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  • “UNE Volante: uma universidade chamada Brasil”

    “UNE Volante: uma universidade chamada Brasil”

    Por Camila Ribeiro para os Jornalistas Livres

    Teatro Guaíra lotado e filas do lado de fora. Ao abrir as cortinas o grupo de jovens, entre eles Carlos Lyra e Oduvaldo Viana Filho, além de se impressionar com a pequena multidão, logo anuncia: “O espetáculo não está pronto! Vamos montar no caminho. Vocês deram azar de ser a primeira cidade. Então vamos ler o texto aqui.” Foi assim que a UNE Volante estreou em Curitiba em meados de 62. Dentro de um mesmo ônibus a diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Centro Popular de Cultura (CPC), prestes a percorrer todo o Brasil levando o debate da reforma universitária defendida pela UNE e que fazia parte de um conjunto de reformas de base propostas pelo governo de João Goulart. Uma experiência que uniu as pautas reivindicatórias do movimento estudantil ao processo de criação estética.

    A peça em questão era o “Auto dos 99%”. Produzida pelo CPC da UNE, o espetáculo retratava a realidade da universidade e criticava o seu caráter elitista, que permitia a apenas 1% da juventude o acesso ao ensino superior no Brasil. De lá pra cá muita coisa mudou. A luta pela democratização do ensino empunhada pelo movimento estudantil avançou, principalmente após a última década de governos populares. O conjunto de políticas públicas que colocou no centro da política educacional a expansão do número de vagas, interiorização das universidades, criação de programas de acesso e as cotas, transformou radicalmente a base social da universidade.

    A Nossa geração passou a experimentar a sala de aula mais interessante da história do Brasil em termos de representação do povo brasileiro. Isso transformou qualitativamente as universidades. Dados do segundo relatório do Reuni apontam um crescimento substancial da pesquisas, o que gerou avanços nas áreas da saúde, medicina e engenharia, contribuindo substancialmente para o desenvolvendo de territórios e avanço da indústria nacional.

    Essa nova realidade do ensino superior impôs também novos grandes desafios como o combate à evasão, o que nos levou à necessidade urgente de lutar pela ampliação da política de permanência dessa nova base social. Outra questão central presente no interior da pauta da permanência estudantil é a necessidade de reconhecimento simbólico dos sujeitos e das classes que passaram a acessar um espaço que lhes foi historicamente negado. A universidade precisa criar condições para que todas as pessoas participem da criação e recriação de significados e valores culturais de seu povo. Nesse sentido, o acesso é insuficiente, sem a transformação dos currículos, dos modelos de pesquisa, a defesa da democracia interna das Instituições de ensino e a defesa da autonomia do movimento estudantil na ponta.

    No entanto, todo esse processo de transformação está sendo duramente interrompido pelos efeitos da crise econômica e política que o Brasil atravessa. Ainda, a Emenda Constitucional 95, que coloca o teto nos investimentos a partir de 2018, representará um desafio enorme para manter a universidade pública funcionando.

    É preciso dizer que as universidades públicas ainda passam por um forte ataque a sua autonomia. Operações policiais vem praticando conduções coercitivas de dirigentes de universidades que nunca se negaram a prestar esclarecimento, como foi o caso recente da UFMG e da UFSC que teve um desfecho trágico com a morte do professor Cancellier.

    Nossa geração tem a responsabilidade histórica de fazer a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade. É nesse contexto que mais uma vez a União Nacional dos Estudantes e o CUCA da UNE relançam o desafio de percorrer o Brasil com mais uma edição da UNE Volante.

  • Estudantes convocam reedição da “UNE Volante” para o primeiro semestre de 2018

    Estudantes convocam reedição da “UNE Volante” para o primeiro semestre de 2018

    Via: União Nacional dos Estudantes – UNE

    Os 17 diretores da Executiva da UNE aprovaram nesta terça-feira (12/12) a construção da “UNE VOLANTE: Uma universidade chamada Brasil” no primeiro semestre de 2018.

    1° Reunião da Executiva da UNE – 2017-2019

    A iniciativa é uma reedição da UNE Volante realizada pela primeira vez em 1961, e foi uma caravana que percorreu diversos estados do Brasil com o objetivo de promover as reivindicações estudantis através da cultura e da conscientização popular.

    Na época a caravana serviu para mobilizar a luta da UNE pela participação dos estudantes nos órgãos colegiados da administração das universidades, na proporção de um terço, com direito a voz e voto, que desembocou na greve nacional do 1/3. Os estudantes chegaram a ocupar por três dias do prédio do Ministério da Educação e Cultura, no Rio.

    “Dessa vez nossa proposta é conhecer mais de perto as realidades das universidades brasileiras nos diversos Estados para focarmos na nossa luta em defesa da universidade pública e gratuita de qualidade”, destacou a presidenta da UNE, Marianna Dias.

    Segundo a resolução aprovada a homenagem se dá num momento em que a democracia do Brasil passa novamente por uma grande crise, assim como o próprio caráter gratuito das universidades públicas brasileiras. “Por isso, a UNE VOLANTE 2018 terá como principais eixos: a defesa da universidade pública e gratuita brasileira; a defesa da universidade pública enquanto indutora do desenvolvimento nacional e soberano; a defesa dos espaços de vivência e confraternização estudantil, a luta contra a mercantilização do Ensino Superior Privado e a defesa do Estado Democrático de Direito.”

    De acordo com diretor de Universidades Públicas da UNE, Mário Magno, os estudantes querem “construir uma agenda de esperança que consiga chegar além dos centros urbanos, mas também ao processo de interiorização do ensino superior, no fortalecimento das lutas locais e na mobilização para o Encontro de Mulheres, Negros e Negras e LGBT da UNE”.

    Para percorrer as principais universidades públicas do país a UNE Volante buscará o apoio das associações nacionais, regionais e locais da comunidade acadêmica e científica.

    Uma nota em defesa do estado democrático de direito e contra a perseguição política ao presidente Lula também foi aprovada durante a reunião.

    ”A UNE ressalta sua posição em defesa do combate à corrupção, mas entende que este processo não pode ser feito à margem de conquistas democráticas como o direito à presunção da inocência, ao contraditório, à ampla defesa e o devido processo legal”, diz o documento.

     

    O ex-presidente da UNE, Aldo Arantes (à dir.), organiza a primeira caravana da história da entidade em 1961.