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  • O caminho de volta da democracia e a esperança renasce no Nordeste

    O caminho de volta da democracia e a esperança renasce no Nordeste

    A Caravana de Lula pelo Nordeste terminou. O ex-presidente de 71 anos, viajou durante 20 dias, por 9 Estados, passando por 25 cidades. Talvez por isso, somados aos indicativos positivos de Lula para a sucessão presidencial em 2018, os veículos das mídias tradicionais só tenham se preocupado em noticiar em seus “balanços” que Lula fez uma campanha eleitoral antecipada.

    Falaram da ressuscitação de jingles de campanhas do passado, dos discursos da ex-presidente Dilma Rousseff, da condenação, de Moro e até fotos onde o ex-presidente aparece sendo tocado pelas pessoas foram criticadas de maneira maldosa.

    Bobagem.

    Mas o significado de uma Caravana como essa, realizada por um dos maiores líderes políticos da América Latina, foi completamente esquecido. A palavra que representa em sua totalidade de simbolismo essa grande viagem é POVO.

    Que culpa tem Lula de ter tirado 30 milhões de brasileiros da extrema pobreza e ser amado pelos sertões mais profundos do país? Lula fez sua obrigação enquanto foi presidente. Ou será que deveria ter tomado como base a atitude dos oligopólios da imprensa e esquecer o povo? Teria ele conseguido qualquer progresso para os mais pobres sem se render ao modelo de coalizão que vigora no Brasil há décadas?

    O povo é um capítulo que merece acolhimento especial neste texto e nos nossos projetos para o futuro.

    Essa grandiosa viagem mostra, de diversas maneiras, que é hora de fazer o caminho de volta.
    É o momento de nos agarrarmos na esperança do povo que recebeu o líder em cada uma das cidades por onde a Caravana passou.

    O encerramento em São Luís, Maranhão foi espetacular.

    No trajeto pela capital, até o Centro Histórico da cidade, onde a turnê de Lula foi encerrada, nos fortalecemos com as centenas olhares de esperança que vimos.

    Imaginem um povo com o rosto triturado pelo sol dos mais de 30 graus que são normais naquele Estado. A maioria deles são de mulheres, gente sertaneja, roceira, com a cara do verdadeiro povo brasileiro. Indígenas, negros e muitos quilombolas. Gente que voltou a sorrir e chorar de alegria nessa terça, 5 de agosto de 2017.

    Quando Lula pisou no palco, o rosto de cada um deles ficou mais iluminado por sorrisos verdadeiros. “São milhões de Lulas povoando esse Brasil” ecoava um dos jingles.

     

    Esses milhões de Lulas que povoam o Brasil, foram a causa, por exemplo, da queda da presidente Dilma. Esse povo incomoda. É pobre e negro trazendo histórias de ascensão a universidades, de acesso a aeroportos, e até de frequência a restaurantes de classe média, essas são algumas das verdadeiras causa que afrontam os patrocinadores do golpe que o país levou, mas, que pela maneira como os fatos diários se traçam, ainda não está completo. Os indicativos de que a direita mais fervorosa do Brasil deseja uma eleição sem Lula, ficam cada vez mais evidentes.

    Ainda assim, o povo do Nordeste não desanima. E no Maranhão não é diferente. Lá, além da riqueza cultural e do patrimônio histórico, eles ainda têm Flávio Dino, o governador do PC do B, que apesar de ser um jurista, e pensando que no campo do Direito tudo é muito erudito, tem conseguido, de maneira brilhante, dialogar e implementar políticas públicas para os que mais precisam.

    Durante o ato, o governador fez questão de reverenciar Lula, mas não deixou o povo do Nordeste e do Maranhão de lado. “Quem construiu as riquezas de São Luís? Quem construiu esses palácios? Quem construiu as riquezas do país? Foram os negros,os índios e o povo mais pobre do país,” Dino lembrou que ainda assim, estranhamente, se desenvolveu o ódio das elites brasileiras aos pobres no Brasil. “O Brasil é racista sim, é obscenamente desigual”, desabafou o governador.

    Racismo e desigualdade que ficam evidentes em um exemplo: até o governo de Dino chegar, o nome de Negro Cosme, líder negro de uma das maiores revoltas populares ocorridas no país, a Balaiada*, era suprimido da cidade. A família coronelista de Sarney, que dominou por anos o Maranhão, homenageou muita gente com diversos monumentos, mas nunca pensou num representante do verdadeiro povo do Brasil. Mas agora, no próximo dia 8 de setembro, será inaugurada uma praça com o nome de Negro Cosme.

    Lula é apenas uma ideia

    O ex-presidente é sempre muito aplaudido quando lembra das políticas públicas realizadas em seus governos. Mas, a Caravana foi um momento forte, do ponto de vista sentimental e, por isso, mexeu fraternalmente com o coração de quem participou dessa ação histórica.

    Para os Jornalistas Livres de São Paulo, os momentos de emoção foram inúmeros. Lula nos fez rir e chorar diversas vezes. Mas, o povo é um capítulo pra ser contado com detalhes em livros. Recebemos lições sobre a verdadeira luta por uma vida digna dentro dos lugares mais longínquos do Brasil. A cada parada, era olho no olho e uma nova história.

    Lula lembrou do jargão de Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos: “Yes, we can” (sim, nós podemos). “A frase de Obama pode ser nossa. Queremos morar na Casa Grande a não mais na Senzala”, sustentou o ex-presidente.

     

    Lula é como ele mesmo se descreveu: “apenas uma ideia”, de que o povo pode, a ideia de que povo merece e quer viver bem.

    A burguesia do Brasil que se prepare pois esse senhor de 71 anos está mais vivo e forte do que nunca e quer muito voltar a governar o país. “Eles que se cuidem, pois vamos voltar a governar esse país e vamos juntos recuperar o Brasil para os brasileiros e fazer o povo voltar a ser feliz”, finalizou o ex-presidente.

    *A Balaiada foi uma reação e uma luta dos por escravos e sertanejos maranhenses contra injustiças praticadas por elites políticas e contra as desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do século XIX.

  • Ocupação de SEMED em São Luís denuncia atrocidades contra estudantes e professores

    Ocupação de SEMED em São Luís denuncia atrocidades contra estudantes e professores

    A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de São Luís, Maranhão, está ocupada desde quinta (24/08/17) por professores da rede. O prédio fica no centro da cidade e passa a ser a morada dos ocupantes enquanto o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) se recusar a atende-los, prometem os professores. No total, 250 professores participam da ocupação e, em esquema de revezamento, cerca de 58 dormem todos os dias no prédio.

    O movimento de ocupação aconteceu como resposta a uma agressão ao professor Cleison Cardoso, durante uma marcha realizada pelos professores em frente à secretaria. O ato seguia pacífico, saindo da Praça da Igreja São Francisco e chegou na frente da SEMED por volta das 09:00h. Cleison, que estava dentro do prédio, foi impedido de sair por um dos seguranças. Após a tensão, o docente conseguiu abrir o portão, mas foi perseguido pelos agentes e acabou sendo fortemente agredido. Outros professores que acompanharam a cena do lado de fora, resolveram abandonar o plano inicial de darem um “abraço” simbólico no prédio, e em solidariedade ao colega, decidiram então, ocupar a SEMED.

    A reação também está ligada à recepção que o prefeito deu a uma outra marcha dos professores alguns dias antes. Na quinta-feira anterior (17/08) os educadores haviam realizado um ato em frente à prefeitura para tentar uma conversa, mas foram recebidos de portas fechadas e grades que impediam a aproximação ao prédio. A reportagem presenciou que a prefeitura permaneceu cercada, pelo menos, até domingo (27/08).

    As principais reivindicações dos professores são relacionadas às condições das escolas. As denúncias de abandono com a infraestrutura dos prédios são diversas. O professor Cleison de História, da UEB (Unidade de Educação Básica) Dom Delgado, Vila Cascavel, conta que

    “lecionar no ensino público municipal é um grande sofrimento e batalha, porque nós temos uma situação de sucateamento das escolas que tem somente as paredes, mas internamente não possuem infraestrutura tão pouco estrutura pedagógica.”

    Cleison conta ainda que “a situação é semelhante em quase todas as escolas e há algumas piores do que outras salas de aula que pegaram fogo e até agora não foram reformadas, outras tiveram telhados desabando sobre professores e alunos, há uma grande diferença entre a propaganda da prefeitura e realidade da refeição servida, por exemplo.”

    Já a professora Elisabeth Ribeiro Castelo Branco, presidente do sindicato dos profissionais do Magistério de São Luís, conta que a ocupação, além de demonstrar a solidariedade com o professor agredido, virou uma forma de esquentarem pautas que estão esquecidas desde 2013 pela Prefeitura. Ela relembra que em 2014 houve outra ocupação de professores, na prefeitura, para conseguir negociar com o prefeito

    “As promessas conseguidas com essa ocupação [de 2014] foram a reforma de 54 escolas e mais 2,9% de reajuste para os professores. As condições parecem não ter melhorado, pois já em 2017 tivemos uma escola que caiu telhado, parede e um professor foi machucado com uma lâmpada que despencou em sua cabeça.”

    Ela acrescenta mais reinvindicações como a entrega de 25 creches, a construção de quadras esportivas nas escolas, a melhora da infraestrutura, da merenda escolar e do sistema de transporte escolar.

    Elisabeth conta que os problemas com a infraestrutura são os mais preocupantes, Há escolas com apenas 1 banheiro por unidade, sem dizer que quase 30 unidades ainda não começaram o ano letivo, pois os pais são críticos à infraestrutura e qualidade da escola. Sobre a construção das creches a professora afirma que a cidade recebeu repasses federais, mas que as obras não foram sequer iniciadas.

  • Seminário no MA discute comunicação pública

    Seminário no MA discute comunicação pública

    Em São Luís, MA, uma das discussões mais importantes da política nacional toma espaço. No seminário “Os Desafios da Comunicação nas Administrações Públicas”, organizado pelo Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, nos dias 25 e 26 de agosto coloca em pauta os erros e acertos dos governos progressistas ao buscarem, no exercer de seus mandatos, os caminhos de uma comunicação que consiga quebrar a influência da grande mídia.

    O encontro junta além de pesos pesados da política blogueiros e jornalistas como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães, Renato Rovai entre outros.

     

    Seminário Os Desafios da Comunicação nas Administrações Públicas.
    Flávio Dino, Clécio Luís e Edmilson Rodrigues na mesa de apresentação do evento

     

    A questão da Mídia

    A primeira mesa iniciou o debate com importantes políticos do campo progressista que compartilharam suas experiências e como suas gestões enfrentaram e enfrentam a questão da comunicação. A mesa contava com Flávio Dino (PCdoB) governador do Maranhão, Fernando Haddad (PT) ex-prefeito de São Paulo, Clécio Luís (Rede) prefeito de Macapá e Edmilson Rodrigues (Psol) deputado federal a mesa era diversa no espectro político.

    “Estamos aqui por que somos amantes da liberdade de imprensa e se assim somos, queremos a regulação da mídia”.

    O ex-prefeito de São Paulo declarou que acha necessário compreender que a propriedade dos meios de comunicação não pode ser centralizada e, acima de tudo, deve-se defender a liberdade de expressão da imprensa. Haddad ainda relembrou de uma ação judicial movida pela associação nacional de jornais contra veículos estrangeiros como, por exemplo, o Intercept e o El País e outros, que se distanciam da narrativa dos grandes meios de comunicação nacional e narram o golpe que o país vem sofrendo desde seu início em 2015.

    “Muita gente vai em busca de boa informação crítica nesse país e essa ação no STF pede que eles sejam extintos”

    declarou o ex-prefeito. O problema dos incomodados é que os investimentos, sede e ações desses jornais são no exterior, então, essa é a desculpa para que poderosos realizem um verdadeiro monopólio da agenda política nacional.

    Para o governador do Maranhão, Flavio Dino (PC do B), é necessário reconhecer que sofremos a incidência prática dos fenômenos da comunicação. E essa influência se acirra em alguns momentos. Dino apresentou um estudo que chamou de “Manchetômetro”, baseado na veiculação de notícias de um jornal fundado por Sarney (O Estado do Maranhão), para demonstrar com dados essa incidência e a forma diferenciada de tratamento que a mídia hegemônica dá para a esquerda e a Direita. Nessa disputa mediática os malditos são sempre a esquerda, o PT, o PC do B, o PSOL.

    Ele mostra que em 2014 com o governo da fila de Sarney, Roseana as manchetes positivas era 66%, as negativas 5% e as neutras somavam 29%. Já em 2015, com a entrada de Dino, o cenário virou de ponta cabeça. As manchetes positivas somaram apenas 8%, as negativas subiram assustadoramente e ficaram com 53%, já as neutras conseguiram 39%. Agora em 2017, a coisa só piora. Dino têm 62% de manchetes negativas.

    A mesa de apresentação

     

     

    O prefeito de Macapá, Clécio Luis (REDE) fez um relato fiel sobre sua experiência de comunicação no governo. O desafio foi uma criar uma política de comunicação com base popular nos governos estadual e municipal. Clécio acredita que é preciso “ter sempre uma verdade

    pra comunicar, ter um serviço de interesse publico e a responsabilização pelo cuidado com a cidade.” O povo sofre com a falta de representatividade na política e quando o prefeito diz que é preciso ter “responsabilização pelo cuidado com a cidade”, a população é informada sobre quem deve procurar e cobrar caso suas necessidades não sejam atendidas. ë comunicação direta, é posicionamento claro sobre o que está sendo feito, é o avesso da preguiça da anti-política.

     

    Edmilson Rodrigues também lembrou de sua experiência como ex-prefeito de Belém, na qual implementou radios populares na cidade, mas com grande diferencial de outras experiências, as rádios ficavam sob controle da população local e tratava dos problemas do cotidiano. Para ele o foco da comunicação de esquerda tem que ser na construção de um discurso contra hegemónico sem ser pautado pela grande mídia e sim pelas necessidades do público.