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  • Toffoli reconduz Ricardo Melo à presidência da EBC. Decisão é temporária.

    Toffoli reconduz Ricardo Melo à presidência da EBC. Decisão é temporária.

    Na manhã desta quinta (2), o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Tóffoli reconduziu o jornalista Ricardo Melo à presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A decisão suspende a nomeação de Laerte Rimoli pelo presidente interino Michel Temer. O presidente em exercício ignorou a lei 11.652/2008, que autoriza a criação da EBC, e garante mandato de quatro anos a seu presidente, independentemente de troca de governo.

    A ação faz parte do mandado de segurança impetrado por Melo para garantir o cumprimento do exercício do cargo. A decisão diz “suspender o ato impugnado, até decisão final do presente mandado de segurança, garantindo-se ao Impetrante o exercício do mandato no cargo de Diretor-Presidente da EBC. Notifique-se a autoridade coatora para que preste as informações no prazo de lei. Após, voltem-me os autos conclusos, para apreciação da petição nº 26797/2016.”

    Ricardo Melo. Foto: Agência Brasil.
    Ricardo Melo. Foto: Agência Brasil.

    A nomeação de Rimoli foi um ato arbitrário do presidente interino, Michel Temer, no dia 20 de maio. A decisão causou indignação e revolta entre funcionários e servidores da empresa de comunicação pública e reações de seu conselho, com manifestações em diversos dias e locais. A sociedade civil também se manifestou.

    Na ocasião, em nota, o Conselho Curador e a Diretoria Executiva da EBC afirmaram: “Ao longo do intenso debate público que levou à criação da EBC, firmou-se a concepção de que o diretor-presidente deveria ter mandato fixo, não coincidente com os mandatos de Presidentes da República, para assegurar a independência dos canais públicos, tal como ocorre nos sistemas de radiodifusão pública de outros países democráticos”, diz a nota. “A exoneração do diretor-presidente da EBC antes do término do atual mandato viola um ato jurídico perfeito, princípio fundamental do Estado de Direito, bem como um dos princípios específicos da Radiodifusão Pública, relacionado com sua autonomia em relação ao Governo Federal.”

    Em poucos dias no cargo, Rimoli demitiu cerca de 50 pessoas, fez mudanças radicais na grade de programação (extinguiu três programas) e proibiu o uso do termo “presidenta”, um pedido de Dilma Rousseff cujo uso é correto na língua Portuguesa.

    Segundo o manual de redação da EBC, construído coletivamente e em consulta pública, a importância da comunicação pública e sua defesa devem ser superiores aos interesses político-partidários.

  • Trabalhadores da EBC protestam contra medidas arbitrárias

    Trabalhadores da EBC protestam contra medidas arbitrárias

    Por Gioconda Bretas e Dayanne Holanda, de Brasília, especial para Jornalistas Livres

    Nesta sexta-feira (20), foi publicada no Diário Oficial da União nomeação do jornalista Laerte Rimoli como presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A atitude do presidente interino Michel Temer é uma arbitrariedade, uma vez que o jornalista Ricardo Melo, presidente da EBC até ontem (19), teria mandato de quatro anos, garantido pela lei que criou a EBC.

    Rimoli assumiu a empresa dizendo que estava devolvendo a EBC à sociedade, sugerindo que a organização estivesse aparelhada pelo governo de Dilma Rousseff. “Nós vamos devolver esta empresa para a sociedade brasileira e vamos fazer o básico, que é jornalismo. Jornalismo como nós todos conhecemos, arroz com feijão. A empresa não pode servir a outros propósitos que não seja o propósito da informação”, disse Rimoli.

    Laerte Rimoli era assessor da secretaria de comunicação na Câmara dos Deputados – e portanto trabalhava muito próximo a Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara – e também coordenou a equipe de comunicação da campanha de Aécio Neves à Presidência, em 2014.

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    Trabalhadores e trabalhadoras da EBC protestaram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “O papel dos veículos de comunicação pública é dar voz aos seguimentos que não encontram voz nos veículos de comunicação privada”, explicou Rita Freire, presidenta do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação. “O conselho curador está aguardando posição da Justiça, estamos numa situação atípica de uma exoneração questionada no Supremo e uma nomeação no Diário Oficial que ja está na empresa, assumindo a gestão, tomando medidas. Essa situação é de um impacto muito grande para a vida dos trabalhadores da EBC”, alerta.

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    A EBC teve construção participativa e está baseada na lei Lei 11.652/2008, que garante mandato de quatro anos a seus presidentes, indicados pelo Presidente da República. O conselho da EBC tem justamente o papel de preservar a independência da produção editorial de ingerências dos governos. Não nomeia, mas pode indicar a saída de presidentes que não seguirem as diretrizes da empresa. Agora, o governo interino de Temer pode extinguir também o conselho curador da instituição.

    “A EBC é um espaço que mostra o Brasil da forma que ele é”, diz uma editora da EBC que não quis se identificar. “A gente tem um receio muito grande de que todo esse projeto que construímos desde a publicação da lei seja extinto ou muito prejudicado.”

    Em São Paulo, a censura já começou: a transmissão ao vivo da Virada Cultural, que acontece a partir desta sexta-feira (20) e é realizada pela Prefeitura de SP, foi cancelada na tarde de hoje, assim como toda a cobertura do evento.