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  • Quilombos no Brasil já têm mais casos de Covid-19 do que a população de Cuba

    Quilombos no Brasil já têm mais casos de Covid-19 do que a população de Cuba

    O novo coronavírus avança nos territórios quilombolas no Brasil, atingindo um número total de casos confirmados que supera as estatísticas de países inteiros. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras e Rurais Quilombolas (Conaq) nessa quarta (29), foram confirmados 3.798 casos de Covid-19 nas comunidades remanescentes de quilombos.

    Márcia Maria Cruz – Reproduzido do

    DE OLHO NOS RURALISTAS

    O número é 48,6% maior do que o total de casos registrados em Cuba, país que, entre os séculos 17 e 19, passou por um processo similar de formação de quilombos, conhecidos ali como palenques. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 29 de julho o país caribenho havia registrado 2.555 casos para uma população de 11,47 milhões de habitantes.

    Não existem no Brasil dados oficiais sobre a população quilombola. A categoria seria incluída pela primeira vez no Censo 2020, adiado por conta da pandemia. Segundo estimativa da Fundação Cultural Palmares, as 3.212 comunidades certificadas até 2019 possuem 1,2 milhão de habitantes.

    Estado com maior número de comunidades remanescentes de quilombos identificadas, o Pará também responde pela maioria dos casos de Covid-19, com 40,5%, seguido por Rio de Janeiro (22,2%), Maranhão (16,8%) e Amapá (8,9%).

    O número total de casos nos quilombos brasileiros supera também o total de registros de Covid-19 da população inteira de países como Nicarágua, Líbia e Congo. E começa a se aproximar do total de casos do Paraguai.

    O país caribenho mantém na página do Ministerio de Salud Pública (MSP) um boletim diário detalhando os casos de coronavírus no país, incluindo o perfil médico de cada um dos infectados. Sem novos óbitos há duas semanas, Cuba teve 87 mortos por Covid-19. Segundo o registro governamental, não houve óbitos de quilombolas cubanos.

    Os descendentes dos africanos escravizados que se rebelaram para formar os palenques são chamados em Cuba de cimarrones. O termo é oriundo do espanhol cima, ou cimeira, uma referência às regiões montanhosas onde esses quilombos eram construídos.

    Conforme narra Gabino La Rosa Corzo no livro “Los palenques del oriente de Cuba: resistencia e acoso“, as comunidades cimarronas se concentravam em grande parte na porção oriental da ilha, principal região de produção de cana-de-açúcar e para onde a maioria dos africanos eram levados. Ainda hoje, as províncias orientais de Santiago de Cuba e Guantánamo detêm a maior porcentagem de negros entre a população geral fora da capital: 14,2% e 12,8%, respectivamente. Muitos deles, descendentes de cimarrones.

    Assim como o Brasil, Cuba foi um dos últimos países do continente a abolir a escravidão. Em 1880, o rei espanhol Afonso XII promulgou a Lei do Patronato, que proibia a compra e venda de escravos na colônia, mas permitia aos donos de escravos manter a mão-de-obra sob um regime de patronato que, na prática, pouco diferia da escravidão. A abolição total só viria em 1886, dois anos antes do Brasil.

    Cuba guarda ainda outra semelhança com nosso país. A população negra cubana convive com índices de pobreza elevados e é alvo constante da violência policial. Em 27 de junho, o assassinato do jovem Hansel Ernesto Hernández Galiano por agentes da Polícia Nacional despertou uma onda de protestos em Havana, levando à prisão de ativistas.

    De acordo com o boletim da Conaq, o número de mortes registradas nos territórios quilombolas do Brasil chegou a 138, cinco a mais que no último levantamento, de 13 de julho. A maior parte delas ocorreu na região Norte (44,2%), seguida do Sudeste (29,0%) Nordeste (23,9%) e Centro-Oeste (2,9%). O Pará ocupa o primeiro lugar também em número de mortos, 40. O Rio de Janeiro é o segundo estado com mais mortes (37), seguido do Amapá (19), Maranhão (12) e Pernambuco (9).

    Descaso

    “O aumento no números de casos nas comunidades quilombolas demonstra o descaso do poder público”, afirma Sandra Maria da Silva Andrade, diretora da Federação Quilombola do Estado de Minas Gerais e integrante da coordenação executiva da Conaq.

    — Já não tínhamos assistência de saúde adequada antes da pandemia. Neste momento de expansão da doença, precisávamos de um olhar específico, um atendimento da população quilombola. Fomos descartados pelo governo!

    Além da invasão dos territórios por grandes empreendimentos, o atraso no repasse do auxílio emergencial aos quilombolas faz as pessoas das comunidades terem de ir até a área urbana, ficando assim mais expostas ao contágio.

    Líder da comunidade Carrapato da Tabatinga, em Bom Despacho (MG), Sandra alerta para a subnotificação. Com 2.226 habitantes, seu quilombo é um dos que ainda não recebeu testes.

    “Temos casos de Covid-19, mas as autoridades não notificam”, diz ela. “Não estamos sendo contabilizados. As pessoas estão morrendo e os governos não fazem a notificação. Colocam qualquer coisa como causa da morte, mas não falam que é a Covid-19. A gente sabe que é. Mas eles não têm feito o teste nas pessoas”.

    Foto principal (Governo de São Paulo): Testagem no quilombo Peropava, em Registro, interior paulista

  • Quilombola é Alcântara! Alcântara é quilombola!

    Quilombola é Alcântara! Alcântara é quilombola!

    NOTA: ENTIDADES REPRESENTATIVAS E MEMBROS (AS) DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E AFRO-BRASILEIRAS CONTRA RESOLUÇÃO N. 11 DE 26 DE MARÇO DE 2020

    As entidades representativas e membros(as) de religiões de matriz africana e afro-brasileiras signatárias desta nota vem a público manifestar repúdio à Resolução nº 11/20 (GSI-PR), que institui a remoção forçada de 800 famílias e 30 comunidades quilombolas da cidade de Alcântara-MA, no conjunto de medidas tomadas no âmbito do Acordo de Salvaguarda Tecnológica firmada entre o Brasil e os Estados Unidos em 2019.

    Na matriz de responsabilidades dos órgãos envolvidos no Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro, o documento informa que mais de 12 mil hectares serão utilizados pelo Centro de Lançamento, além da área atual da base, afetando ainda mais as comunidades que ocupam aquele território desde o século XVII.

    Além desses pontos que em si representam uma grande tragédia humana e violação da dignidade coletiva dos quilombolas de Alcântara, o documento, em seu art. 6º, VIII, “a” e “b”, prevê “a implantação de espaços religiosos e a recomposição de áreas e instalações compatíveis com as existentes nos espaços hoje habitados pelos quilombolas, para a prática de atos religiosos”, e a implementação de “projeto de um museu dedicado aos aspectos históricos e culturais das comunidades quilombolas”.

    Entendemos que os territórios quilombolas representam acima de tudo espaços civilizatórios de ancestralidade africana, de reterritorialização e de resistência secular às opressões sem medida perpetradas pela sociedade e pelo Estado em solo brasileiro. Sendo assim,reiteramos que os processos de deslocamentos e alterações de nossos espaços sagrados, no que tange as práticas religiosas de matriz africana, são efetuados mediante consultas aos nossos oráculos, sistemas adivinhatorios próprios e o consentimento de nossos ancestrais regentes de nossas casas de axé. Portanto, remeter essa tarefa ao aparato de Estado expõe nossa religiosidade ao risco de violação do nosso sagrado, ao mesmo tempo que nos aponta a possibilidade de termos a atenção voltada às outras denominações religiosas, tais como igrejas evangélicas e católicas e a negação das nossas religiões de Matriz Africana, como forma de dizimar nossa ancestralidade.

    As religiões de matriz africana e afrobrasileiras concebem o zelo e a proteção dos lugares sagrados para além dos espaços físicos das casas de axé. O acesso ao mar, aos lagedos, as pedreiras, aos mangues, aos rios e as florestas, são vitais para sua sobrevivência. Tudo isso está ameaçado e não há como transportar caso haja remoção. Deste modo, não há que se falar em museu, implantação de espaços religiosos ou recomposição de áreas e instalações como suposta forma de reparação pelos danos materiais e imateriais causados à memória ancestral e coletiva daquelas comunidades, agravados com este novo processo de desterritorialização representado pela Resolução nº 11/20.

    Em verdade, a resolução fere frontalmente a Convenção nº 169 da OIT, ao inviabilizar qualquer processo de consulta livre, prévia e informada às comunidades envolvidas; a Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, que estabelecem o pleno respeito aos modos de criar, fazer e viver de comunidades tradicionais e grupos formadores da sociedade brasileira; e ao artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que assegura direitos às comunidades quilombolas ao reconhecimento da propriedade definitiva dos seus territórios.

    Ressaltamos que o documento é sorrateiramente imposto em um momento de grave crise global provocada pela pandemia do COVID-19. A medida do governo federal agrava mais ainda a situação de vulnerabilidade e insegurança a que estão sujeitos os quilombolas de Alcântara após a assinatura do Acordo de Salvaguarda. Assim, mobilizamos toda a solidariedade em favor das comunidades quilombolas atingidas pela medida para manifestar nossa profunda discordância com o teor do documento e exigir sua imediata revogação.

    Assinem e divulguem!

     

    https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/gabinete_de_seguranca_institucional_da_presidencia_nao_a_remocao_das_comunidades_quilombolas_de_alcantara_e_seus_espacos_sagrados/?ltlqOob

  • A esquerda e o fetiche do crescimento econômico

    A esquerda e o fetiche do crescimento econômico

    Quando a esquerda não aprende com os próprios erros, a impressão que fica é que ela não entende os erros como tais.

    O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), atuou, praticamente, como lobista de mega corporações, acusadas, inclusive, de grilagem de terra, no caso que envolve a comunidade do Cajueiro, para acelerar a construção do terceiro porto privado no Estado com investimento de R$ 1,5 bilhão. Além das suspeitas de aquisição ilegal da área de, aproximadamente, 600 hectares, pela TUP Porto São Luís, o Ministério Público Federal também investiga a celeridade com que foi concedida a licença ambiental pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Maranhão.

    Eu só fui conhecer essa história na segunda-feira (23), durante o programa Roda Viva, e fiquei espantado com a postura protocolar do governador do Maranhão, que já foi juiz e é filiado a um partido que se diz comunista.

    Segundo reportagem do Brasil de Fato, publicada no dia 12 de agosto, o juiz Marcelo Oka emitiu uma liminar de reintegração de posse a favor da empresa – uma sociedade entre A CCCC (China Communications Construction Company), maior empresa chinesa de infraestrutura, com 51% do capital, e a empreiteira brasileira WTorre – permitindo a remoção e destruição das casas, numa área onde residem 500 famílias que vivem da pesca artesanal, da agricultura familiar e do extrativismo e veem seu modo de vida tradicional em risco pela construção do empreendimento bilionário, que irá destruir a fauna e flora local, dando lugar a transatlânticos para o escoamento da produção do agronegócio.

    Entrevistado pelo Brasil de Fato, Rafael Silva, advogado da Comissão Pastoral da Terra, explicou porque a decisão é ilegal: “em 2014, uma ação civil pública movida pela defensoria pública do Estado, inclusive com sentença judicial, garantiu a posse em benefício dos moradores do Cajueiro contra qualquer ato que beneficiasse a empresa. Contudo, a empresa entrou com outra ação concessória. Então, existe uma liminar que a beneficia emitida em julho de 2019. Mas, é preciso que se entenda que são decisões conflitantes. Dois processos diferentes. Agora, há recurso no Tribunal de Justiça do Maranhão para que ele defina qual é o campo de cumprimento da decisão a ser priorizado. Sem esse esclarecimento judicial não temos como aceitar um cumprimento de uma reintegração de posse violenta, irreversível, seletiva, por parte do governo do Estado do Maranhão para beneficiar uma empresa bilionária. As famílias não foram sequer informadas da data exata do cumprimento da operação. É um absurdo”, disse o advogado.

    Na entrevista do Roda Viva, a repórter da BBC Brasil Mariana Schreiber questionou o “imbróglio jurídico” de caráter liminar, que na prática se torna irreversível, uma vez que as casas já foram colocadas abaixo, mas Flávio Dino se limitou a tentar isentar o governo e lamentar a decisão, afirmando que não poderia deixar de cumprir uma ordem judicial, como de fato não poderia. Uma postura diferente de quando analisa, por exemplo, as ilegalidades cometidas na Operação Lava Jato e nos julgamentos do então juiz Sergio Moro, hoje ministro do presidente Jair Bolsonaro, que acabou por causar danos irreversíveis a pessoas e ao país por meio de processos de primeira e segunda instância, como destacou o próprio governador no programa. Por que, então, ao menos, não questionar publicamente a decisão liminar, uma vez que outra sentença garantia os direitos dos moradores que se perderam permanentemente graças a essa decisão provisória? Os interesses de um governante são conflitantes com os entendimentos de um juiz de direito?

    No dia 9 de setembro, menos de um mês após a reintegração de posse, e antes que eu conhecesse este caso, Fernando Haddad entrevistou Flávio Dino, e achei muito estranha a primeira pergunta que se referia aos portos, estradas, oportunidades de negócio e desenvolvimento regional. Geralmente, numa entrevista, as primeiras perguntas são de apresentação e abordam temas que estão na pauta do dia, deixando questões mais técnicas e complicadas para serem feitas ao longo da conversa. A resposta foi um show de desenvolvimentismo, falando em “hub logístico”, relatando os bilhões em impostos, as oportunidades de geração de emprego e receita, citando duas vezes a construção de um “terceiro porto privado”, porém nenhuma palavra sobre a disputa judicial na comunidade do Cajueiro. Nem na pergunta, muito menos na resposta.

    Na segunda pergunta desta entrevista, o ex-prefeito de São Paulo abordou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas da Base de Alcântara, que prevê a cessão da área para lançamento de foguetes e satélites para os Estados Unidos. O acordo coloca em risco a vida comunitária de 800 famílias, que podem ser expulsas de onde vivem há mais de três séculos. O governo Federal quer ampliar a área de 8 mil para 20 mil hectares e se recusa a dar a titulação definitiva das terras aos quilombolas, desrespeitando o documento assinado pelo INCRA em 2008 que garantiu 78,1 mil hectares da região para as comunidades locais e limitou o espaço da base aérea a 8 mil hectares.

    Sem essa garantia jurídica, o destino das duas mil pessoas que vivem da pesca, agricultura e a venda de artesanato, pode ser o mesmo que das 312 famílias que foram deslocadas para agrovilas no interior do Maranhão cobertas por areia e solo infértil, em 1983, quando a base foi construída.

    Mais uma vez, nem a pergunta de Haddad, nem a resposta de Flávio Dino levaram em conta a situação dessa comunidade, atendo-se apenas as oportunidades comerciais.

    É incrível que o “progresso” do Estado do Maranhão e a luta para livrá-lo do atraso histórico representado pela família Sarney, seja feito à custa das comunidades tradicionais, que precisam resistir a cada governo que ali se instala para preservar suas culturas e tradições. Quem diria que caberia ao PCdoB destruir culturas de resistência.

    Quando se aponta para o PT, acusando-o de abandonar a tarefa de conscientizar politicamente a população, apostando que as políticas sociais desempenhariam esse papel por si, a primeira coisa que me vem à lembrança é a construção de Belo Monte e o quanto eu fui defensor dessa obra. Na época, os resultados inéditos das políticas sociais, o pleno emprego, o crescimento econômico, a ascensão social, me levaram a acreditar que essa aposta traria alguns efeitos colaterais localizados, mas que a macropolítica e o pensamento estratégico para o desenvolvimento, naquele momento, eram mais importantes que o direito de pequenas comunidades. Quanto engano…

    Não acuso o PT de atropelar a comunidade de Belo Monte. Considerando a história brasileira em construções de grande porte, nenhum outro governo negociou tanto e ofereceu tantas condições que foram colocadas à mesa, mas é fato que interesses, da ordem que for, se sobrepuseram aos direitos.

    Na campanha presidencial de 2018, quando o PT lançou como proposta de governo a “transição ecológica para a nova sociedade do século XXI”, acreditei que, finalmente, o Partido dos Trabalhadores havia aberto os olhos para as demandas de parte importante da população, crítica à intransigência desenvolvimentista que caracterizou o governo Dilma Rousseff. Hoje, uma conscientização política, necessariamente, passa por uma conscientização ecológica, e parece anacrônico ou infrutífero imaginar uma sem a outra.

    Interessante observar nesse ponto, que quem assumiu o discurso do nacional desenvolvimentismo nas eleições de 2018, foi Ciro Gomes, através do fortalecimento da elite industrial brasileira, uma ideia que retoma as velhas discussões marxistas dos anos 60, que apostava no desenvolvimento das burguesias nacionais como contraponto às políticas imperialistas das grandes potências. Mas, por ora, vamos deixar o Ciro para lá. A história do capitalismo moderno já mostrou que o mercado global é guloso demais para permitir patriotismos românticos. Mas, sem deixar de destacar que uma coisa são os investimentos em empresas públicas e estatais que geram riquezas para a sociedade como um todo, e outra, bem diferente, é o escoamento do orçamento público para financiar a iniciativa privada, que acaba girando o mundo e ficando no bolso do mercado mundial.

    Falar no Ciro Gomes, no entanto, me lembrou uma outra história, o primeiro show de rock que assisti na vida, em 1986, na Praça da Sé, um showmício do PCB com mais de uma dezena de bandas de Heavy Metal. Foi a primeira vez, também, que vi um “comunista” discursar. Alberto Goldman se lançava para Deputado Federal na Assembleia Nacional Constituinte pelo Partidão. Nessa eleição, o PT, com apenas seis anos de vida, lançou Eduardo Suplicy para o governo do estado, mas vejam só, Goldman e o PCB preferiram apoiar Orestes Quércia, em nome do já citado desenvolvimento da burguesia nacional. Goldman não foi eleito, um ano mais tarde deixaria o PCB para integrar o MDB de Quércia e encerrou a carreira política filiado aos neoliberais tucanos.

    O conceito de “esquerda”, que antigamente era definido pelas práticas políticas que favoreciam a emancipação da classe trabalhadora, hoje tem sido usado até por quem vota pela extinção dos direitos trabalhistas em nome do crescimento econômico, que na prática, tem ampliado as desigualdades sociais e condenado a maioria da população mundial a um estado de penúria, gerando uma valiosa reserva de mercado do baixo salário em favor das grandes corporações.

    Como o próprio Fernando Haddad reconhece, os avanços sociais nos governos petistas, aliados ao enriquecimento crescente da elite financeira, aproximou a classe pobre da classe média, gerando pânico nesta última, com a perda dos pequenos privilégios, como contratar criadas domésticas, babás, e tendo que dividir espaço nos aviões com pessoas que eles julgam não serem merecedoras desse direito, pois uma vez que ascendessem socialmente, não se submeteriam mais às esmolas pagas pelos serviços que a classe média se recusa a fazer, qual seja, cuidar dos filhos e da própria higiene doméstica.

    Portanto, crescer não basta, ou pior, no contexto ambiental que se encontra o Planeta, crescer significa mais plásticos, mais agrotóxicos, mais lixo, mais poluição, mais disputa meritocrática, menos florestas, menos tempo de vida humana na Terra.

    O que minha percepção diz é que antes de pensar em crescimento econômico, precisamos de um projeto que pense a redistribuição radical das riquezas, construindo bens comuns de acesso coletivo e comunitário, sem que haja o aumento da produtividade de produtos que degradam o meio ambiente. Em vez de empresas de capital fechado, cooperativas agrícolas e industriais. Em vez de shoppings, parques. Em vez de escolas, espaços públicos de conhecimento. Em vez de igrejas privadas, espaços de confraternização e comunhão pela arte e o afeto. Em vez de lucro, renda. Em vez de herança, direito à moradia. Em vez de acúmulo, compartilhamento.

    Em seu “Discurso da Origem da Desigualdade”, de 1755, Jean-Jacques Rousseau já dizia que “a propriedade privada introduz a desigualdade entre os homens, a diferença entre o rico e o pobre, o poderoso e o fraco, o senhor e o escravo, até a predominância do mais forte. O homem é corrompido pelo poder e esmagado pela violência”. Trinta e quatro anos depois, uma Revolução que se prometia popular, transformou as sociedades ocidentais, mas acabou sufocada por uma burguesia que nunca se dispôs a abrir mão dos privilégios. Mais oitenta e dois anos, e a Comuna de Paris, em um mês, foi exterminada pela mesma burguesia patrimonialista. As Revoluções Socialistas do século passado também deram seu jeito de se apropriarem dos bens do povo, que ficaram sob posse de Estados corruptos e autoritários. Hoje, quando Thomas Piketty lança seu livro “Capital e Ideologia”, 274 anos depois de Rousseau, mostrando que a “desigualdade é acima de tudo ideológica” e propõe um “socialismo participativo” para “superar o capitalismo e a propriedade privada”, cujo objetivo seja transformar a propriedade em “temporal” e “organizar uma circulação permanente dos bens e da fortuna”, percebemos que o sonho da “liberdade, igualdade e fraternidade” sempre estará vivo, e de nada vai adiantar a humanidade acumular trilhões e mais trilhões de dólares sem que o Povo da Terra tenha acesso a essa fortuna.

    Este sonho não parece tão distante, considerando que existe um pré-candidato à presidência dos Estados Unidos dizendo coisas, não tão radicais, mas parecidas, e considerando que a grande maioria dos jovens americanos, até 35 anos, se dizem socialistas. Donald Trump não diria, ontem (24), na ONU, que “os Estados Unidos jamais serão um país socialista”, caso isso não fosse uma possibilidade.

    Apostar no crescimento econômico, sem que haja um projeto claro e radical de redistribuição das riquezas produzidas pelos humanos, é o que fazem e fizeram ao longo de dois séculos os economistas mais servis que nossas universidades já criaram. E o resultado dessa armadilha econômica é um mecanismo perverso que se retroalimenta: para se combater a pobreza se diz que é preciso crescer, mas crescer sem distribuir, gera mais pobreza e desigualdade, realimentando a reserva do salário-esmola, onde ricos ficam mais ricos e pobres mais pobres e dependentes desse processo vicioso.

    Apostar que um porto, construído e administrado por bilionários chineses para escoar grãos de soja transgênica, infestada de agrotóxicos, para alimentar porcos criados do outro lado do mundo, destruindo o ecossistema local, seja mais importante que a vida de uma comunidade que vive da agricultura familiar, da pesca artesanal e da preservação do ambiente onde mora, vai na contramão de tudo que tem me interessado em termos políticos para o Brasil e o Planeta.

    As questões econômicas e os problemas eventuais que envolvem comunidades do Maranhão não podem ser pensados e solucionados pela mesma ótica, e com a fórmula pronta, com que se discutem as questões em São Paulo ou Curitiba.

    Pensando dessa forma, não parece nada animador perceber que o projeto de país proposto por Flávio Dino e grande parte da esquerda brasileira se aproxime mais da concepção econômica e de mundo de FHC, Doria Júnior e Paulo Guedes, do que do pensamento que atravessa os séculos comprovando e propondo o que até Jesus Cristo pregava antes de ser crucificado. Dai ao Povo, o que é do Povo.

     

    • Gustavo Aranda é Jornalista Livre e documentarista. Dirigiu os filmes: “Tchau, Querida” e “Intervenção – Amor não quer dizer grande coisa”

    • Esta é uma opinião independente e não reflete, necessariamente, as opiniões dos Jornalistas Livres.

  • O Império Bolsonaro no vale da miséria

    O Império Bolsonaro no vale da miséria

    O cunhado não gostou quando uma parte de sua fazenda, fruto de invasão de terras, virou quilombo. Capangas destruíram a nova plantação de bananas assim que o processo de reconhecimento da área foi finalizado, em setembro passado. Por sua vez, em 2015, uma das irmãs se apossou do lote urbano de mais de 800m2 que foi regularizado por um programa voltado a pequenos posseiros. Seis meses depois, ela vendeu o lote para o prefeito do município. Já o núcleo familiar da caçula dos cinco irmãos de Jair Bolsonaro alugou 3 imóveis, sem licitação e na faixa dos R$ 8 mil por mês, para prefeituras do Vale do Ribeira, uma das áreas mais pobres do Estado mais rico do Brasil.

    É nessa região que Jair Bolsonaro morou até os 18 anos de idade, quando saiu para o serviço militar. Filho de um dentista prático e de uma dona de casa, viveu na pacata cidade de Eldorado Paulista. O município hoje tem pouco mais de 15 mil habitantes, 40% deles ganhando menos de dois salários mínimos. Não por acaso, o município sofre com o segundo pior índice de mortalidade infantil do Estado.

    Mas Eldorado Paulista também é o quarto maior município em extensão territorial de São Paulo. No começo do século passado, foi apelidado de “Amazônia Paulista” e, em 1993, reconhecido pela Unesco como “Reserva da Biosfera do Patrimônio Mundial”. Cerca de 70% do território é coberto por Mata Atlântica protegida por reservas e parques, estações ecológicas e áreas de proteção ambiental naturais tombadas, além de 26 quilombos e cerca de 50 comunidades remanescentes de quilombos. Mas Bolsonaro diz que não quer saber de nada disso. É obcecado por minérios como nióbio (usado em siderurgia) e tório, um elemento químico radiativo.

    Natural de Campinas, foi em Eldorado que Bolsonaro se criou. E é aquela região que explica algumas das obsessões do ex-capitão, a começar pela idolatria à caserna. Bolsonaro adora dizer que sua “vocação” militar foi despertada no começo dos anos 1970, quando a região do Vale do Ribeira viu-se ocupada por 2.500 homens do Exército, auxiliados por um contingente não determinado de policiais cedidos pelo governo de São Paulo, que caçavam míseros 17 militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sob o comando do guerrilheiro Carlos Lamarca, este sim, um mito. Pois não é que os soldados, depois de bloquear a BR-116, a Rodovia Régis Bittencourt, além de estradas vicinais, depois de prender 120 pessoas e varrer a Mata Atlântica com helicópteros, depois – por fim – de bombardear áreas civis suspeitas de abrigarem os guerrilheiros com bombas de napalm jogadas de cargueiro B-26 da FAB; depois disso tudo, Lamarca conseguiu furar o bloqueio do Exército e fugir.

    Nada menos do que 41 dias de fome e cerco depois, e Lamarca conseguiu escapar da maior mobilização da história do II Exército, atual Comado Militar do Leste. O baile que o guerrilheiro deu no Exército marcou indelevelmente o psiquismo do menino Jair Bolsonaro, que até hoje promete vingar-se da esquerda.

    A família do candidato à presidência – que chama ocupantes de terras e fazendas improdutivas de “terroristas” e pretende não “dar nenhum centímetro” de terra para reservas indígenas e quilombolas – está espalhada por todo o Vale do Ribeira. Lá, os Bolsonaros construíram um império. Em municípios como Barra do Turvo (o mais pobre do Estado), Jacupiranga, Pariquera-Açu, Miracatu e outros que compõem a área de baixíssimos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), o clã dos Bolsonaro contabiliza mais de 60 imóveis. Agregam-se ao sobrenome presidenciável os dos cunhados José Orestes Fonseca Campos e Theodoro da Silva Konesuk, considerados os mentores financeiros da família. Mas não só de casas, fazendas e terrenos vive a próspera família. Além das propriedades, eles são donos de empresas. Muitas.

    Um levantamento na Junta Comercial de São Paulo aponta, pelo menos, 19 foram registradas em oito municípios. Se forem contabilizadas as filiais das lojas “Campos Mais” (Magazine Campos Mais, Campos Móveis e Campos Materiais de Construção), e da “Art’s Móveis”, de móveis e produtos eletrônicos, em 13 cidades, são cerca de 30 empreendimentos, de acordo com uma reportagem da revista Época de setembro passado.

    A crise econômica parece que não abalou a família: 14 lojas foram abertas nos últimos oito anos. À boca miúda, diz-se que o shopping em construção em Eldorado também é do grupo, assim como um empreendimento em hotelaria no centro de Cajati, no litoral Sul.

    Um dos negócios mais peculiares da família em Eldorado é a casa lotérica “Trilha da Sorte”, registrada como “Casa Lotérica Bolsonaro ME Ltda”. O empreendimento está no nome do irmão do candidato, Angelo Guido Bonturi Bolsonaro, e desperta a curiosidade. Uma rápida busca no Google, afinal, explica como loterias fazem lavagem de dinheiro sujo: basta o criminoso pagar mais do que o prêmio em troca de um bilhete sorteado.

    Na cidade, também fica a loja de sapatos da mãe, dona Olinda Bonturi Bolsonaro, de 92 anos. Ela mora no mesmo prédio do comércio. Todo esse patrimônio, no entanto, não inclui aquele formado pelo próprio núcleo familiar do candidato à presidência e seus três filhos políticos.

    Uma série de reportagens publicada no começo do ano pelo jornal Folha de S. Paulo apontou que os quatro acumulariam mais de R$ 15 milhões em 13 imóveis. Entre eles, os de Brasília – apesar de o candidato à presidência e seu filho Eduardo, que é deputado federal, receberem R$ 6,1 mil por mês de auxílio-moradia pela Câmara dos Deputados, benefício a que teriam direito apenas os parlamentares sem casa em Brasília.

    A conta feita pra estimar o patrimônio, porém, não contabiliza bens como carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski, além de aplicações financeiras, em um total de R$ 1,7 milhão, como consta na Justiça Eleitoral e em cartórios. As dúvidas sobre transações suspeitas de lavagem de dinheiro e de enriquecimento após começar a atuar na política não foram esclarecidas pelo Bolsonaro-pai nem pelos Bolsonaros-filhos.

    Toda a família e seus tentáculos, por sinal, estão proibidos por Jair Bolsonaro de dar entrevistas. Apesar disso, os Jornalistas Livres foram atrás dos personagens, empreendimentos e atividades do clã no Vale do Ribeira. A partir de documentos, relatos, dados fornecidos por cartórios de registros de imóveis, pela Junta Comercial de São Paulo e no Tribunal de Justiça de São Paulo, traçamos, ao menos em parte, pistas do império dos Bolsonaros.

    O cunhado fazendeiro que não gosta de quilombos

    Theodoro da Silva Konesuk é casado com Vânia Rubian Bolsonaro, a caçula dos irmãos do candidato à presidência pelo PSL. Há pouco mais de um mês, Konesuk perdeu uma área de 55 hectares de uma de suas fazendas para a Associação dos Remanescentes de Quilombos da Barra de São Pedro do bairro Galvão, em Iporanga. A propriedade, em áreas devolutas que pertencem à União e ao Município, foi ocupada por seu pai, que foi prefeito da cidade de Eldorado por dois mandatos, entre os anos 60 e 80. Os quilombolas aguardavam a regularização da terra desde 2013, quando a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e o governo paulista entraram como o processo de reintegração de posse. Theodoro Konesuk não se manifestou. Mas parece que não gostou da sentença.

    Dias depois de os quilombolas receberem o direito à terra, lideranças do quilombo contam que os capangas do cunhado de Jair Bolsonaro destruíram o cercado e as recém-plantadas mudas de bananeiras das 32 famílias da comunidade, segundo reportagem do site www.deolhonosruralistas.com.br.

    O relatório técnico do Itesp realizado em 2000, época de análise dos territórios do bairro Galvão, chamou atenção para os altos níveis de violência na região e até um assassinato ocorrido em conflitos de grilagem das terras. Ao defender a demarcação das terras quilombolas, o documento feito pela antropóloga Maria Celina Pereira de Carvalho afirma que “o sistema agrícola dessas comunidades permanece o mesmo que era praticado pelos antepassados há duzentos, trezentos anos, apoiado em um saber-fazer que exige profundos conhecimentos da natureza e seus ritmos”.

    Aponta ainda que há décadas os descendentes de homens e mulheres negros escravizados lutam contra a construção de uma barragem, ao longo do rio Ribeira de Iguape, que forneceria energia elétrica para uma empresa do grupo Votorantim, e também contra mais três barragens que seriam construídas pela Companhia Energética de São Paulo que, segundo dados do Instituto Socioambiental, inundariam cerca de 60% do território de inúmeras comunidades negras da região.

    Além da propriedade em Iporanga, constam em nome de Konesuk, nos serviços registrais de imóveis, ocorrências nas cidades de Apiaí, Cananéia, Eldorado, Iguape, Itanhaém, Jacupiranga, Miracatu, Peruíbe, Registro e Sorocaba. Em sua fazenda em Registro, há negócios de extração de areia e gado de corte em sociedade com o empresário Maurici Ribeiro Botelho Junior, dono de uma empresa de terraplenagem e de uma transportadora que tem em seu registro de atividades o comércio atacadista de ferramentas, cigarros, cigarrilhas e charutos, artigos de viagem, tecidos, lustres, couros, lãs e peles, jóias, relógios e bijuterias, inclusive pedras preciosas e semipreciosas lapidadas.

    A irmã Vânia e os aluguéis para prefeituras: sem licitação

    Ela é casada com o empresário que perdeu parte de suas terras para quilombolas, Theodoro da Silva Konesuk, e começou seus negócios na venda de artigos para pesca e camping, há 23 anos. Mudou de ramo em 2011 e hoje o casal tem 11 lojas Art’s Móveis. As seis no nome de Vânia Bolsonaro estão registradas como de pequeno porte e as do marido como Eireli, que separa o patrimônio empresarial do pessoal.

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    Os portais de transparência dos municípios da região apontam que Vânia e Theodoro Konesuk já alugaram imóveis para as prefeituras de Cajati, Iguape e Jacupiranga. Todos sem licitação. Entre eles, locação firmada em 2014 do imóvel que hospeda a Delegacia Civil em Cajati. Em Iguape, o nome de Vânia consta como locadora do imóvel destinado à administração do Paço Municipal. Em um ano de aluguel, a partir de março de 2015, a irmã do presidenciável embolsou R$ 90 mil. A locação foi estendida por mais um ano, a R$ 8.325 mensais, totalizando outros R$ 99.906 até março de 2017. Em Jacupiranga, desde 2010, o imóvel onde funciona a Câmara Municipal é do marido, Theodoro Konesuk. Atualmente, ele cobra R$ 8.000 mensais pelo espaço.

    Maria Denise: a empresária-posseira e fazendeira

     

    Na cidade de Barra do Turvo, a mais pobre do Vale do Ribeira, houve regularização de fundiária urbana realizada pela Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em 2015. Maria Denise Bonturi Bolsonaro, irmã do candidato à presidência que já declarou a intenção de criminalizar movimentos sem-terra, foi beneficiada pelo programa “Minha Terra”. Ela recebeu a concessão de um lote de 869,28 m2 na cidade. A propriedade do terreno era do município.

    De acordo com o site do Itesp, o programa “Minha Terra” consiste em um projeto social do Governo do Estado de São Paulo “voltado a pequenos posseiros da cidade ou do campo que, devido à insegurança dominial sobre os imóveis que ocupam, convivem com conflitos pelo uso e posse da terra e com sérios obstáculos para o desenvolvimento social e econômico das comunidades.” Seis meses depois de receber o lote, entretanto, Maria Denise Bonturi Bolsonaro o vendeu para o atual prefeito da cidade, o médico Jefferson Luiz Martins, eleito pelo PSDB em 2014.

    Constam, nos registros da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo, 12 (doze!!!) menções a imóveis no CPF de Maria Denise nas cidades de Eldorado, Jacupiranga, Itanhaém e Miracatu. Vale citar só alguns:

    • Uma casa residencial de 762,50m² no perímetro urbano da cidade de Jacupiranga

    • Uma área de terra urbana de 941,96m² no perímetro de Jacupiranga

    • Uma área de terra urbana com 190,48m², na cidade de Pariquera-Açu

    • Um lote de terreno urbano na cidade de Barra do Turvo

    Documento original

    Separada há 5 anos, ela foi casada por 30 anos com José Orestes Fonseca Campos, dono da rede de materiais de construção “Campos Mais”, que inclui 14 filiais da Magazine “Campos Mais” (saiba mais no perfil abaixo). Seus filhos também são empresários. Osvaldo está no mesmo ramo da família. Já a empresa de Orestes oferece peças de vestuário, calçados, suprimentos de informática e suporte técnico em tecnologia da informação. Os Bolsonaro Campos também são donos de duas fazendas, uma de gado e outra de banana.

     

    O ex-cunhado José Orestes e o impressionante crescimento em tempos de crise

    2015 foi um ano excelente para o ex-cunhado de Jair Bolsonaro José Orestes Fonseca Campos, que foi casado com Maria Denise Bolsonaro Campos, quando ele inaugurou mais três filiais da Magazine “Campos Mais”. O crescimento do negócio de materiais de construção de fato impressiona. Em cinco anos, entre 2005 e 2010, foram abertas oito lojas espalhadas por todo o Vale do Ribeira e litoral Sul. O último empreendimento, no ano passado, foi em Jacupiranga. Mas, para ampliar ainda mais os negócios, José Orestes montou outra empresa. Agora é dono da incorporadora, construtora e administradora de bens imobiliários “Campos Mais”. Além da gestão de imóveis, as atividades da empresa incluem construção de edifícios e hotéis. Na cidade onde mora, Cajati, está construindo um hotel e espaço de eventos.

    Diante de todas essas informações, fica evidente que os ataques do candidato Jair Bolsonaro às comunidades quilombolas e a movimentos, como o MST e o MTST, são hipócritas e criminosos. Os sem-terra e os sem-teto são humildes e pobres que ocupam propriedades improdutivas, enquanto os parentes de Jair Bolsonaro, riquíssimos, invadem terrenos públicos para transformá-los em objeto de especulação imobiliária e cobiça. Eles querem auxílio-moradia, mas só para eles!