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  • Contra os vazamentos seletivos, por uma inundação de informações!

    Contra os vazamentos seletivos, por uma inundação de informações!

    #AbreSigilo

    A ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), homologou hoje (30/01) pela manhã as delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht. Isso quer dizer que, a partir de agora, as delações adquirem peso jurídico e poderão ser usadas pela Procuradoria-Geral da República para aprofundar as investigações. Os procuradores poderão, por exemplo, pedir abertura de inquérito ou mandado de busca e apreensão.

    Por determinação da ministra Cármen Lúcia, porém, o sigilo das informações será mantido por enquanto pelo STF. Isso, apesar de haver, desde meados de janeiro a expectativa de que os documentos com as delações fossem tornados públicos pelo então ministro relator da Lava Jato, o finado Teori Zavascki.

    Teori morreu no dia 19 de janeiro, em um acidente para lá de conveniente, quando ultimava os estudos para homologar as delações dos executivos da Odebrecht.
    Reportagem do jornal “Valor Econômico” de 17 de janeiro, dois dias antes da morte de Teori, afirmava que as delações deveriam “ser tornadas públicas já em fevereiro”.

    Se vivêssemos em um Estado Democrático de Direito, essas delações seriam tratadas com o máximo cuidado, para que não se acusasse qualquer cidadão sem provas. Mas já se sabe que, neste preciso momento em que você, internauta, lê estas linhas, nas redações, os mesmos repórteres “de confiança do governo golpista”, os mesmos de sempre da mídia corporativa, já receberam os arquivos com as delações. E já preparam suas matérias com “vazamentos”.

    Não queremos que essa mídia descomprometida com a Democracia e com a Liberdade, essa mídia misógina e antipovo, essa mídia vergonhosamente facciosa e partidarizada, escolha os “melhores trechos” pra publicar.

    Já que essa mídia golpista escolherá os “vazamentos” que publicará, dizemos bem alto: queremos ser inundados de informações. O povo brasileiro não pode e não deve deixar que a turma a serviço dos corruptos selecione o que devemos conhecer ou não.

    Sabe-se que Temer foi citado 43 vezes em delações dos Executivos da Lava Jato. Queremos ler tudo! Queremos saber em que tramoias teria se metido Michel Temer, esse político medíocre, que nem conseguiu ser eleito presidente do centro acadêmico! Queremos conhecer todo o entulho de corrupção em que o traidor ancorou a nau sem rumo do golpismo brasileiro, tendo ele como capitão.

    A “Folha de S.Paulo” acaba de publicar reportagem dizendo do “alívio” do palácio do Planalto com a manutenção do sigilo sobre as delações.

    Segundo o repórter Valdo Cruz, “a equipe presidencial receia que quando o conteúdo das delações se tornar público, haverá turbulências políticas.”
    Temer, o PMDB e o PSDB não querem turbulências políticas porque isso pode atrapalhar seu projeto de aniquilação do país com uma política econômica desastrosa; porque pretendem aprovar a toque de caixa seu projeto de destruição da Previdência Social, que condena nossos idosos (mais os doentes e pessoas com deficiências) à terrível miséria exatamente quando mais frágeis. Porque querem aprovar a destruição dos direitos trabalhistas.

    Para tudo isso, eles precisam da paz dos cemitérios.

    Queremos saber tudo! Não confiamos na imprensa golpista. Que as delações sejam tornadas públicas de forma ampla e irrestrita. Que se faça a vontade de saber do povo brasileiro, que já não tolera mais mentiras, mais sujeiras e mais empulhações!

  • Temer e companhia no velório de Teori

    Temer e companhia no velório de Teori

    A presença de Temer e seus homens no velório de Teori Zavascki foi fotografada com empenho especial pela imprensa ali presente. O evento prometia as tais imagens de mil palavras.

    Cumpriu a promessa, como era inevitável. E o Brasil já vê, e bem lê, o grupo de engravatados, Michel Temer, Alexandre de Moraes, Eliseu Padilha, Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia, José Serra, velando um caixão coberto com a bandeira do Brasil. A foto não é a coisa fotografada: a imagem se descola da sua realidade e dá espaço para abstrações do simbolismo da cena: serão eles os carpideiros da república?

    (Porto Alegre – RS 21/01/2017) Velório do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki.
    Foto: Beto Barata/PR

    O triste fato, porém, é que ali se vela o corpo de uma pessoa. Muitas são as suspeitas em torno da morte do Ministro do STF, indicado por Dilma Roussef, que estava para abrir os trabalhos com a famigerada delação da Odebrecht e que poderia trazer mais dor de cabeça para o governo golpista.

    É evidente o alívio que a tragédia trouxe exatamente àquela corja, com a perspectiva da indicação de um novo relator para operação Lava Jato, e as suspeitas em torno da queda do avião em que viajava Teori são, mesmo que ainda careçam de embasamento, mais que justas, dado o tenebroso contexto político em que nos encontramos.

    Sendo assim, Temer, que evita a todo custo aparecer em qualquer tipo de evento para não ser constrangido com os onipresentes gritos de Fora Temer, não poderia deixar de comparecer. Alexandre de Moraes, já cotado para assumir o lugar de Teori no Supremo, também não. O protocolo ordena o luto. O luto foi protocolar.

    Eis então a sinuca: a ausência suscitaria todo tipo de comentário, das suspeitas de conspiração ao entendimento da vitória política que significa para o governo a possibilidade de indicar um substituto. Ao mesmo tempo, a presença proporcionaria essa ampla coleção de imagens, que já começou a circular na internet com as mais variadas legendas, exatamente do mesmo teor da percepção que se buscou evitar!

    Pra sair dessa, só pedindo penico.
    Do lado de cá, seguimos atentos às investigações do suposto acidente de avião.
    Continuamos de olho no prosseguimento da Lava Jato e no trato das delações da Odebrecht.
    E a Alexandre de Moraes, se indicado pro STF, não daremos sossego.

    (Porto Alegre – RS 21/01/2017) Velório do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki. Presidente Michel Temer Chega a Porto Alegre.
    Foto: Beto Barata/PR