Jornalistas Livres

Tag: reunião ministerial

  • Reunião ministerial ou sindicato do crime? A Ditadura camuflada

    Reunião ministerial ou sindicato do crime? A Ditadura camuflada

    Por Humberto Mesquita*

    A reunião ministerial do dia 22 de abril, que veio a lume nesta sexta (22/5), não trouxe novidades sobre o Poderoso Chefão. Tudo o que ele disse ali já faz parte, há muito tempo, do seu repertório. É uma figura problemática que criou e chefia o gabinete do ódio e, todos os dias verbaliza impropérios, que desrespeita as instituições, homenageia torturadores e se sente senhor absoluto da verdade. Com ele tudo se amplia na escuridão das trevas.

    Era uma reunião para discutir o Brasil. Foi uma reunião para destruir o Brasil.

    Ninguém se preocupou com a pandemia. Muito pelo contrário, usou-se o desespero que causa o vírus e o foco da imprensa nesse assunto, para articular todo tipo de arbitrariedades.

    O BolsoCorleone, todos nós já conhecíamos pelo seu passado e pelo seu presente. Mas essa reunião serviu para mostrar toda a gangue, da qual fazia parte também o ministro que foi demitido.

    Aliás, a incompetência de Sérgio Moro se mostrou mais uma vez. Ele quis atingir o seu ex-chefe e lhe deu, como alguém já disse, a melhor peça publicitária. A denúncia do Marreco de Maringá não vai dar em nada, porque ela é vazia, como vazia é a cabeça do seu autor. Ele nunca foi bom de provas e com ajuda da Globo procurou um palco para se projetar. Mas vai morrer no esquecimento –mesmo com a ajuda da emissora que precisa fazer dele um novo mito.

    A bomba de efeito devastador me parece ser o empresário Paulo Marinho, que conhece com detalhes toda a trajetória da família do Bozo, e suas possíveis ligações com a Milícia.

    Reunião ministerial minúscula

    Mas voltemos ao circo de 22 de abril, a reunião que desmascarou o ministério mais minúsculo que eu conheci em toda minha trajetória jornalística.

    Guedes, “o melhor ministro”, segundo o Capo di tutti capi (“chefe de todos os chefes”, em italiano), disse que era a grande oportunidade para vender o Banco do Brasil.

    O cara que cuida da educação metralhou o STF chamando seus membros de “vagabundos que deveriam ser presos”.

    O do Turismo defendeu a abertura de cassinos, quem sabe, em Fernando de Noronha.

    Aquela que viu Cristo num pé de goiabeira disse que iria mandar prender governadores e prefeitos.

    O responsável pelo meio ambiente, foi além dos limites e deu um conselho ao chefão: aproveitar a preocupação da imprensa com o corona, e “vamos passando tudo, aprovando tudo do nosso interesse”. Mudar as regras enquanto a atenção da mídia está voltada para a Covid-19. Na moita, como fazem ladrões de carteirinha.

    O chefe concorda com tudo e no entusiasmo do momento propugna armar o povo, certamente com armas dos seus amigos da Taurus.

    Uma grande palhaçada, concordam os esclarecidos. Mas isso não acrescenta nada, a não ser a nossa certeza de que existe uma enorme corrente no Congresso, no Judiciário, na sociedades civil e no povo em geral que recua ante as agressões diárias que sofre a nossa Democracia.

    E os militares de pijama e alguns outros da ativa estão de olho nessa “boquinha” generosa. Já tem mais de trezentos mamando nas tetas da República.

    E qual é a solução perguntam em voz trêmula os amedrontados brasileiros ? Vamos torcer pelo Joe Biden. De lá do Hemisfério Norte vêm sempre as decisões para golpear ou para destruir as ditaduras no Brasil. Foi assim no passado e continuará sendo agora.

     

    *Humberto Mesquita é jornalista e escritor, repórter e apresentador de debates na TV.

     

    Leia mais de Humberto Mesquita, nos Jornalistas Livres:

    URGENTE: Por uma Frente Ampla para evitar que Bolsonaro nos leve para o abismo

     

  • Rudá Ricci: Uma reunião em meio ao caos

    Rudá Ricci: Uma reunião em meio ao caos

    Por: Rudá Ricci

    Vamos decompor o cenário.
    Trata-se de uma reunião ministerial de um governo frágil, sem rigor, sem rumo, absolutamente ideologizado, num momento em que começava a perder musculatura, em meio à maior tempestade perfeita deste século. O que se poderia esperar? Racionalidade? Bons modos? Alguma sacada inteligente?

    O vídeo revela o que já se sabe deste desgoverno: falas muito abaixo da mediocridade que, como sabemos, significa ser mediano ou estar na média do pensamento mundano.

    Acuados, os discursos do chefe e seus chefiados são uma espécie de enredo do Monty Python sem qualquer humor. Nonsense com projeção de um mundo paralelo em que tentam demonstrar alguma força que, dado o teor da fala e as ênfases exageradas da forma, revelam mais que a canela. O que se poderia esperar? É gente frágil, marginal em suas áreas de atuação. Quem é Paulo Guedes no mundo da economia? Damares no mundo dos direitos sociais e até no mundo religioso? Quem é Bolsonaro no mundo militar ou no mundo político? Todos se forjaram nas margens do mundo real.

    Bolsonaro não desejava que este vídeo de filme B viesse à público. Vai saber o que o levou a temer. Afinal, o que aconteceu naquela reunião não foge das escatologias de Araújos, Guedes, Weintraubs e Bolsonaros. O fato é que ele perdeu mais esta queda de braço. Talvez, num relance de vergonha, os atores mambembes decidiram aceitar o truco. Alguns apostaram ainda mais no nonsense e na absoluta falta de respeito à investidura de seu cargo. Jogaram como jogadores de porrinha realizado no bar copo sujo da esquina. Suados, camisas abertas até o peito, uma leve baba no canto da boca, decidiram fazer mais uma bravata. Afinal, de bravata em bravata, não se chega a lugar algum e, assim, se anda em círculos eternamente até que a Divina Providência dê um basta.

    Já o exército de robôs decidiu fazer alguma coisa que prestasse politicamente. Já escrevi muitas vezes que na política contemporânea, a versão vale mais que o fato. A reunião-circo não renderá nota de rodapé nos livros de história.

    Mas, pensou alguém que se acha sagaz: “e se disseminarmos que o vídeo reelegerá Bolsonaro?”. Essa indagação não faria sentido em nenhum lugar normal. Mas, o Brasil, há tempos, deixou de ser normal. A deputada mais-ou-menos, já espinafrada pelo ex-ministro, decide postar no Twitter um agradecimento à Moro pela divulgação do vídeo. Interessante que o chefe mor não queria a divulgação. Mas, quando se trata de versão, isso não interessa. Um ou outro do grupo fanático que representa um traço em termos de total da população brasileira, foi na onda.

    Então, adivinhem quem cai nesta armadilha de gente que faz aquele tipo de reunião? Parte da militância de esquerda. Como patinhos amarelinhos que Gugu e FIESP tanto criam e cultuam, esta parcela da esquerda tupiniquim – que um dia foi intelectualizada – cai rolando na sala e tenta dar saltinho para ficar em pé logo em seguida. Já tinha caído na tal brincadeira infantil de Bolsonaro com a tal Tubaína (que, cá entre nós, acho uma delícia). Tentaram cavar alguma mensagem cifrada para… para… para o que, mesmo? Para se revelarem sem nenhum dom para o jogo político. No passado, se dizia que gafe política desta natureza era “passar recibo”, ou seja, dar um valor ao adversário que ele não merecia.

    Acredito que este infantilismo tem relação com a lógica da esquerda “parlamentarizada”, aquela que fala grosso e age com medo. Até entendo que tem sentido dar volume para o adversário para não ficar tão feio a derrota de 2018. Afinal, o que vão dizer para os netinhos? “Perdemos para um desqualificado que comandava uma reunião ministerial como se estivesse no Country Club num domingo modorrento depois de tomar um engradado de cerveja?”.

    O ideal teria sido a esquerda deixar esta briga entre STF e o fantástico estrategista Jair.

    Mas, vejamos em perspectiva para avaliar a importância deste vídeo.

    Acabamos de ultrapassar 21 mil mortes pela Covid-19. Estamos com 12,5 milhões de desempregados. Queda de renda em 80% das famílias que residem em favelas. Queda de arrecadação entre 25% e 30% até aqui. Queda do PIB. 75% das indústrias do setor automobilístico paradas ou semiparalisadas.

    Esta é a foto do momento. Qual o filme? O filme que entrará em cartaz em novembro ou dezembro tem como personagens queda de 7% do PIB e 20 milhões de desempregados. Mais de 90 mil mortos por Covid19.
    Então, pensemos um pouco.
    Alguns psicólogos sugerem que quando estamos em meio à uma situação muito desagradável, para podermos medir de fato o tamanho deste problema, basta projetarmos alguns anos à frente. Se o problema reaparecer é porque é realmente grave. Caso contrário, é passageiro.

    Pensemos no final deste ano. Esta reunião-circo terá qual importância em meio à catástrofe econômica, social e sanitária? O morador de rua, o trabalhador autônomo, o morador de favela, o microempresário, o vendedor ambulante, estarão preocupados com a reunião-circo ou com a sua falência, a fome, a destruição de seus sonhos e expectativas, a degradação social batendo à porta de sua família?

    A reunião-circo está no mesmo patamar que a postagem do vídeo do Golden Shower no carnaval passado. Uma vergonha. Há, com efeito, elementos que podem gerar a prisão e cassação do cargo de vários presentes naquele teatro de bolso. Mas, é nisso que temos que insistir? Nessa pauta?
    Não. Temos muita coisa mais importante para fazer. Temos que reconstruir este país. Dar um mínimo de segurança para os mais vulneráveis.

    Temos que mostrar porque a extrema-direita sempre se apresenta como um rato que ruge. E como é a esquerda que sempre salva o mundo. Afinal, a extrema-direita não sabe nem organizar uma reunião ministerial que tenha começo, meio e fim, que tenha algum respeito e seriedade. Então, como alguém em sã consciência pode imaginar que sabem governar a 8ª economia mundial construída com seriedade e suor de mais de 200 milhões de habitantes?

  • Confira a íntegra da reunião ministerial em que Bolsonaro perde a linha

    Confira a íntegra da reunião ministerial em que Bolsonaro perde a linha

    O Viomundo publicou e o Jornalistas Livres divulga abaixo a íntegra da reunião ministerial que foi divulgada nesta sexta-feira, 22, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello. No vídeo, o presidente Jair Bolsonaro usa palavrões ofensivos e xingamentos direcionados a inimigos políticos e até em diálogo com auxiliares. Ministros da ala raivosa, como o da Educação, Abraham Weintraub, e a da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, usam o mesmo tom violento e defendem prisão de governadores, prefeitos e de ministros da Suprema Corte da Justiça brasileira. Entenda em resumo publicado pelo JL aqui no site.

    Abaixo, publicamos a íntegra da reunião, registrada no Lauro de Perícia Criminal Federal feito pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, órgão que também é alvo de Bolsonaro durante a reunião.

     

    https://www.slideshare.net/lcazenha/reunio-234482244?ref=https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/leia-a-integra-da-reuniao-de-22-de-abril-em-que-weintraub-pediu-prisao-de-vagabundos-do-stf.html

  • Em reunião com ministros, Bolsonaro xinga, xinga, xinga e fala de hemorroidas

    Em reunião com ministros, Bolsonaro xinga, xinga, xinga e fala de hemorroidas

    O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) partiu para a baixaria e promoveu uma chuva de xingamentos, palavrões e ofensas pessoais em reunião ministerial do dia 22 de abril, que teve vídeo divulgado nesta sexta-feira, exatamente um mês após o evento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

    Os vídeos divulgados pelo ministro decano do Supremo, Celso de Mello, mostraram uma série de trechos em que Bolsonaro apresenta postura desrespeitosa e imoral, incompatível com o cargo da Presidência da República.

    Palavrões e expressões ofensivas como “estrume”, “bosta”, “filho da puta”, “foder”, “merda”, “puta que pariu”, entre outros xingamentos, foram usados pelo chefe do Poder Executivo brasileiro para se referir a inimigos e até em direção a auxiliares da sua equipe ministerial.

    A baixaria protagonizada pelo presidente não para por aí. Ele recebe apoio de ministros para os absurdos que foram ditos. Aliados como a ministra da Mulher, da Família e do Direitos Humanos Damares Alves defenderam “prender governadores e prefeitos” que não apoiam medidas de exposição da população ao vírus, defendida por Bolsonaro.

    O próprio presidente, por sua vez, orientou o ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro a “armar a população” – medida que aumentaria ainda mais a violência urbana, segundo especialistas, e que contribuiria para que milícias agisse em caso de um impeachment contra Bolsonaro no Congresso Nacional.

    Bolsonaro ainda exigiu interferências na Polícia Federal para impedir investigações que caminhavam para incriminar seu filho Carlos Bolsonaro, principal líder de uma rede de notícias falsas. “Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final!”, disse o presidente.

    “É fácil impor uma ditadura aqui. É facílimo”, também disse Bolsonaro durante a reunião ministerial, mais uma vez colocando em xeque a democracia. Nas últimas semanas, ele já havia feito coro para pedidos de golpe militar.

    No mesmo tom autoritário, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou chamou os ministros de STF de “vagabundos” e defendeu “colocar na cadeia” os juízes da Suprema Corte da Justiça brasileira.

    Os governadores Wilson Witzel (Rio de Janeiro) e João Dória (São Paulo) foram chamados de “estrume” e “bosta”, nesta ordem. Os xingamentos pessoais foram feitos porque os dois governadores defendem o isolamento social para proteger a população contra a COVID-19, doença provocada pelo novo Coronavírus.

    Ministro ainda foram ameaçados de demissão caso elogiassem o trabalho da imprensa, que recentemente foi atacada pelo presidente com ordens para que repórteres “calem a boca”.

     

    CONFIRA TRECHOS DO VÍDEO DA REUNIÃO MINISTERIAL: