Jornalistas Livres

Autor: Bruno Falci

  • Wadih Damous: “A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”

    Wadih Damous: “A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”

    Por Bruno Falci e Nilce Costa para o Jornalistas Livres
    Wadih Damous e Álvaro Quintão, conferenciam sobre a complexa e grave situação política, social e sanitária do Brasil , quando o Brasil assinala o segundo país mais infetado da covid19 no mundo. Dentro deste contexto, a ação da Polícia Federal, que  deflagrou na última terça-feira a Operação Placebo.

    Também é comentado a situação das minorias, o desprezo neste momento para estas camadas.  Uma forte avaliação e formas de um novo governo través do PT, no intuito de retirar a extrema direita do poder,

    Wadih Damous, ex-deputado federal, advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

    Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

    ex-deputado federal,  advogado trabalhista, que foi presidente da OAB – Ordem os Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, por dois mandatos. Damous é militante do Partido dos Trabalhadores desde a sua fundação, quando ainda fazia o curso de direito na  UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

    Na presidência da OAB no Rio, uma das bandeiras de Damous foi o lançamento da Campanha pela Memória e pela Verdade, em prol da abertura dos arquivos da ditadura militar. Nesta trajetória, traçou um paralelo do combate à tortura durante o governo militar com o questionamento do instituto da delação premiada, consagrado pela Lava Jato, que virou uma dos fundamentos de sua atuação parlamentar. Teve procuração para atuar como advogado de defesa do ex-presidente Lula quando este se encontrava detido na carceragem de Curitiba.

    Quanto a operação Placebo, Wadih Damous não confere qualquer credibilidade quanto ao governador Wilson Witzel, mas defende que a operação poderia ter sido elaborada de melhor forma.

    “Eu não sabia o que se passava, quando ouvia de casa, helicópteros a sobrevoar o local, ao verificar e deparei com a polícia federal fazia operação no palácio Guanabara, e nas propriedades particulares do governador Wilson Witzel do Rio de Janeiro e sua mulher.  Esta operação poderia ter sido feita com descrição, apesar da profunda ojeriza que sinto pelo governante e seu governo, mas eu prezo muito a ordem jurídica. É coisa grave, ela estaria repetindo Adriano Anselmo com Sérgio Cabral, usando o escritório de advocacia para celebrar contratos com fornecedores do Estado.”

    Quanto ao governo Bolsonaro e as decisões a serem tomadas, e a enfrentamento a pandemia, Wadih menciona que nada é feito e a política da pandemia irá prosseguir.

    “Bolsonaro é um aliado da pandemia, é negacionista, confirma que é uma gripezinha. É contra o isolamento social e participa em atos públicos com aglomeração de pessoa. Bolsonaro diz que ainda irá acontecer com muito mais gente”

    E acrescenta:

    Como os governadores estão na linha de frente no enfrentamento a pandemia e muitas vezes tem que contornar os obstáculos legais e administrativos na compra de equipamentos, para salvar vidas, estes vão ser perseguidos, investigados e sofrer tentativa de desmoralizados por parte de Bolsonaro e a PF.

    Quem votou em Bolsonaro sabia em quem votava. Crivela é o homem do Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, já pensa em flexibilizar a quarentena e ele tem que ser contido nisso. O Brasil está num índice macabro. O Brasil hoje é um país amaldiçoado, não vamos poder entrar em outros países, seremos apontados como agentes da pandemia”.

    No que diz respeito a mudança urgente do governo atual:

    “Não há como nós aceitarmos Bolsonaro à frente do governo até 2022, o Brasil acaba junto. O Brasil não aguenta assistir passivamente esta estratégia de Bolsonaro, que é simplesmente exterminar pobre e sanear a Previdência Social com extermínio de pobre.

    Saídas como o impeachment, é custosa, Rodrigo Maia não tem prazo para aprovar isso, ele tem o poder de arquivar. O impeachment é um teatro político, embora tenha regras jurídicas, o que prevalece é a política. Teríamos que caçar a chapa Bolsonaro/Mourão”.

    Garante que a esquerda, tem que reconstruir sua identidade.

    A polarização na política brasileira, está se dando pela direita e extrema direita, a esquerda está fora, eu defendo que a esquerda tem que reconstruir sua identidade, construir uma agenda anticapitalista. Neste momento somos o epicentro da pandemia e do desemprego. Frente Ampla é algo mais “amplo”, acho que devemos de reunir esforços e que ela aconteça. Eu defendo uma Frente Ampla em defesa do Estado de direito, mas eleitoralmente, eu defendo uma frente de esquerda para enfrentar o fascismo nas próximas eleições. A tarefa imediata é colocar Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto”.

    O que pensa o PT com a saída do Freixo:

    “A posição oficial do PT no Rio de Janeiro é manter a frente esquerda que eu acho que não acontecerá, que se dava ao nome do Marcelo Freixo, era  o candidato mais viável. O argumento correto não dava pra manter a candidatura por causa da fragmentação da esquerda , não conseguiu unir o PT com outros partidos, assim abandonando a candidatura. Nós não vamos apoiar candidato do PSOL e ponto. Em termos de representatividade na sociedade, me parece que a candidata Benedita preenche bem. Nós vamos continuar a defendendo a frente esquerda, os partidos tem que se sentar e ter maturidade e emergir um nome”.

    Álvaro Quintão, começou a militância política por volta dos 16 anos e sendo eleito para a diretoria do sindicato dos metalúrgicos do Rio de Janeiro com apenas 20 anos.

    Foi filiado ao PT, onde atuou ativamente na década de 80 contribuindo com a construção do PT e participou ativamente das campanhas que levaram Lula à presidência do Brasil.

    Posteriormente, fez faculdade de Direito, e passou a militar na advocacia, sendo eleito presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro e Conselheiro da Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro.

    Atualmente, além da Presidência do Sindicato dos Advogados, exerce o Cargo de Secretário-Geral e Presidente da Comissão dos Direitos Humanos na OAB/RJ.

    Como advogado atua na área Trabalhista, assessora diversos sindicatos, entre estes, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação, visto neste momento de pandemia ser um dos mais afetado.

    Na qualidade de advogado vem participando de várias Negociações Coletivas com base nas normas que estão sendo criadas neste período de pandemia.

    Álvaro Quintão, refere que desde a Lava Jato, o Brasil perdeu toda sua legitimidade, tratando-se de um processo mais político do que jurídico, que acabou por dar a oportunidade do atual governo.

    “A situação que nos encontramos hoje, já não é nova, voltando a 2014/2015, quando a famigerada operação Lava Jato esqueceu de investigar e de julgar de acordo com a constituição e com as leis. Preferiu fazer daquele processo, um processo político, nós já avisávamos que correríamos riscos muito grande, estava abrindo naquele momento a caixa de pandora”.

    E ainda conclui que:

    “Eduardo Cunha que presidia a Câmara Federal, fazendo toda barbaridade para levar o Brasil onde chegou, encontrava esse ego naquela operação, naqueles julgamentos mais político do que jurídico que aconteciam em Curitiba, e isso vem acontecendo. Isto acabou contribuindo para eleição deste presidente, que me recuso a dizer o nome”.

    Como Presidente da Direção dos Direitos Humanos na OAB/RJ, afirma que as minorias são as mais prejudicadas; pobres, negros, mulheres e índios. Instituições preferem não se manifestar. O tempo é de ditadura e o Brasil se tornou o país do espetáculo, garante.

    “Todas chamadas minorias, o que estavam mais fragilizados sentiu na pele esse aumento da violência e da discriminação. O que a gente não vê, são certas instituições que preferem não se manifestar. São trinta e cinco pedidos de impeachment do atual presidente e nenhum destes pedidos, foram sequer analisados. O Brasil tem vivido nos últimos anos um país de espetáculo”.

    E ressalta: Vivemos mais tempos de ditadura do que de democracia.

    “O governo está mais preocupado é em colocar os pobres e negros nas ruas como os moradores de periferias, enquanto a elite econômica, continuam fazendo sua quarentena voluntária em casa. A política econômica na europa, os governos abrem mão do orçamento, o Brasil não tem intenção de investir”.

    Quando se refere a Marcelo Freixo:

    “Existe sim resistência de alguns partidos, um dos candidatos da esquerda que já tinha inclusive, o seu apoio pelo PT resolveu retirar sua candidatura, que foi o Marcelo Freixo, porque tem encontrado em outros partidos resistência nesta frente de esquerda que todos nós sonhamos. Tem que se tirar o chapéu ao PSOL, PT e PCdoB, que tem demonstrado a disposição para se buscar uma unidade de fato dos partidos de esquerda. A esquerda tem sim que buscar um candidato viável para as eleições presidenciais. Trabalhar pela união da esquerda, para construir uma base”.

    VEJA ABAIXO A ENTREVISTA COMPLETA

  • Tarso Genro comenta a recém-criação da Internacional Progressista

    Tarso Genro comenta a recém-criação da Internacional Progressista

    Por Bruno Falci e Luiza Abi Saab, de Portugal, especial para o Jornalistas Livres

     

    Este e outros temas atuais que envolvem a grave situação política e sanitária do Brasil são abordados por Tarso Genro, um dos quadros históricos mais importantes do PT desde a sua fundação. Arquiteto do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, Tarso foi deputado constituinte e federal, sendo duas vezes prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande do Sul. Durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva foi ministro da Educação, das Relações Institucionais e da Justiça, tendo presidido também o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social  Ocupou interinamente a presidência do PT em 2005.

    A Internacional Progressista é uma iniciativa de mais de 40 políticos e intelectuais de todos os continentes,  entre os quais se destacam  o norte-americano Noam Chomsky, a canadense Naomi Klein e políticos em atividade como a primeira-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, o  deputado e ex-ministro de Finanças da Grécia Yanis Varoufakis, e a ministra argentina de Mulheres, Gênero e Diversidade Elizabeth Gómez Alcorta. O movimento conta com a presença de  líderes latino-americanos como o ex-presidente equatoriano Rafael Correa,   o ex-vice-presidente boliviano Álvaro García Linera, o ex-prefeito de São Paulo e candidato do Partido dos Trabalhadores à presidência em 2018 Fernando Haddad, O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e o ex-ministro da Justiça Tarso Genro.

    para filiar sua organização social, seu partido politico ou indiviudalmente a Internaional Progressista. Clique aqui

    Na ultima vez que estivemos com Fernando Haddad e Tarso Genro foi aqui em Lisboa para cumprir agenda, em janeiro de 2019,em uma das suas viagens internacionais visando a fundação da Internacional Progressita. Veja abaixo a cobertura dessa visita em Portugal feita pelo Jornalistas Livres.

    Fernando Haddad é recebido como chefe de estado em Portugal

    Fernando Haddad e Tarso Genro em Lisboa

    Haddad em Portugal: “Sempre de forma altiva, devemos encarar os grandes desafios que temos pela frente”

    Segundo Tarso Genro, a questão do internacionalismo está encravada na ideia clássica, marxista, que vem dos eventos do século passado, como também na socialdemocracia, que foi uma alternativa política forte contra o sistema do capital.

    “Da minha parte, esta ideia foi concebida não propriamente como uma organização, como foi feito agora, que é uma novidade lançada pelo Sanders e alguns outros intelectuais europeus e americanos.Mas a ideia que nenhuma questão local, questão regional, questão global importante deixa de ser também uma questão internacional. Todos os fatos, por exemplo, o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, ocorre em um município. Todas as questões relacionadas com a inserção soberana do país ou da região na globalização econômica para disputar o seu espaço e estabelecer as suas alianças, é sempre uma questão que transcende as fronteiras políticas e as fronteiras geográficas  e as fronteiras geopolíticas onde este lugar está situado. Trabalhamos muito esta ideias a partir da administração popular em Porto Alegre.

    O ministro acrescenta:

    “Eu fui o primeiro prefeito do Rio Grande do Sul – e, quem, sabe do Brasil – que tomou duas iniciativas importantes. Primeiro, organizar em um terreno local uma instituição comunitária de crédito. Através dela, o municio se comunicava com  as agencias internacionais privadas e públicas para financiar projetos do Estado. Depois, criamos uma secretaria municipal de relações internacionais, Nesta, estabelecemos uma profunda relação com a Itália, Espanha, França e Portugal. Assim, estendemos os laços políticos do nosso governo para um conjunto de países, inclusive latino-americanos. Fundamos aqui também uma entidade de prefeitos do Mercosul, estabelecida a partir desses critérios de solidariedade internacional progressista e que, inclusive, existe até hoje”.

    Para Tarso Genro, essa novidade agora da formalização da Internacional Progressista é um avento extraordinário.

    “Eu estava tratando desse assunto agora mesmo com o Fernando Haddad, através de e-mails. Aquela questão que nos estruturava no plano socialista do século passado está sendo substituída agora por internacionalismo que vai além da ideia socialista, que vai da solidariedade humana, da justiça social, intercâmbio democrático entre os países e da sustentação mútua de projetos democráticos e progressistas, em países que estão sendo avassalados, atacados duramente pela fúria fascista, como no Brasil.

    Tarso afirma que tem como projeto fazer tudo para que essa ideia – a Internacional Progressista – vingue, pois ela não é somente uma ideia generosa, uma ideia transformadora das relações internacionais – é também uma ideia necessária. E conclui: “Ninguém vai mais conquistar um projeto democrático, moderno, avançado, participativo sem que haja essa solidariedade internacional e no campo progressista em geral”.

  • Celso Amorim: “governo Bolsonaro é um desastre natural e humano”

    Celso Amorim: “governo Bolsonaro é um desastre natural e humano”

     Por Bruno Falci e Luiza Abi Saab para o Jornalistas Livres

    Nas últimas semanas têm sido crescentes as transgressões políticas e diplomáticas do governo Bolsonaro, com graves violações da Constituição Brasileira. Em meio a um cenário terrivelmente perturbador da epidemia da coronavírus, que é uma grande crise sanitária internacional, o Brasil já vivia uma crise econômica que veio se agravando com mais uma crise política e social. Acrescenta-se a isso a crise econômica já vivia. Sobre essas dificuldades do país, a nível sanitário, econômico, político e diplomático, conversamos com o embaixador Celso Amorim, que foi ministro das relações exteriores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e ministro da defesa do governo Dilma Rousseff.

    Em dezembro de 2019, Celso Amorim afirmou que as políticas neoliberais estavam chegando ao limite em diversos países, principalmente na América Latina e que este momento chegaria no Brasil também. O ex-ministro comenta que a possibilidade de convulsão social ainda é grande, principalmente com a crise econômica que acompanha a pandemia COVID-19. Ele ressalta que é uma ilusão dos governos neoliberais tentar minimizar a pandemia, sacrificando vidas a fim de salvar a economia, afinal, a flexibilização perante a pandemia não traz apenas complicações sanitárias, mas também econômicas. Portanto, os riscos de convulsões sociais devido à s políticas neoliberais, que já existiam, estão potencializadas diante do atual cenário, embora possam sofrer dificuldades organizacionais no primeiro momento.

    Comentando a pandemia, Celso Amorim afirma esta situação pegou a todos de surpresa:

    “Eu participei há uns cinco anos atrás de uma comissão da ONU sobre epidemia do ebola. Eu estava relendo o relatório o sumário executivo do relatório desta comissão e sua  introdução apresentava uma profecia impressionante. Parece que o mundo vai estar sujeito a epidemias. Se nós não pararmos com a destruição ambiental,o fenômeno vai ser devastador. Ninguém se preparou suficientemente para uma situação como essa. “O Brasil poderia ter se preparado melhor, já que a epidemia chegou um mês depois do surto na Europa. Nós poderíamos ter nos preparado melhor se tivéssemos seguido as orientações da OMS e observado a experiência efetiva de outros países. No Brasil tivemos em cima de um desastre natural, um desastre humano, que foi a condução política desastrosa de Bolsonaro”

    veja entrevista abaixo:

    Amorim comenta também o papel que o Brasil teve nas relações internacionais, mencionando a sua experiência como ministro das relações exteriores do governo Lula, longe da política desestabilizadora de Bolsonaro:

    “A política externa brasileira depois de 1988 se baseava nos princípios; não intervenção, autodeterminação dos povos, solução dos conflitos por via do diálogo por vias pacíficas, cooperação internacional, integração latino-americana e caribenha. Uma das razões sociológicas que elevaram a nossa maior autoestima foi uma leitura do panorama internacional e sua própria evolução. Isso nos permitiu ver que a melhor maneira de defender o interesse brasileiro era só ser firme em nossas questões. Foi o caso da Alca”.

    Amorim observa que, naquela ocasião, o mundo se desenhava mais como multipolar.

    “Eu como embaixador na ONU e em Genebra, tinha visto aquele mundo unipolar após a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, já não era tão forte a hegemonia americana, que começava a ser contestada. O mundo se organizava de uma maneira mais plural. França e Alemanha foram contra a guerra no Iraque. Sempre buscamos alianças com os países em desenvolvimento, Índia, China, África do Sul e Argentina. Nós percebemos que nosso interesse era buscar mais solidariedade entre os países em desenvolvimento, para reforçar nosso poder de barganha”.

    Sobre as dificuldades a nível econômico, político e diplomático que o Brasil irá enfrentar no cenário internacional diante do fracasso na contenção da pandemia, Amorim conta que toda a imprensa mundial – não só a mídia de esquerda – já reconhece o vexame do governo Bolsonaro neste contexto. Ele menciona que o Brasil, durante os governos FHC e Lula, era uma liderança em negociações internacionais, principalmente na inovação do sistema de saúde pública, sendo que no governo Lula houve mais determinação em concretizar e implantar tais políticas. Em suas palavras, o Brasil possuía uma imagem diplomática muito importante e forte internacionalmente, percebido como um país construtor de diálogo e pontes, sem abdicar dos seus interesses e atualmente o que se acontece é uma destruição dessa imagem diplomática positiva brasileira.
    Amorim também diz que Bolsonaro insiste em impor sua opinião pessoal em seu cargo de presidente, por interesses políticos, deixando de seguir parâmetros da ciência mundial.

    Para esta situação catastrófica politicamente, Amorim sugere a criação de duas frentes: uma frente (muito) ampla pela democracia, que possa unir as mais diversas alas, mesmo que isso incomode alguns grupos; e uma segunda frente, esta progressista pelas nossas ideias e de reforma social e soberania, que coloque o Brasil acima de qualquer outra dificuldade e preconceito, defendendo os direitos dos trabalhadores, aumentar o papel do estado de uma maneira definitiva na economia, preservar a soberania nacional, defender as nossas riquezas, criar políticas climáticas de acordo com nossos interesses e normas internacionais, proteger os nossos indígenas, criar medidas eficazes em relação as questões de raça e gênero, etc. O ministro reforça que a ênfase da esquerda deve ser em criar novas políticas e se planejar com o futuro para resolver os problemas estruturais do Brasil, e não apenas se focar em derrubar Bolsonaro e objetivos imediatos.

  • Boaventura de Sousa Santos: “Bolsonaro produz genocídio dos povos indígenas”

    Boaventura de Sousa Santos: “Bolsonaro produz genocídio dos povos indígenas”

    Por Bruno Falci  (Jornalistas Livres) e Mariana Mollica – Portal Favelas em parceria com o povo KAMBEBA

     

    O sociólogo e professor português Boaventura de Sousa Santos revela através de gesto ético e surpreendente no Programa “Lugar de Escuta” (assista abaixo), no dia 1º de maio, que assim como o vírus invisível traz à tona a incapacidade do Estado neoliberal de valorizar a dignidade e a sustentabilidade da vida humana, a inaudibilidade da voz da cacique Omagua-Kambeba, porta-voz dos povos indígenas da Amazônia, mostra o genocídio dos índios pelo governo Bolsonaro e a tendência à omissão de grande parte da esquerda brasileira em relação ao extermínio dos povos originários. Diferentemente de povos tradicionais de outros países da América Latina, que encontram mais ressonância e apoio, os povos indígenas brasileiros tem sido praticamente ignorados, inclusive pelos partidos de esquerda.

    O debate promovido pela TV 247, em parceria com os Jornalistas Livres, entre a linguista e cacique Omagua-Kambeba Eronildes Fermun Omagua, mestranda no Museu Nacional/UFRJ, e Boaventura de Sousa Santos, coordenador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, se tornou, em tempo real, um exemplo vivo do que é o processo de descolonização. A presença inaudível e invisível da cacique Kambeba, em função da instabilidade da conexão da internet, que impedia que ela fosse escutada por um público de aproximadamente 4.000 pessoas ao vivo, pedindo socorro para sua aldeia ameaçada de extermínio no interior do Amazonas, não foi, contudo, ocupada pelo ilustre convidado europeu com teorias.

    veja Abaixo:

    O professor Boaventura, que acaba de publicar um livro no Brasil intitulado “A cruel pedagogia do vírus”, nos mostra que de nada adiantaria ele ocupar aquele espaço ausente com conceitos acadêmicos sem que pudéssemos escutar a própria cacique, já que sua voz é insubstituível e que nossa dificuldade de ouvi-la torna sua voz mais forte:

    “Sua inaudibilidade é uma metáfora do que se passa no mundo da invisibilidade dos povos indígenas. Trata-se do descaso e do abandono dos povos indígenas, que Eronildes está a nos relatar. Esta é uma velha questão do governo brasileiro, de não considerar os indígenas urbanizados. Só são indígenas aqueles que vivem em regiões remotas. É a situação das dificuldades em que está Eronilde, que não tem sequer internet. É muito grave também, em Manaus, onde existem 1.255 famílias, indígenas urbanas, cujos meios de vida é vender artesanato nas ruas”.

    Enfatizando que o dia do trabalhador não é apenas o dia das lutas sindicais, mas também da resistência e sobrevivência dos povos que vivem do seu artesanato, Boaventura chega a dizer que não estamos acostumados e nem predispostos a escutar os povos indígenas e quilombolas, assim como os negros e pessoas que vivem nas periferias. Mesmo quando estamos dispostos a ouvi-los, há algo como uma linha abissal que separa visíveis de invisíveis, “como essa experiência está nos mostrando através de uma aula empírica”, há um abismo radical “que nos impede de chegar a eles”.

    Os entrevistadores, então, passam a tentar encontrar novos dispositivos para ouvir Eronildes. Numa tela de WhatsApp filmada pela tela do dispositivo que transmitia o Programa, com o esforço de todos, a conexão falha acaba por fazer parte da transmissão do conhecimento a ser obtido pelos ouvintes; considerar toda a precariedade permite que possamos finalmente escutar seu pedido de socorro: “Tem invasores entrando nas nossas terras, nos ameaçando de morte. Eles estão aproveitando o silêncio da quarentena. Aqui no alto do Solimões, comunidade de Santa Terezinha, Município de São Paulo de Olivença, Amazônia, não tem exames, não tem protocolo, não tem medicina da saúde indígena que chega até nós. Não chega a informação para que os nossos povos não saiam, porque sair e ter contato com outras pessoas pode nos infectar. Além do Coronavírus, estamos morrendo de fome. Vivemos no meio da floresta, mas como fomos dados como índios urbanos, sofremos discriminação. Falo aqui em nome de todos os povos da Amazônia.”

    A cacique pede que escutem a sua dor com uma palavra na língua Kambeba – Asemúyta  – “somos parentes pela dor”. Ela retoma um conhecimento de seus ancestrais, que foi alçado à categoria de conceito apreendido pelos pesquisadores, educadores e lideranças populares no último congresso da ANPED (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), durante a apresentação da oficina da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS), no dia 22 de outubro de 2019, na UFF de Niterói. Naquela ocasião, a plenária de cientistas e educadores, que contavam com a presença de Boaventura, interrogavam o que fazer diante do desmonte da Universidade e da Educação brasileira e aprenderam com a sabedoria dos movimentos sociais que a pergunta sobre como transformar medo em esperança pode extrair uma resposta do conhecimento Kambeba primoroso: “cada golpe que sofremos, nos permite um laço de parentesco que nos anima para a luta!” No momento atual de pedido de ajuda, a UPMS lança uma nota em apoio ao povo Kambeba.

    As infecções do Coronavírus estão acontecendo entre os povos indígenas, provocadas por invasores como garimpeiros e criadores de gado, e, principalmente, por missionários de confissões evangélicas que insistem em invadir territórios indígenas em polemicas missões de evangelização e espalham doenças. A saída dos médicos cubanos, 90 por cento dos quais atuavam em áreas periféricas, com pouca infraestrutura, incluindo as populações indígenas e tradicionais, segundo o Conselho Indigenista Missionário, e a chegada da pandemia criam um cenário caótico.

    O professor da Universidade de Coimbra conclui afirmando que a última palavra deve ser da cacique:

    “Quem mais sofre com isso são os povos indígenas, os mais invisibilizados. Eu, neste momento, estou aqui a tentar ser porta voz da Eronilde, que é minha parenta e eu tenho orgulho de estar aqui com ela, com a cacique do povo Kambeba.  É realmente um dia extraordinário, ela nos traz força extraordinária. O contato com ela é uma fonte de vida. Estou aqui a esperar por ela para que ouçam o que ela tem a dizer”.

    “Em nome dos indígenas do Brasil e da Amazonia Legal”, a cacique Kambema nos pede ajuda: “Queremos uma solução imediata. Pedimos às autoridades do Ministério Público Federal, que dê resposta aos documentos sobre a nossa educação diferenciada que foi retirada pelo poder municipal, protocolados pelo nosso povo desde 2017, ainda hoje sem resposta, o que deixou o povo Kambeba vulnerável diante dos ataques dos invasores, que estão nos perseguindo e nos ameaçando de morte. Pedimos que o DSEI do Alto Solimões faça o cadastro do nosso povo, que na nossa língua  era chamada AKARIWAZAU. Com a chegada da igreja católica trocaram o nome sem nos consultar e atualmente se chama “Santa Terezinha”. Quando pedimos ajuda à CTL que representa a FUNAI de São Paulo de Olivença, o coordenador fala não poder resolver nada. Estamos atualmente sem direitos sociais. Diante da situação de pandemia pdeios apoio para que cobrem das autoridades nossos direitos e para agilizar com urgência cestas básicas e material de higiene e limpeza. Nós temos direitos à  saúde, à informação e a educação. Pedimos a demarcação urgente das nossas terras Tuyuka Omagua Kambeba que estão sem providências no setor Reginal e Federal da FUNAI. Quero agradecer a todos vocês que estão nos ouvindo, à UPMS, aos jornalistas livres, ao 247, ao Boaventura que me ouve lá de Portugal e a todos que possam nos ouvir: somos raízes dos nossos ancestrais, que enfrentaram todo tipo de doença e que resistem há mais de 500 anos. Nós vamos sofrer, mas vamos seguir em frente. Direto do Amazonas, avante parentes, Assemúyta!”.

    Clique aqui e apoie o povo Kambeba através de uma vaquinha que será recebida pela cacique Eronildes, faça a sua parte para a sobrevivência dos povos indígenas brasileiros.

     

    Via Brasil 247

     

  • Boaventura de Sousa Santos: “Moro é o candidato dos EUA para 2022”

    Boaventura de Sousa Santos: “Moro é o candidato dos EUA para 2022”

    Entrevista a Bruno Falci e Clara Domingos, de Lisboa, especial para o Jornalistas Livres

     

    O professor Boaventura de Sousa Santos, doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, professor e coordenador do CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um dos mais importantes pensadores ibero-americanos, concedeu esta entrevista, ao vivo, enquanto que, coincidentemente, em Brasília, o ministro da justiça Sérgio Moro fazia um pronunciamento sobre sua demissão ao governo de Jair Bolsonaro, em mais um capítulo da crise política brasileira.

    O cenário abordado é do Brasil vivendo uma dupla crise – uma sanitária, provocada pelo Coronavírus e outra política. Neste cenário conturbado pela pandemia, o governo de Bolsonaro revela uma profunda instabilidade institucional, onde ocorrem hostilidades ao Congresso e Supremo Tribunal Federal.  Enquanto isso, o combate à pandemia ocorre dentro de outra situação grave, tendo ocorrido, na semana passada, a saída do ministro da saúde que era aprovado pela OMS e, portanto, favorável isolamento social.

    Na quarta-feira, dia 22, o ministro da economia, Paulo Guedes, responsável pela agenda neoliberal do governo não participou de uma reunião coordenada pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto para anunciar o lançamento de um programa de recuperação econômica pós-covid-19, que prevê aumento dos gastos com investimentos públicos para os próximos anos. Agora, nesta sexta-feira, dia 24, o Brasil, com um governo que também parece ser tutelado pelos militares, em meio a diversos encaminhamentos de impeachment do presidente, o cenário é agravado com a queda do ministro Sérgio Moro.

    Segundo Boaventura de Sousa Santos, “realmente é uma condição extraordinária estarmos as falar neste momento em que o Sérgio Moro está a fazer uma transição. Eu acho que o Brasil é o único país do mundo que, no meio da pandemia, tem uma grave crise política. Eu acompanho a situação em diversos países e nenhum deles apresenta esta situação, que eventualmente poder ser uma crise do regime político. A demissão de Sérgio Moro tem causas próximas e causas longínquas. As causas próximas que sido aventadas é que a PF estará no caminho de incriminar a família Bolsonaro, senão o presidente diretamente, mas também os seus filhos. Isso naturalmente já se sabia há muito tempo”.

    Boaventura de Sousa Santos é incisivo:

    “O Moro é o homem dos Estados Unidos, é o candidato dos Estados Unidos para 2022. Ele fez todo um trabalho. E a  carreira política dele é exatamente esta –  destruir a economia brasileira, destruir a esquerda, abrir o caminho para um político de transição, que abra o obviamente o caminho para ele mesmo, ele é o candidato deles.  Isso significa que provavelmente a própria  Embaixada dos Estados Unidos deve estar  envolvida com   tudo isso. Isso significa que o  Moro, começou a ver, para sua carreira política, o Bolsonaro já não é um recurso, pode descartá-lo”.

    Para o sociólogo, Bolsonaro seria um presidente descartável:

    “O que me parece é que devido a crise produzida pelo comportamento dele na pandemia, ele está sendo descartado mais cedo, porque a agenda de Paulo Guedes que é neoliberal e dos Estados Unidos,  também está neste momento em risco uma vez que o general Braga Netto, que todos consideram ser o  presidente operacional, vem com uma política de emergência que efetivamente neutraliza a política de Paulo Guedes. Então, é natural que o próprio Guedes tem os dias contados.

    Boaventura acrescenta:

    “Moro está a sinalizar que já não lhe interessa participar deste governo, precisamente porque ele quer se sair bem. A popularidade dele está acima da de Bolsonaro. Moro tem estado num silêncio absolutamente criminoso, no meio de tantas coisas surgindo, como as declarações em frente à porta do quartel do exército a clamar por um golpe. Bolsonaro para ele hoje é mais um fardo do que um recurso. Não precisa dele para ser um bom candidato, um candidato forte para 2022”.

    Veja entrevista completa no vídeo a seguir:

     

    Se quiserem saber mais sobre as esquerdas no poder em Portugal e na Espanha, veja entrevista realizada este ano por Bruno Falci e Luiza Abi Saab com o professor Boaventura de Sousa Santos clicando aqui

  • Interventor bolsonarista nomeado para Reitor do IFRN

    Interventor bolsonarista nomeado para Reitor do IFRN

    Por Igor Lima, para o Jornalistas Livres

    Na última sexta-Feira (17 de Abril) o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomeou o interventor, Josué de Oliveira Moreira, através da portaria nº405 para exercer o cargo de Reitor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Este interventor possui um histórico de pouca aceitação na política, tendo sido candidato a prefeito de Mossoró 2 vezes e a suplente de senador, situação que recebeu menos de 1% dos votos.

    Uma situação similar ocorreu no Instituto Federal de Santa Catarina, situação esta que o interventor, Lucas Dominguini, recusou-se assumir o cargo que era de direito ao atualmente reitor eleito Maurício Gariba.

    O fator crucial neste caso que ocorre no Rio Grande do Norte é que Weintraub juntamente ao interventor assumiram a reitoria de forma desrespeitosa. Passaram por cima do processo que contemplou o candidato, José Arnóbio, eleito democraticamente pelos alunos, professores e servidores do Instituto.

    Como se não bastasse o interventor ainda planeja apresentar um plano de retomada das atividades estudantis em meio a crise de pandemia e hoje (22 de Abril) resolve nomear uma equipe constituída por pessoas de direita para assumirem as funções de confiança da reitoria.

    A última vez que o IFRN (na época ETFRN) sofreu uma intervenção em sua administração foi justamente no período da ditadura militar. Estas intervenções nas Instituições Federais nos levam a um caminho de afronte à democracia e a constituição. É evidente que o atual governo ensaia para futuras intervenções mais graves, por isso o nível de urgência é alarmante!

     

    Abaixo-Assinado por respeito a democracia no IFRN

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    #PosseDoReitorEleitoJá
    #ForaInterventorIFRN

     

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    Veja abaixo a entrevista concedida ontem ao reitor democraticamente eleito, José Arnóbio, no programa Janela Web (Youtube), da Deputada Estadual (RN) Isolda Dantas (PT)