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Tag: União Nacional dos Estudantes

  • “Nomeação de militar sem experiência com educação é novo desrespeito”

    “Nomeação de militar sem experiência com educação é novo desrespeito”

    Protesto de estudantes secundaristas em São Paulo contra Reforma do Ensino Médio Foto: Tuane Fernandes

    Indicado pela cúpula militar, por sugestão dos almirantes do governo, Carlos Alberto Decotelli é oficial da reserva da Marinha, o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e o terceiro a ocupar a pasta em um ano e meio. Economista e entendedor da área financeira militar, recebe o apoio de Paulo Guedes, ministro da Economia e foi nomeado nesta quinta, 25, à tarde, depois da fuga de Abraham Weintraub para o exterior, mesmo respondendo a inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre a disseminação de Fake News e sobre ter evocado a prisão dos ministros do STF, a quem chamou de “vagabundos” em reunião do Governo Bolsonaro.

    O novo ministro da Educação já chega envolto na nuvem de uma suspeita   licitação montada durante sua presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. A licitação tinha como objetivo adquirir, ao preço de R$ 3 bilhões, uma quantidade de computadores muitas vezes maior do que o número de alunos de escolas públicas que pretendiam beneficiar.

    A quantidade a ser comprada superava em muito o número de crianças nas salas de aulas de 355 escolas, conforme o jornalista Marcelo Auler. A Escola Municipal Laura Queiroz, do município de Itabirito/MG, com apenas 255 alunos, receberia 30.030 laptops, o que equivaleria a 117,76 equipamentos para cada aluno, ainda segundo o jornalista. Em setembro passado, a licitação foi suspensa, sem que até hoje ninguém esclarecesse o seu descalabro.

     

    Nota das entidades estudantis sobre a indicação de Carlos Decotelli para o MEC

    O governo anunciou o senhor Carlos Alberto Decotelli da Silva como novo ministro da Educação, o terceiro em menos de 1 ano e meio de governo, o que, por si, já demonstra a falta de compromisso com essa área fundamental. Ele assume após a fuga de Abraham Weintraub, o pior ministro da história do MEC, o que lhe traz certo conforto comparativo para iniciar seu trabalho.

    Embora possua trajetória acadêmica e possa vir a representar um deslocamento do grupo olavista na gestão, o novo ministro não tem experiência vinculada à educação, mas sim nas áreas financeira e militar, o que é sempre motivo de preocupação. A educação não pode ser tutelada nem por grupelhos ideológicos estar a serviço dos interesses do mercado financeiro.

    Os estudantes conduziram grandes mobilizações em defesa da educação durante o governo Bolsonaro e permanecerão mobilizados e atentos contra qualquer tipo de ataque. É preciso superar a lógica que elegeu a educação e a ciência como inimigas, frear o projeto de desmonte das áreas e adotar o caminho de investimentos robustos para assegurar que estas possam cumprir suas missões diante da profunda crise de saúde pública e econômica que o país atravessa.

    Entendemos que o próprio governo Bolsonaro é uma limitação para um projeto de fato compromissado com a educação e com os estudantes brasileiros. Mas reafirmamos nossa luta para que o MEC assuma uma agenda fundamental para o momento, que envolve pautas como: a aprovação urgente do novo FUNDEB permanente; saídas para a educação básica durante a pandemia; realização do Enem de maneira segura e no tempo adequado; garantia de auxílio aos estudantes das universidades privadas para pagar as mensalidades; investimentos emergenciais na ciência e nas universidades públicas para permanência estudantil; valorização e investimento na pós-graduação; e todos os esforços de combate ao COVID-19.

     

    UNE – União Nacional dos Estudantes

    UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
    ANPG – Associação Nacional dos Pós-graduandos

  • “UNE Volante: uma universidade chamada Brasil”

    “UNE Volante: uma universidade chamada Brasil”

    Por Camila Ribeiro para os Jornalistas Livres

    Teatro Guaíra lotado e filas do lado de fora. Ao abrir as cortinas o grupo de jovens, entre eles Carlos Lyra e Oduvaldo Viana Filho, além de se impressionar com a pequena multidão, logo anuncia: “O espetáculo não está pronto! Vamos montar no caminho. Vocês deram azar de ser a primeira cidade. Então vamos ler o texto aqui.” Foi assim que a UNE Volante estreou em Curitiba em meados de 62. Dentro de um mesmo ônibus a diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Centro Popular de Cultura (CPC), prestes a percorrer todo o Brasil levando o debate da reforma universitária defendida pela UNE e que fazia parte de um conjunto de reformas de base propostas pelo governo de João Goulart. Uma experiência que uniu as pautas reivindicatórias do movimento estudantil ao processo de criação estética.

    A peça em questão era o “Auto dos 99%”. Produzida pelo CPC da UNE, o espetáculo retratava a realidade da universidade e criticava o seu caráter elitista, que permitia a apenas 1% da juventude o acesso ao ensino superior no Brasil. De lá pra cá muita coisa mudou. A luta pela democratização do ensino empunhada pelo movimento estudantil avançou, principalmente após a última década de governos populares. O conjunto de políticas públicas que colocou no centro da política educacional a expansão do número de vagas, interiorização das universidades, criação de programas de acesso e as cotas, transformou radicalmente a base social da universidade.

    A Nossa geração passou a experimentar a sala de aula mais interessante da história do Brasil em termos de representação do povo brasileiro. Isso transformou qualitativamente as universidades. Dados do segundo relatório do Reuni apontam um crescimento substancial da pesquisas, o que gerou avanços nas áreas da saúde, medicina e engenharia, contribuindo substancialmente para o desenvolvendo de territórios e avanço da indústria nacional.

    Essa nova realidade do ensino superior impôs também novos grandes desafios como o combate à evasão, o que nos levou à necessidade urgente de lutar pela ampliação da política de permanência dessa nova base social. Outra questão central presente no interior da pauta da permanência estudantil é a necessidade de reconhecimento simbólico dos sujeitos e das classes que passaram a acessar um espaço que lhes foi historicamente negado. A universidade precisa criar condições para que todas as pessoas participem da criação e recriação de significados e valores culturais de seu povo. Nesse sentido, o acesso é insuficiente, sem a transformação dos currículos, dos modelos de pesquisa, a defesa da democracia interna das Instituições de ensino e a defesa da autonomia do movimento estudantil na ponta.

    No entanto, todo esse processo de transformação está sendo duramente interrompido pelos efeitos da crise econômica e política que o Brasil atravessa. Ainda, a Emenda Constitucional 95, que coloca o teto nos investimentos a partir de 2018, representará um desafio enorme para manter a universidade pública funcionando.

    É preciso dizer que as universidades públicas ainda passam por um forte ataque a sua autonomia. Operações policiais vem praticando conduções coercitivas de dirigentes de universidades que nunca se negaram a prestar esclarecimento, como foi o caso recente da UFMG e da UFSC que teve um desfecho trágico com a morte do professor Cancellier.

    Nossa geração tem a responsabilidade histórica de fazer a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. É nesse contexto que mais uma vez a União Nacional dos Estudantes e o CUCA da UNE relançam o desafio de percorrer o Brasil com mais uma edição da UNE Volante.

  • Estudantes convocam reedição da “UNE Volante” para o primeiro semestre de 2018

    Estudantes convocam reedição da “UNE Volante” para o primeiro semestre de 2018

    Via: União Nacional dos Estudantes – UNE

    Os 17 diretores da Executiva da UNE aprovaram nesta terça-feira (12/12) a construção da “UNE VOLANTE: Uma universidade chamada Brasil” no primeiro semestre de 2018.

    1° Reunião da Executiva da UNE – 2017-2019

    A iniciativa é uma reedição da UNE Volante realizada pela primeira vez em 1961, e foi uma caravana que percorreu diversos estados do Brasil com o objetivo de promover as reivindicações estudantis através da cultura e da conscientização popular.

    Na época a caravana serviu para mobilizar a luta da UNE pela participação dos estudantes nos órgãos colegiados da administração das universidades, na proporção de um terço, com direito a voz e voto, que desembocou na greve nacional do 1/3. Os estudantes chegaram a ocupar por três dias do prédio do Ministério da Educação e Cultura, no Rio.

    “Dessa vez nossa proposta é conhecer mais de perto as realidades das universidades brasileiras nos diversos Estados para focarmos na nossa luta em defesa da universidade pública e gratuita de qualidade”, destacou a presidenta da UNE, Marianna Dias.

    Segundo a resolução aprovada a homenagem se dá num momento em que a democracia do Brasil passa novamente por uma grande crise, assim como o próprio caráter gratuito das universidades públicas brasileiras. “Por isso, a UNE VOLANTE 2018 terá como principais eixos: a defesa da universidade pública e gratuita brasileira; a defesa da universidade pública enquanto indutora do desenvolvimento nacional e soberano; a defesa dos espaços de vivência e confraternização estudantil, a luta contra a mercantilização do Ensino Superior Privado e a defesa do Estado Democrático de Direito.”

    De acordo com diretor de Universidades Públicas da UNE, Mário Magno, os estudantes querem “construir uma agenda de esperança que consiga chegar além dos centros urbanos, mas também ao processo de interiorização do ensino superior, no fortalecimento das lutas locais e na mobilização para o Encontro de Mulheres, Negros e Negras e LGBT da UNE”.

    Para percorrer as principais universidades públicas do país a UNE Volante buscará o apoio das associações nacionais, regionais e locais da comunidade acadêmica e científica.

    Uma nota em defesa do estado democrático de direito e contra a perseguição política ao presidente Lula também foi aprovada durante a reunião.

    ”A UNE ressalta sua posição em defesa do combate à corrupção, mas entende que este processo não pode ser feito à margem de conquistas democráticas como o direito à presunção da inocência, ao contraditório, à ampla defesa e o devido processo legal”, diz o documento.

     

    O ex-presidente da UNE, Aldo Arantes (à dir.), organiza a primeira caravana da história da entidade em 1961.
  • Uma câmera na mão, uma ideia de democracia na cabeça

    Uma câmera na mão, uma ideia de democracia na cabeça

    Por Patrícia de Matos, diretora de comunicação da União da Juventude Socialista (UJS), especial pra os Jornalistas Livres

    Sou Patrícia, tenho 23 anos e estudo jornalismo na FMU. Comecei minha militância no grêmio Honestino Guimarães da escola Elefante Branco de Brasília aos 15 anos de idade. Aos 16 me filiei à União da Juventude Socialista (UJS), movimento de juventude que compõe a UNE. No ano seguinte ingressei na Universidade de Brasília (UnB). Aos 19 fui morar em São Paulo em razão de ter sido convidada para dirigir a pasta de cultura da UNE. Cheguei de mudança com uma mala enorme e desci na praça da Sé para encontrar o pessoal que iria me receber. Quando saí do metrô, passava na minha frente uma manifestação enorme contra o aumento das passagens. Nem me lembro como consegui chegar em casa naquele dia.

    Lembro da inquietação de muitos movimentos quando tentavam fazer uma avaliação sobre o que representava, de fato, aquela ascensão de grandes mobilizações que eclodiam pelo Brasil. Lembro, inclusive, do momento em que a grande mídia parou de criminalizar as mobilizações e passou a disputá-la.

    Não demorou muito para que a Av. Paulista mudasse de cara nos dias de protesto e a parecer bastante com as mobilizações pró-golpe do último período. Começaram a destilar bastante ódio contra as organizações dos movimentos sociais. Setores da grande mídia entraram em cena mais uma vez e, com eles, os políticos oportunistas que viam na despolitização uma oportunidade de emplacar uma agenda “superconservadora.”

    Tinha uma galera com carrinho de feira, uns fios e celular na mão. Faziam transmissão ao vivo, gambiarra total. Eu acompanhava e uma galera também. Caia muito a transmissão, era meio ruim em termos de qualidade técnica. Mas era a ótima a sensação de ter gente narrando as manifestações do chão, no lugar de quem protestava. Estava crescendo o mídia ativismo.

    Nesse ano de 2013 fechamos um ciclo de estabilidade. Havia a necessidade de radicalizar a democracia por um lado e, por outro, havia o crescimento de uma “frente pelo retrocesso”. Começava a Jornada Nacional de Lutas da Juventude e, com ela, uma nova geração. Desde então, estivemos sempre em provação. A luta política no país só se intensificou e a necessidade de relançar os nossos movimentos para resistir à onda conservadora se tornou urgente. Nascia uma semente que floresceu no último domingo.

    A EMERGÊNCIA DAS MÍDIA ALTERNATIVAS SOB O PRISMA DO 55º CONGRESSO DA UNE

    A União Nacional dos Estudantes completa 80 anos de vida no dia 11 de agosto desse ano. A entidade já nasceu na luta contra o integralismo – expressão do fascismo no Brasil. Ao contar a história da UNE, contamos a história da república brasileira e as lutas que nos guiavam no sentido de tornar esse país uma nação que aproveitasse plenamente suas possibilidades de desenvolvimento.

    Foi a partir da UNE que se nacionalizou a campanha do “Petróleo é nosso”, na década de 50, responsável pela criação da Petrobrás. Nos anos dourados, os estudantes também se mobilizaram contra o aumento do preço da passagem dos bondes, realizando grandes manifestações. Na década de 60, foi na UNE que muitos artistas se organizaram para propagar a arte engajada através do Centro Popular de Cultura da UNE – o CPC da UNE – propondo a discussão da reforma universitária em formato artístico. Durante a “UNE volante” – caravana da UNE pelo Brasil que pretendia aprofundar a discussão sobre a reforma universitária – Eduardo Coutinho descobriu a história do engenho da Galiléia e os confrontos em torno da luta pela terra, culminando no início do que seria uma das obras cinematográficas que marcou a história do cinema documentário brasileiro, o “Cabra Marcado para Morrer.” Foi nesse mesmo período que Aldo Arantes, presidente da UNE à época, se juntou a Brizola no Rio Grande do Sul para articular a “Campanha da Legalidade”, no intuito de barrar o golpe civil militar de 1964.

    Não foram poucos os estudantes que tombaram na ditadura. Não foram poucos os que se mobilizaram pelas eleições diretas no processo de democratização do país, nem os que se juntaram aos milhões pelo #ForaCollor, na esperança de eleger um projeto político que não aprofundasse o processo de sucateamento da educação pública.

    Se fosse falar de toda a história da UNE, talvez demorasse muitas laudas para citar apenas os momentos mais importantes e seus pontos de encontro com a história dessa nossa imatura república. Mas gostaria de me concentrar aqui no que a UNE se tornou nesse último congresso: um laboratório vivo da democracia brasileira em um contexto de retrocesso dos direitos democráticos e avanço das ideias fascistas.

    A UNE REÚNE O CONJUNTO DO MOVIMENTO DE JUVENTUDE DO BRASIL

    Setores que tinham se afastado do movimento estudantil agora retornam, como os estudantes que constroem o movimento MAIS, em grande parte antigos filiados ao PSTU e esse, por sua vez, fruto da antiga “Convergência Socialista, retornaram à entidade nesse último congresso. A vinda também da juventude do PSDB, que organizou sua bancada no congresso da UNE, com camisetas e palavras de ordem próprias, exaltando Mário Covas e FHC. Destoando da orientação nacional do partido, pediram pelo #ForaTemer. E, o mais impressionante: a realização de, talvez, a maior aliança que o movimento estudantil já viu. O que antes era a Frente Brasil Popular, dedicada a coordenar as diversas manifestações pela manutenção da democracia no último período, desdobrou-se na chapa vitoriosa desse congresso com forças políticas de centro.

    UNE: MAIS UM LABORATÓRIO DA COMUNICAÇÃO COLABORATIVA E ALTERNATIVA NO BRASIL

    Nesse histórico congresso da UNE protagonizamos a sua transformação em mais um laboratório da democracia do ponto de vista da comunicação. Ouvimos muito dos veículos da grande mídia a famosa defesa da “imparcialidade jornalística” como um véu que cobre os verdadeiros interesses dessas corporações que se posicionam, muitas das vezes, de acordo com os interesses de seus financiadores. Não que isso seja propriamente errado, mas estamos falando aqui do mito da imparcialidade e da invisibilidade sofrida pelos que simplesmente não fazem parte da “linha editorial” desses veículos.

    Foi justamente esse bloqueio aliado à crise de credibilidade vivida pela grande mídia e o advento da nova revolução tecnológica que possibilitou a democratização da possibilidade de produção de conteúdo e que beneficiou milhares de brasileiros e brasileiras, gerando um nascente organismo composto por mídias alternativas de vários matizes e que constroem narrativas sobre as pautas que bem entendem. Outros surgiram não para tratar de pautas específicas, mas para se constituírem enquanto plataformas das lutas populares e formas alternativas de prática jornalística, como é o caso dos Jornalistas Livres e do Mídia Ninja. O processo de luta contra o golpe vem produzindo uma interessante simbiose entre as novas mídias, o movimento estudantil e cultural. Embora seja de extrema importância a luta por transformações estruturais no sistema de telecomunicações do país, a necessidade urgente de construção de nossas próprias narrativas levou grande parte do contingente militante a construir mais intimidade com os processos de produção de conteúdo sobre a história de suas vidas e de suas lutas. É urgente que os movimentos sociais se entendam como laboratórios vivos da comunicação alternativa, tornando a militância uma grande rede de produção de notícia e conteúdo.

    AS PARCIALIDADES CONTROEM O TODO

    Foi nessa perspectiva que vimos o lançamento via edital, a partir do CUCA da UNE, das inscrições da cobertura colaborativa desse congresso. Centenas de estudantes e colaboradores de várias mídias se inscreveram, inclusive coletivos e movimentos que compõe a oposição da UNE. É interessante como em um espaço de disputa de ideias e de representação política foi possível vivenciar processos de troca e experimentação estética entre agentes de orientações ideológicas tão diferentes.

    O exercício não foi o de certamente tornar invisíveis as parcialidades, mas sim de evidenciá-las, torná-las alcançáveis aos olhos de qualquer um que tenha feito a opção de acompanhar esse processo. A existência dessa quantidade de agentes políticos envolvidos em um processo colaborativo constituiu ambientes de inflexão e reconhecimento de lutas em comum que dão um baile de democracia quando tomamos como perspectiva a situação política atual.

    Diferentemente da tal imparcialidade, nos apegamos em exaltar as identidades políticas contribuindo para a reinvenção da institucionalidade da organização mais antiga do movimento social brasileiro.

    As mídias alternativas ligadas aos movimentos sociais que constroem certa autonomia à dinâmica mercadológica não foram só amplificadas pela participação de 26 movimentos de juventude que compõe a entidade, mas representou também um exercício de plena liberdade estética e experimentação, transformando o congresso da UNE, de fato, em um laboratório para um exercício de linguagem política e estética.

    Com o surgimento dessas novas mídias é fortalecida também a noção de campo político da comunicação. Eliminam-se os velhos intermediadores e é criada uma nova forma de organização e construção política entre os agentes no processo de construção narrativa, diluindo as fronteiras entre técnica e política.

    Na UNE mora boa parte da esperança do povo brasileiro, porque na UNE está boa parte da juventude que sonha e luta pelas causas humanitárias, populares e nacionais, para além dos interesses corporativistas. É na UNE que mora, também, boa parte do futuro da política. Que felicidade ver a UNE continuar atendendo sua vocação histórica. Foi no mesmo momento em que a UNE lançou uma frente mais ampla que pudemos ver até agora que ela contribui com uma experiência que nos leva a chegar mais perto do que deveria ser uma comunicação democrática e a acreditar que, de fato, todos nós podemos pegar uma câmera na mão com uma ideia na cabeça.

  • Poéticas do #Conune: Engrenagem de papel e caneta

    Poéticas do #Conune: Engrenagem de papel e caneta

    Foto: Isis Medeiros/ Jornalistas Livres

    Foto: Isis Medeiros/ Jornalistas Livres

    Escrevemos o futuro em nossos sonhos
    Transformamos a paisagem em desenho
    Transformamos desenho em educação
    Somos tipo máquina que chora
    Toda vez que nos fazem parcas voltas de rebeldias
    Somos fruto de nossa história
    Todos os dias, tardes e noites
    Somos continuadores da transformação interrompida
    Somos povo
    Povo Brasileiro
    Somos ocupantes de espaços vazios
    De leitos mal preenchidos
    De palcos de teatros, de faixas de músicas, de balas em fuzis
    Fazemos presentes as máquinas de 30
    Fazemos UNE, Araguaia e ALN
    Fazemos o passado emergir na cara do povo usando roupas novas
    Fazemos de nosso passado algo mais que livros de história
    Fazemos dele, nosso presente
    Saudosismos a parte
    Somos estudantes hoje, assim como fomos no passado
    E somos diretos quando dizemos o queremos
    Sempre fomos
    E queremos Diretas!
    Nossas principais características:
    Rebeldia, rebeldia e mais rebeldia!