Pelo Facebook, Carlos Techera, militar da reserva, ameaçou matar candidato da Frente Ampla, Mujica e Tabaré, caso Lacalle perdesse as eleições
O militar da reserva Carlos Techera foi preso nesta manhã (27/11) por divulgar um vídeo nas redes sociais, onde ele aparece ameaçando o ex-presidente José ‘Pepe’ Mujica, que acaba de ser eleito senador; o atual presidente Tabaré Vázquez e o candidato da Frente Ampla (FA), Daniel Martínez.
Em sua mensagem, transmitida ao vivo no Facebook antes do segundo turno das eleições de 24 de novembro, Techera disse:
“Vou dizer uma coisa a este retardado de Martinez e a esse idiota de Mujica. Eles vão perder as eleições. Hoje eles vão Hoje Luis Lacalle Pou e o Partido Nacional (PN) serão governo, gostem ou não. ”
Além disso, durante a proibição, ele afirmou:
“Se eles cometerem o erro de tentar contra a segurança de Lacalle Pou ou contra as instituições do país ou a Constituição da República por perderem as eleições, não terão o mesmo destino de 73”
Naquele ano, começou o golpe de estado que começou a ditadura militar.
A mensagem intimidadora contra os líderes do centro uruguaio continuou: “Se você quer ter um problema contra os militares, você o terá e de graça. A única diferença é que não terá 73 anos, desta vez todo mundo fica, tupamaros ou Não. É simples assim, fácil.
” E ele reiterou: “Desta vez, eles não saem vivos, vamos ver se eu estava livre agora”.
Você terá que testemunhar perante o promotor.
Então, o banco da FA votou por unanimidade a registrar uma queixa criminal, e o senador Juan Castillo a apresentou na terça-feira junto ao Ministério Público, considerando que eram “ameaças de morte”. Após a prisão, foi anunciado que os ex-militares testemunharão perante as autoridades ao meio-dia, diz El Observador.
Antes de sua apreensão, em uma entrevista à Universal Radio, ele se arrependeu: “Quem cometeu um erro fui eu e não tenho desculpa”, disse ele.
No ano passado, Techera tentou ser candidato à presidência do PN e, em reportagens com a mídia local, ele se considerava “pior que Bolsonaro”, o presidente de direita do Brasil.
Texto: RT
“Me equivoquei”, disse militar aposentado, depois do vídeo em que ameaça Martínes e Vásquez
“Me equivoquei e estou reconhecendo. Que mais vão querer fazer comigo? Uma carniçaria?”, disse Carlos Techera na noite desta terça-feira
Carlos Techera, o militar da reserva que ameaçou de morte e insultou o atual presidente, o senador Pepe Mujica e o candidato a presidente da Frente Ampla, Daniel Martínez
En la noche de este martes, Carlos Techera, un militar retirado que quiso competir en la interna nacionalista y que en un video amenazó tanto al presidente Tabaré Vázquez como al candidato frenteamplista Daniel Martínez, dijo: “El que me equivoqué fui yo y no tengo excusas”.
En diálogo con Radio Universal señaló que en el tono del mensaje “estuvo mal” y agregó: “Lo que yo digo, está mal también, eso no se puede decir”.
Consultado sobre qué significa la “quedan todos”, dijo: “Pueden ir presos, lo que sea, pero yo no dije matar. Cada uno interpreta lo que quiere”.
“Me equivoqué y lo estoy reconociendo. ¿Qué más van a querer hacer conmigo? ¿Una carnicería?”, dijo Techera.
“Yo lo que soy es muy reaccionario. Soy muy calentón. Me arrepiento de lo que dije, de la forma que lo dije, sí, en el contenido de la parte en todo lo que tiene que ver con los militares, sí me arrepiento”, señaló minutos después.
La bancada del Frente Amplio votó por unanimidad presentar una denuncia penal en su contra. Este martes se presentaron ante la Fiscalía de Corte los senadores Juan Castillo, Mónica Xavier y Ruben Martínez Huelo para que se traslade la denuncia ante la dependencia correspondiente, informó Castillo a El País.
Indicó además que todos los senadores del Frente Amplio coincidieron en que efectivamente se cometió un delito, en base al numeral 4 del artículo 171 del Código Penal que alude a “ofensa y violencia a la autoridad”.
En la denuncia, a la que accedió El País, los senadores frenteamplistas dicen que los dichos de Techera constituyen “actos con real apariencia delictiva” y le piden al fiscal general de la Nación, Jorge Díaz, que disponga “las medidas pertinentes a los efectos de investigar la denuncia”. Agregan que se trataría de un delito contra la administración pública y sobre la violencia y la ofensa a la autoridad pública.
Techera, quien el año pasado intentó ser precandidato a presidente del Partido Nacional y se presentaba en las entrevistas como “peor que Bolsonaro”, comienza diciendo en el video divulgado: “Se quejan en el Frente Amplio porque el general (Guido) Manini Ríos hizo un video, bueno yo voy a subir más la vara a ver si se quejan conmigo y aparte le voy a dar una advertencia y yo no estoy jugando. Si alguno cree que yo soy un loco o soy un bocón y estoy jugando hagan la prueba, no me cuesta nada levantar el teléfono y hacer una llamada”.
Según lo que expresa Techera, el video fue realizado en la mañana del domingo, antes de conocerse el resultado del balotaje.
“Les voy a decir algo a los líderes del Frente Amplio, y háganlo viral este video, si ustedes cometen el error, el mínimo error, de atentar o contra la seguridad de (Luis) Lacalle Pou, o contra las instituciones de la patria o contra la Constitución de la República por perder las elecciones, ustedes no van a tener la misma suerte del 73 (año del golpe de Estado). Y me voy a sacar los lentes para que me vean bien la cara, Vázquez, la quedan todos”, expresó.
“Si ustedes quieren tener un problema contra los militares, lo van a tener y gratis. La única diferencia es que no va a ser el 73, esta vez la quedan todos, tupamaros o no, así de simple, así de fácil. Las Fuerzas Armadas están para cumplir con la Constitución de la República y el mandato que ella dispone, pero no para ser masacrados en una emboscada, a pedradas”, agregó.
Techera reiteró: “Si ustedes en el Frente Amplio tienen un problema con las Fuerzas Armadas, se lo dice un militar desde ya, lo van a tener y gratis. Esta vez no salen vivos, a ver si fui claro ahora. Las elecciones van a seguir, Vázquez, como tienen que seguir, en democracia”, agregó.
Daniel Martínez comemora passagem para um segundo turno temeroso. Fotos: Raquel Wandelli
Em meio à convulsão social na Bolívia, Chile e Colômbia, os olhos da América do Sul se voltam neste domingo para o segundo turno das eleições do Uruguai. Nos últimos 15 anos, o país é considerado referência da fórmula justiça social e desenvolvimento econômico com democracia. Mais do que colocar à prova esse modelo, a disputa acirradíssima entre esquerda e direita põe em xeque a vulnerabilidade da própria democracia perante o alastramento, por todo o continente, da narrativa neopentecostal, liberal e fascista (para tentar nomeá-la). O discurso autoritário e moralista, apoiado no combate às políticas públicas e na repressão militar avança nas camadas populares na velocidade dos algoritmos. Não encontra barreiras mesmo num país cujo povo tem os mais altos índices de escolaridade superior e é considerado dos mais politizados do mundo.
É essa prova de fogo que está de novo em jogo no páreo deste domingo: a força da democracia para derrotar seus próprios antídotos. Trata-se do mesmo embate que domina outros países, como Bolívia e Brasil, mas no Uruguai essa divisa se coloca num cenário bem mais nebuloso, cujos perigos não se mostram na superfície. A disputa entre a Frente Ampla, representada pelo centro-esquerda Daniel Martínez, e o Partido Nacional, liderado pelo centro-direita Luís Lacalle Pou, aparentemente fugiria a essa ameaça. Isso porque a democracia uruguaia, tão jovem quanto a brasileira, mas muito mais consolidada, oporia uma resistência inabalável às investidas planetárias de um projeto neofascista.
Vitória mais segura das esquerdas nas eleições do Uruguai foi a derrota do plebiscito da Reforma Constitucional
A escuta das ruas do Uruguai mostra, contudo, que nenhuma suposição dessa ordem é mais segura no jogo de forças da política geoplanetária, que se vale de meios fora do jogo democrático para impor seus representantes na América Latina. Fala-se de fraudes, golpes disfarçados, alienação em massa, enfim, tudo que o Brasil experimentou no último pleito. Com a eleição de Bolsonaro, bombada pela eliminação de Lula da disputa e pela disseminação de fake news apoiada no uso da tecnologia social de Steve Bannon, o Brasil já provou que a democracia é mesmo uma flor frágil. Precisa de vigilância firme para não abrir flanco a sua própria destruição.
No discurso reproduzido por taxistas e setores mais afetos ao sistema da pós-verdade no Brasil, no Chile, na Argentina, a narrativa é idêntica: o combate ao avanço do comunismo pelo conclamado Foro de São Paulo; à ideologia de gênero como responsável pela degradação moral da sociedade; à corrupção, como se fosse uma prática identificada com a esquerda, e não com a direita; e o caos urbano, pretensamente deflagrado pela proteção aos direitos humanos e o relaxamento da segurança pública.
Mal entramos num táxi na véspera do pleito, o motorista tentou nos convencer dessas teses, impondo-nos na viagem do centro de Montevidéu até o Velódromo um vídeo no estilo Olavo Carvalho. A tecnologia social de Steve Bannon difunde pelas listas de whatsapp e pelos vídeos do YouTube afirmações caluniosas que não precisam de provas para virar verdade. Nem Pepe Mujica, que cultua uma vida franciscana, nem o presidente Tabaré Vásquez, um oncologista renomado, que enfrenta o câncer avançado no pulmão com uma dignidade comovente, são poupados das fake news e das acusações de corrupção.
Martínez, da Frente e Lacalle Pou, do Partido Nacional, que surfou na onda dos ataques à esquerda na América do Sul
O candidato de direita, que corre com uma margem de 5 a 7 pontos na dianteira, carrega consigo não apenas a possibilidade de alternância normal de poder para um governo mais liberal e conservador, que promete manter as políticas públicas na área de educação e saúde e também as liberdades conquistadas, como descriminalização do aborto e do uso da maconha. Ele pode ser um Cavalo de Troia para a fórmula bombástica dos desmoralizados neoliberais Macri e Piñeda, e também dos neofascistas Iván Duque e Bolsonaro. Filho de um militar marcado pela colaboração à ditadura uruguaia e por um dos governos mais corruptos do país, Lacalle se ergueu num processo de disseminação de fake news e de campanha dogmática contra as esquerdas na América do Sul.
A chapa de Lacalle, que saiu do primeiro turno com quase 11% a menos que a de Martínez, arrastou para o segundo uma aliança com candidatos vencidos, como o liberal Ernesto Talvi, do Partido Colorado, e Guido Manini, do Cabildo Abierto, uma espécie de Bolsonaro uruguaio, que cavalga essa legenda “oportunamente” criada para a eleição. Mesmo tendo sido formalmente rejeitado pelo candidato do Partido Nacional, transferiu seus votos para Lacalle tão logo saíram as preliminares do primeiro turno. Mostra de que a rejeição tem um caráter apenas estratégico: não afugentar o eleitorado que se assusta com os arroubos fascistas do ex-militar. Neoliberal na economia, inimigo declarado das políticas de distribuição de renda, defensor da tortura e da repressão policial, Manini ameaça as liberdades conquistadas após a ditadura, encorajando seus 11% de eleitorado a defenderem teses antidemocráticas que retornarão com mais força num possível governo de Lacalle. Por outro lado, afasta a adesão de certos eleitores do Colorado, que obteve 12% no primeiro turno, desagradando setores da sigla mais comprometidos com a história do partido contra a ditadura. E é aí que mora a esperança da FA no segundo turno, segundo o presidente da frente, Javier Miranda.
A eleição no Uruguai sempre foi marcada pela polarização entre brancos e colorados, num eleitorado caracterizado pela clara definição política. Só em sua primeira e triunfal vitória, em 2004, com Tabaré Vásquez, a Frente Ampla, formada por 40 agremiações partidárias de esquerda e centro-esquerda, definiu a disputa no primeiro turno. Em 2010, o popularíssimo Pepe Mujica enfrentou essa bipolaridade na segunda volta, assim como o próprio Tabaré na sua reeleição em 2015. Disputa acirrada não é novidade para o cenário uruguaio, portanto. A novidade é a ascensão da direita após o processo de redemocratização e de derrota dos governos liberais que sucederam a ditadura militar, impondo ao país a mais grave crise econômica da sua história. Justamente para enfrentar a ascensão da direita, a Frente Ampla optou pelo perfil mais conservador de Daniel Martínez e com isso desagradou setores mais à esquerda, como o Partido Comunista, que nem por isso deixaram de se integrar à campanha.
Candidato da Frente Ampla e família: opção por perfil mais conservador para enfrentar direita
As últimas pesquisas eleitorais apontam vantagem de 47% para a chapa Lacalle e Beatriz Agrimón, contra 42% da dupla Martínez e Graciela Villar, variando de um ou dois pontos a mais ou a menos. Com esse índice, que praticamente corresponde à margem de erro em qualquer cenário eleitoral, nenhum meio de comunicação, nenhum analista político, nem instituto de pesquisa (as chamadas “encuestadoras”) pode dar a disputa por vencida para um dos lados. Muitos veículos que fizeram a projeção de derrota para a Frente Ampla já no primeiro turno podem morder a língua. Considerar a imprevisibilidade desses processos é uma questão de respeito ao percentual de indecisos e à verdade das urnas, que não pode ser subjugada à influência das “encuestas”.
A única verdade que pode ser antecipada, não importa o resultado de amanhã, é que em nenhum lugar do mundo as liberdades, as conquistas sociais e os direitos trabalhistas estão assegurados. Nenhum projeto de governo está imune às ofensivas do fascismo neoliberal que se colocam fora do jogo democrático. Ganhando ou perdendo, a democracia terá levado um grande susto ou uma grande puxada de tapete.
Reunião do Parlamento do Mercosul teve como foco principal a situação política da Bolívia
A 69ª Reunião do Parlamento do Mercosul, realizada no dia de ontem, 11/11, em Montevidéu, aprovou uma declaração rechaçando o golpe cívico-militar em curso na Bolívia “contra o governo democraticamente eleito do presidente Evo Morales”. No documento, parlamentares do Uruguai, Paraguai, Brasil e Argentina afirmam que o Parlasur “não reconhece qualquer regime surgido do Golpe de Estado”. E ainda condenam a “violência política extrema empregada por milícias privadas, com a cumplicidade de comandantes militares e policiais contra integrantes do governo e de seus familiares”.
Assinada pelo presidente do Parlamento do Mercosul, Daniel Cggiani e pelo secretário Edgar Lugo, a resolução foi provada pela ampla maioria dos presentes, com 45 votos e apenas dois contra entre os presentes. O quórum do Parlasur é formado por um total de 116 parlamentares, 37 do Brasil, 43 da Argentina, 18 do Uruguai e 18 do Paraguai.
Presidente do Parlasur, Daniel Caggiani: “Manifestação contundente combatendo o golpe”
Trata-se de uma primeira manifestação contundente condenando e rejeitando o golpe no âmbito do Mercosul, afirmou Caggiani, deputado pelo MPP (Movimento de Participação Popular que integra a Frente Ampla no Uruguai). Em entrevista exclusiva aos Jornalistas Livres, afirma a importância de uma instituição do Mercosul reconhecer, como o fez o governo do Uruguai, o que houve na Bolívia como golpe, enquanto o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Argentina, Antônio Macri, declararam que se trata de renúncia, sem admitir o golpe de Estado. O documento reitera a adesão ao Protocolo de Ushuaia sobre o compromisso democrático no Mercosul ao Estado Plurinacional da Bolívia e República do Chile. Por último, o Parlamento encarrega a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Mercosul de receber denúncias de violações aos direitos humanos por parte do povo boliviano e das autoridades golpeadas e ameaçadas. Determina que a comissão mantenha a vigilância permanente para que essas pessoas “tenham seus direitos preservados e possam se asilar politicamente sem serem perseguidas pela ditadura”.
Desde o Golpe de Estado, confirmado ao final da tarde de domingo, 10/11, o governo democrático da República Plurinacional da Bolívia recebeu três manifestações produzidas no Uruguai em defesa do Governo Evo Morales e do Estado Constitucional. A primeira veio do Governo do Uruguai, expedida pelo presidente Tabaré Vásquez ainda no domingo. Ontem, além da decisão do Parlamento do Mercosul, a Frente Ampla divulgou manifesto rechaçando o golpe e declarando solidariedade ao povo boliviano, a Evo Morales e aos membros do governo boliviano presos e ameaçados.
Jornalistas Livres – Qual a importância dessa declaração no âmbito internacional e a quem ela representa?
O Parlamento do Mercosul é a representação política do bloco onde não só se representam os estados como também os povos e a diversidade das forças políticas que integram os parlamentos. Portanto, essa resolução é muito importante porque expressa a vontade política nesse caso do corpo de representação parlamentar da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o que corresponde a quase 600 milhões de pessoas.
Daniel Caggiani – Entre os quatro pontos da resolução, um é o que condena e ratifica que o que está acontecendo na Bolívia é um golpe civil e militar. Isso também é importante porque para o Mercosul, como assim o expressou o governo do Uruguai, na Bolívia há um golpe de Estado, enquanto o presidente do Brasil fala que não há golpe e na Argentina também se fez uma declaração dizendo que o presidente da Bolívia renunciou. Portanto, é a única instituição do Mercosul que se pronunciou claramente condenando e rejeitando o golpe.
Jornalistas Livres– Além de afirmar que se trata de golpe, o que essa resolução oferece ao povo boliviano e às autoridades golpeadas da Bolívia?
Daniel Caggiani– Ela adquire importância porque também já se ocupa da integridade das pessoas que estão sendo perseguidas, dos familiares dos parlamentares, do presidente, do vice-presidente, que também estão sendo perseguidos. Faz uma denúncia internacional e também propõe que a Comissão dos Direitos Humanos, tanto no âmbito especializado dos parlamentares, os assuntos que fazem a preservação e a defesa dos direitos humanos estabeleça um contato institucional que possa funcionar na Bolívia com a finalidade de fazer uma missão de controle e monitoramento, principalmente para preservar os direitos das vítimas e também para aquelas pessoas que queiram ser exiladas politicamente não sejam perseguidas pela ditadura.
Conteúdo da Declaração:
Artigo1. Rechaçar o Golpe Cívico-militar em curso no Estado Plurinacional da Bolívia contra o governo democraticamente eleito do presidente Evo Morales, bem como a estratégia de extrema violência política implementada por milícias privadas com a cumplicidade de comandantes militares e policiais contra membros do governo e suas famílias.
Artigo 2. Realizar um chamado à comunidade internacional para pedir a proteção da vida do presidente Evo Morales e dos integrantes dos poderes executivo, legislativo e governos locais, bem como de seus familiares, diante da onda de violência deflagrada pelos promotores do Golpe de Estado.
Artigo 3. Declara não reconhecer qualquer regime surgido do Golpe de Estado e reitera seu total respaldo à vigência do Protocolo de Ushuaia sobre o Compromisso Democrático no Mercosul, o Estado Plurinacional da Bolívia e a República do Chile.
Artigo 4. Encarregar a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Parlamento do Mercosur de realizar o acompanhamento permanente da situação, informando-a ao Parlamento do Mercosur e, caso seja necessário, estabelecer-se como um espaço institucional para receber as queixas de violações dos direitos humanos, e lidar com elas no âmbito deste colapso da ordem democrática.
PARLAMENTARES DO MERCOSUL DISCURSAM CONTRA GOLPE DE ESTADO
“Acabamos aprovar no @PARLASUR a declaração de rechaço ao golpe na Bolívia. A carta teve 45 votos favoráveis e denunciou o golpe de Estado, onda de violência política extrema, com violações de direitos humanos, que se instaurou no país e que põe em perigo milhares de bolivianos”. Fernanda Melcchiona, deputada federal do PSOL, representando o Brasil no Parlasur, em seu twitter.
Fernanda Melchionna, PSOL (Brasil)
Benedita Díaz Perez (Bolívia)
Cecília Merchán (Nueva Mayoria – Argentina)
Edgar Mejía – Bolívia
Humberto Benedetto – Argentina
Oscar Ronderos (Venezuela, A Democrática)
Mario Metaza (FPV – Argentina)
Maria Luisa Storani (União Cívica Radical – Argentina)
Gaston Harispe (FPV-PJ) – Peronista – Argentina.
Ricardo Canese (Frente Guasu – Paraguai)
Roberto Chiazzaro (Partido Socialista do Uruguai)
Daniel Caggiani (MPP – Uruguai)
Perpétua Almeida (PCdoB Brasil)
Frente a ruptura institucional do Estado Plurinacional da Bolívia, a Frente Ampla:
1 – Manifesta sua total condena ao golpe de Estado consumado na Bolívia por meio dos grupos opositores violentos, apesar do anúncio efetuado pelo presidente Evo Morales de chamar a um novo processo eleitoral a partir do informe que resultou da missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos.
2 – Rejeita os atos de violência e destruição de edifícios públicos, como também as ameaças e perseguição política a funcionários do governo boliviano e representações diplomáticas estrangeiras.
3 – Expressa a sua solidariedade com o irmão povo boliviano e exorta a respeitar a institucionalidade e a democracia, assim também como a defesa dos direitos humanos, o respeito à vida e à integridade das pessoas.
4- Manifesta o seu apoio à posição do governo uruguaio expressado no seu comunicado de prensa No 121/19.
5 – Faz um chamado urgente para que se realize um novo processo eleitoral garantindo uma saída pacífica e democrática, sem interferência estrangeira, onde o próprio povo boliviano possa escolher seu governo de acordo com sua Constituição, restabelecendo imediatamente a plena vigência do Estado de Direito.
Tradução: Letícia Ibaldo
O governo uruguaio manifesta sua consternação com o colapso do estado de direito produzido no Estado Plurinacional da Bolívia, que forçou o presidente Evo Morales a sair do poder e mergulhou o país no caos e na violência.
O Uruguai considera que não há argumento para que eles possam justificar esses atos, em especial tendo anunciado algumas horas antes o presidente Morales sua intenção de convocar novas eleições, com base no relatório produzido pela missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos.
O governo uruguaio faz um apelo urgente a todos os atores bolivianos para que cessem os atos de violência e que o processo eleitoral seja realizdo de acordo com as disposições da Constituição e das Leis do Estado Plurinacional da Bolívia, restaurando imediatamente o Estado Direito e respeitando plenamente os direitos humanos e civis de todos os habitantes e, em particular, a inviolabilidade das representações diplomáticas estrangeiras e de seus funcionários.
Há duas semanas das eleições presidenciais, imigrantes uruguaios recebem solidariedade brasileira para votar no país de origem
Depois de se livrar do atraso de uma das ditaduras militares mais atrozes do continente e de se tornar um modelo de reconstrução democrática, o Uruguai está em risco outra vez. As conquistas populares e os direitos sociais são os mais ameaçados pelo avanço da direita. Mas o alerta já soou em toda a América Latina, sobretudo no Sul do Brasil. Há duas semanas da eleição, as forças progressistas se mobilizam para angariar fundos e ajudar os imigrantes uruguaios espalhados pelo mundo a chegarem ao seu país de origem no dia do pleito presidencial, em 27 de outubro. O espírito da solidariedade latino-americana desperta principalmente os hermanos vizinhos da Argentina e Brasil, que não querem ver o Uruguai repetir a dolorosa experiência de retorno a um governo neofascista ou ultraliberal, como os de Bolsonaro e de Macri, cujos retrocessos podem significar um caminho sem volta.
Criação da Frente Ampla de Florianópolis, inspirada na experiência do Uruguai
Sem a possibilidade de participar do pleito votando no consulado ou por carta nos países onde residem, grande parte dos 300 mil uruguaios espalhados pelo mundo precisa de apoio financeiro para comparecer ao primeiro turno das eleições. Em Santa Catarina, região de fronteira, onde vivem aproximadamente 1.500 uruguaios, a mobilização para ampliar a vantagem do candidato da Frente Ampla do Uruguai, Daniel Martinez, assume um protagonismo nacional. Além de realizar festas para arrecadar recursos que serão todos aplicados no custeio do transporte de ônibus dos eleitores, as forças de resistência à onda conservadora abriram uma conta para depósitos com essa finalidade (203064-0, Banco do Brasil, agência 5255-8, em nome de Nelba Luz Moreno). Participam dessas iniciativas, sindicatos, partidos políticos e entidades ligadas à resistência latino-americana e a própria extensão da Frente Ampla em Florianópolis, para a qual todo voto pode fazer diferença nessa disputa decisiva não só para o Uruguai, mas para as lutas populares de todos os continentes.
A iniciativa mais promissora ocorre neste sábado, 12/10, Dia da Resistência Indígena, quando os apoiadores da Frente Ampla promovem a Festa América. Com a perspectiva de reunir 300 pessoas, a festa pretende arrecadar recursos para levar o maior número possível de uruguaios residentes em Santa Catarina às eleições. O evento ocorre das 12 às 22 horas, na famosa Associação Baiacu de Alguém, no Norte de Florianópolis, que realiza o carnaval mais autêntico e prestigiado da Ilha, em Santo Antônio de Lisboa, comunidade praieira de tradição açoriana. Os recursos até agora arrecadados são suficientes para contratar apenas um ônibus, conforme Ricardo Botana, da Frente Ampla do Uruguai em Floripa. Artista plástico e designer gráfico radicado na Ilha há 17 anos, Botana expõe na festa suas lâminas políticas, pinturas em nanquim com retratos e frases de Pepe Mujica, Lula, Eduardo Galeano, entre vários outros ícones da resistência internacional.
O Baiacú de Alguém vai animar a Festa América desde o meio-dia, com música latino-americana, incluindo candombe (corda de tambores) e outros ritmos como blues, rock, samba brasileiro. Gastronomia típica, com o churrasco choripan e cerveja integram o cardápio de atrações. Organizada pelo produtor cultural Nelson Brum Mota, a festa quer despertar o compromisso político apostando em uma confraternização de cunho artístico entre brasileiros e uruguaios. “Queremos criar um clima de fraternidade e incentivar as pessoas que não puderem comparecer ao evento a contribuírem com o que puderem depositar na conta em favor da democracia e dos direitos sociais no Uruguai”, enfatiza Mota.
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Em Porto Alegre, outra caravana formada por ônibus e carros de transporte coletivo e ainda de caronas solidárias está sendo organizada, com saída no dia 25 de outubro e retorno no dia 27. O objetivo é o mesmo: ajudar os uruguaios gaúchos progressistas a cumprirem a tarefa cívica de deter o avanço da direita no país. Na fronteira argentina, peronistas e outros camaradas também se agilizam para apoiar os uruguaios a comparecerem às urnas.
Pintura a nanquim do uruguaio Ricardo Botana
Muitos uruguaios migraram para o Brasil e para outros países da América Latina e da Europa durante as ditaduras sanguinárias que se revezaram no poder durante os anos 70 e 80 (1973-1984), sacrificando, sobretudo, os rebeldes do grupo Tupamaro, do qual fazia parte José Mujica. Após sucessivos governos tiranos, corruptos e entreguistas, marcados pela tortura, prisão, assassinato e desaparecimento de opositores, o Uruguai teve um longo processo de redemocratização que durou 20 anos. Só então, com a vitória da Frente Amplio nas eleições de 2004, seguiu-se o período mais pródigo de conquistas sociais, distribuição de renda e desenvolvimento cultural e econômico . A formação de esquerda e centro-esquerda assumiu o governo federal em três mandatos sucessivos: Tabaré Vásquez, de 2005 a 2010, foi sucedido pelo popularíssimo Pepe Mujica, de 2010 a 2015, e retornou para cumprir o mandato atual que se finda ao final deste ano.
Daniel Martinez, do Partido Socialista, que foi prefeito de Montevidéu, está perigosamente embolado com o candidato do Partido Nacional, Louis Lacalle Pou, que encabeça uma coalizão conservadora integrada por setores da ultradireita. Político de vida obscura, cuja fortuna milionária nunca foi explicada, e sem nenhuma experiência como dirigente público, Lacalle é investido pelo neoliberalismo da missão de cumprir a cartilha de arrocho do FMI, e está pronto para repetir o resultado desastroso de Macri, a ser amplamente reprovado nas eleições da Argentina, que ocorrem no mesmo dia 27 de outubro. Projeto que sofre também uma reprovação antecipada no Equador insurgente, que ameaça o mandato do traidor Lenín Moreno no primeiro ano de governo.
Um protótipo local da Frente Ampla, inspirado e respaldado na experiência uruguaia, reforça essas ações de socorro à democracia do país de fronteira. Formado pelos partidos de esquerda (PT, PSoL, PCdoB, PDT, PCB, PCO, Rede e IC), esse projeto de unidade pelos ideais democráticos foi lançado em 10 de maio, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, com a presença do presidente da FA, Javier Miranda. Uma nova Unidade contra o Autoritarismo ganhou reforço em 4 de outubro, em seminário na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, com a presença de líderes nacionais, como Gleisi Hoffmann (PT),Vanessa Graziotin (PCdoB), Talíria Petrone (PSoL), Edmilson Costa (PCB) e Manoel Dias (PDT).
Agora é hora de ajudar os companheiros que deram exemplo de resistência e ensinaram o continente a tornar factível a utopia da unidade. Grande parte da juventude uruguaia, na faixa dos 30 anos, cresceu sob a égide dos governos da Frente Ampla, sem sentir na pele o terror dos 12 anos de ditadura. Esses jovens, potencialmente eleitores de esquerda, percebem os benefícios de viver num país com distribuição de renda e garantia de políticas públicas como um direito natural. Não naturalizam, contudo, a estagnação econômica internacional, nem o desgaste próprio de uma força que se mantém há 15 anos no governo, conforme a explicação do analista político Katu Arkonada, em La Jornada, periódico de esquerda mexicano. Precisam despertar para os perigos do retorno ao passado, antes que precisem experimentá-lo, como os brasileiros o fazem agora amargamente.
Martínez, da Frente e Lacalle Pou, do Partido Nacional
Frente Amplio do Uruguai
Mujica, tenta transferir sua popularidade para salvar conquistas
Ameaça de retrocesso despertou apoio em todas as áreas de fronteira
País destruído por ditaduras sanguinárias é exemplo de reconstrução democrática
AZARÃO BOLSONARISTA E TUCANO URUGUAIO PODEM DEFINIR UM SEGUNDO TURNO
Num cenário semelhante ao Brasil pré-eleitoral, Louis Lacalle Pou se associa à bancada evangélica reacionária e à mídia, que atua como um partido político fazendo campanha dirigida aos 30% da população menos politizada dos indecisos. A bolsonarização das eleições também marca a disputa nas redes sociais, que virou território livre para a disseminação de fake news contra os governos de esquerda. Nas primárias presidenciais realizadas em 1º de julho, Lacalle chegou a abrir grande vantagem sobre Daniel Martinez, com 41,6% contra 23,6%, quadro que foi se revertendo com a reação das esquerdas reunidas pela Frente Ampla.
Alimentando uma fachada de direita moderada, o candidato que ameaça o processo de transformação iniciado em 2015 já acenou para uma perigosa aliança com o candidato extremista Guido Manini Ríos. Estagnado em 12% nas pesquisas, Manini é considerado uma versão de Bolsonaro, por quem declara forte admiração. Mesmo fora do páreo, o militar que defende os torturadores pode ser um azarão, se transferir seus votos para o candidato do Partido Nacional num mais que provável segundo turno entre Lacalle e Matínez.
Conforme as pesquisas divulgadas em 29 de setembro, no primeiro turno, a Frente Ampla vence em todas as pesquisas, com 30%, apenas 4 a 7 pontos de vantagem em cima do segundo colocado do Partido Nacional. Pesquisas mais recentes apontam uma vantagem entre 41% e 39% para Martínez, contra 23% de Lacalle. O perigo, contudo, mora no segundo turno, que deve ocorrer em novembro, uma vez que nenhuma agremiação superará os 50% da soma dos outros candidatos. Nesse caso, herdando os votos de Manini, somados aos de Ernesto Talvi, do Partido Colorado (uma versão uruguaia do PSDB), que tem cerca de 15% nas pesquisas, Lacalle poderia vencer com certa folga no bloco de direita rumo ao retrocesso.
A ameaça da onda conservadora no Uruguai sensibiliza particularmente a resistência internacional pela história de sofrimento político atravessado por seu povo, admirado pelo alto nível de politização e coragem no enfrentamento da ditadura. O carisma conquistado após a ascensão da Frente Ampla (Frente Amplio), especialmente com a eleição de Pepe Mujica em 2004, chegou a produzir um movimento migratório contrário. Até então era considerado o refúgio dos democratas que deixaram países como Argentina, Colômbia, Paraguai e mais recentemente o Brasil, após os golpes brancos que instalaram governos neofascistas ou neoliberais.
URUGUAI, ÀS VÉSPERAS DE DECIDIR UM FUTURO QUE PODE REPETIR O PASSADO
Muitos compatriotas que deixaram o Uruguai há 20, 30, 40 anos, têm retornado na última década. Isso em função de que vem sendo o país da América Latina que melhor leva sua situação econômica e financeira na convulsionada região à que pertencemos. Em três períodos consecutivos de governo de esquerda, a Frente Amplio do Uruguai tem conseguido elevar o nível de vida da população, melhorar substancialmente a economia e desenvolver políticas sociais que têm beneficiado os setores mais vulneráveis da sociedade.
Por Ricardo Botana*
É importante lembrar que a Frente Amplia chega ao poder, no ano 2005, com o país numa das crises mais agudas da sua história. Décadas de governos de direita, tinham deixado o país, nos primeiros anos deste século, numa situação catastrófica; com altíssimo níveis de pobreza, desemprego e desigualdade social, a economia péssima, a dívida externa imensa em relação ao paupérrimo Produto Interno Bruto daqueles tempos sombrios.
A partir do 2005, tudo mudou. Foram 15 anos de crescimento econômico ininterrompido (dados reais da Cepal e de outros organismos internacionais como o Banco Mundial, entre outros) confirmam que o país vem percorrendo o caminho certo.
Basta comparar os indicadores sociais e econômicos mais importantes entre os anos 2004 e 2019: nesse período, a pobreza no Uruguai caiu de 38% em 2004 para 8,9% hoje. A indigência (pobreza extrema) passou de 6% para 0,7%. No âmbito social, as políticas de benefícios para a população e os setores mais vulneráveis têm sido fundamentais na redução do índice de pobreza, à condição do menor da América Latina.
O salário mínimo alcançou um recorde histórico de majoração em 15.600 pesos uruguaios, que equivalem a R$ 1.700,00. Há 15 anos consecutivos, o S.M. uruguaio e as aposentadorias crescem acima do índice de inflação. Para citar outros resultados de políticas públicas, o sistema de saúde vem sendo exemplo na América Latina. Com a criação do novo Fonasa (Fundo Nacional de Saúde), o governo popular implementou um sistema integrado de saúde, no qual a totalidade da população tem direitos ilimitados em todo o país para fazer uso dos hospitais que empregam hoje a melhor tecnologia disponível no mundo. Os medicamentos são distribuídos gratuitamente para a população.
Pintura a nanquim de Ricardo Botana
Na educação, as melhorias começam pela implementação do “Plan Ceibal”. que outorgou, de forma gratuita, a absolutamente todas as crianças das escolas do país, um computador individual para estudar na escola e em suas casas. Outro plano implementou tratamento gratuito para toda criança com problemas de visão, o que inclui o fornecimento de óculos quando necessários. A Frente Ampla colocou em funcionamento uma quantidade enorme de novos centros de estudo, em nível escolar e universitário e elevou substancialmente os orçamentos anuais da educação, mantendo-os e curva crescente.
São também inúmeras as conquistas obtidas nesses últimos 15 anos em relação aos direitos das mulheres e população LGBT+, como legalização do aborto; matrimonio igualitário; ley trans (Ley N° 19684, que tem como objetivo assegurar os direitos das personas trans). Na área comportamental, a legalização da venda e distribuição da cannabis tem sido apontada como um avanço no mundo todo. (https://www.cepal.org/pt-br/publicacoes/tipo/estudios-perspectivas-oficina-la-cepal-montevideo)
Enfim, um país que vem crescendo ininterruptamente nos últimos 15 anos, mas cujo crescimento vem relacionado com a redistribuição de renda. Trata-se de um diferencial definidor em relação a outras economias do continente que também crescem, mas não repartem os dividendos na sociedade. Isso porque, para os governos desses países, a acumulação de riquezas continua sendo o objetivo final de todo superávit. É o caso do Chile, onde o crescimento também tem sido favorável nos últimos anos, mas a desigualdade social continua muito alta, sem que haja políticas sociais para os setores vulneráveis.
Hoje, após o transcurso histórico que resumi aqui, o povo uruguaio está prestes a definir, na eleição nacional do dia 27 de outubro, o país que vai querer para os próximos anos. Este que temos, onde o crescimento, as melhoras e as conquistas de direitos têm sido permanentes, ou retroceder ao pais de princípios do século, onde governava a direita, que nos levou à miséria, às graves injustiças e à ausência de perspectiva de futuro.
Sabemos como a direita vem avançando na região, impulsionada sempre pelos planos estratégicos do império… E não é o Uruguai que vai escapar dessa situação. Como em outros países, os partidos da direita uruguaia orquestram falsidades, mentiras, valendo-se das mídias sociais e do apoio incondicional dos países sob a liderança dos Estados Unidos, que atuam para que os interesses estrangeiros sejam privilegiados. Esses países conspiram para que a Frente Amplio saia do poder e assim eles possam voltar à condução do Uruguai para integrá-lo aos países da região que tornaram a cair nas garras do liberalismo extremo.
Nós, da Frente Amplia de Uruguai em Florianópolis, estamos trabalhando para fazer nossa parte e colaborar com a imprescindível tarefa de conscientizar compatriotas, de mostrar o caminho certo e de juntar a maior quantidade de votantes para manter o governo de esquerda no nosso pais. Infelizmente no Uruguai ainda não temos “voto consular”: a gente pode votar, mesmo morando fora, mas só viajando e votando lá no país de origem. Nesse contexto é que estamos realizando uma campanha de arrecadação de fundo, com o único objetivo de conseguir levar a maior quantidade de compatriotas ao sufrágio presidencial.
Neste sábado, 12 de outubro (das 12h às 22 h), realizamos um evento que chamamos “Festa América”, na “Associação Baiacu de Alguém”, em Santo Antônio de Lisboa. Música, Candombe, Gastronomia, Cerveja e muita fraternidade latino-americana para receber o povo progressista da Grande Florianópolis e ter a possibilidade de conseguir os recursos necessários para custear os ônibus de compatriotas para votar no dia 27 deste mês.
Os esperamos a todos/as…
Arriba los que luchan!!!
* Artista plástico uruguaio radicado no Brasil
Frente Amplio em Florianópolis
Secretário da Associação dos Uruguaios de Florianópolis (Asurflo)