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Tag: Reinaldo Azevedo

  • Toda solidariedade ao Jornalismo ameaçado pelo rei Janot

    Toda solidariedade ao Jornalismo ameaçado pelo rei Janot

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, parece obstinado a roubar de Chatô o epíteto de “rei do Brasil”. Chatô usava as empresas do seu império midiático para chantagear e extorquir de acordo com seus interesses. Janot abusa do poder do cargo que ocupa, mas não lhe pertence. O episódio mais recente, tendo como alvo o jornalista Reinaldo Azevedo, prócer da extrema-direita entre jornalistas, não guarda qualquer relação com a cruzada contra a corrupção que faz muita gente de boa fé aplaudir seus excessos. É nada além de um gesto grotesco de intimidação contra toda a imprensa e uma gravíssima ameaça ao livre exercício da atividade jornalística.

    Profissionais que, como Azevedo, se lambuzaram com os vazamentos seletivos e festejaram a mesma violência quando os alvos do PGR eram Lula e Dilma, por exemplo, agora condenam a afronta evidente à Lei das Interceptações Telefônicas. Só agora percebem a espada de Dâmocles sobre suas cabeças. Jornalistas e blogueiros “sujos”, há muito tempo na resistência crítica à cruzada moralista que devasta o país, entendem ser dever de coerência condenar as atitudes imperiais do rei Janot e expressar solidariedade a um colega e também algoz. Sem festejar seu infortúnio, cabe refletir se presunçoso e arrogante autor de “Máximas de um país mínimo” faz jus a gesto tão magnânimo.

    Reinaldo Azevedo se fartou nos banquetes onde reputações alheias eram a entrada, o prato principal e a sobremesa. Ao lado de seus antigos pares e hoje desafetos, como Olavo de Carvalho, oráculo da direita mais empedernida, o delatado Diogo Mainardi e Joice Hasselman, vilipendiam diariamente a profissão praticando um jornalismo declaratório rebaixado e servil, mas essencial ao ativismo judiciário que hoje ameaça a imberbe democracia brasileira.

    “Tio Rei” experimenta o gosto amargo do veneno que tem destilado nos últimos anos. Se for merecedor da solidariedade misericordiosa que lhe hipotecam jornalistas de há muito atacados por ele sem falsos pudores, haverá de fazer alguma inflexão. Só o tempo dirá se vai conseguir deixar de ser o mínimo que é: um raivoso neoliberal, instilador do ódio e da violência tão em voga nesses tempos temerbrosos.

    Agredida 24 horas por dia e merecedora da solidariedade geral, e não apenas corporativa, é a profissão de jornalista. Agredida por jornalistas, como Reinaldo et caterva. Agredida pela omissão de jornalistas narcotizados pela fábula da objetividade, incapazes até de assumir o próprio lado e sair em defesa, por exemplo, da tal cláusula de consciência que lhes daria o direito de dizer não às ordens do departamento comercial. Agredida pelos empresários da comunicação, beneficiários da acumulação de dinheiro e poder a partir da exploração econômica e simbólica do trabalho nas redações. Agredida por quem ataca jornalistas com processos cíveis e criminais, usando a Justiça e o poder econômico para impor a censura e incutir a auto-censura.
    Definitivamente, não é necessário expressar solidariedade a Reinaldo Azevedo para condenar os abusos de membros do Ministério Público, do Judiciário e da Polícia Federal. Isso não significa regozijo pela violência da qual hoje é vítima, mas foi e é um cúmplice dedicado.

    Quem merece solidariedade é a nossa democracia, novamente ameaçada antes de completarem-se os 30 anos de promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Ai reside uma dolorosa contradição: vem dela o poder que subiu à cabeça do rei Janot. É o mesmo poder que fez de Geraldo Brindeiro, escolhido por FHC, passar à história como “engavetador geral da República” por não dar andamento às inúmeras denúncias de corrupção, como a compra de votos para a PEC da reeleição.

    Procurador Geral da República escolhido por Tancredo Neves ao ser eleito presidente na última eleição indireta, em 1985, o jurista Sepúlveda Pertence colaborou com a Assembleia Nacional Constituinte eleita no ano seguinte. Ajudou a redefinir o Ministério Público a partir da sua experiência de procurador durante o regime militar e do seu reconhecido saber jurídico. Tinha sido defenestrado do Ministério Público por obra do Serviço Nacional de Inteligência, monstro institucional da ditadura. Criado pelo general Golbery do Couto e Silva, o SNI viria a tragar o seu criador quando ele ousou tramar o fim do regime.

    No processo da AP-470, em 2005, Pertence conheceu a criatura da qual era um dos pais: “não sou Golbery, mas também criei um monstro”. Carlos Lacerda, o “Corvo” demorou mais de uma década para ser devorado pela ditadura monstruosa que ajudou a criar. Vejamos quanto tempo Tio Rei precisará para compreender as ameaças para ele mesmo, para seus colegas e para o Brasil, intrínsecas ao monstro que ele tem ajudado a alimentar e afiar os caninos. Foi apenas uma mordidinha…

  • Lula em Curitiba: Reinaldo Azevedo e o cagaço da direita

    Lula em Curitiba: Reinaldo Azevedo e o cagaço da direita

    Antes de qualquer coisa, preciso esclarecer que este texto não é uma ameaça ao colunista da Veja e da Folha de São Paulo que acumula um histórico persecutório de acusações de ameaças de morte. Nunca fui pessoalmente ofendido por ele, a não ser em meu intelecto. Então, caso o próprio Azevedo leia este texto, deixo de pronto: não é nada pessoal!

    O Brasil acompanhou atento o primeiro depoimento do presidente Lula em Curitiba – PR. Milhares de brasileiros e brasileiras compareceram de vários lugares do país para uma demonstração de carinho e apoio a Lula, e às conquistas sociais feitas e às verdadeiras reformas populares que tanto esperamos. Os Jornalistas Livres estiveram no meio da multidão fazendo mais uma das grandes demonstrações de jornalismo decente e honesto [e não é porque faço parte da equipe, pois não faria se assim não fosse!].

    Não pude ir e, como muitos brasileiros, tive que me deparar com a cobertura predatória desta grande mídia que não perde por esperar… POR UMA REFORMA DEMOCRÁTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO!!!… Enfim, recompondo-me dos meus arroubos progressistas… Entre tantos canais de televisão que comentavam a audiência de hoje (sem efetivamente terem tido tempo de assistir à íntegra), a presença de uma certa figura me chamou a atenção: Reinaldo Azevedo.

    Perto de Boris Casoy, “que comunistão da p***” ele nos parece! Entre um comentário ou outro disse que desejava ver o Lula preso, mas que para isto deveriam haver uma condenação em juízo pautada em provas que, por sua vez, ainda não existem. Sim, ele falou que não há provas de que o Tripléx é do Lula!

    Foi o REI-NAL-DO A-ZE-VE-DO!

    Estou impressionado?! Não! Até um relógio parado acerta as horas duas vezes por dia.

    Não satisfeito (para horror dos âncoras cujas caras afundavam na bancada), seguiu afirmando que Lula saiu vitorioso nas ruas e da audiência; e que a condução coercitiva de Lula foi ilegal e ainda sugeriu que o juiz Sérgio Moro agiu de forma política, inclusive ao perguntar a opinião do Lula sobre a AP 470 (mensalão!).

    [Fontes não oficiais disseram que Azevedo pegou da mesma gripe de Olavo de Carvalho. Mas admito: tenho apenas convicção, não posso provar!]

    Não se enganem com estes picaretas ex-trotskistas. Eles não estão voltando às fileiras da Internacional. Apenas estão se dando conta do perigo devastador que o proto-fascismo de MBL e companhia representa para as instituições democráticas que uma parte da direita jura defender. Numa série de ataques coordenados, da qual são vítimas midiáticas, estão perdendo espaço para o que há de mais perigoso no atual cenário político.

    A direita, como há muito tempo percebemos, não é coesa. Ponto para nós! [Mas a esquerda também não: ponto para eles!]. As soluções mágicas para a economia não estão vindo; os abusos do aparato penal só se agravam [agora que não pega apenas pobres não está tudo bem!]. Eu não duvido que ALGUNS estejam com medo do monstro que eles mesmos engordaram nos últimos anos. A extrema-direita ameaça destruir a existência de setores mais moderados – ou covardes- da direita. Medo legítimo para conservadores defensores do status quo. Infelizmente, a maior parte da direita prefere continuar cavando a sua própria cova.

    E o Lula nesta história?

    Lula segue se defendendo e sendo defendido, por valorosos advogados nos tribunais e por valorosos trabalhadores nas ruas. Mas nada será como antes neste país. Lula ainda não é o presidente que a cada dia se espera que ele se torne em 2018. Ele é o acúmulo de forças que tencionam o PT, e ele mesmo, mais e mais para a Esquerda. Esta força são os trabalhadores e trabalhadoras; os movimentos sociais; os sindicatos; e até parte da Igreja.

    A cada discurso do presidente Lula este acúmulo se apresenta. Ataca o fascismo de Bolsonaro; as mentiras dos grandes meios de comunicação burguesas; a violência contra os povos indígenas; o projeto Escola Sem Partido… E se coloca contra as reformas burguesas e ao lado das reformas populares.

    O Brasil segue se transformando (por enquanto para pior). Lula se coloca como a única alternativa concreta contra o projeto de extrema-direita que emerge no mundo. Sei que ele não é o que uma parte da esquerda sonha, mas sejamos pragmáticos: não podemos permitir que o segundo turno entre 2018 seja entre a direita e a extrema direita. A esquerda não pode ser voyer num segundo turno entre direito e extrema-direita, como ocorreu na França. Não por moralismo: mas não curto este tipo de safadeza. A situação é grave demais para ficarmos de manha: abrace o Lula para não recebermos o “beijo da morte” da extrema-direita!
    A política, segundo Hannah Arendt, em A Condição Humana, está atrelada aos princípios da “irreversibilidade” e “imprevisibilidade”. Cada ação política desencadeia uma série de reações impossíveis de prever e reverter. No nosso contexto, o Golpe contra o governo Dilma foi a ação central que englobou tudo o que a esquerda não pôde reverter, mas que por outro lado setores da direita não podem controlar. O “Governo de Salvação Nacional” se mostra incapaz de prestar contas pelos próprios “pecados”, se usarmos suas próprias metáforas teológicas. A extrema- direita cresce a partir deste caos e descontrole que assolam as instituições políticas nacionais e internacionais. As consequências se revelam no nosso presente impondo um pessimismo quase generalizado. Mas não podemos adivinhar o futuro.

    A única possibilidade diante da “imprevisibilidade” das ações políticas é, segundo a própria filósofa, o “poder de promessa”. Pensar no que queremos para o futuro e estabelecer um pacto – não entre políticos, mas cidadãos – a fim de ter algum controle sobre a direção das nossas ações, que por sua vez devem ser feitas em conjunto. Pacto é relação!

    Atualmente, quem oferece esta “promessa” (não propaganda eleitoral!) é o projeto a qual Lula está inserido. As promessas não são invenções dele, mas o acúmulo de reivindicações de base, a respeito do futuro que queremos para nós. O que queremos a partir de 2018? Mais do que construir uma candidatura, é necessária a construção de um programa de governo popular.

    A direita sabe que seus direitos e garantias fundamentais estarão muito mais bem resguardados com a Esquerda no poder, mas jamais vai admitir para si mesma. A Extrema-Direita não oferece segurança para ninguém, pois se rege pela lógica do Terror. Direitistas não podem confiar na própria estirpe (e com razão)! Isto não significa que a esquerda pode dar a mão para a direita “moderada”. Aqueles que querem lutar apenas pela própria sobrevivência não podem governar segundo princípios de liberdade política, pois a necessidade é o caminho para a violência. O medo na direita é algo a se atentar: pode ser um sinal de lucidez ou de perigo. Tudo depende das escolhas que tomamos diante de situações que não podemos controlar. Michel Temer e seu governo segue desgovernado rumo ao precipício, e o “precipício fascista” o chama para si.

    Os ratos acordaram e estão desesperados pelo convés. Não vamos ser a banda que toca em enquanto o país afunda!