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  • Juíza manda SKY parar de arregimentar trabalhadores para ato do VEM PRA RUA

    Juíza manda SKY parar de arregimentar trabalhadores para ato do VEM PRA RUA

     

     

    A Justiça do Trabalho deferiu na tarde desta terça-feira, 3, um pedido de Tutela de Urgência ajuizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Estado de Minas Gerais (Sinttel – MG) e a Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de Telecomunicações (Fitratelp – CUT) e determinou que as empresas SKY Brasil Serviços Ltda e SKY Serviços de Banda Larga Ltda devem se abster de arregimentar trabalhadores para participarem de protesto do Vem Pra Rua, convocado para esta tarde.

     

    A Juíza Titular da 9ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte ERICA APARECIDA PIRES BESSA afirmou que “a conduta da ré [Sky] revela-se anti-sindical, configura abuso exercício do poder diretivo e viola o direito à liberdade de expressão e de convicção política dos seus empregados”. Assim, decidiu que “a fim de resguardar a eficácia do exercício horizontal dos direitos fundamentais, notadamente a liberdade de expressão, defiro a tutela de urgência, e determino que a ré SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA. retire imediatamente de veiculação a circular de Id-84aa747, mencionada nesta decisão, e abstenha-se de praticar condutas de viés político na relação empregatícia, sob pena de multa diária de R$1.000,00 (um mil reais) por empregado com contrato vigente nesta data, porquanto diretamente atingidos pela sua conduta ilegal.”

    Notícia exclusiva publicada nesta segunda-feira pelos JORNALISTAS LIVRES, MOSTRAVA QUE A SKY veiculou um comunicado interno denominado “Amanhã, vamos sair às 16 horas”, recomendando aos funcionários, em todo o país, a participação –sem descontos no salário ou compensações– em manifestação do movimento “Vem Pra Rua” que, basicamente, sai às ruas a pedir a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

    Na Ação Popular, o Sinttel – MG e a Fitratelp – CUT destacam que a campanha tem “evidente natureza político-ideológica e fere a liberdade intelectual de convicção filosófica ou política, assegurada pela Constituição Federal em seu Art. 5º, inciso VIII, a todos os brasileiros”. “Fatores de produção ou a participação de trabalhadores não podem estar vinculados a diversidades ideológicas, opiniões ou convicções de empregados”, argumentam os sindicalistas.

    ABUSO DO PODER DIRETIVO

    Ainda de acordo com a juíza Érica Aparecida Pires Bessa, o procedimento da empresa revela verdadeira ingerência no exercício da cidadania por não assegurar as mesmas garantias aos trabalhadores com posicionamento ideológico ou político diverso ao movimento “Vem Pra Rua”. “Não se pode ignorar, ainda, que a medida assume maior gravidade ao ser perpetrada no âmbito da relação de emprego, na qual os empregados dependem financeiramente da ré, e retrata instrumento de coação a fim que adiram ao movimento social divulgado pelo empregador”, assinala a juíza.

     

    A decisão desta terça-feira não é a primeira em que empresas tentam convencer trabalhadores a participarem de movimentos políticos-ideológicos. Em março de 2016 o Habib’s também tentou utilizar dos bens de capital para induzir seus trabalhadores a participarem de um movimento que pedia o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Entretanto, assim como nesta terça-feira, a ação rápida dos sindicatos impediu a prática.

    Segundo Joao de Moura Neto, presidente da Fitratelp – CUT, “o empregador tem direito de participar da arena política como qualquer cidadão, inclusive por meio de suas entidades de classe, mas não pode abusar de seu poder econômico para tratar a classe trabalhadora como rebanho a ser conduzido aonde o patrão desejar. Ainda mais em um país que tem a despedida sem justa causa em seu ordenamento jurídico, o que concede poder imenso ao patronato”, explica.

    Para o advogado Maximiliano Nagl Garcez, da Advocacia Garcez, que representa os entes sindicais, é ilegal a atitude patronal de influenciar o trabalhador a participar ou não de uma manifestação de cunho político. “O trabalhador tem o direito de manifestar suas convicções políticas e ideológicas do modo que quiser, sem ser induzido pelo empregador quanto a tal aspecto”, diz.

    Outro profissional da Advocacia Garcez, Diego Bochnie, avalia que “a atitude da empresa em usar de seu poder empregatício para influenciar as convicções políticas e ideológicas dos trabalhadores é ato abusivo, que extrapola os limites do ‘jus variandi’ e que deve ser rechaçado pelo Poder Judiciário”.

    Felipe Vasconcellos, advogado na Advocacia Garcez e que também representa os trabalhadores, finaliza lembrando que a empresa “está tentando arregimentar trabalhadores de forma ilegal, pagando para que participem de manifestação política”. “Sem levar em considerar o caráter medieval de manifestação que pede o cárcere de alguém, o fato é que a empresa não pode se utilizar dos seus bens de capital como meio de pressão política. A prática é vedada pela legislação e, além disso, viola os princípios mais básicos de dignidade humana do trabalhador no local de trabalho, tentando transformá-los em mera mercadoria ou massa de manobra dos interesses da empresa”, conclui.

    Mais informações sobre o caso, clica aqui:

    https://jornalistaslivres.org/2018/04/fala-sky-explica-pra-gente-sky/

  • Polícia Militar de SP age com truculência contra petroleiros em greve e detém três pessoas

    Polícia Militar de SP age com truculência contra petroleiros em greve e detém três pessoas

    Nesta quinta-feira (5/11) a Federação Única dos Petroleiros — FUP entrou no quinto dia de greve e realizou ações por todo o país.

    Na região metropolitana de São Paulo, sindicalistas e movimentos sociais se mobilizaram em frente ao Terminal de São Caetano, por volta de 6h30. “Essa greve está marcada por uma repreensão muito forte”, lamentou Jairzinho, petroleiro aposentado, no 2º Distrito Policial de São Caetano. Ele se referia à truculência com a qual a Polícia Militar e a Gerência da Petrobrás estão levando a greve.

    8h

    Por volta das 8h da manhã, teve início um ato político pacífico em frente aos portões do Terminal. Lideranças sindicais, trabalhadores da base e movimentos sociais apoiadores da greve puderam fazer discursos contra o plano de desinvestimento da Petrobrás, pela garantia dos recursos dos royalties do pré-sal para a educação e a saúde e, principalmente, gritar contra a privatização da empresa. “Esse é um ato em defesa da Petrobrás, é um ato em defesa do patrimônio do povo”, alegava Auzelio, da FUP.

    Estavam presentes movimentos como MST — Movimento dos Trabalhadores Rurais de Terra, Levante Popular da Juventude, CUT — Central Única dos Trabalhadores, CSP — Conlutas, Marcha Mundial das Mulheres, Consulta Popular, MAB — Movimento dos Atingidos por Barragens, Sintaema — Sindicato dos Trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente do estado de São Paulo e SindiPetro do Estado de São Paulo.

    8h30

    Um micro-ônibus com trabalhadores concursados e terceirizados foi orientado pela gerência da Petrobras a forçar a entrada pelo piquete dos petroleiros.

    Os trabalhadores em greve, então, sentaram em frente à entrada de carros, junto com representantes dos movimentos sociais. Sentaram homens e mulheres, jovens, velhos e até crianças. Sentaram todos. E conforme o ônibus avançava e os policiais militares tentavam convencê-los a sair, o grupo entoava: “Resistir, Resistir, Resistir…!!”

    Para entender1 — As lideranças da FUP tinham acordado com a gerência que o portão de acesso a carros permaneceria fechado. Os trabalhadores que quisessem entrar no Terminal deveriam fazê-lo pelo portão de entrada de pedestres.

    Para entender2 — De acordo com os dirigentes do SindiPetro, o ônibus não poderia entrar no terminal independentemente do piquete. A razão: o motorista do micro-ônibus, terceirizado, não pode entrar dentro das dependências da Transpetro, pois não recebe adicional de insalubridade.

    8h45

    Os polícias começaram a tirar os grevistas e ativistas à força. Chegaram a carregar trabalhadores aposentados e a arrastar mulheres. A ação truculenta incluiu spray de pimenta, disparado pelos policiais contra grevistas e imprensa.

    No meio do tumulto, o primeiro trabalhador foi detido: Jair Ap. Campos, o Jairzinho, petroleiro aposentado e coordenador regional do DAES, Departamento de Aposentados da SindiPetro. De acordo com a PM, sua detenção foi causada por “depredação de patrimônio”.

    A repórter que aqui escreve, junto com outros comunicadores e ativistas, filmava a ação.

    8h48

    – “A senhora pode dar um passo para trás?”, enquanto me impedia de gravar a segunda detenção. Pedro de Almeida, petroleiro e militante do CSP — Conluntas, era detido de forma violenta por estar filmando a repressão.

    – “Estou trabalhando”, mostrei minha identificação de jornalista e não avancei o perímetro demarcado pelo cordão de policiais.

    – “Ah… está filmando? Então vai de testemunha!”

    Nesse momento tive meu celular – instrumento de trabalho – e documentos apreendidos. Eu não sabia, mas era a terceira detida.

    9h

    Orientados até aquele momento, Pedro e eu seguimos como testemunhas (pensávamos), e Jair como detido, para o 2º Distrito Policial de São Caetano.

    Entramos os três na viatura. No percurso, o policial que dirigia nos disse: — “Olha, queria deixar claro que não tenho nada contra vocês. Se eu pudesse também entraria em greve. Trabalhei na GM e era o primeiro a aderir à greve”.

    9h20 (ou próximo disso)

    Chegamos ao DP. Nossos celulares (os três aparelhos haviam sido tomados) foram devolvidos e aguardamos o advogado, que chegou em seguida. Após mais de uma hora de espera, nos entregaram o Boletim de Ocorrência para lermos e assinarmos.

    De acordo com o documento, os policiais teriam usado de “violência necessária”. O B.O. também informava que Jair havia sido detido por depredação, e que Pedro e eu fomos detidos “por desobediência”.

    Foi nesse momento que descobri que era a terceira detida.

    Formalizamos nosso desacordo com o documento e assinamos. O responsável pela ação da Polícia Militar foi o 1º Sargento Guide.

    11h30

    Após assinarmos o “Termo de Compromisso — Lei 9.099/95” fomos liberados. Saímos de lá com a orientação de retirar a cópia do Boletim de Ocorrência após 5 dias úteis, assim como de comparecer à audiência em juízo no mês de dezembro.

    Agradecimentos: à Federação Única dos Trabalhadores e ao SindiPetro, em especial ao advogado Francisco pelo acompanhamento e atenção!

    A FUP

    Lideranças da greve repudiam ação de utilizar força policial para subjulgar o trabalhador. Em nota, a FUP relatou “A Petrobrás recorre à força policial para tentar impedir os trabalhadores de exercerem o seu legítimo direito de greve. Ontem, a polícia foi truculenta com os dirigentes sindicais no ato do terminal de Guararema e há muitos outros relatos e denúncias de intimidações e agressões a petroleiros, nas mobilizações que acontecem por todo o país”.

    Não foi pontual

    A ação truculenta da Polícia Militar não foi pontual, na madrugada dessa segunda-feira (2/11), a polícia repreendeu violentamente e deteve o conselheiro e coordenador do Sindicato Deyvid Bacelar, o diretor da CUT-BA Agnaldo Cosme e o jornalista Wandaick Costa. Ontem também houve repressão violenta em Guararema.

    Antes mesmo da greve ter início, no dia 13 de outubro, a PM, em mais uma ação violenta, deteve diretores do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP).

    A greve

    De acordo com balanço da federação, divulgado ontem, 48 unidades marítimas aderiram a paralisação, sendo 30 completamente paradas, no norte fluminense. Na Bahia mais de 50% da produção está parada e 80% dos trabalhadores aderiram à greve.

    Os trabalhadores de Duque de Caxias também aderiam à paralisação, o carregamento de coque e a entrega de produtos químicos estão parados. No Rio Grande do Norte são 13 unidades paradas, afetando 50% da produção de óleo.

    No Ceará a greve teve impacto na produção de 87% do óleo e de 94% do gás. No Espírito Santo, 100% dos trabalhadores das plataformas aderiram à greve.

    São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Amazônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná também seguem com paralisações e redução de produção.