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    Peru também luta por direitos trabalhistas

    Não é só no Brasil que direitos trabalhistas são atacados e sindicatos enfraquecidos. A onda neoliberal dos anos 90 volta com força total no Peru

    Veja abaixo a informação da federação Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) com a carta enviada por Gerônimo Lopez, Presidente da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru.

     

     

    Hoje, 19, é dia de jornada de luta contra a reforma trabalhista no Peru

    A legislação trabalhista vigente no Peru foi aprovada durante o governo de Alberto Fujimori, preso desde 2005 por violação dos direitos humanos e corrupção. Na onda neoliberal dos anos 90, Fujimori, assim como Fernando Henrique no Brasil, tentou flexibilizar os direitos dos trabalhadores e enfraquecer o seu principal mecanismo de defesa: os sindicatos.

    Hoje, tal qual acontece no Brasil, o atual presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski (PPK, como é conhecido), retoma a intenção de retirar mais direitos e definitivamente enfraquecer os sindicatos no Peru.

    A reforma trabalhista liderado por PPK é muito semelhante ao proposto por Michel Temer: o trabalhador terá difícil acesso à justiça; retira dos sindicatos o controle sobre a homologação nos casos das demissões; estende a classificação de “jovem trabalhador” para até 29 anos de idade para contratar com menos direitos um maior número de trabalhadores; elimina exames de saúde na contratação e limitá-los ao termino da relação de trabalho; solicitar a entrada do país na OCDE; enfraquecer ou fazer totalmente irrelevante a consulta tripartite; descontos até 90% nas multas por violação das leis trabalhistas e muitos outros.

    Peru já é um dos países mais antissindicais na América Latina e no Caribe, demitir um líder sindical é muito simples e quase sem consequências para o empregador.
    Hoje, 19 de julho, os trabalhadores e trabalhadoras realizam um dia nacional de luta e protesto no Peru contra estes novos ataques contra os seus direitos.

    O representante da Internacional dos Trabalhadores da Construção e Madeira (ICM) Regional, Nilton Freitas expressou diretamente ao secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López Sevillano, apoio e solidariedade internacional a grande família global de ICM.

    Falando na Conferência Internacional do Trabalho da OIT em julho passado, em Genebra, Gerónimo López também denunciou à comunidade internacional “a continuidade da política antitrabalhador que é promovida por grandes corporações e defendida pelo atual governo, tratando de impor uma reforma que elimina os padrões alcançados e precariza ainda mais o emprego, sem qualquer diálogo”.

    Leia a seguir a informação enviada pelo presidente da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru, Gerónimo Lopes:

    Em todo o país, os trabalhadores, os estudantes, professores, mineiros, trabalhadores agrícolas e a juventude sairão às ruas. Todos, em uma única voz, gritaremos BASTA DE REFORMAS!

    O governo de Pedro Pablo Kuczynski (PPK) é incapaz de resolver este problema: o governo não tem resposta para o desemprego. O principal problema que enfrentamos é a crise econômica peruana.

    A economia do Peru está em crise. Não há investimento público. Grandes projetos de construção estão parados. O desemprego cresce. Ocorrem demissões coletivas: 100 mil trabalhadores perderam seus empregos. Os empresários impõem contratos de trabalho temporários para todos os trabalhadores.

    Querem demissões baratas e querem eliminar as gratificações de todos os trabalhadores. Querem reduzir as férias para 15 dias. Os empresários querem eliminar todos os direitos trabalhistas.

    Por isso dizemos BASTA A ESTA REFORMA TRABALHISTA ABUSIVA.

    Nós, os trabalhadores, queremos emprego com direitos e contratos de trabalho estáveis.

    Já estamos cansados de tanto abuso e de tanta exploração.

    Nós, os trabalhadores, queremos trabalhar com direitos trabalhistas. Queremos fiscalização no trabalho para proteger os trabalhadores.

    Queremos salários justos e sindicatos fortes para proteger nossos direitos.

    Para conseguir tudo isso, a estrada é longa e os nossos inimigos são poderosos. Eles têm o poder do dinheiro e os meios de comunicação.

    Mas, com a firme convicção da luta de classes e com os exemplos de Mariatigui e Pedro Huilca, estamos confiantes que triunfaremos.

    Gerônimo Lopez

    Presidente da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru

  • Nós por nós, sempre!

    Nós por nós, sempre!

    Por Lúcia Perez, de 16 anos, drogada à força, estuprada e empalada tomamos as ruas. Erguemos nossos cartazes por Beatriz, também de 16 anos, que foi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro. Gritamos numa só voz por Rayzza, militante feminista queimada viva, em Cabo Frio no Rio de Janeiro. Unimo-nos por Cláudia Silva Ferreira, arrastada por um carro da Polícia Militar por 350 metros. Abraçamo-nos pela garota de 16 anos – que não cometeu crime algum – presa numa cela com 30 homens e foi abusada durante 20 dias. Choramos pelas meninas de 7 anos da República Centro-Africana que eram obrigadas a fazer sexo oral em soldados da ONU em troca de água e bolachas de água e sal. No desespero de ver um bebê de dois anos morrer abusado pelo padrasto, vimos que precisávamos agir.
    Mesmo embaixo de chuva continuamos na luta contra a violência masculina que nos humilha, destrói, machuca, estupra e mata todos os dias. Ocupamos espaços que nos são negados e nos posicionamos contra o sistema patriarcal que nos oprime todos os dias.

    Fotos: Emergente

    Diariamente nos vemos abaladas por práticas machistas e misóginas, como o caso da garota de 13 anos que engravidou após ter sido estuprada por seu responsável, e teve que foi questionada por um juiz se havia “tentado fechar a genitália” durante o estupro. Desesperamo-nos com o caso do Coronel da Polícia Militar que foi encontrado em um carro com uma criança de 2 anos nua. Percebemo-nos alvos quando acontecem 5 espancamentos a cada dois minutos, 179 relatos de agressão por dia, 1 estupro a cada 11 minutos – totalizando 133 mulheres estupradas por dia, e 1 feminicídio a cada 90 minutos, somente no Brasil. Resistimos quando percebemos que estupros não tem relação com tesão ou prazer, e sim com dominação.
    Revoltamo-nos contra todos os tipos de violência – física, sexual, psicológica, patrimonial e moral – e contra a leveza das penas de nossos agressores e assassinos. Lutando para que nós, mulheres, sejamos vistas como humanas. Pela autonomia de nossas vidas e corpos.

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    Na Argentina, no Peru, Brasil, Venezuela, Chile, Equador, Costa Rica, Paraguai, Uruguai, Bolívia e em diversos países do mundo todo! Pelas meninas judias e cristãs sequestradas para serem escravas sexuais, pelas vítimas da mutilação genital na África, pelas mulheres ao nosso redor que sofrem com assédios, agressões e violações. Pelas que nos apoiam e pelas que não nos apoiam. Por todas elas. Por todas nós. Seguiremos até que todas sejamos livres!
    Somos nós por nós, sempre!