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  • ​Maldade no Tocantins

    ​Maldade no Tocantins

    por ​Adriana de Castro/ Jornalistas Livres​

    A ​i​niciativa no Tocantins promete ser mais malvada que a personagem ​Sofia, ​interpretada por Marieta Severo, uma das piores vilãs de novela ​dos últimos tempos. O projeto de lei, do deputado Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (PR), permite derrubar e queimar as palmeiras de babaçu, ameaçando a principal fonte de sustento de milhares de mulheres extrativistas.

    “A proposta retira a proteção ao tradicional beneficiamento agroecológico realizado pelas coletividades de quebradeiras de coco e significa um ataque direto à existência de milhares de mulheres que retiram seu sustento dos produtos derivados do coco (farinha, azeite, sabonete, óleo etc.)”, afirmou Francisca Nascimento, coordenadora do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. A estimativa é de que 400 mil mulheres vivem desta atividade em todo o país.​

    O projeto de lei autoriza a queima do coco babaçu inteiro ou in natura para a produção de carvão e libera a carbonização das amêndoas. O deputado cita ainda que as amêndoas estão apodrecendo debaixo das palmeiras devido ao baixo preço pago pelos compradores e que o projeto visa ainda evitar a queima irregular da palmeira. Francisca Nascimento rebate o argumento lembrando que, se o coco apodrece é que não há acesso. Ela reitera que os espaços tradicionais de extrativismo estão sendo cercados pelos fazendeiros locais.

    The babassu palm tree can be found in the states of Piauí, Maranhão, Tocantins and Pará. It is the third more important oil palm tree in the world. Besides being important for the environment, the babassu palm tree play a key role for the livelihoods of the 250,000 poor rural families living across the region who depend on collecting its coconuts. From the coconut it is possible to extract 68 products, the most important being oil, soap and flour. The stalk and leaves are used for building houses and roofs, whilst from the palms and coconut shells the families produce hammocks, carpets, baskets and bijouterie. Women and girls are those traditionally responsible for collecting and breaking the coconut hard shell. Normally they walk for miles to collect the coconuts, and the breaking system consists in the use of aches or big stones, which makes it rudimental and dangerous. Unlike subsistence farming, the babassu coconut’s collecting and processing can be made during the whole year, which means a safe livelihood for the families living in those regions


    Apoios

    Felizmente, o Ministério Público Federal do Tocantins solicitou o arquivamento definitivo do projeto de lei. De acordo com Nota Técnica do MPF, a Constituição Federal criou um sistema de proteção ao patrimônio cultural brasileiro que prevê em seu artigo Art. 216: “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira​”​.

    Já o Conselho Nacional de Direitos Humanos emitiu nota de repúdio à​ iniciativa por violar a Constituição Federal e os acordos internacionais de defesa de direitos humanos. O Conselho destacou a ausência de consulta pública junto às populações diretamente envolvidas, conforme determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

    Um abaixo assinado está sendo coletado em quatro Estados (Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins) com o objetivo de arquivar o projeto de lei. A campanha está sendo veiculada nas redes sociais do Movimento (https://www.facebook.com/MIQCBOficial/posts/1121004438036639).

    Apesar de o Projeto de Lei estar em andamento no estado do Tocantins, todas as quebradeiras de coco do país podem sofrer os efeitos decorrentes da propagação dessa lógica de destruição socioambiental. Destruir o coco babaçu é uma ameaça concreta à segurança alimentar e ao sustento familiar das quebradeiras

  • A greve de fome dos professores de Palmas (TO)

    A greve de fome dos professores de Palmas (TO)

    “Já é madrugada e não consigo dormir.

    Estou com um nó na garganta e não posso gritar, pois poucos querem ouvir. Tenho tentado expressar minhas indignações desde que se iniciou este lindo movimento grevista, mas todos me calam. Dizem que sou formadora de opiniões, mas são tantos os opressores… A justiça tão parcial, o prefeito ditador Carlos Amastha, o secretário bajulador Danilo de Melo, os puxa sacos diretores de escolas e os colegas de profissão que se intimidaram e não vieram à luta em busca de nossos direitos. Então, me recolho com o novo título que me deram nos últimos dias: INSIGNIFICANTE, sim isso mesmo… Sou PROFESSORA INSIGNIFICANTE, facilmente de enganar, facilmente de pisar, humilhar e substituir.” (Manifesto de uma professora que participou do movimento grevista em Palmas, segundo informação do site GBrasil)

    Terminou ontem (26) a greve, iniciada há 21 dias, dos professores do município de Palmas, Tocantins. Os professores, que reivindicavam que o prefeito Carlos Amastha (PSB) cumprisse os acordos firmados e dialogasse com a categoria, afirmaram que a suspensão da greve não significa o fim do movimento.

    “Se o prefeito Carlos Amastha não dialogar, poderemos retornar a qualquer momento. Aqui decidimos uma suspensão, e não um encerramento”, afirmou o Presidente Regional do Sintet, Fernando Pereira, ao site de #SouMaisNotícias.

    O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet), declarou que o motivo da greve é o descaso da gestão municipal com os professores. Eles reivindicam, principalmente, o cumprimento da data-base dos professores, a realização de eleição para diretores e o cumprimento do plano de carreira (PCCR).

    Os trabalhadores chegaram a fazer greve de fome na tentativa de romper a recusa ao diálogo por parte do prefeito Amastha (PSB). Dois dos sete professores que iniciaram a greve de fome permaneceram por seis dias apenas bebendo água. “Já tentamos diálogo por meio da Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa e até mesmo diretamente no gabinete do Secretário Municipal de Educação, porém, não houve evolução”, afirmou um dos grevistas à CUT.

    A Defensoria Pública Estadual (DPE) e Ministério Público Estadual (MPE) publicaram uma recomendação conjunta ao prefeito de Palmas e ao secretário municipal de Educação, nesta terça-feira, 26, para que “os gestores que instituam o diálogo com os profissionais em greve e com a comunidade escolar, visando alcançar uma possível conciliação”. Também orientaram que a administração não desconte as faltas nas folhas de pagamento até que seja apresentada uma planilha pormenorizada da reposição do conteúdo e do calendário escolar.

    Os gestores públicos têm prazo de 48 horas, contados a partir da notificação, para informar sobre o cumprimento da carga horária regular nas escolas do município.

    Notas

    Para saber mais sobre a greve dos professores municipais de Palmas, Tocantins.

    1 “Trabalhadores da educação de Palmas decidem suspender greve, após 21 dias”, via Cleber Toledo Blog, em: https://www.clebertoledo.com.br/estado/2017/09/26/90485-trabalhadores-da-educacao-de-palmas-decidem-suspender-greve-apos-21-dias

    2 “MPE e DPE recomendam que município estabeleça diálogo com grevistas da Educação”, via Defensori Pública Tocantis, em: http://ww2.defensoria.to.gov.br/noticia/24193

    3 “Moção de solidariedade à greve de fome dos/as trabalhadores/as em educação de Palmas/TO”, via SINTET – Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins, em: http://www.sintet.org.br/ultimasnoticias-442-mocao-de-solidariedade-a-greve-de-fome-dos-as-trabalhadores-as-em-educacao-de-palmas-to

    4 “Em plena era da democracia, da evolução tecnológica e humanas, professores e professoras precisam apelar para greve de fome”, via #SouMaisNotícias, em: http://www.soumaisnoticias.com/em-plena-era-da-democracia-da-evolucao-tecnologica-e-humanas-professores-e-professoras-precisam-apelar-para-greve-de-fome/

    5 “Greve de fome de trabalhadores da educação já dura mais de 40 horas”, via CUT, em: https://cut.org.br/noticias/greve-de-fome-de-trabalhadores-da-educacao-ja-dura-mais-de-40-horas-28e1/

    6 “Amastha, professores e Lenin: professores aplicam derrota política no prefeito, invertendo o ônus da paralisação e aumentanto do perímetro da causa”, via Blog do Luiz Armando Costa, em

    http://luizarmandocosta.com.br/noticia/amastha-professores-e-lenin-grevistas-aplicam-derrota-politica-no-prefeito-invertendo-onus-da-paralisacao-e-aumentando-perimetro-da-causa/14916

    7 “Amastha humilha professores e é chamado de ditador”, via Gbrasil, em: http://gbrasil.com/tocantins/detalhe/amastha-humilha-professores-e-e-chamado-de-ditador