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  • Protestos na pandemia: vá apenas se puder, mas o silêncio também é um risco

    Protestos na pandemia: vá apenas se puder, mas o silêncio também é um risco

    Via Blog das Mulherias

    Flávia Martinelli

    05/06/2020 04h00

    Manifestante durante protesto no último fim de semana em São Paulo. Novos atos antifascitas e anti racistas estão marcados para o domingo em diversas cidades do Brasil (Foto: Miguel Schincariol/Getty Images)

    Não existe “manifestação segura” com pandemia e repressão violenta da polícia. Mas se omitir também é um perigo. Veja como tomar todos os cuidados necessários para ir às ruas ou dar o suporte de casa 

    Com reportagem de Ariane Silva e Jéssica Ferreira, especial para o blog Mulherias

    Seja por causa da Covid-19 ou da violência policial, vidas negras estão se perdendo por motivos que poderiam ser evitados. No cenário brasileiro, soma-se ao racismo institucional a explícita manifestação de ideias e símbolos fascistas e neonazistas de pequenos grupos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro que, há meses e sem pudor, defendem a intervenção militar no sistema democrático, como fechamento do Superior Tribunal Federal (STF).

    “Tudo tem limite, né?”, diz a arte-educadora e produtora cultural Queren Pereira, de 29 anos, mulher negra e periférica de São Paulo. Ela esteve na Avenida Paulista no último domingo e vai novamente ao local no próximo dia 7 participar do protesto “Vidas Negras Importam”, marcado para as 14h. “Se está ocorrendo uma manifestação no meio da pandemia é porque é extremamente necessário, ninguém sai de casa para arriscar a vida por nada.”

    Queren:

    Queren:”Fui em nome dos que não podiam estar lá e se sentem lesados. O copo encheu, transbordou. Quem faz descaso com a dor dos que perderam familiares ou defende um golpe militar precisa ter vergonha disso. Foi urgente reagir. Quem pode ir, vá antes que seja tarde!” (Foto: Arquivo pessoal)

    Torcedora do Corinthians, a educadora ressalta que sua ida à manifestação não pode ser confundida com passar por cima do isolamento social, defendida pelas instituições de saúde para evitar a propagação do novo coronavírus. “Não! Fui para a rua com a urgência necessária, porque posso fazer isso, porque não sou do grupo de risco e porque é preciso reagir a esses discursos de ódio apoiados por autoridades que deveriam dar bom exemplo. Isso não pode ser naturalizado”, explica Queren.

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    Sobre o grupo que defende o presidente Bolsonaro ela é taxativa: “Essas pessoas que quebram o isolamento com bandeiras de ódio, com taco de beisebol e com discursos antidemocráticos se sentem confortáveis pois estão amparadas pelo sistema do atual governo e da segurança pública”. Reagir, diz a militante, é “exigir um posicionamento dessa máquina de matar preto, pobre e favelado. É preciso dar um basta nisso”.

    (Miguel Schincariol/Getty Images)

    A morte de George Floyd pela polícia dos Estados Unidos foi um dos estopins para os atos no Brasil. “Aqui somos mortos até em casa, caso do menino João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos“, lembra Queren. O garoto foi baleado durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e mais de 70 furos de bala perfuraram a casa onde ele brincava com os primos.

    Assim como o último protesto reuniu torcedores de times de futebol rivais, como Palmeiras, São Paulo e Santos, a corinthiana espera nova união de forças nas ruas. “As pessoas brancas e não periféricas que podem precisam se manifestar também. Precisam estar na linha de frente nos protestos porque o povo preto vive esse enfrentamento diariamente. Estamos exaustos desse papel.”

    Ser antirracista não é apenas usar uma hashtag no Facebook. “Mas agir como linha de frente empregando pessoas pretas, apoiando na prática, cedendo seus privilégios para promover equidade e a igualdade.”

    Mas é seguro protestar durante a pandemia? 

    Não. Um protesto em condições normais já traz algum risco. Você pode se perder das pessoas que estão com você, passar mal por conta do sol, frio ou caminhar mais que o planejado sem comida. Nada disso é motivo para ficar em casa e é possível se preparar bem para imprevistos com uma mochila com água, lanches, agasalho e sapatos confortáveis. A pandemia, porém, traz novas preocupações.

    Ir ou não aos protestos de domingo deve ser uma escolha pensada com extrema seriedade, considerando a própria saúde e condições de vida dos familiares que vivem na mesma casa. Além disso, o momento político exige reflexão diante da repressão violenta.

    E aí? Devo ou não ir à manifestação?

    Se você for de algum grupo de risco, divide moradia com pessoas idosas ou tem sintomas de Covid-19, é melhor ficar em casa, viver e lutar por seus ideais outro dia. O blog Mulherias elaborou um guia a quem pode apoiar as manifestações de casa e também aos que decidirem participar dos protestos. Leia antes de tomar a sua decisão.

    Importante: as orientações de saúde foram baseadas em protocolos da Organização Mundial da Saúde e dicas da professora de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston Ellie Murray, traduzidas para o português pelo blog.

    A especialista americana tem usado seu Twitter com sugestões para minimizar os riscos da pandemia em manifestações. “Sim, eu fui contra os protestos antiquarentena. Sim, eu apoio o #VidasNegrasImportam. Não, essas visões não são contraditórias. A Covid é uma emergência de saúde pública. O racismo também. Precisamos lutar contra os dois”, posicionou-se a especialista.

    E se eu for, como faço para me cuidar?

    •  Escolha sapatos confortáveis e use roupas simples, sem estampas, que sejam difíceis de identificar numa foto. Esconda piercings, tatuagens e outras marcas de identificação, e prenda os cabelos.
    • Prepare uma mochila com seus documentos, dinheiro vivo para voltar para casa, agasalho, água (se possível numa garrafa com canudinho, para por debaixo da máscara) e comida. Assim você fica com as mãos livres para segurar faixas e cartazes e também para se proteger em caso de conflitos com a polícia, mas carrega com você tudo que precisa para cuidar de você durante o ato.

    Dicas da Frente Povo Sem Medo: a organização reúne diversos movimentos sociais e populares que participam das manifestações antifascistas

    Dicas da Frente Povo Sem Medo: a organização reúne diversos movimentos sociais e populares que participam das manifestações antifascistas

    • Avise alguém que você vai à manifestação e combine um horário para entrar em contato novamente e avisar que já está em casa em segurança. Se levar o celular, coloque senha numérica forte e desative o desbloqueio por  reconhecimento facial ou impressão digital. Anote em um papel o contato de alguém para o caso de você perder seu celular, ficar sem bateria ou ter o aparelho apreendido ou furtado.
    • Use máscara o tempo todo. Coloque antes de sair de casa e só retire depois que retornar. Cuide dos seus olhos também, use óculos de proteção para barrar o contato com eventuais gotículas de saliva suspensas no ar. Eles também protegem das bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha que podem ser usados pela polícia.
    • Gritar espalha gotículas de saliva no ar, então prefira usar cartazes, caixas de som, tambores e outras formas de se manifestar.
    • Fique próxima a um pequeno grupo de pessoas próximas para ter menos contato com pessoas desconhecidas.
    • Evite aglomerações: mantenha a distância de pelo menos 2 metros das outras pessoas durante a manifestação.
    • Evite maquiagem, pomadas ou cremes na pele, pois eles ajudam partículas como gotículas de saliva a grudarem na pele e intensificando os efeitos de gás e spray de pimenta.
    • Ao chegar em casa tire as roupas que usou e coloque para lavar. Tomar um banho assim que chegar também ajuda a descontaminar tanto de vírus que possam ter ficado em contato com a pele quanto de gás e spray de pimenta, se você tiver sido atingida. Lembre de lavar bem os cabelos.
    • Se possível, fique em casa pelas duas semanas seguintes ao protesto. Seguindo essas dicas você diminui mas não elimina o risco de contaminação por coronavírus. Os sintomas da Covid-19 demoram de 3 a 14 dias para aparecer (e você pode contaminar outras pessoas antes mesmo de ter qualquer sintoma). Isole-se.

    Advogados populares: a Comissão de Direitos Humanos da OAB estará atenta para possíveis violações. 

    Se eu ficar em casa, como ajudar?

    • Compartilhe esse guia com as pessoas que conhece e que vão às ruas para ajudar na segurança delas.
    • Doe kits com máscaras, álcool gel, lanches e água a quem vai ao protesto.
    • Procure os grupos que estão organizando as manifestações, eles certamente precisam de ajuda na divulgação ou em outras tarefas.
    • Use as mídias sociais para se manifestar e ampliar o alcance das manifestações: é preciso amplificar a luta por justiça e pelas vidas negras.

    Protestos marcados para o próximo domingo (7/6):

    Outras manifestações estão sendo marcadas e há algumas cidades com diferentes pontos de encontro. Pesquise, fale com amigos e organize-se para apoiar virtualmente os atos pelas vidas negras, contra o fascismo e em defesa da democracia.

     

  • Protestos se intensificam contra o assassinato de George Floyd

    Protestos se intensificam contra o assassinato de George Floyd

    Em Miami, Florida, os protestos contra o assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, estado de Minnesota, continuaram neste fim de semana. Milhares de pessoas sairam às ruas no centro da cidade. Em Coral Gables, periferia de Miami, policiais também participaram dos protestos, se ajoelhando e rezando junto a manifestantes. Brancos e negros carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem se levantando contra o racismo e o genocídio negro.

    Coral Gables
    Policiais se unem a protestos
    Coral Gables
    Policiais se unem a protestos

    No sábado e domingo, grandes protestos aconteceram nas ruas de Nova York, Filadélfia, Dallas, Las Vegas, Seattle, Des Moines, Memphis, Los Angeles, Atlanta, Portland, Chicago e Washington D.C, além de Miami.

     

    Camila Quaresma, ambientalista brasileira radicada em Miami há mais de 20 anos, faz um relato sobre a manifestação:

     

    “Se não existe movimentação, nada muda. Assim foi a organização de todos os protestos nos Estados Unidos. Ontem, em Miami, a mensagem era única entre participantes de diferentes cores, crenças, raças e idades: “Enough is enough!”, algo como “Chega!”, “Basta!”, “Passaram dos limites!”.

     

    O que aconteceu com George Floyd foi assassinato. Ponto. E não foi o primeiro… São muitos exemplos: Breonna Taylor, Ahmaud Arbery, Tamir Rice, Trayvon Martin, Oscar Grant, Eric Garner, Philandro Castile, Samuel Dubose, Sandra Bland, Walter Scott, Terence Crutcher… Até quando os negros não se sentirão seguros por serem negros? Até quando a cor da pele, ou as diferenças entre culturas justificam racismo? “Enough is enough.”

    Acho que o mais importante de tudo é continuar a ecoar  essa mensagem tão importante, e com isso, pressionar por mudanças mais drásticas não só no treinamento policial, mas também nas consequências a policiais que não cumprem com seu próprio dever.

     

    Importantíssimo que isso não seja esquecido com as distrações do vandalismo que aconteceu depois. Está errado, mas também não podemos esquecer que tal vandalismo vem de várias fontes: pessoas que querem que a mensagem não seja esquecida, ou pessoas que querem ser ouvidas mas a raiva da injustiça é tao grande que não conseguem gritar, pois o grito está preso na garganta. Errado, mas o buraco é mais embaixo.

     

    Enquanto isso, eu foco na lembrança do arrepio que senti na espinha ao estar cercada de tanta gente diferente com uma energia tão unificada em conquistar o bem. Das centenas de pessoas que estavam comigo na tarde de ontem, brancos, negros, latinos, e tantas outras raças e culturas que dão o significado tão maravilhoso de se viver em Miami: vamos voltar às ruas, gritar mais alto, lutar pelo que é nosso direito e tentar assim, fazer a diferença!

    Protestos em Miami

    Fotos de Coral Gables: @SJPeace/Twitter

    Fotos de Miami: Camila Quaresma

  • Mulheres do MST ocupam Ministério da Agricultura

    Mulheres do MST ocupam Ministério da Agricultura

     

     

    Cerca de três mil e quinhentas trabalhadoras rurais sem terra ocuparam o Ministério da Agricultura na manhã desta segunda-feira (09).

    Vindas de todo o Brasil, as mulheres protestaram contra os retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro nas políticas sociais, ambientais e agrárias. O ato, que faz parte da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra, também foi uma resposta do MST a Jair Bolsonaro, que vem tentando enfraquecer e criminalizar o movimento responsável por produzir boa parte dos alimentos saudáveis que chegam à mesa dos brasileiros.

    Fotos e vídeo: Leonardo Milano/Jornalistas Livres

    https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/219549542433141/

     

  • CHILE: Os abusos dos carabineros ao usar seu arsenal contra protestos

    CHILE: Os abusos dos carabineros ao usar seu arsenal contra protestos

    Por José Tomás Tenorio, jornalista chileno

    Com mais de 3.400 pessoas feridas e pelo menos cinco falecidas em mãos das forças de segurança depois de mais de dois meses de protestos no Chile, duras críticas tem surgido desde diversos setores da sociedade e do mundo político local pela atuação dos “carabineros”, a polícia chilena, que tem sido acusada de uma série de abusos e violações aos Direitos Humanos contra os manifestantes.

    Equipadas com um grande arsenal de equipamentos anti-motim, que inclui, entre outras coisas, bengalas, escudos, gás lacrimogêneo e carros que lançam jatos de água e de gás, as Forças Especiais acumulam críticas pelo uso de espingardas carregadas com cartuchos de 12 tiros de borracha, os chamados pellets, uma arma que é considerada como a principal causa da “epidemia” de lesões oculares que atualmente vive o Chile. De acordo com o relatório mais recente do Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH), 351 pessoas resultaram com lesões oculares nas manifestações, relatando-se dezenas de casos nos quais perderam 100% da visão em um dos olhos devido ao impacto dos pellets da Polícia.

    Segundo o protocolo da instituição, as espingardas devem ser utilizadas somente como último recurso frente a manifestantes violentos, tomando precauções para que a distância do disparo não coloque em perigo quem receba o impacto, e evitando disparar contra idosos e menores de idade. Porém, em reiteradas ocasiões pode-se ver as Forças Especiais de carabineros utilizando esta arma como uma das suas principais ferramentas para dispersar grandes grupos de pessoas, sem importar a distância nem considerar se a manifestação era pacífica. Inclusive, foi revelado o caso de dois estudantes escolares do Liceo 7 de meninas de Santiago que foram feridas pelos pellets depois de que um agente da polícia disparou contra elas no interior do colégio.

    Além disso, um estudo da Universidade do Chile —uma das instituições mais prestigiosas do país— concluiu que somente 20% do material dos pellets utilizados pelos carabineros corresponde a borracha, enquanto o 80% restante corresponde a silício, sulfato de bário e chumbo.

    Manifestante ferido por “bala de borracha”
    Raio X mostra Projétil de metal encravado na perna de homem que foi atingido por uma suposta bala de borracha
    Raio X mostra projétil de metal encravado na perna de homem atingido por suposta bala de borracha

    E, apesar de que inicialmente o comando dos carabineros negou este estudo, em novembro o diretor geral Mario Rozas afirmou que, depois de investigações realizadas pela própria instituição com respeito às munições anti-motim, as espingardas com pellets “só poderão ser utilizadas, assim como as armas de fogo, como uma medida extrema e exclusivamente para a legítima defesa” dos agentes.

    Outro dos elementos questionados quanto à sua utilização nos protestos tem sido o gás lacrimogêneo, que os carabineros usam de três formas diferentes: mediante granadas de mão, espingardas que lançam granadas e carros que lançam gases, conhecidos popularmente como “zorrillos” (gambás). As principais críticas apontam ao uso indiscriminado deste elemento para dispersar aos manifestantes, além dos potenciais riscos para a saúde que este representa.

    Afogamento

     

    O composto utilizado pelas forças policiais é o clorobenzilideno malomonitrilo, ou gás CS que, ao entrar em contato com uma pessoa, produz de maneira imediata irritação e sensação de ardor nos olhos, no nariz, na boca, na pele e nas vias respiratórias, além de uma tosse contínua e uma sensação de afogamento. Em ocasiões, ante exposições mais severas, as pessoas podem experimentar vômitos devido a esse gás.

     

    Para evitar complicações à saúde dos afetados pelo gás, o protocolo dos carabineros indica que as bombas de gás lacrimogêneo devem ser lançadas depois de tentar convencer os manifestantes a deixar uma zona determinada, e depois de avisar de que as granadas serão utilizadas, além de se ter em conta que na zona de utilização do gás —que pode ser dos 60 aos 300 metros quadrados— não haja menores de idade, idosos nem mulheres grávidas presentes.

     

    Porém, assim como no caso dos pellets, em várias ocasiões as Forças Especiais deixaram de lado o protocolo e dispararam bombas lacrimogêneas contra grupos pacíficos, sem avisar os participantes dos protestos, e disparando as granadas de forma horizontal e não em um ângulo de 45º, o que pode provocar fortes impactos na cabeça dos presentes. Nesse sentido, um dos casos mais escandalosos ocorreu no dia 6 de novembro, quando, depois de um protesto nos arredores do Costanera Center, os carabineros utilizaram grandes quantidades do gás CS, sem considerar que perto desse shopping se encontra o Hospital Metropolitano, que possui uma grande sala de neonatologia (especializada em recém-nascidos).
    Outro caso muito criticado ocorreu no dia 27 de novembro, quando uma mulher de 36 anos perdeu a vista de ambos os olhos depois de sofrer o impacto no rosto por uma bomba lacrimogênea lançada pelos carabineros. A mulher estava indo para o trabalho quando, ao passar perto de um protesto, foi alcançada pelo projétil que lhe gerou sérios danos no crânio, incluindo os dois globos oculares.
    E se bem que, nas redes sociais, várias pessoas têm dito que alguns dos lacrimogêneos utilizados pelas autoridades estão vencidos —o que poderia levar a que estes contenham cianeto no seu interior—, diversos estudos internacionais dizem que nas condições que este material é utilizado, o composto de gás CS não deveria produzir quantidades letais de cianeto, inclusive se as granadas estão vencidas há muito tempo. Ainda assim, ao ser consultado sobre isso, o coronel dos carabineros Óscar Alarcón disse em uma de suas polêmicas declarações que a exposição a gás lacrimogêneo vencido “não tem nenhum efeito, é como tomar um iogurte que venceu há cinco dias. Funciona igual, está bom igual”.
    No começo de dezembro, e depois de mais de 40 dias da explosão social, o jornal “La Tercera” informou que os carabineros utilizaram um total de 98.223 bombas lacrimogêneas. Devido a isto, a instituição realizou uma rápida compra de mais granadas deste tipo do Brasil.
    As denúncias contra a ação policial também apontam ao uso dos seus veículos rádio-patrulhas, os carros que lançam água e os “zorrillos”.
    Desde o começo dos protestos, foram registrados vários casos de atropelamentos de manifestantes por parte dos carabineros, inclusive em ocasiões de protestos pacíficos. Além disso, na metade de novembro os agentes foram acusados de ter atuado diretamente na morte de um jovem de 29 anos que faleceu depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória na Praça Itália, no centro de Santiago.
    Naquela ocasião, um carro lança-água próximo ao lugar, e que se encontrava com a visibilidade reduzida por raios laser e por manchas de tinta nos seus vidros, disparou um jato de água aos paramédicos que tentavam socorrer o jovem em parada cardiorrespiratória, o que dificultou a ação dos médicos e o traslado da pessoa até uma ambulância próxima do lugar.
    Apesar de todas as críticas, e dos relatórios de Anistia Internacional, Human Rights Watch e da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, que tem denunciado violações aos direitos humanos cometidas pelos carabineros desde o começo dos protestos (18 de outubro), a instituição tem rejeitado as críticas que apontam para um problema maior e o alto mando tem se limitado a se referir aos acontecimentos de abuso como casos isolados.
    Além disso, o ministério do Interior tem dito que o Estado chileno está avaliando dotar os carabineros de Dispositivos Acústicos de Longo Alcance, uma arma não-letal capaz de emitir sons acima dos 100 decibéis. Porém, em resposta ao anúncio, os departamentos de Fonoaudiólogos da Universidade do Chile e da Universidade de Valparaíso alertaram sobre os efeitos nocivos para a saúde que estas ferramentas podem ter para a população e que, em casos extremos, poderia deixar os afetados com danos auditivos irreversíveis.

    Leia mais sobre os protestos no Chile em:

     

    Chile: falsa normalidade

    https://jornalistaslivres.org/o-chile-despertou/
    https://jornalistaslivres.org/negro-matapacos-o-revolucionario/
  • Paro nacional por ola de despidos (en Argentina)

    Paro nacional por ola de despidos (en Argentina)

    Una multitud de 50 mil personas se congregó el 24 de febrero en Plaza de Mayo (Ciudad de Buenos Aires) contra los despidos en masa, por paritarias libres, contra la criminalización de la protesta y por la libertad de la militante presa Milagro Sala.

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    La manifestación acompañó el paro de 24 horas que llevó adelante la Asociación de Trabajadores del Estado (ATE), sindicato de trabajadores y trabajadoras públicos. Ya que, desde la asunción del nuevo gobierno, fueron despedidas cerca de 25 mil personas y muchos programas fueron vaciados. Es el caso de algunas áreas de derechos humanos, investigación de lavado de dinero, entre otros. El macrismo, por su parte, anunció esta semana que continuarán los despidos en el Estado.

    Daniel Catalano, Secretario General de ATE Capital, expresó:

    “Hay que construir la resistencia necesaria en cada sector de trabajo para frenar esta ola de despidos: nuestros reclamos son profundamente dolidos. Nosotros somos trabajadores del Estado orgullosos”.

    También leyó una carta escrita por Milagro Sala, quien se solidarizó con la lucha de los estatales en todo el país.

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    Además del gremio estatal, participaron distintas centrales de trabajadores y trabajadoras. Hubo sindicatos de portuarios, periodistas, ferroviarios, docentes, gráficos, salud, judiciales, economía popular, organizaciones políticas y de derechos humanos. Investigadores del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) hicieron una concentración frente al Ministerio de Ciencia y Tecnología. Al mismo tiempo, hubo marchas similares en  Santa Fe, Córdoba, Río Negro, Entre Ríos, Jujuy, Catamarca y Santa Cruz, entre otras provincias.

    Otros dirigentes sindicales también tomaron la palabra durante el acto en Plaza de Mayo. Jorge Yacovsky, de profesionales médicos dijo:

    “Hoy paralizamos 80 hospitales en la provincia de Buenos Aires, Capital Federal y otros tantos en 20 provincias argentinas”.

    Desde el gremio de docentes de Buenos Aires, Roberto Baradel expuso:

    “Necesitamos de la unidad de los trabajadores para volver a tener una patria solidaria, por lo que tenemos que ser capaces de tender de puentes con toda clase trabajadora para vencer al neoliberalismo”.

    Hubo también apoyos internacionales. Participó José Lorenzo de la CUT de Brasil;  así como representantes de centrales obreras de Chile y Uruguay.

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    Esta fue la primera gran movilización desde que el Ministerio de Seguridad de la Nación anunció el “Protocolo de actuación de seguridad del Estado en manifestaciones públicas”. Cuestionado por su carácter represivo y violatorio de derechos, en esta ocasión pesó sobre este protocolo una medida cautelar presentada por ATE. Entre distintos canticos, la multitud cantó:

    “Qué boludo, qué boludo, ahora el Protocolo se lo meten en el culo”.

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