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  • Luiz Eduardo Merlino morre mais uma vez

    Luiz Eduardo Merlino morre mais uma vez

    A família de Luiz Eduardo da Rocha Merlino, vive mais um momento de luto produzido pela justiça brasileira. No julgamento realizado nesta quinta-feira (10/10), por 2 votos a 1, a 11ª Turma do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), em São Paulo, não aceitou recurso e não recebeu a denúncia do MPF que pedia que fossem processados pelo homicídio do jornalista Luiz Eduardo Merlino, três agentes da ditadura.
    O jornalista foi morto no Hospital do Exército, em julho de 1971, após 24 horas de tortura no DOI-Codi. 

    Assistente da acusação Eloísa Machado afirmou durante o julgamento:

    “A busca pela verdade faz parte da história dessa família há 48 anos”

     

    Somente Fausto Di Sanctis foi favorável a levar os três servidores à julgamento pela morte do jornalista. O relator, desembargador José Lunardelli, e o presidente da turma, Nino Toldo, votaram contra a tese do MPF. Para eles, não há como contornar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de 2010, que julgou constitucional a Lei de Anistia de 1979 e, por isso, não seria possível receber a denúncia. Cabe recurso da decisão.

    Os denunciados são o delegado aposentado Aparecido Laertes Calandra e o delegado da Polícia Civil de São Paulo Dirceu Gravina, acusados de homicídio doloso qualificado (com intenção de matar), por motivo torpe e com emprego de tortura que impossibilitou a defesa da vítima. O médico Abeylard de Queiroz Orsini, à época, legista, é acusado pelo crime de falsidade ideológica, decorrente da falsificação do laudo necroscópico do jornalista. 

     

     

    Apresentada em setembro de 2014, a denúncia do MPF contra os agentes foi rejeitada pelo juiz federal Fábio Rubem David Müzel, sob a alegação de que os acusados estariam cobertos pela Lei de Anistia. Em outubro do mesmo ano, o MPF recorreu da decisão.

    A família de Merlino luta por justiça e punição dos torturadores e do mandante Coronel Alberto Brilhante Ustra, que comandava o centro de torturas e que deu ordem para que deixassem Luiz Eduardo Merlino morrer no hospital militar. Com a sua morte, em 2015, a punibilidade criminal contra ele foi extinta. Mas a família de Merlino moveu ação indenizatória.

    O último e torturante episódio deste processo contra Ustra, foi em outubro de 2018, quando sob alegação de prescrição, o Tribunal de Justiça de São Paulo reformou a sentença, absolvendo Ustra por três votos a zero. Em 2012, uma decisão de primeira instância havia condenado o coronel reformado ao pagamento de uma indenização às proponentes.

     

    + SOBRE O CASO

    Familiares de mortos e desaparecidos poderão retificar registro de óbito de seus entes amados

    Assassinato de Luiz Eduardo Merlino pela ditadura tem novo julgamento

    VEJA A AUDIÊNCIA PÚBLICA (parte 1 e 2) sobre o caso Merlino na Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva em 2014.

     

    OBS: com informações do Uol e do Brasil de Fato

  • #PeloFimDaImpunidade: Justiça fará novo julgamento sobre morte de Zé Claudio e Maria

    #PeloFimDaImpunidade: Justiça fará novo julgamento sobre morte de Zé Claudio e Maria

    Nessa terça-feira, dia 6 de dezembro, acontece em Belém novo julgamento de José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do assassinato de José Claudio e Maria do Espírito Santo.

    O casal de extrativistas foi assassinado em maio de 2011, no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), onde vivia, por lutar contra a grilagem e o roubo de madeira na região. José Claudio estava incluído em uma lista de ambientalistas ameaçados de morte na Amazônia desde 2008.

    Acusado de ser o mandante do crime, José Rodrigues havia comprado ilegalmente dois lotes no assentamento e estava expulsando os moradores do local. Após o crime, os familiares do casal também tiveram de sair de suas casas por serem constantemente ameaçados.

    José Rodrigues enfrentou o primeiro julgamento em Marabá, em 2013, quando foi absolvido pelo juri popular. Na época, o juiz criminalizou a luta das vítimas para defender a floresta, considerando que o casal teria contribuído para o crime em razão de seu comportamento.

    O Ministério Público apelou contra a decisão e, em 2014, o Tribunal de Justiça de Belém anulou o julgamento. Agora, o processo será julgado pelo Fórum de Belém a pedido dos familiares de Zé Claudio e Maria.

    Em 2013, o pistoleiro Lindonjonson Silva Rocha, irmão de José Rodrigues, foi condenado a 42 anos de prisão pelo crime, mas conseguiu fugir da penitenciária Mariano Antunes, em Marabá, onde cumpria pena, em novembro de 2015. O assassino continua foragido.

     

    #PeloFimDaImpunidade

    Violência no campo

    O Brasil detém o lamentável título de país campeão mundial de assassinatos de ambientalistas. Só os casos brasileiros somam 50 – a maioria na Amazônia (47 casos, ou 94%). Em todo o mundo, foram 189 assassinatos.
    De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de janeiro a agosto de 2016 já foram registradas 39 mortes no campo – sendo que 28 dessas (78%) na Amazônia, concentradas nos estados de Rondônia (12), Maranhão (7), Pará e Tocantins (3 cada).
    Na semana passada, o governo divulgou um novo aumento no desmatamento pelo segundo ano consecutivo. Desta vez, o desmatamento no período de agosto de 2015 a julho de 2016 foi de 7989 km², 29% maior que o período anterior. E não é só a floresta que tomba. Violência, desmatamento e conflitos no campo infelizmente crescem juntos na Amazônia. Já passou da hora de colocar um ponto final nessa história. Este julgamento representa uma nova chance de se fazer justiça no caso Zé Claudio e Maria.