Jornalistas Livres

Tag: professora

  • #MarielleVive: Ivanete Silva quer ocupar o governo do Rio

    #MarielleVive: Ivanete Silva quer ocupar o governo do Rio

    Grandes histórias de luta, muitas vezes, não chegam ao conhecimento da população. Quantos não conheciam Marielle? Quantos não conhecem a trajetória de grandes mulheres negras? Os Jornalistas Livres abrem espaço  para destacar o perfil de Ivanete Silva, professora e moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
    …………………………………………………………………………………………………………………

    Ivanete Silva é professora da rede pública, feminista e LGBT. Tem 50 anos e é candidata a co-governadora do Rio de Janeiro ao lado de Tarcísio Motta, candidato ao governo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Filha de retirantes nordestinos, Ivanete é moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

    Nascida em 1967, é primogênita de cinco irmãos. Seu pai, pedreiro, veio para o Rio ao saber da construção da Ponte Rio Niterói. Ivanete passou a infância entre as tarefas com sua mãe, que era lavadeira e passadeira. Muitas vezes era quem buscava e levava as roupas para as clientes de sua mãe.

    Ivanete vem de uma etnia “afroindígena”. A geração de sua avó é a que começa a sair da Aldeia para casar. Embora seus pais não tenham sido alfabetizados, eles preservaram o direito aos estudos, e cuidavam para que nenhum de seus cinco filhos deixasse de estudar. Eles passaram a receber muitos livros de seus vizinhos, e foi assim que Ivanete tomou gosto pela leitura.

    Dos dez anos até a juventude, frequentou a Igreja Católica. Fez catecismo, participou do grupo jovem, foi catequista, e participou da construção da Associação de Moradores de seu bairro.

    Na juventude, trabalhou em uma fábrica de vidro para relógio e na empresa de Calçados IRWIN, que fabricava produtos da marca Redley e da Magazine Mesbla. Um fato marcante foi deste momento: a sua primeira greve. Seu chefe lhe chamou e disse: “você só não será demitida hoje porque é a única que domina a programação da produção da borracha”.

    Enfim, passa no concurso do município e decide exercer a profissão de professora, onde percebeu toda a precariedade que a escola pública enfrenta. É tocada por um desejo de mudança daquela realidade, e de justiça para o povo pobre que frequentava a escola pública. “A Escola não é para todos! Mas precisa ser!”. Foi assim que, em paralelo ao exercício de magistério, iniciou sua formação acadêmica em Pedagogia na UERJ, seguida de uma Pós em Gestão Escolar.

    Na década de noventa, dá à luz a sua filha Gabriela e seu segundo filho, Gustavo. No início do ano 2000, seu marido é assassinado deixando-a viúva com Gabriela aos 4 anos e Gustavo ainda bebê. Ivanete, então, mergulha no trabalho. Nesta época, conhece o SEPE, e volta a aproximar-se da militância iniciada na adolescência no movimento social da Igreja Católica. Entra na chapa como diretora sindical. Em 2002, Ivanete se filia ao PT, para ajudar na campanha de uma amiga candidata a deputada estadual.

    No entanto, em pouco tempo sai do PT, e junto a outras/outros militantes ajuda a iniciar a organização do PSOL. A jornada segue em um crescente até que, em 2012, Ivanete se torna candidata a Prefeita da cidade. Foi presidenta do PSOL Caxias e participou do diretório estadual neste último mandato. Ivanete integrou, no último período, o Conselho Municipal de Direitos da Mulher, e é integrante do Movimento Negro Unificado (MNU).

     

    https://www.facebook.com/ivanetesilvapsol/videos/2029261537404676/

  • 2016: O QUE FAZER COM A DESESPERANÇA

    2016: O QUE FAZER COM A DESESPERANÇA

    Há quem fale que 2016 se prolongará pelos próximos 20 anos. Enganam-se!

    Em 2016, retrocederemos, pelo menos, 20 anos.

    Retornamos à época do acordo com os ditadores, que resultou na Assembleia Constituinte. Aquela era a época de se reconhecer a moratória dessa dívida que pagamos há anos.

    Voltamos à época do acirramento das desigualdades sociais, em vez de sua eliminação, de vermos a parcela mais torpe da nossa sociedade comer todas as fatias do bolo que crescia. Voltamos às desigualdades raciais. Retrocedemos em liberdades sexuais pela consolidação da cultura do estupro.

    33 homens contra uma menina. 53 senadores contra a Constituição.

    Assistimos à horda de homens brancos, velhos e ricos que ditam as regras contra a população impotente, iludida e conivente.

    Sim. A população brasileira está dividida: impotência, ilusão e conivência. Encontre-se em um desses grupos. Encontre-se em sua consciência.

    E não há lugar para correr, não há quem nos socorra. Onze pessoas ocupam a Suprema Corte do nosso País, agindo em prol de seus velhos interesses classistas. O Ministério Público não é público mais, protagonizando, espetacularizando o acinte ao bom senso e a destruição da República.

    Milhares de estudantes ocupam as escolas. E assim se afiguram como Davi e Golias, quando o gigante resolveu despertar, oportunista, vingativo, revanchista.

    São ilegítimos, são usurpadores esfarelando o que jaz do Estado Democrático.

    Choram Marias, Clarices, Marianas, Tatis, Amarildos, Josés. E não resta a quem perguntar “E agora?”.

    Invade-nos, como a lama podre do capital que inunda, destrói e mata, um mar de desesperança, que nos frustra e abate. Avançam o retrocesso, a canalhice, a intolerância.

    O escárnio, a trapaça, o jogo sujo, os mesmos conchavos, propinas e jetons cantados por Herbert Vianna sobre os 300 picaretas com chapéu de doutor, sobre os quais “Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou”.

    A desesperança é leito violento que desemboca em turva foz. Deprime, desencanta, mata aquela que é a última a morrer. A desesperança é o ponto alto das crises, sejam elas de qualquer origem.

    Quem já viveu a depressão como doença sabe que o seu ápice é a desesperança. É aquele ponto em você se entrega ou busca as forças escondidas e resiste, e luta, e vence.

    Não estou falando da vitória como um fato consumado, como um sete a um. Estou falando da vitória que é não desistir.

    Convido-os a seguir o segundo caminho. Armar-se de conhecimento e força. O futuro nos apresenta de forma nebulosa, mas é preciso resistir e construir. Cada um à sua maneira, com aquilo que pode, com aquilo que suporta.

    Mas, a entrega, a desistência são finais tristes demais para quem sonha.

    Eduardo Galeano nos falou que a utopia é como a linha do horizonte, quando se aproxima, ela se afasta, mas não podemos deixar de segui-la.

    Encare a sua desesperança. Enfrente-a com seus sonhos, desejos, com a sua esperança.

    Sejamos resilientes!

     

    Bárbara Natália Lages Lobo é professora de Direito na PUC Minas, doutoranda em Direito Constitucional e escritora, autora do livro “O Direito à Igualdade na Constituição Brasileira”