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  • Reprovação de Bolsonaro pula de 26% para 40%

    Reprovação de Bolsonaro pula de 26% para 40%

     

    Entre abril e agosto, a avaliação negativa do presidente Jair Bolsonaro saltou de 26% para 40% entre os eleitores consultados em pesquisa nacional Vox Populi, enquanto a aprovação caiu de 26% para 23%, junto a uma queda de 39% para 35% dos que consideram seu desempenho “regular”. Apenas 2% não responderam. A reprovação representa a soma dos que consideram o desempenho “ruim” (13%) e “péssimo” (27%, ou mais de um quarto dos pesquisados), enquanto a aprovação soma apenas 18% de “bom” e 5% de “ótimo”.

    A reprovação à maneira como o presidente faz política, às ideias que defende e ao modo como se relaciona com as pessoas e os opositores, o chamado “bolsonarismo”, aumentou de 30% para 47%, ou quase metade dos pesquisados. A aprovação ao “bolsonarismo” despencou de 30 para 23% no mesmo período, enquanto os que se consideram “neutros” nessa questão passaram de 30% para 27%. Só 4% não responderam à questão. Lula continua sendo o melhor presidente para 50% das pessoas.

    A queda expressiva da avaliação do desempenho de Bolsonaro ocorre em todas as regiões e segmentos de sexo, idade, renda, escolaridade e religião, segundo o levantamento que ouviu 1.987 pessoas em 119 municípios entre 23 e 26 de agosto. A pesquisa, contratada pelo PT, tem margem de erro de 2,2% e capta os impactos da aprovação da reforma da Previdência na Câmara, a crise das queimadas na Amazônia e os ataques do presidente aos governadores do Nordeste.

    O pior desempenho do presidente se verifica no Nordeste (47% de negativo, 18% positivo e 32% regular), seguido do Sudeste (37%, 27% e 34%, respectivamente) e Norte/Centro-Oeste (35%, 22% e 41%). No Sul há praticamente um empate (29%, 32%, 34%). A reprovação a Bolsonaro entre homens cresceu de 29% para 35% e, entre mulheres, de 31% para 44%. Entre jovens, saltou de 29% para 40%; entre adultos, de 26% para 41%, e cresceu de 29% para 33% entre pessoas de idade madura.

    A reprovação cresceu de 34% para 40% entre pessoas com ensino fundamental, de 26% para 39% entre as com ensino médio, e de 28% para 39% no ensino superior, tornando-se praticamente igual em todos os níveis de escolaridade. Entre pessoas de baixa renda saltou de 32% para 43%; na faixa de renda média, de 27% para 37%, e de 23% para 36% na renda alta. Entre os que se declaram católicos, a reprovação saltou de 33% para 42%. Entre os que se declaram evangélicos, a reprovação aumentou de 21% para 31%, empatando com a aprovação, que variou de 29% para 31%, com queda de 42% para 36% no “regular”.

    Entre abril e junho, foi de 57% para 59% a percepção de que “o Brasil está no caminho errado”, enquanto passou de 33% para 31% a opinião de que o país está “no caminho certo”, com 10% que não responderam ou não sabem. 52% se declaram insatisfeitos em relação ao Brasil e 15% estão “muito insatisfeitos”, somando 67% de insatisfação, número semelhante aos 70% de abril. Os que se dizem satisfeitos são 29% e os “muito satisfeitos” são 2%, somando 31% (29% em abril).

    Bolsonaro x Lula

    Comparando o governo atual e os anteriores, para 62% das pessoas o governo do ex-presidente Lula foi aquele em que tiveram “melhores condições de vida: emprego, maior renda, menor inflação etc.” Apenas 5% consideram que Bolsonaro proporciona melhores condições de vida. Lula é considerado o melhor, por esse critério, até entre eleitores de Bolsonaro (32% contra 16% que dizem que o melhor governo é o atual). Para 50%, Lula é o melhor presidente que o país já teve. Seu governo foi positivo para 62%, regular para 23% e negativo para apenas 13%.

    A Vox perguntou qual o sentimento “como pessoa” em relação a Lula, Bolsonaro e FHC. Trinta por cento disseram “gostar muito” de Lula, 11% de Bolsonaro e 5% de FHC. Vinte e três por cento disseram gostar “um pouco” de Lula, 20% de Bolsonaro e 18% de FHC. 22% “não gostam nem desgostam”de Lula, 24% de Bolsonaro e 38% de FHC. Os que “não gostam mas não chegam a detestar” Lula são 16%; de Bolsonaro, 23%, e de FHC, 17%. E os que dizem que “detestam, não gostam de jeito nenhum” de Lula são 8%; de Bolsonaro, 21%, e de FHC, 16%.

    Em relação à pesquisa de abril, o percentual dos que gostam (muito + um pouco) de Lula como pessoa cresceu de 48% para 53%, o dos que não gostam nem desgostam passou de 26% para 23%, e o dos que não gostam (não chegam a detestar + detestam) permaneceu em 23%. Os que detestam ou não gostam de Bolsonaro como pessoa saltaram de 28% para 44%, os neutros caíram de 33% para 24% e os que gostam muito ou um pouco passaram de 18% para 30%.

    Novo julgamento para Lula

    A pesquisa também captou o sentimento da população sobre os diálogos entre Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, revelados pelo site The Intercept Brasil e outros veículos desde 9 de julho. Apesar da censura da Rede Globo, 53% disseram ter tomado conhecimento dos diálogos em que Moro orienta a ação dos procuradores e revelam outras irregularidades proibidas por lei. Para 47% das pessoas pesquisadas, “Moro agiu de forma incorreta”, enquanto para 26% ele “agiu corretamente”, e 27% não sabem ou responderam à questão.

    Com base no que a imprensa divulgou, a Vox perguntou se Lula “deveria ter direito a um novo processo sem irregularidades, para que seja averiguado se ele cometeu ou não algum crime; ou a sentença deve ser mantida e ele continuar preso?”. 53% responderam que Lula “tem direito a um novo processo e um julgamento sem irregularidades”, enquanto 35% disseram que “deve ser mantida a sentença atual e ele deve continuar preso”. Doze por cento não souberam ou não responderam.

    “E, na sua opinião, o que o Supremo Tribunal Federal deveria fazer: anular a condenação e mandar soltar o Lula, abrindo um novo processo; ou manter a condenação e a prisão dele”, perguntou a Vox Populi. Nada menos que 47% responderam que o STF deve “anular a condenação e mandar soltar o Lula, enquanto 37% disseram que o STF deve “manter a condenação e a prisão de Lula”. Quinze por cento não responderam ou não souberam.

    A Vox voltou a perguntar se a condenação e a prisão de Lula ocorreram por motivos políticos ou se foi um processo normal. O número de pessoas que dizem que a condenação foi política cresceu de 55% para 58% em relação à pesquisa feita em abril. Os que consideram a condenação normal caiu de 37% para 34% no mesmo período, permanecendo iguais os 8% que não responderam ou não souberam.

    A avaliação de que Lula “cometeu erros, mas fez muito mais coisas certas pelo povo e pelo Brasil” passou de 65% em abril para 68% em agosto, enquanto passou de 30% para 28% o percentual dos que dizem que o ex-presidente “errou muito mais do acertou”.

    Fonte: PT Notícias

     

  • Lula: maioria quer anulação ou novo julgamento

    Lula: maioria quer anulação ou novo julgamento

     

    As revelações da Vaza Jato mostradas pelo Intercept Brasil comprovam perseguição ao ex-presidente Lula e mudaram a percepção da sociedade sobre a Operação Lava Jato. Pesquisa Vox Populi divulgada nesta terça-feira (27) em primeira mão pelo site Brasil247 demonstra que a maioria da população considera que o ex-presidente tem direito a um novo julgamento e que sua condenação deve ser anulada.

    A diferença em relação à pesquisa CNT/MDA se explica porque a Vox perguntou se Lula deve ser solto para ter novo julgamento. A CNT perguntou se devem ser soltos os condenados pela Lava Jato (todos e não apenas Lula). A pesquisa foi contratada pelo PT e os resultados gerais devem ser divulgados nesta quarta-feira. Clique no material do site Brasil247 abaixo e confira o teor da pesquisa.

    Clique aqui

     

  • A radicalização da luta de classes no Brasil

    A radicalização da luta de classes no Brasil

    Artigo de Rodrigo Perez Oliveira, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia, com charge de Paulo Batista

     

     

    Conforme vamos nos aproximando do dia 7 de outubro, fica cada vez mais óbvio que estamos diante de uma forte polarização. Que polarização é essa? É esta a pergunta que tento responder neste ensaio.

    Começo com uma afirmação forte, contundente: Bolsonaro é o candidato dos ricos e Haddad é o candidato dos pobres!

    Essa frase, assim, solta no ar, vira alvo fácil de desmentidos. Certamente, o leitor e a leitora estão pensando: “Conheço um monte de gente pobre que vota em Bolsonaro”. Daqui, eu replico: conheço um monte de gente rica que vota no Haddad.

    Segundo o TSE, existem hoje no Brasil 140,3 milhões de eleitores aptos a votar. Será mesmo que a minha percepção pessoal, que construo a partir daquilo que ouço da boca do meu vizinho, do meu primo, é o bastante para ter a visão do conjunto do eleitorado brasileiro?

    Não, não é!

    A análise não pode ficar restrita ao que vemos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos próprios ouvidos. Por isso, os dados estatísticos são tão importantes. São eles que nos permitem ter noção do que está acontecendo para além do horizonte, onde os olhos não alcançam, onde os ouvidos não escutam.

    Parto sempre do princípio de que os institutos de pesquisa sérios e confiáveis são o Ibope e o Datafolha, pois na série histórica mais acertaram do que erraram. O Vox Populi também poderia entrar nessa lista, mas, como ele costuma ser próximo de movimentos sociais ligados ao PT, fiquemos apenas com o Ibope a o Datafolha.

    Qualquer analista minimamente sério não briga com os dados do Datafolha e do Ibope. Isso é comportamento de eleitor/torcedor. O Ibope apresentou nessa semana dados qualitativos que ajudam a responder às perguntas que me parecem ser as mais importantes de serem feitas no atual momento da corrida eleitoral: quem é o eleitor de Jair Bolsonaro? Quem é o eleitor de Fernando Haddad?

    Dos dois lados da fronteira ideológica saltam respostas caricatas que pouco ajudam na compreensão da realidade. À esquerda, fala-se muito em um “fascismo” que teria se espalhado pela sociedade brasileira. À direita dizem que os eleitores do PT são o resultado de uma revolução cultural que o partido vem silenciosamente fazendo no Brasil, especialmente a partir das universidades, onde atuam os “professores doutrinadores de esquerda”.

    Para contraditar as caricaturas, aciono os dados divulgados pela pesquisa do Ibope publicada em 24 de setembro de 2018. Os números são cristalinos:

    Haddad lidera com 30% das intenções de voto entre os eleitores que vivem com menos de 1 salário mínimo por mês. Bolsonaro tem 16%. Se o corte for o da escolaridade formal, o cenário é bem parecido: entre os eleitores que estudaram até a 4° série do ensino fundamental, Haddad lidera com 28%. Bolsonaro tem 19%.

    A situação é oposta quando mudamos o filtro dos dados qualitativos:

    Entre eleitores com renda mensal superior a cinco salários mínimos, Bolsonaro lidera com impressionantes 42% dos votos. Haddad tem 15%. Entre eleitores com ensino superior completo, Bolsonaro lidera com 33%. Haddad tem 16%.

    As caricaturas de esquerda e de direita não sobrevivem aos dados: o tal “fascismo” não é um projeto da “sociedade brasileira”, mas, sim, dos mais ricos. As universidades não fazem “doutrinação ideológica de esquerda”, pois a parcela mais escolarizada da população (que tende a ser a também a mais rica) prefere Bolsonaro.

    É claro que existem as exceções!

    16% de pobres votam em Bolsonaro. É muita gente. Alguns deles salpicam aqui e ali nas nossas relações pessoais, o que pode nos levar a um erro de percepção. Nunca é demais lembrar o óbvio: se 16% dos mais pobres votam em Bolsonaro, 84% não votam. 84 é mais que 16, bem mais.

    O que os dados qualitativos mostram é que o eleitor típico de Bolsonaro é homem com diploma universitário, branco, proprietário, com renda mensal superior a cinco salários mínimos e com idade situada entre 25 e 40 anos. Podemos chamar esse tipo ideal de eleitor de “Maicon”.

    Já o eleitor típico de Haddad é eleitora. É mulher, é preta, com ensino fundamental incompleto e com renda mensal inferior a um salário mínimo. Vamos chamar esse tipo ideal de “Dona Nísia”.

    Maicon vota em Bolsonaro e Dona Nísia vota em Haddad.

    Agora, podemos avançar na discussão e apresentar outras perguntas: por que Maicon vota em Bolsonaro? Por que Dona Nísia vota em Haddad?

    Maicon vota em Bolsonaro, principalmente, porque é proprietário e está assustado com a violência urbana, que nas pesquisas de opinião é apresentada como o segundo maior problema do Brasil, perdendo apenas para a saúde.

    Alguns companheiros e companheiras se limitam a colar o rótulo de “fascista” em Maicon. Não me contento com atalhos argumentativos.

    A percepção da insegurança é especialmente forte junto aos proprietários, e por um motivo bem óbvio: quem tem propriedade tem mais a perder com a violência urbana.

    É claro que há outros elementos que formam a decisão eleitoral de Maicon: moralismo comportamental, machismo, homofobia. Mas o fundamental mesmo é o poder de sedução da utopia autoritária representada por Jair Bolsonaro, que se manifesta na tópica “bandido bom é bandido morto”.

    Para Maicon, a imagem do bandido é personificada no homem preto e jovem que lhe assaltou na semana passada. Maicon está convencido de que se Bolsonaro for eleito esse tipo social será exterminado e, com isso, sua propriedade estará protegida.

    Já Dona Nísia lembra com clareza o que aconteceu no governo Lula.

    Segundo as Nações Unidas, as mulheres chefiam 92% das famílias assistidas pelo Bolsa Família. Entendem, leitor e leitora? 92%! O Bolsa Família significa o empoderamento da mulher pobre. A Dona Nísia sabe disso, e sabe muito bem.

    Segundo dados do governo federal, as mulheres são proprietárias de 89% das unidades habitacionais financiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida. Aquela mulher pobre, vítima de violência doméstica, que era obrigada a morar com o agressor porque não tinha para onde ir, foi empoderada pelo Minha Casa Minha Vida.

    O que podemos tirar disso tudo?

    Maicon vota em Bolsonaro movido pela expectativa de que o problema da violência urbana será resolvido por um governo autoritário e violento. Dona Nísia vota em Haddad porque já viveu a experiência do empoderamento, proporcionada pelas políticas públicas desenvolvidas e intensificadas pelos governos petistas. Os dois estão convictos dos seus votos. Não mudarão, não importa o que aconteça.

    Sim, leitor e leitora. Sem dúvida, vivemos um ambiente de polarização. Lulismo X Bolsonarismo; Petismo X Antipetismo.

    Mas a verdadeira polarização se dá mesmo entre Maicon e Dona Nísia. É conflito racial, é disputa entre gêneros. É, antes de qualquer coisa, luta de classes, a velha luta de classes. Desde sempre, a história humana é a história da luta de classes.

    De qual lado vocês estão?