Jornalistas Livres

Autor: Agatha Azevedo

  • João José Rocha – 34 anos de MST e seis marchas

    João José Rocha – 34 anos de MST e seis marchas

    Um exemplo de resistência, compromisso e “amor pelo próximo”, Mesmo já assentado João José Rocha, 55, não para de marchar por terra e reforma agrária. A tarefa agora é marchar pela liberdade do ex-presidente Lula.

    Do Assentamento Orlando Mulina, Região de Andradina, em São Paulo, João José relata emocionado das diversas atividades do Movimento Sem Terra que tem participados. Nas fileiras da Coluna Prestes na Marcha Nacional Lula Livre ele caminha com a bandeira do MST e seu álbum de fotografias com imagens da primeira marcha Nacional do Movimento realizada em 1997.

    José e outras centenas de trabalhadores rurais saíram da Praça da Sé de São Paulo até o Congresso em Brasília, a Marcha ela por Reforma Agrária, emprego, moradia e cobrava justiça no caso do Massacre de Eldorado dos Carajás , foi um dos momentos mais marcantes da sua história no movimento. “Foram 90 dias de caminhada por emprego e justiça. Nosso povo ia em fileiras, acreditando e feliz”. Fala José emocionado segurando uma das fotos daquela caminhada.

    A luta dele começou em 1984, junto com o próprio MST, e ele guarda cada registro. Ao todo, foram mais de seis marchas, incluindo o ato contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. E a animação se mantém, segundo Seu João, na próxima marcha ele quer marchar lado a lado com o companheiro Lula livre e presidente do Brasil.

    O paulista de Andradina mantem-se sempre em luta, segue nas trincheiras militantes pelo Brasil, pela reforma agrária. Mesmo assentado, ele conta que não se cansa da luta. “A gente tem que marchar e continuar marchando porque meu sonho é ver todos os companheiros da lona preta assim, que nem eu, assentados, e quem fez isso foi o Lula. No município onde eu moro, são 14 assentamentos hoje, antes do Lula eram seis. O Lula é do povo, teve dentro do barraco nosso e visitou nosso povo, e eu lembro disso tudinho, como se fosse ontem.”

    Seu João garante que vai marchar com um sorriso no rosto até o dia 15, e quando perguntado sobre o porque de marchar, ele abre o coração para dizer e se emociona ao resgatar tudo o que já viveu no MST. “Se hoje eu tenho meu pedacinho de terra, é pela luta do MST, e isso está no meu coração junto com as coisas boas que o Lula fez pelos trabalhadores”.

  • 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha marca luta pelos direitos da infância no campo

    1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha marca luta pelos direitos da infância no campo

    O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou nesta semana o primeiro grande encontro das crianças sem terra de todo o país. O parque da cidade ficou repleto de sonhos, brincadeiras, sorrisos e luta, com crianças dos 24 estados onde o MST é organizado.

    A construção do Encontro partiu das próprias crianças, que consolidaram sua identidade de “sem terrinha” ao longo da vivência na luta pela terra. Márcia Ramos, da coordenação nacional do Movimento, explica que as próprias crianças criaram este nome: “elas diziam ‘se meu pai é sem terra, então eu sou um sem terrinha’”

    Fotos por: Elitiel Gomes, Juliana Adriano, Juliano Vieira, Luiz Fernando | MST

    O projeto do MST para as crianças se faz presente desde o surgimento do Movimento, que entende os sem terrinha como participantes e protagonistas da construção diária em cada acampamento e assentamento. Essa lógica quebra com a ideia de crianças para o “futuro”, porque as mesmas estão construindo o dia a dia de uma infância saudável e feliz. Nesse sentido, o 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha é o resultado de um processo acumulativo dos Encontros de crianças nos estados e da própria vontade delas em produzir um espaço de trocas, aprendizado e infância.

    A educação no MST, assim como a terra, é entendida como um direito. Portanto, cada criança também tem o direito de se formar, ter as escolas do campo garantidas e viver com dignidade e liberdade. Entendendo a educação como um ato de amor que projeta para a liberdade, a pedagogia do Encontro misturava atividades lúdicas e formação com eixos de debates que falavam da vida cotidiana das crianças sem terrinha.

    Além da vivência, o Encontro também abordou o direito das crianças, com a entrega de um manifesto construído e produzido pelas crianças e a alimentação saudável, tema da plenária do última dia (26).

    Sobre alimentação saudável e infância no MST:

    Maria Izabel Grein, do setor de educação do MST reforçou que a alimentação que o MST quer é aquela que produz vida, desenvolvimento e saúde, que são direitos de todos e todas. Segundo ela, a importância de discutir o tema no Encontro está diretamente ligada ao fato de as crianças, como participantes da família, terem uma influência muito grande no modo de consumo de comida no núcleo familiar.

    Fotos por: Elitiel Gomes, Juliana Adriano, Juliano Vieira, Luiz Fernando | MST

    As crianças precisam se alimentar de maneira saudável desde a infância, e são porta-vozes desta mensagem nas famílias. Repensar o modo como as crianças entendem a alimentação é também readequar o núcleo familiar para um novo pensamento ao se alimentar, criando uma real mudança de hábitos.

    O 1º Encontro das Crianças Sem Terrinha também trabalhou a percepção de que todo alimento deveria ser saudável, mas tem-se produzido mercadoria, e não alimento de verdade. Esse consumo de veneno está ligado ao agronegócio e à semente transgênica, que, segundo Maria Izabel, “produzem um alimento que tem gosto, as pessoas comem, mas não alimenta”.

    Ao longo dos seus 34 anos de história, o MST vem pautando a necessidade de pensar um modelo de produção sustentável que dê qualidade de vida a adultos e crianças. “Produzir agroecologicamente é produzir com semente crioulas, de uma forma natural, garantindo o camponês como guardião de sementes e a população como consumidora de alimento saudável de verdade”

    Pablo Rodrigues, 12 anos, sem terrinha do Acampamento Irmã Dorothy, na Bahia, considera a alimentação saudável como um direito. “No Brasil, a gente compra mais agrotóxicos do que qualquer outro país do mundo. Teve uma época que era proibido, mas agora é liberado, e isso envenena a nossa comida e tira nosso direito”, explica ele.

    Sobre educação e infância no MST:

    A concepção emancipadora de educação está presente em todas as áreas do Movimento, e no Encontro não poderia ser diferente. Ao longo dos 4 dias de Encontro, as crianças discutiram sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e falaram sobre as Escolas do Campo, que foram conquistadas com muita luta nos acampamentos e assentamentos e tem sido ameaçadas de fechamento. O debate girou em torno da importância de adequar a sala de aula ao contexto de vida dos sem terrinha, explorando temas para além dos tradicionais e discutindo agroecologia, educação e direitos.

    É exatamente pelo amor e pertença à terra que as crianças reivindicam estudar nas suas áreas, e também por sofrerem preconceito nas escolas por sua origem e, muitas vezes, terem que percorrer muitos quilômetros para chegar até a sala de aula. No dia (25), as crianças fizeram um passeio pedagógico por Brasília, e foram até o MEC entregar um manifesto que dizia de quem elas eram e quais direitos delas estão sendo violados.

    Confira o Manifesto:

     

    Fotos por: Elitiel Gomes, Juliana Adriano, Juliano Vieira, Luiz Fernando | MST

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

  • Vozes narram a Reforma Agrária

    Vozes narram a Reforma Agrária

    A história da rádio sem terra começou lá nos tempos do CD e da fita cassete, em meados dos anos 2000. Além de ocupar rádios de frequência FM, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra também ousou transmitir a cultura camponesa nas ondas de rádio nacionais.

    Camila Bonassa, da Frente de Rádio do MST, conta que “a primeira experiencia que o MST teve de rádio foi bem no início do Movimento, entre 87 e 88, e era um programa nacional mandado em fita cassete para todo o país”. Este programa, na Rádio Aparecida AM em São Paulo, surgiu da ideia de que o MST, que já tinha o Jornal Sem Terra, pudesse chegar aos camponeses, e ao público externo ao movimento, de maneira mais direta e popular.

    Na época, com o MST crescendo bastante, havia também a necessidade organizar os Estados e o Movimento a nível nacional de modo massivo, o elemento que trouxe este “instrumento de unidade pra dentro e pra fora” foi o rádio.

    Em mais ou menos um ano de programa na Aparecida AM, o Movimento adquiriu experiência para embarcar junto na efervescência das rádios comunitárias, a partir dos anos 90, e construir rádios em áreas de assentamento para além das experiências de rádio poste. As duas principais experiências da época foram a rádio Terra Livre de Santa Catarina e a de São Paulo,e a Hulha Negra, no Rio Grande do Sul, que existem até hoje.

    Na época, o movimento aprendeu muito sobre o fazer de rádio e criou programas que existem até hoje. Hoje o MST tem 14 emissoras FM em resistência ocupando os latifúndios do ar, e 10 programas em rádios parceiras, fortalecendo a ideia de que a rádio faz parte da cultura camponesa e está na essência do MST, sendo um projeto concreto desde o início do Movimento.

    A rádio camponesa, que é do sudoeste de São Paulo, faz 20 anos no ar este ano. Amanda, acampada em Caporanga, é coordenadora da Rádio, conta que ela foi criada pelos assentados da região de Pirituba, Itaberá e Itapeva. “Foi feita uma oficina com o povo da região e eles tocam a rádio, um dos principais programas é o Domingo Alegre, onde a cultura sem terra vai pro ar com violeiros locais, e uma vez por mês há um encontro na rádio, com comidas típicas e com os parceiros e amigos do MST”.

    A rádio é uma referência na região, e fortaleceu a memória coletiva local. Todo ano no aniversário da rádio acontece a cavalgada, que é um resgate que a rádio fez da passagem dos tropeiros, e que voltou a ser tradição na região.

    O acampamento onde Amanda mora é uma homenagem a Izael Fagundes, um dos mais antigos comunicadores da região, que ajudou a construir a Rádio Camponesa de São Paulo.

    Passando por rádio itinerante, comunitária, poste, AM e FM, no último período o MST tem investido na Web Rádio. Este é um dos formatos que acontece, ao vivo, na III Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo.

    Sobre a Feira, o destaque é a parceria entre a Rádio Brasil em Movimento, que é a rádio ao vivo do MST, e a Rádio Agência Brasil de Fato, permitindo uma programação diversa em tempo real que dá a totalidade da Feira, desde os produtos até as programações culturais e os seminários, para os ouvintes.

    Camila ressalta que é justamente “a partir da rádio que se fazem relações políticas com as comunidades e os parceiros, e também cria vínculo e identidade, pertença mesmo, com a terra, o que faz a cultura de rádio atravessar gerações”.

    A ideia de trazer os sabores da Feira de maneira intimista e divertida aos que não puderam vir à Feira é o que move a rádio.

  • Que comece a III Feira Nacional da Reforma Agrária!

    Que comece a III Feira Nacional da Reforma Agrária!

    Texto por: Agatha Azevedo

    A abertura da Feira no Parque Àgua Branca, em São Paulo, mostrou que o povo “é capaz de produzir, se organizar e criar outra realidade”, como afirma Maria Ivaneide, a Neném do setor de produção do MST.

    Com a presença de diversos parceiros, como Nilton Tatto (depto. federal), Admilson (depto. federal), Luiz Marinho (presidente do PT), Alan (Campanha Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos), Jose (Via Campesina e MPA), Edson Fernandes (superintendente do INCRA), Maurício (Secretário de Meio Ambiente de SP), Marcios Elias Rosa (Secretário de Justiça de SP), Milton (MST), Gabriel (Diretor do Instituto de Terra de SP), Marco Pilas (Instituto de Terra de SP), Joice (Coordenadora do Parque Água Branca), Robert (Consul da Venezuela) e Zico Prado (Depto. Estadual), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra demarcou o seu lugar na luta por uma sociedade que produz e consome alimentos de qualidade.

    Fotos: Rafael Stedile

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Sobre a necessidade da reforma agrária para que a comida de qualidade chegue na mesa dos trabalhadores, Alan, da Campanha Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos, afirma que “nada é melhor propaganda contra o uso de agrotóxicos e em defesa da vida quanto uma Feira como essa”. Segundo ele, a Feira mostra que a agroecologia é viável.

    Jose, do MPA e da Via Campesina, também fez questão de fortalecer a Feira. “O campesinato existe, alimenta, produz, gera e cultiva sementes, mudas, e a vida de qualidade. Aqui estão os produtos de resistência e ousadia, e é rompendo essas cercas que o MST fortalece a aliança entre o campo e a cidade e vem pra São Paulo”, diz Jose, saudando cada feirante Sem Terra.

    Milton, do setor de produção do MST, contextualizou a Feira no cenário político da luta pela terra. “A Feira da Reforma Agrária é um ato que é fruto de organização interna do MST e de articulação política com órgãos públicos. Somos gratos aos feirantes que estão aqui para mostrar os resultados da Reforma Agrária, que não estão pautados na grande mídia. A agricultura familiar é o melhor, e praticamente o único lugar onde a gente pode desenvolver uma alimentação limpa, sadia e livre de agrotóxicos e tenham certeza de que nós podemos sim alimentar toda a população brasileira.”

    Sobre a importância da Feira para o Movimento, Milton conta que “se nós estamos aqui na III Feira é porque um dia nós tivemos a coragem e a capacidade de sair de nossas regiões e lutar contra os grandes latifundiários improdutivos, porque é na luta que se faz nossa história.”.

    Estão presentes 23 estados brasileiros, com cozinhas e pratos típicos de todas as regiões do Brasil. Em torno de mil trabalhadores e trabalhadoras constroem a III Feira com produção, arte, cultura e formação. Ao todo, 300 toneladas de produtos, e mais de 1200 variedades, circularão ao longo dos 4 dias de Feira.

     

    Fotos: Rafael Stedile
    Fotos: Rafael Stedile
    Fotos: Rafael Stedile
  • Acampamento Pátria Livre inaugura Escola Itinerante na região metropolitana de Belo Horizonte

    Acampamento Pátria Livre inaugura Escola Itinerante na região metropolitana de Belo Horizonte

    Texto por Agatha Azevedo | Fotos: Agatha Azevedo e David Robins
    A cerimônia de inauguração da Escola, localizada em São Joaquim de Bicas, região ocupada pelo MST durante a Jornada de Lutas “Reforma Agrária na terra dos corruptos” em 2017, reflete o esforço do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e dos parceiros e parceiras em criar um lugar em que a educação possa ser, de fato, popular e acolhedora. 
     
    No trabalho realizado pelo MST no local, se escancara a necessidade de fazer com as próprias mãos da classe trabalhadora uma nova forma de produzir conhecimento. “Para a nossa escola, as identidades das nossas turmas cultivam a memória dos nossos antepassados na construção de uma escola emancipatória. Nossas turmas tem mística: Dandara, Marielle Franco, Krenak e Maxacali não são apenas nomes aqui.”, explica Amarildo Horácio, vice-diretor da Escola. 

     
    Um dos maiores frutos é o empoderamento das crianças e dos jovens Sem Terra, que fazem da lona preta, da foice e da enxada, a luz no fim do túnel nessa sociedade excludente. Luíza da Cruz Silva, de 13 anos, conta como a Escola de seu acampamento ajudou ela a se sentir bem consigo mesma: “Eu era apenas a menina negra na cidade, do cabelo duro, eu perdi um ano de escola por conta disso e eu não tinha nada. Eu vim pra cá pra lutar e quero agradecer à Escola Elizabete Teixeira por ter me dado tudo.”
     
    Não é por acaso que a Escola se chama Elizabete Teixeira. Segundo Matilde Oliveira, do setor de educação do MST, a senhora grisalha, com mais de 90 anos, é fonte de inspiração e resistência. “Homenagear é nós não deixarmos que a luta do povo se perca. O MST é herdeiro das lutas camponesas e saúda a luta de Elizabete Teixeira. Ela era mulher camponesa e lutou junto com seu companheiro, João Pedro Teixeira, pela terra, ele foi assassinado antes da ditadura e ela teve que se esconder e mudar de nome. Só anos depois conseguiu reunir a sua família. Nós que produzimos, muitas vezes não podemos colher dos benefícios, mas aqui essa escola é nossa, construímos coletivamente e estamos em casa. Comemorar é não deixar que nossa energia e esperança se perca.” 
    Fotos: Agatha Azevedo e David Robins
     
    Por fim, a Escola finca a sua bandeira nas trincheiras da luta pela educação e contra projetos como o Escola Sem Partido. “A cor da nossa bandeira não é vermelha por detalhe, é vermelha por essência. A luta por transformação é o que nós acreditamos. A nossa pedagogia foi parida na luta social, e nós afirmamos com toda certeza: não arredaremos um centímetro da produção e da socialização do conhecimento, mas queremos discutir as questões cotidianas e políticas. Não vamos renegar a nossa história”, diz Amarildo. 
     
    Confira as fotos da Cerimônia:

    Fotos: Agatha Azevedo e David Robins
    Fotos: Agatha Azevedo e David Robins
  • EM NOME DA MORAL E DOS BONS COSTUMES – A justiça não é para todos

    EM NOME DA MORAL E DOS BONS COSTUMES – A justiça não é para todos

    Em baixo de uma espécie de altar à “Justiça”, um velho de 67 anos desnuda uma mulher em público, força um beijo e, enquanto tapa sua boca com a mão, expõe sua genitália para uma massa de homens o aplaudindo. Os tais homens “de bem”, que comemoram a prisão de Lula como se ela solucionasse toda a corrupção brasileira, deixam as esposas em casa para frequentar o recinto, que já foi caracterizado como uma boate de prostituição e inocentado pelo Tribunal de Justiça em 2013.

    Fantasiado de prisioneiro, Oscar Maroni, proprietário da boate Bahamas em São Paulo e conhecido como “magnata do sexo”, aparece na imagem cercado pela “Justiça”, que é personificada por quadros de Sérgio Moro e Cármen Lúcia, e concretizada pela prisão da maior liderança popular na história do Brasil: o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

    A fotografia feita pelo celular, divulgada com os créditos de Túlio Vidal, expõe a barbárie e o pão e circo dos torcedores pela prisão de Lula.

    Desde 2016, Maroni promete cervejas gratuitas caso Lula seja preso. Dois anos após o golpe que retirou Dilma da presidência, ele finalmente pode pagar a promessa ontem, 07 de Abril. Convocou seus empregados, garçons e DJs, para servir e divertir a platéia de machos que o louva como “mito”. No cardápio, um corpo feminino objetificado, exposto como a carne promocional do mercado.

    Vale lembrar que em 2011, Maroni foi condenado em primeira instância a uma pena próxima a de Lula: 11 anos e oito meses de prisão. Na primeira instância, ele foi considerado culpado por favorecimento à prostituição e manutenção de local destinado a encontros libidinosos, atividade que é muita vezes ligada ao tráfico de mulheres. Ele recorreu em liberdade. Demorou dois anos para que o Tribunal de Justiça o inocentasse.

    A Justiça não é para todos.