a Flávio por um antigo colega do Bope, Fabrício Queiroz – o ex-assessor do filho de Jair Bolsonaro que está no centro do escândalo envolvendo repasses suspeitos de dinheiro para Flávio na Alerj. Em 2005, Nóbrega ganhou outra homenagem, também promovida por Flávio: a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Alerj.

    Um ano depois da morte de Marielle, as investigações chegaram aos dois assassinos, mas a questão central  ainda não foi desvendada –  o mandante do crime. Há uma tendência de dar uma conotação de ódio às investigações da execução da vereadora, excluindo os aspectos políticos. Segundo o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), falar em crime de ódio é inaceitável, não faz o menor sentido, pois o crime é político.

    Segundo Freixo “é preciso mostrar quem é o grupo político interessado na morte de Marielle. Será uma mera coincidência que o executor de Marielle seja vizinho de Jair Bolsonaro no condomínio da Barra da Tijuca? Por isso é fundamental sabermos qual grupo político é capaz de, em pleno século XXI, mandar eliminar uma autoridade pública que tenha cruzado seu caminho. Precisamos descobrir quem são os mandantes da execução de Marielle Franco. As prisões dos executores de Marielle e Anderson são importantes e tardias. É inaceitável que se demore um ano para termos alguma resposta, é um passo decisivo, mas o caso não está resolvido, é fundamental saber quem mandou matar e qual a motivação”.

    Para Guilherme Boulos (PSOL-SP)”as prisões de hoje são um passo importante para saber quem matou Marielle e Anderson. É preciso investigar se o fato de um dos presos ser vizinho de Bolsonaro é coincidência ou não. De todo modo, segue a questão: quem mandou matar Marielle?”. Neste contexto, o exílio de Jean Wyllys e da ex-candidata a governadora do Rio de Janeiro, Marcia Tiburi (PT-RJ), se enquadram nas mesmas motivações do assassinato de Marielle. Ambos sofreram violentas ameaças após a eleição de Bolsonaro. Diante deste quadro tornou-se extremamente perigoso continuarem morando no Brasil.

    A perda do Estado Democrático de Direito no Brasil vem se agravando desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff  e a prisão ilegal de Lula, líder nas pesquisas nas eleições de 2018. Marcia Tiburi afirmou em recente entrevista em Pittsburgh, Estados Unidos, que as graves violações dos direitos humanos vem se agravando intensamente no país. A eleição de Bolsonaro teve consequências na impossibilidade de varios ativistas políticos continuarem a viver no Brasil. Tiburi acrescentou que “o papel da denúncia internacional se tornou relevante. Muita gente que está fora do Brasil não sabe o que está acontecendo e nós temos que falar. E eu vou começar”.

    “Marielle vai Derrubar Bolsonaro”

    Jean Wyllys começou na Alemanha a denunciar a grave situação politica brasileira. Ele fez sua primeira aparição no Festival de Cinema de Berlim e, de lá, veio para Portugal.   A  convite do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, dirigido  pelo sociólogo Boaventura de Souza Santos, foi recebido por centenas de estudantes, intelectuais e artistas e vários coletivos de movimentos sociais. Participou do seminário “Discurso de ódio e fake news de extrema-direita e seus impactos nos modos de vida das minorias sociais, étnicas e religiosas”, em 26 de fevereiro de 2019. (veja vídeo do evento)

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/aovivo-coimbra-jean-wyllys-est%C3%A1-em-portugal-para-fazer-duas-confer%C3%AAncias-os-jorn/1996267467336642/

    Mesmo sendo recebido com muito respeito por um grande e caloroso público, ocorreu uma tentativa isolada de um militante de extrema-direita que tentou lhe atingir com ovos, mas foi impedido prontamente por um segurança. No dia 27, em Lisboa, Wyllys foi ao Parlamento português a convite de José Manuel Pureza, vice-presidente da casa e deputado do Bloco de Esquerda, sempre acompanhado pela deputada Joana Mortágua, do mesmo partido. Os Jornalistas Livres tiveram acesso exclusivo a essas atividades.

    No Parlamento foram realizadas três atividades consecutivas. A primeira foi o encontro com o vice-presidente da instituição. (Veja vídeo exclusivo)

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/aovivo-exclusivojean-wyllys-est%C3%A1-no-parlamento-portugu%C3%AAs-a-convite-do-vice-presi/392932491518868/

    Assista a reunião com deputados de diversos partidos políticos da Assembleia da Republica.  (veja vídeo exclusivo).

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/aovivo-lisboaexclusivoreuni%C3%A3o-de-jean-wyllys-na-assembleia-da-republica-de-portu/553156148530023/

    Veja a entrevista coletiva à imprensa portuguesa. (Veja vídeo) 

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/coletiva-de-imprensa-com-jean-wyllys-no-parlamento-portugu%C3%AAspor-bruno-falci-jorn/2560120667384981/

    Após a sua visita ao Parlamento, Wyllys participou de uma mesa na Casa do Alentejo, ao lado do sociólogo Boaventura de Souza Santos e de Pilar del Rio, presidenta da Fundação Saramago e viuvá do escritor. (veja vídeo).

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/aovivo-jean-wyllys-na-casa-do-alentejo-em-lisboa/2376753972601744/

    Novamente ele foi recebido calorosamente por um público emocionado de brasileiros e portugueses, composto por estudantes, intelectuais, artistas, jornalistas e parlamentares. Após sua exposição e participação em debate com a plateia, Wyllys fez uma homenagem a Lula. Levantou um cartaz com a foto do ex-presidente e gritou Lula Livre!, o que foi correspondido com muita energia por todos os presentes

    As palavras de Jean Wyllys que ecoaram na Universidade de Coimbra, no Parlamento português e na Casa do Alentejo, em Lisboa, revelam sua intuição política, que se torna cada vez mais próxima da realidade: “Marielle vai derrubar Bolsonaro “.

  • Atos no Brasil, Portugal e no mundo, pelos direitos do povos indígenas

    Atos no Brasil, Portugal e no mundo, pelos direitos do povos indígenas

    Por Bruno Falci, de Lisboa, Especial para os Jornalistas Livres

    Uma das primeiras ações do governo Bolsonaro foi contra os direitos dos povos indígenas brasileiros garantidos pela constituição. Com uma medida provisória emitida no dia 1 de janeiro, as atribuições da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) foram  transferidas para o Ministério da Agricultura.  Assim, ele deslocou as concessões de terras indígenas e de quilombolas, e o licenciamento para empreendimentos que possam atingir esses povos para as mãos da “bancada ruralista”, indo além das próprias reivindicações da Frente Parlamentar Agropecuária da Câmara

    A Procuradoria-Geral da República informou à BBC News Brasil, no início de janeiro, que todas as decisões do novo presidente sobre demarcação de terras “serão analisadas” para verificar se há “retrocessos” ou violações a direitos. Se a interpretação for de que existem inconstitucionalidades, o  Ministério Publico Federal (MPF) poderá ingressar com ações no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a derrubada integral ou parcial das medidas.

    O procurador da República Júlio Araújo, que integra o grupo de trabalho sobre demarcação de terras indígenas da 6ª Câmara do MPF, avalia que a transmissão das funções da Funai para o Ministério da Agricultura viola a Constituição. Segundo ele, essas medidas podem paralisar novas demarcações, já que o controle sobre a decisão estará nas mãos de uma instituição que representa ruralistas e que não teria, a principio, interesse em expropriar terras de produtores ou paralisar obras que possam beneficiar o escoamento da produção.

    “Esse esvaziamento (da Funai), por si só, tem inconstitucionalidade, porque você torna inoperante a política de demarcação. Você está desestruturando uma política prevista na Constituição”, afirmou Júlio Araújo à BBC News Brasil. “O governo está indicando que não vai mais demarcar terras. A decisão vai ficar sob controle de um ministério que é contrário a esse interesse e que responde a um governo contrário a esse interesse.”

    O Brasil vem sendo denunciado internacionalmente por diversas frentes politicas e organizações sociais pelo mundo. Além da tentativa de sair do Pacto de Paris, o governo Bolsonaro investe  de modo agressivo contra as diretrizes da ONU em relação  à defesa das reservas indígenas. No Brasil e em todo o mundo serão feitos atos, amanhã, dia 31. Em Portugal, atos de solidariedade aos povos indígenas do Brasil ocorrerão em Lisboa, Porto e Coimbra. Faz parte do evento a leitura de um manifesto, que será posteriormente entregue à Embaixada do Brasil em Lisboa.

    Segue abaixo a lista completa dos atos que ocorrerão no Brasil e no mundo:

    Atos no Brasil e no Mundo

    Abaixo a programação das atividades de amanhã, quinta-feira dia 31, em Portugal:

    Lisboa:

    11.30h> Entrega do Manifesto na Embaixada do Brasil
    14h > Concentração na Praça Luís de Camões
    17h > Caminhada até à Ribeira das Naus para um ato simbólico
    19h > Mostra de filmes de temática indígena e debate – Casa do Brasil

    Porto:

    14h- Concentração/vigília na Praça da Liberdade

    Coimbra:

    20h- Conversa aberta com espetáculo no Ateneu de Coimbra

    Em Lisboa haverá transmissão ao vivo pela pagina do Facebook dos Jornalistas Livres

    Link do evento em Lisboa e Porto: “Sangue Indígena – Nenhuma gota mais“

    https://www.facebook.com/events/385552532011238/

    Link do evento em Coimbra: “Sangue indígena:nenhuma gota mais!”

    https://www.facebook.com/events/2155748491355945/

    Entidades Signatárias do ato em Lisboa:
    Reflorestar Portugal
    Coletivo Andorinha
    Contra o ódio, pela democracia no Brasil
    Umar– União de Mulheres Alternativa e Resposta
    Casa do Brasil
    GAIA
    Cooperativa Mandacaru
    Guarani KaiowaSupport Network
    Núcleo de Estudos Africanos e Lusófonos da Nova (FCSH)

     

    Comunicado à imprensa, 

     

    “Sangue Indígena, Nenhuma gota a mais”

    Vigília no centro de Lisboa contra etnocídio no Brasil e ameaças do governo Bolsonaro

    Lisboa, 28 de janeiro de 2019 – A praça Luís de Camões, em Lisboa, será na próxima quinta-feira, 31 de janeiro, a partir das 14h, palco duma vigília em solidariedade para com os indígenas brasileiros, contra o etnocídio em curso, e pela preservação da Floresta Amazônica e restantes ecossistemas Brasileiros. Seguir-se-á uma caminhada até à Ribeira das Naus para um acto simbólico e à noite um debate com mostra de filmes indígenas na Casa do Brasil. No Porto, à mesma hora, terá lugar uma concentração e vigília na Praça da Liberdade e em Coimbra às 20h uma conversa aberta e espetáculo sobre o Mito Trikuna e a tragédia de Mariana.

    Nesse dia, o movimento indígena brasileiro irá realizar vários actos de protesto e manifestações em simultâneo por todo o Brasil, numa iniciativa coordenada pela APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. E em várias partes do mundo estão a surgir gestos em solidariedade. O mote é impactante: “Sangue Indígena, Nenhuma gota a mais”, e pretende chamar a atenção para o etnocídio em curso no Brasil. Um genocídio cultural que se tem estado a traduzir num crescente número de ataques e conflitos violentos em territórios indígenas, deixando um rasto de mortes. Muitos dos mortos são líderes indígenas e activistas ambientais. Esta mobilização nacional e internacional surge como movimento de repúdio contra a Medida Provisória 870, assinada pelo actual presidente Jair Bolsonaro,
    que leva ao esvaziamento da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), à sua saída do Ministério da Justiça, bem como à transferência das suas atribuições, da demarcação e do licenciamento ambiental em terras indígenas para o Ministério da Agricultura e Pecuária. A demarcação de terras indígenas é um direito constitucional dos povos originários, reconhecido no Brasil desde 1988. No entanto mais de 400 territórios continuam por demarcar devido aos grandes interesses da indústria de exploração de minério, das madeireiras e do chamado agronegócio, levando
    a confrontos violentos entre os latifundiários e os indígenas, que acabam muitas vezes feridos ou mortos.

    As florestas brasileiras são preciosas para manter a temperatura do planeta abaixo dos 1.5º C e as comunidades indígenas e tradicionais são uma peça chave para travar as alterações climáticas, pois através das suas tradições e
    culturas mantêm os ecossistemas em que habitam vivos e saudáveis.

    “O acto que estamos a organizar vem em resposta ao apelo da APIB, e sentimos a importância de mostrar a nossa solidariedade para com os povos indígenas brasileiros. Conhecemos directamente pessoas destas comunidades
    e temos noção do que lutam no dia-a-dia para sobreviver, e por que apelam à união para uma luta comum”, refere Sara Baga, membro da rede europeia de apoio aos Guarani e Kaiowa.

    “Vamos criar um espaço seguro para que possa haver um debate saudável sobre este assunto. Queremos que haja uma tomada de consciência por parte da sociedade portuguesa, para que não compactue com o etnocídio e ecocídio em curso no Brasil”, refere Marina Nobre, da Reflorestar Portugal. “Convocamos todos aqueles que se sentem chamados em apoiar esta causa a estarem presentes.”

    “A extinção dos modos de existir indígenas está diretamente ligada à extinção da biodiversidade com que co-habitam. A luta dos povos indígenas do Brasil diz respeito a Portugal e todos os países que desejam combater as alterações climáticas e o direito a existir dos povos originários. Esta ação faz parte da constituição de uma rede de solidariedade ampla contra os retrocessos no Brasil de que queremos fazer parte ”, afirma Rita Natálio do movimento Contra o ódio, pela democracia no Brasil.

  • Fernando Haddad é recebido como chefe de estado em Portugal

    Fernando Haddad é recebido como chefe de estado em Portugal

    Por Bruno Falci, de Lisboa, Especial para os Jornalistas Livres

     

    Em umas das etapas de suas viagens no exterior, Fernando Haddad esteve em Lisboa nos dias 22 e 23 de janeiro, para seguir com sua proposta de construir laços internacionais com partidos políticos, movimentos sociais e intelectuais de esquerda visando a criação de uma frente, que ele denominou de Internacional Progressista, com o objetivo enfrentar o crescimento da extrema-direita no mundo e propor projetos alternativos populares contra o neoliberalismo.  Sua recepção calorosa em Lisboa contrapõe-se ao desempenho desastroso de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico de Davos.

    Neste contexto, Haddad  já esteve nos Estados Unidos, quando reuniu–se com o  senador Bernie Senders e  socialistas democratas americanos. Também estava presente neste encontro Yánis Varoufákis , líder do Syrisa, partido de esquerda grego. Haddad  foi também ao Uruguai onde encontrou-se  com o ex-presidente Pepe Mujica e com lideranças da Frente Ampla, partido que governa o país  há  mais de uma década. Em suas atividades na Europa, acompanhado por Tarso Genro, manteve contato  inicialmente na Espanha, onde reuniu-se com  os ex-primeiros-ministros  Felipe Gonzales e Jorge Luis Zapatero, do Partido Socialista,  atualmente no governo,  e com dirigentes do Podemos.

    Após a Espanha, Fernando Haddad e Tarso Genro estiveram em Portugal. A escolha da vinda à Península Ibérica foi devido ao fato de ambos os países serem governados por partidos socialistas, focos de resistência ao neoliberalismo e à extrema-direita em ascensão na Europa. A presença de Haddad em Lisboa teve grande repercussão na mídia e na sociedade portuguesa.  Ele concedeu  inúmeras entrevistas para os  mais importantes meios de comunicação do país, denunciando as graves violações da democracia e dos direitos humanos no Brasil, desde o golpe de 2016 contra a presidente Dilma Rousseff, que culminou na prisão ilegal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,  e na eleição do líder da extrema-direita Jair Bolsonaro, em 2018.  Haddad  participou de vários encontros com lideranças políticas da esquerda  que atualmente governa Portugal, em uma histórica aliança denominada de gerinçonça, e  com dirigentes de movimentos sociais e intelectuais, como o professor Boaventura de Souza Santos, da Universidade de Coimbra, e Pilar del Rio, presidenta da Fundação Saramago.

    Fernando Haddad em encontro com a deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda. Foto: Paula Nunes

    No primeiro dia, participou de uma relevante atividade denominada  “Democracia e perda de direitos no Brasil”, diante de um grande público que lotou o auditório da Casa do Alentejo em Lisboa, no dia 22, terça feira. O evento, que contou com a cobertura dos Jornalistas Livres, foi organizado pelo Núcleo do Partido dos Trabalhadores de Lisboa com o apoio da Fundação Saramago, do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) e do Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa. Tarso Genro também estava presente e fez uma breve introdução  sobre a situação política brasileira.

    Confira a fala completa do Haddad.

    Fernando Haddad falando diante um grande público na Casa do Alentejo
    Foto: Ricardo Stuckert

    No segundo dia de sua visita, Haddad concedeu uma coletiva de imprensa na Fundação José Saramago e, em seguida,  foi recebido na sede do Partido Socialista pelo primeiro-ministro português   António Costa, com o qual teve uma longa conversa que durou cerca de duas horas e que contou também com a presença de Carlos César, presidente do PS, e o secretário nacional de relações internacionais do PS, Francisco André.

    Na ocasião, eles debateram sobre a frente internacional antifascista, as ameaças à democracia em geral e o impacto das redes sociais. Fizeram também  uma análise detalhada da situação internacional, frisando os casos da América Latina e da União Européia. Haddad elogiou a solução política e os resultados do governo português, apoiado no parlamento pelo Bloco de Esquerda, Partido Comunista e Partido Ecologista (Verdes), e considerou que a experiência portuguesa de governo deve ser encarada como um exemplo. Antonio Costa colocou-se à disposição para mediar em breve o encontro de Fernando Haddad com o primeiro ministro da Grécia, Alexis Tsipras. A agenda de Haddad prosseguirá em março quando deverá  ir à Alemanha para seguir a construção da Internacional Progressista

    Abaixo segue a cobertura completa da  coletiva. Vídeo de Bruno Falci.

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/545415942639077/?epa=SEARCH_BOX

     

  • Haddad em Portugal: “Sempre de forma altiva, devemos encarar os grandes desafios que temos pela frente”

    Haddad em Portugal: “Sempre de forma altiva, devemos encarar os grandes desafios que temos pela frente”

    Por Bruno Falci, de Lisboa, especial para os Jornalistas Livres

    “O mundo precisa de imaginação e quem sabe imaginar é a esquerda, pois a direita não consegue imaginar nada. O mundo já é como a direita quer. Nós precisamos de aproveitar o momento. Eu tenho muito otimismo em relação ao futuro. Eu não tenho dúvidas que esse projeto que está em curso não pode funcionar. É um projeto muito pouco generoso. Ele incita a intolerância, acarreta mais desigualdade social e econômica. É um projeto que não tem futuro. É um projeto do discurso fácil em um momento de angústia”.

     

    Foto: Ricardo Stuckert

    Palavras de Fernando Haddad no encerramento do debate “Democracia e perda de direitos no Brasil”, diante de um grande público que lotou o auditório da Casa do Alentejo em Lisboa, no dia 22, terça feira, em evento organizado pelo Núcleo do Partido dos Trabalhadores de Lisboa com o apoio da Fundação Saramago, do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) e do Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira de Lisboa. Tarso Genro também estava presente e fez uma breve introdução  sobre a situação política brasileira.

    Tarso Genro Foto: Luiz Benevides

    Diversos dirigentes políticos, intelectuais,  professores e estudantes portugueses e brasileiros compareceram ao evento, que contou com a cobertura de vários veículos de comunicação importantes de Portugal. Ativistas de diversas associações portuguesas também estiveram presentes. Na ocasião, após as falas dos dois conferencistas, representantes dos três partidos políticos que governam atualmente o país, em uma histórica aliança da esquerda portuguesa, declararam apoio a luta pela retomada da democracia  no Brasil:  Isabel Moreira, do Partido Socialista (do primeiro ministro Antonio Costa), Rita Rato, do Partido Comunista Português  e Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda.

    Deputada Isabel Moreira (Partido Socialista) Foto: Luiz Benevides
    Deputada Joana Mortágua (Bloco de Esquerda) Foto: Luiz Benevides
    Deputada Rita Rato (Partido Comunista Português) Foto: Luiz Benevides

    Fernando Haddad está fazendo uma série de viagens internacionais para discutir questões referentes às ameaças democráticas no Brasil e em outros países, tendo em vista  o crescimento da extrema direita no mundo. Dentro deste contexto, ele  já esteve nos Estados Unidos e Uruguai. Em sua viagem a Europa, Haddad veio acompanhado por Tarso Genro e estiveram juntos na Espanha. Ambos chegaram  a Portugal na segunda-feira (21). Haddad foi presenteado com um cravo pelo SPGL, um simbolo da revolução de 25 de Abril de 1974, que derrubou a ditadura do Estado Novo que durou 41 anos, e reconquistou a democracia em Portugal. Foi também presenteado pela viúva de Alípio de Freitas, Guadalupe Magalhães Portelinha, com um livro biográfico dedicado ao importante militante socialista português e um dos fundadores das Ligas Camponesas no Brasil, na década de 1960.

    No inicio da sua exposição, diante da calorosa recepção do público, o dirigente petista disse: “Tenho a nítida sensação aqui que ganhamos a eleição. Assim que tem que ser para ganhar a próxima. Não podemos sair de cabeça baixa de uma eleição, mas sempre de forma altiva e encarando os desafios que temos pela frente, que não são pequenos, são grandes.”  Haddad acrescentou que gostaria de compartilhar  com todos o que está acontecendo no Brasil e esclareceu os motivos de suas viagens. “Eu já estive nos EUA com os socialistas democráticos liderados por Bernie Sanders. Na ocasião estava lá o Varoufákis (um dos lideres do partido Syrisa da Grécia), estava lá também a ideia da internacional progressista. Tivemos também com o pessoal da Frente Ampla do Uruguai, visitei o Mujica, para conversar sobre a situação atual e estive também  com os companheiros do Podemos, com os socialistas que governam a Espanha, e aqui (Portugal), para aprender com as experiências exitosas no mundo – lembrando que o PT ofereceu sua experiência para o mundo também e inspirou muitas dessas experiências que hoje estão no poder – e para trocar informações e impressões da realidade política contemporânea”

    Foto: Ricardo Stuckert

    Para Haddad, as árduas conquistas históricas da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros, iniciadas no final do século XVIII e que prosseguiram no século XIX (que o historiador  Eric Hobsbawm definiu como a Era das Revoluções), são frutos de árduas lutas, e incontáveis derrotas e que nada veio de graça no campo da democracia. Ele lembrou a luta pelos direitos civis e a luta pelos direitos políticos. “Em alguns países as mulheres só conseguiram o direito ao voto depois da II Guerra Mundial, os negros americanos eram impedidos de fazer registro para votar apesar de a abolição ter acontecido numa guerra civil há cem anos. Tudo isso foram jornadas de lutas, da ampliação de direitos. Os direitos sociais são recém-conhecidos. Não havia ideia de um sistema universal de saúde publica, de um sistema de educação publica, um sistema previdenciário, assistencial, toda a legislação trabalhista”.

    Haddad mencionou a presença mais recentemente da pauta ambiental, “que não deixa de ser uma jornada ligada aos direitos, porém direitos geracionais, que é preservar o planeta para futuras gerações, são direitos para quem não está entre nós ainda.” Hoje no Brasil, para o líder petista, nada disso está preservado, pois “quando você perde para a direita e para a centro-direita parte disso (direitos sociais) está preservado, mas, quando você perde para a extrema direita, sobretudo dessa natureza que assumiu a presidência no Brasil, tudo esta em discussão. A escola laica esta em discussão, a auto-organização do movimento popular esta em risco, porque pode ou não ser tratado como terrorista. Ao longo do processo de redemocratização do país pós-ditadura militar, não havia duvidas. O PSDB sabia respeitar as lideranças dos movimentos sociais com diferenças em relação a nós (PT), mas ao menos no discurso havia o respeito com os direitos consagrados na Constituição.”

    O líder petista enfatizou que não são apenas os direitos sociais e ambientais, mas também os direitos civis e políticos que estão ameaçados. “A imprensa trata com naturalidade, por exemplo, o ministro da educação dizer que o ENEM é do presidente da República e que pode alterar a prova elaborada por educadores. Quem é Bolsonaro para julgar educadores? Se você conversa com qualquer interlocutor lá fora, as pessoas estão perplexas em relação ao Brasil. Há uma discrepância entre o que é veiculado no Brasil e o que é veiculado fora. Basta ver a repercussão do discurso de Davos na imprensa internacional e na imprensa local. Na local, estamos quase diante de um discurso de estadista, de seis minutos, mas de estadista. Na imprensa internacional a frustração é enorme ao que foi dito. O Brasil nunca foi tão mal em um fórum internacional. O presidente sequer conseguia falar o que tinha ido dizer. Uma fala contraditória. Não se sabe qual o projeto de país, as idas e vindas são dramáticas. Você pode amanhã receber a noticia que nada que foi dito hoje esta valendo, porque há também uma tutela sobre o que é dito por parte dos militares. Então você tem um núcleo fundamentalista do governo obscurantista, você tem um núcleo neoliberal você tem a tutela militar.” Haddad comentou  as denuncias recentes contra o clã Bolsonaro e seu envolvimento com as milícias. “Quando você lê as noticias sobre a família Bolsonaro, vê-se transações financeiras inexplicáveis, evolução patrimonial que ninguém entende. A vinculação com milicias esta cada vez mais explicitada. Os gabinetes coalhados de milicianos.”

    Haddad concluiu trazendo grande esperança ao complexo futuro que se apresenta ao Brasil. “Estamos em um momento dramático, mas que conta com a sociedade civil que vai se organizar, que não vai ficar passiva diante do que está acontecendo.  O que compete a esquerda, a centro-esquerda e a esquerda democrática fazer?(…) faltou a esquerda mundial oferecer uma alternativa a crise do neoliberalismo, basicamente a socialização dos prejuízos dos bancos e a explosão da dívida publica dos países em geral. O que nos cabe agora é elaborar um projeto em diálogo com a sociedade, em diálogo com os coletivos, com os movimentos populares e reapresentá-lo porque nós não vamos resgatar o passado, mas nós teremos imaginação suficiente para apresentar um projeto para o futuro.”

    Abaixo a cobertura completa do evento.  Vídeo de Bruno Falci