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  • O que escrevem aqueles que, reclusos, oram?

    O que escrevem aqueles que, reclusos, oram?

    “A Terra é um presente para descobrir que somos amados. É preciso pedir perdão à Terra”, escreve o Papa Francisco

    Avenida dos Baobás, em Madagascar (Foto: Dennis van de Water)

     

    Justamente porque tudo está conectado (cf. Laudato si ’42; 56) no bem, no amor, justamente por essa razão, toda falta de amor repercute em tudo. A crise ecológica que estamos vivenciando é, acima de tudo, um dos efeitos desse olhar doente sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo, sobre o tempo que passa; um olhar doente que não nos faz perceber tudo como um presente oferecido para descobrir que somos amados. É esse amor autêntico, que às vezes nos alcança de maneira inimaginável e inesperada, que nos pede para rever nossos estilos de vida, nossos critérios de julgamento, os valores nos quais baseamos nossas escolhas. De fato, agora se sabe que poluiçãomudanças climáticasdesertificaçãomigrações ambientaisconsumo insustentável dos recursos do planetaacidificação dos oceanosredução da biodiversidade são aspectos inseparáveis da desigualdade social: da crescente concentração de poder e riqueza nas mãos de muito poucas e das chamadas sociedades do bem-estar, dos insanos gastos militares, da cultura do descarte e de uma falta de consideração do mundo do ponto de vista das periferias, da falta de proteção de crianças e menores, de idosos vulneráveis e crianças ainda não nascidas.

    Um dos grandes riscos de nosso tempo, então, diante da grave ameaça à vida no planeta causada pela crise ecológica, é a de não ler esse fenômeno como o aspecto de uma crise global, mas de nos limitarmos a procurar – embora necessárias e indispensáveis – soluções puramente ambientais. Ora, uma crise global requer uma visão e abordagem globais, que passam primeiro por um renascimento espiritual no sentido mais nobre do termo. Paradoxalmente, as mudanças climáticas poderiam se tornar uma oportunidade para nos questionarmos sobre o mistério de ser criado e sobre o quê vale a pena viver. Isso levaria a uma profunda revisão de nossos modelos culturais e econômicos, para um crescimento na justiça e no compartilhamento, na redescoberta do valor de cada pessoa, no empenho para que aqueles que hoje estão à margem possam ser incluídos e aqueles que vierem amanhã ainda possam desfrutar do beleza do nosso mundo, que é e continuará sendo um presente oferecido à nossa liberdade e à nossa responsabilidade.

    cultura dominante – aquela que respiramos através das leituras, dos encontros, das diversões, nas mídia etc. – baseia-se na posse: de coisas, de sucesso, de visibilidade, de poder. Quem tem muito vale muito, é admirado, considerado e exerce alguma forma de poder; enquanto aquele que tem pouco ou nada, corre o risco perder até mesmo seu próprio rosto, porque desaparece, torna-se uma daquelas pessoas invisíveis que povoam nossas cidades, uma daquelas pessoas que não notamos ou com quem tentamos não entrar em contato. Certamente, cada um de nós é, acima de tudo, vítima dessa mentalidade, porque de muitas maneiras somos bombardeados por ela. Desde crianças, crescemos em um mundo em que uma ideologia mercantil generalizada, que é a verdadeira ideologia e prática da globalização, estimula em nós um individualismo que se torna narcisismo, ganância, ambições elementares, negação do outro …

     

    Portanto, nessa nossa situação atual, uma atitude justa e sábia, ao invés da acusação ou do julgamento, é acima de tudo a tomada de consciência. Somos envolvidos, de fato, em estruturas de pecado (como São João Paulo II as chamava) que produzem o mal, poluem o meio ambiente, ferem e humilham os pobres, favorecem a lógica da posse e do poder, exploram os recursos naturais, obrigam populações inteiras a deixar suas terras, alimentam o ódio, a violência e a guerra. É uma tendência cultural e espiritual que opera uma distorção em nosso senso espiritual que vice-versa – em virtude de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus – nos orienta naturalmente ao bem, ao amor e ao serviço dos outros. Por essas razões, a virada não pode vir simplesmente do nosso empenho ou de uma revolução tecnológica: sem negligenciar tudo isso, precisamos nos redescobrir pessoas, ou seja, homens e mulheres que reconhecem que são incapazes de saber quem são sem os outros e que se sentem chamados a considerar o mundo à sua volta não como um objetivo em si, mas como um sacramento da comunhão. Dessa maneira, os problemas de hoje podem se tornar oportunidades autênticas, para que possamos nos descobrir verdadeiramente como uma única família, a família humana. Enquanto tomamos consciência de que estamos perdendo a meta, de que estamos dando prioridade ao que não é essencial ou mesmo ao que não é bom e causa mal, o arrependimento e o pedido de perdão podem nascer em nós.

    Eu sinceramente sonho com um crescimento da consciência e do sincero arrependimento de todos nós, homens e mulheres do século XXI, crentes e não crentes, de parte de nossas sociedades, por nos deixarmos levar por lógicas que dividem, provocam fome, isolam e condenam. Seria bom se pudéssemos pedir perdão aos pobres, aos excluídos; então poderíamos nos arrepender sinceramente também do mal feito à terra, ao mar, ao ar, aos animais … Pedir e conceder perdão são ações que são possíveis apenas no Espírito Santo, porque Ele é o artífice da comunhão que abre os fechamentos dos indivíduos; e é preciso muito amor para deixar de lado o orgulho, perceber que se cometeu um erro e ter esperança de que novos caminhos sejam realmente possíveis. Portanto, o arrependimento para todos nós, para a nossa era, é uma graça a ser humildemente implorada ao Senhor Jesus Cristo, para que em nossa história essa nossa geração possa ser lembrada não por seus erros, mas pela humildade e sabedoria de ter sabido inverter a rota.

    O que estou dizendo talvez pareça idealista e pouco concreto, enquanto parecem mais viáveis as estradas que visam o desenvolvimento de inovações tecnológicas, a redução no uso de embalagens, o desenvolvimento de energia a partir de fontes renováveis etc.. Tudo isso, sem dúvida, não é apenas um dever, mas necessário. No entanto, não é suficiente. A ecologia é a ecologia do homem e de toda a criação, não apenas de uma parte. Como em uma doença grave, a medicina sozinha não é suficiente, mas é preciso olhar para o doente e entender as causas que levaram ao aparecimento do mal; assim, da mesma forma, a crise de nosso tempo deve ser enfrentada em suas raízes. O caminho proposto consiste, então, em repensar nosso futuro a partir das relações: os homens e as mulheres de nosso tempo têm tanta sede de autenticidade, de rever sinceramente os critérios da vida, de reorientar-se para o que vale, reestruturando a existência e a cultura.

     

    *publicado no livro Nostra Madre Terra. O extrato é publicado por Corriere della Sera, 16-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

     

     

     

     

    DEZ DICAS PARA ENFRENTAR A RECLUSÃO

    por Frei Betto

    Estive recluso sob a ditadura militar. Nos quatro anos de prisão trancaram-me em celas solitárias nos DOPS de Porto Alegre e da capital paulista, e também, no estado de São Paulo, no quartel-general da PM, no Batalhão da ROTA, na Penitenciária do Estado, no Carandiru e na Penitenciária de Presidente Venceslau.
    Partilho, portanto, 10 dicas para suportar melhor esse período de reclusão forcada pela pandemia:

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    1. Mantenha corpo e cabeça juntos. Estar com o corpo confinado em casa e a mente focada lá fora pode causar depressão.

    2. Crie rotina. Não fique de pijama o dia todo, como se estivesse doente. Imponha-se uma agenda de atividades: exercícios físicos, em especial aeróbicos (para estimular o aparelho respiratório), leitura, arrumação de armários, limpeza de cômodos, cozinhar, pesquisar na internet etc.

    3. Não fique o dia todo diante da TV ou do computador. Diversifique suas ocupações. Não banque o passageiro que permanece o dia todo na estação sem a menor ideia do horário do trem.

    4. Use o telefone para falar com parentes e amigos, em especial com os mais velhos, os vulneráveis e os que vivem só. Entretê-los fará bem a eles e a você.

    5. Dedique-se a um trabalho manual: consertar equipamentos, montar quebra-cabeças, costurar, cozinhar etc.

    6. Ocupe-se com jogos. Se está em companhia de outras pessoas, estabeleçam um período do dia para jogar xadrez, damas, baralho etc.

    7. Escreva um diário da quarentena. Ainda que sem nenhuma intenção de que outros leiam, faça-o para si mesmo. Colocar no papel ou no computador ideias e sentimentos é profundamente terapêutico.

    8. Se há crianças ou outros adultos em casa, divida com eles as tarefas domésticas. Estabeleça um programa de atividades, e momentos de convívio e momentos de cada um ficar na sua.

    9. Medite. Ainda que você não seja religioso, aprenda a meditar, pois isso esvazia a mente, retém a imaginação, evita ansiedade e alivia tensões. Dedique ao menos 30 minutos do dia à meditação.

    10. Não se convença de que a pandemia cessará logo ou durará tantos meses. Aja como se o período de reclusão fosse durar muito tempo. Na prisão, nada pior do que advogado que garante ao cliente que ele recuperará a liberdade dentro de dois ou três meses. Isso desencadeia uma expectativa desgastante. Assim, prepare-se para uma longa viagem dentro da própria casa.

     

  • Francisco critica especulação imobiliária e a perseguição à luta por moradia

    Francisco critica especulação imobiliária e a perseguição à luta por moradia

     

    Por Santiago Gómez, especial para os Jornalistas Livres

    O Papa Francisco divulgou o dia 4 de Julho, uma mensagem nas redes sociais contra a especulação imobiliária. No vídeo, Francisco começa reconhecendo que “dos juízes dependem decisões que influenciam os direitos e os bens das pessoas” e que “sua independência deve ajudá-los a serem isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”. Esta última afirmação fez que no Brasil se interpretasse a mensagem como um recado para o juiz Sérgio Moro. Francisco, do jeito dele, já se manifestou contra a utilização do poder judiciário contra as lideranças populares, no encontro que manteve com juízes pan-americanos no mês de junho. Mas há outra dimensão da fala de Francisco, que é preciso levar em consideração: desde o primeiro encontro do Papa com os movimentos sociais, Francisco vem impulsionando as três T: Terra, Teto e Trabalho.

    No primeiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, acontecido em Roma no ano 2014, Francisco afirmou:

    “Este nosso encontro responde a um anseio muito concreto, a algo que qualquer pai, qualquer mãe, quer para os próprios filhos; um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com tristeza cada vez mais distante da maioria das pessoas: terra, teto e trabalho. É estranho, mas se falo disto para alguns o Papa é comunista. Não se compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, casa e trabalho, aquilo pelo que lutais, são direitos sagrados”.

    Cabe destacar, que o direito à moradia, é reconhecido no artigo 6º da Constituição Federal brasileira. Desde então, o Papa repetiu esses encontros mais duas vezes, o segundo aconteceu na Bolívia em 2015 e o último, de 2016, de novo na Itália.

    No primeiro encontro, no momento de abordar a problemática dos sem teto, Francisco afirmou:

    “Hoje, vivemos em imensas cidades que se mostram modernas, orgulhosas e até vaidosas. Cidades que oferecem inúmeros prazeres e bem-estar para uma minoria feliz… mas se nega o teto a milhares de vizinhos e irmãos nossos, inclusive crianças, e eles são chamados, elegantemente, de ‘pessoas em situação de rua’. É curioso como no mundo das injustiças abundam os eufemismos. Não se dizem as palavras com a contundência, e busca-se a realidade no eufemismo. Uma pessoa, uma pessoa segregada, uma pessoa apartada, uma pessoa que está sofrendo a miséria, a fome, é uma ‘pessoa em situação de rua’: expressão elegante, não? Vocês, busquem sempre, talvez me equivoque em algum, mas, em geral, por trás de um eufemismo há um crime. Vivemos em cidades que constroem torres, centros comerciais, fazem negócios imobiliários… mas abandonam uma parte de si nas margens, nas periferias. Como dói escutar que os assentamentos pobres são marginalizados ou, pior, quer-se erradicá-los! São cruéis as imagens dos despejos forçados, dos tratores derrubando casinhas, imagens tão parecidas às da guerra. E isso se vê hoje”.

    No vídeo difundido pelo Papa (no dia da Independência dos Estados Unidos), a situação acontece num tribunal, numa disputa por terra, onde uma parte quer construir um resort, e a outra é um homem que esta defendendo a terra onde tem sua casa. Quando a câmera mostra o hotel, se escuta a voz do Francisco dizendo “Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade”, e quando foca no homem mostrando a foto da casa para o juiz, se escuta o Papa dizer “Rezemos para que todos aqueles que administram justiça operem com integridade e para que a injustiça que atravessa o mundo não tenha a última palavra”. A cena acaba com o juiz batendo o martelo, olhando para o pobre.

    Desde que Francisco chegou ao Vaticano, ele briga de frente com o sistema financeiro e seu parceiro lógico, as corporações midiáticas. Quem especula com informação precisa dos meios de comunicação. Por isso no Terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, o Papa perguntou “Quem governa então? O dinheiro. Como governa? Com o chicote do medo, da desigualdade, da violência econômica, social, cultural e militar que gera sempre mais violência em uma espiral descendente que parece não acabar nunca”.

    O Papa Francisco, quando era Jorge Bergoglio, fazia trabalho de base nas favelas de Buenos Aires. Foi uma peça fundamental na criação da Mesa do Diálogo, que se criou após o “estallido”, a crise social argentina de dezembro de 2001. É por isso que conhece bem de perto o trabalho dos movimentos sociais, com os quais sempre articulou, e as consequências políticas e legais que as lideranças devem confrontar por lutar por direitos constitucionais.

    No último encontro com os movimentos populares, de 2016, Francisco falou para as lideranças presentes: “Penso, às vezes, que quando vocês, os pobres organizados, inventam o seu próprio trabalho, criando uma cooperativa, recuperando uma fábrica falida, reciclando os descartes da sociedade de consumo, enfrentando as inclemências do tempo para vender em uma praça, reivindicando um pedaço de terra para cultivar e alimentar quem tem fome, vocês estão imitando Jesus, porque buscam curar, mesmo que somente um pouquinho, mesmo se precariamente, essa atrofia do sistema socio-econômico reinante que é o desemprego. Não me surpreende que também vocês, às vezes, sejam vigiados ou perseguidos, nem me surpreende que aos soberbos não interesse aquilo que vocês dizem. (…) Sei que muitos de vocês arriscam a vida. Sei que alguns não estão aqui hoje porque arriscaram a vida”.

  • Papa recebe relatos de retrocessos no Brasil

    Papa recebe relatos de retrocessos no Brasil

    Grupo de brasileiros informa o Papa sobre os retrocessos que vêm ocorrendo no Brasil desde 2016: a intolerância religiosa, os números dos assassinatos de defensores de direitos humanos e as violações ao processo legal e à presunção de inocência no processo contra Lula.

    Veja a matéria de Marco Weissheimer para o Sul211

    Da esquerda para a direita: Marinete Silva, Carol Proner, Papa Francisco, Paulo Sérgio Pinheiro e Cibele Kuss. (Divulgação)

    Conheça o dossiê sobre violação de direitos e violência no Brasil entregue ao Papa Francisco

     

    No dia 3 de agosto, o Papa Francisco recebeu uma comitiva brasileira formada pelo professor Paulo Sérgio Pinheiro, ex-secretário de Estado de Direitos Humanos (durante o governo FHC), a jurista Carol Proner, Cibele Kuss, membro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) e da Fundação Luterana de Diaconia, e Marinete Franco, mãe de Marielle Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, assassinada no dia 14 de março deste ano.

    A delegação foi ao Vaticano conversar com o Papa sobre a situação social e política brasileira, em especial sobre o processo jurídico e político que cercam a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a crescente violação de direitos no país e o assassinato de lideranças sociais e militantes de direitos humanos.

    Secretaria Executiva da Fundação Luterana de Diaconia, a pastora Cibele Kuss conversou com o Sul21 sobre o teor da conversa que a missão brasileira manteve com o Papa por quase uma hora. “Procuramos compartilhar aspectos relacionados ao aspecto jurídico envolvendo a prisão de Lula, informações sobre os retrocessos que vêm ocorrendo no Brasil desde 2016 e, a partir do caso da Marielle Franco, falar um pouco da realidade vivida hoje pelos defensores de direitos humanos no país. Além disso, no campo da religião, conversamos também sobre a relação entre a violência política e a violência religiosa pós-2016, detalhando alguns casos”. Três documentos foram entregues ao Papa com informações sobre esses temas.

    “Um conjunto de violações ao processo legal e à presunção de inocência”

    Cibele Kuss definiu a conversa como “muito potente e emocionante”. “O Papa é uma grande liderança religiosa que também tem enfrentado fundamentalismos e resistências no âmbito da Igreja Católica Romana”. Carol Proner fez um relato sobre o processo jurídico e político contra Lula, apontando um conjunto de violações ao processo legal e à presunção de inocência. Neste momento, diz Cibele Kuss, o Papa se manifestou falando sobre o cenário de golpes na América Latina onde a presunção de inocência não está sendo respeitada. “Quando abordamos alguns aspectos relacionados ao processo de impeachment, ele citou a Dilma dizendo que a encontrou três vezes, que ela é uma amiga e uma mulher muito honesta. Foi uma referência bem impactante que ele fez sobre a Dilma”.

    Paulo Sergio Pinheiro fez um relato sobre as violações de direitos humanos que vem acontecendo no Brasil. O documento entregue pelo ex-secretário de Direitos Humanos, afirma que, em somente dois anos, a proteção dos direitos humanos sofreu retrocessos dramáticos no Brasil. “Não somente foram eliminadas as garantias constitucionais aos gastos sociais em educação e saúde como se abandonaram agendas fundamentais para a proteção de grupos marginalizados como as agendas de proteção e promoção de direitos dos afrodescendentes (que constituem metade da população), dos povos indígenas, das crianças, meninas e mulheres. O resultado prático destas ações é um crescente estado de mal estar social”, diz o texto.

    “Falar pelos marginalizados implica sérios riscos”

    O Brasil, em 2017, disse ainda Paulo Sérgio Pinheiro, foi o país no mundo com o maior número de assassinatos de defensores de direitos humanos. O assassinato de Marielle Franco, já em 2018, “é provavelmente o símbolo mais forte da violência e da debilidade da democracia no Brasil”, assinalou o professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP). “Esta violência tem uma mensagem clara: falar pelos marginalizados implica sérios riscos. Defender os direitos dos pobres, dos excluídos é enfrentar estruturas de poder que intimidam seja por meio da violência direta como por meio da intimidação judicial”.

    Entre os retrocessos em curso no Brasil, Pinheiro apontou o retorno do país ao mapa da fome, o crescimento da pobreza e da extrema pobreza, a redução das políticas sociais, o aumento do desemprego, a diminuição do poder de compra do salário mínimo, o aumento da violência nas prisões e a crise na saúde.

    Cibele Kuss fez um relato ao Papa sobre como, a partir do golpe de 2016, a narrativa fundamentalista no discurso brasileiro passou a ficar muito explícita. “Isso abriu um cenário para que essa instrumentalização religiosa passasse a ser cada vez mais utilizada para legitimar desde o impeachment de uma presidenta eleita pelo voto até questões como ideologia de gênero e escola sem partido. Eu apresentei alguns casos emblemáticos como a destruição de casas de reza dos guarani kaiowá, no Mato Grosso do Sul, que mostra o quanto o agronegócio está conectado também ao aspecto religioso. Eu defendi que precisamos apostar muito mais em uma teologia herética que seja capaz de denunciar o deus mercado. Sentimos que ele se conectou bastante com esse discurso. Neste momento, o Papa comentou que fez uma intervenção em um grupo católico brasileiro chamado Arautos do Evangelho por conta do fundamentalismo religioso”.

    “Matar os deuses e as deusas de outras religiões também significa matar suas lutas”

    A representante da Fundação Luterana de Diaconia também fez um relato sobre ataques a terreiros que têm ocorrido no Brasil. “Esses ataques têm um forte componente de racismo. Os terreiros também são um espaço de resistência e de articulação da luta contra o racismo. Matar os deuses e as deusas de outras religiões também significa matar suas lutas”, disse Cibele. Além dos problemas, ela falou também dos grupos cristãos que resistem e lutam contra o fundamentalismo religioso.

    “Há uma esperança. Mesmo dentro de espaços conservadores, há grupos fazendo resistência. A gente vive um cenário tão forte de fundamentalismo religioso, de violência política e religiosa, que até algumas práticas tão particulares da fé cristã, como visitar e praticar a solidariedade, estão sendo extremamente questionadas. Dei o exemplo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs que fez uma visita a um terreiro em Brasília e foi atacado por grupos fundamentalistas. Por praticar esses gestos de solidariedades, recebemos críticas dentro de nossas próprias igrejas. O Papa falou um pouco sobre isso e disse que cristãos que pensam assim não podem ser chamados de cristãos”.

    O Papa Francisco, relatou ainda Cibele, perguntou sobre a relação da Igreja Universal do Reino de Deus com alas conservadoras da política no Brasil. “Eu disse que ela está presente dentro de partidos políticos, elege parlamentares, tem rede de televisão e um projeto político muito forte. Por outro lado, observei que o pentecostalismo no Brasil não é homogêneo e também há esperança dentro dele. A Universal já é uma igreja bastante mapeada e estudada. O nosso grande desafio é mostrar que as nossas igrejas, que arrogantemente se chamam de igrejas históricas, também têm suas articulações e suas bases conservadoras que mantém relação com partidos políticos de direita. Precisamos olhar para dentro de nós”.

     

    Notas

    1 Essa matéria foi originalmente publicada em https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/politica/2018/08/conheca-o-dossie-sobre-violacao-de-direitos-e-violencia-no-brasil-entregue-ao-papa-francisco/

    2 Esse texto tem o selo 004-2018 do Observatório do Judiciário

     

  • “Fascistas e democratas usam a mesma toga”

    “Fascistas e democratas usam a mesma toga”

    São palavras do Desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e Professor da Universidade Federal no mesmo Estado, magistrado Lédio Rosa de Andrade, pronunciadas em discurso em homenagem a seu amigo-irmão Luis Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, que terminara com sua própria vida, no dia 2, próximo passado.

    Estamos em tempos obscuros.

    Obscuros porque as ditas elites, que tem a responsabilidade maior na condução de todos os assuntos pertinentes ao bem comum, na especificidade de como se apresentam – seja no governar, no legislar e no julgar – divorciaram-se, por completo, de tão valorosa missão.

    O que se assiste é a prática reiterada e desavergonhada do corporativismo a engendrar “pactos”, “soluções de ocasião”, “arranjos”, que espelham a covardia no assumir posições concretas, objetivas, comprometidas com a verdadeira adoção de medidas para, paulatinamente, construírem a sociedade fraterna, porque justa.

    Não, nada disso se objetiva.

    Familiariza-se e eterniza-se a representação popular; o jogo de palavras e gestual estudado formatam o quadro, assim manipulado, para o exercício da administração pública; o desequilíbrio verborrágico incessante atropela, letalmente, a serenidade e a imparcialidade de todos quantos decidem.

    Torno ao Professor e Desembargador Lédio Rosa de Andrade a dizer:

    “É claro que um Estado Democrático de Direito precisa de imprensa livre. É claro que um Estado Democrático de Direito precisa de independência do Judiciário. Que o Judiciário e os juízes julguem, livremente, sem pressão. Só que, também, é claro que essas instituições absolutamente importantes para a democracia a cada dia, a cada momento, são deturpadas. Em nome da liberdade de imprensa, se exerce a liberdade da empresa privada para impor desejos privados à coletividade. Em nome da liberdade de julgar, neofascistas humilham, destroem, matam”. (Jornal do Brasil: publicação eletrônica do dia 07/10 às 13h.24).

    E, com pleno acerto encerrou o Professor e Desembargador Lédio Rosa de Andrade:

    “Bertolt Brecht já nos disse. Já estão levando não só os vizinhos, já estão levando nossos amigos próximos e vão nos levar. A vida é isso, companheiros. É luta permanente. E a democracia não permite descanso. Não permite descanso. Eu, hoje, como professor da UFSC sou uma pessoa que tem orgulho e alegria. Como desembargador, tenho vergonha. Porcos e homens se confundem. Fascistas e democratas usam as mesmas togas”. (publicação citada).

    Trago, aqui e agora, porque tão oportunas e sábias, as palavras do Papa Francisco, na mensagem quaresmal para o corrente ano, motivadas pela cena evangélica do pobre Lázaro e o homem rico:

    “O apóstolo Paulo diz que a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro (1 Tm 6, 10). Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e suspeitas. O dinheiro pode chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar um ídolo tirânico (cf. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 55). Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz. Depois a parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade vive de aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se pode permitir. Mas a aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efêmera da existência (cf. ibid., 62).

    O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caem sob a alçada do seu olhar. Assim o fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação”. (mensagem quaresmal do Papa Francisco para o ano de 2017).

    Comecei este escrito, dizendo: “Estamos em tempos obscuros”.

    Sim, estamos.

    Aos 16 anos de idade, e esta semana chego aos 71, sonhando e me empenhando com tantas e tantos mais por nosso Brasil, brasileiro; por nosso Brasil honesto, justo, fraterno e vi-me, então aos 18 anos de idade, derrotado, destroçado, sofrido, mas permaneci fiel ao sonho, que sonhei. Não o abandonei, e o dia amanheceu porque nuvens obscuras nunca impedirão que o sol sempre nasça, e ilumine.

    Com muita alegria, venho de ler palavras do Papa Francisco, ditas há pouco, na Audiência Geral da quarta-feira, dia 20 de setembro, que me fazem tão bem, porque me entusiasmam a não desistir. Diz Francisco:

    “Cultiva ideais. Vive algo que supera o homem. E mesmo se um dia estes ideais apresentarem uma conta alta a pagar nunca deixe de os conservar no coração. A fé obtém tudo. Se erras, levanta-te: nada é mais humano do que cometer erros. E aqueles mesmos erros não se devem tornar para ti uma prisão. Não fiques preso nos teus erros. O Filho de Deus veio não para os sadios, mas para os doentes: portanto, veio também para ti. E se errares ainda no futuro, não temas, levanta-te! Sabes porquê? Porque Deus é teu amigo. Se a amargura te atinge, crê firmemente em todas as pessoas que ainda trabalham pelo bem: na sua humildade está a semente de um mundo novo. Frequenta pessoas que conservam o coração como o de uma criança. Aprende da maravilha, cultiva a admiração. Vive, ama, sonha, crê. E, com a graça de Deus, nunca te desesperes”. (mensagem quaresmal mencionada).

    Paz e Bem.

     

    Nota:

    1 Texto originalmente publicado em http://claudiofonteles.blogspot.com.br/

  • O Massacre e a demagogia

    O Massacre e a demagogia

    São dois tipos de homem: um é o papa Francisco; o outro é o governador José Melo, do Amazonas. Escolha o seu!

    Por Jornalistas Livres (com informações da Ansa, do UOL e do “Valor Econômico”)

    O papa Francisco fez orações pelas vítimas da rebelião no presídio de Manaus na primeira audiência geral de 2017, realizada nesta quarta-feira (4). Ao todo, 60 pessoas morreram no complexo penitenciário Anísio Jobim após uma rebelião.

    O massacre… (segundo Francisco)

    “Ontem, chegaram notícias dramáticas do Brasil sobre o massacre ocorrido no presídio de Manaus, onde um violentíssimo confronto entre grupos rivais causou dezenas de mortes”, disse o Pontífice nas mensagens finais da audiência.

    “Exprimo dor e preocupação pelo que aconteceu. Convido a todos para rezar pelos mortos, pelos seus familiares, por todos os presos daquele presídio e por aqueles que lá trabalham. E renovo meu apelo para que os institutos penitenciários sejam locais de reeducação e de reinserção social e as condições de vida dos presidiários sejam dignas de pessoas humanas”, falou o Pontífice.

    Após um momento de silêncio, ele pediu para que os presídios de todo o mundo “sejam locais de reinserção, que não sejam superlotados” e concluiu solicitando para que todos rezassem uma Ave Maria.

    O Papa Francisco tem um especial apreço pela questão dos encarcerados, pedindo condições dignas e humanas para gestores do sistema prisional de todo o mundo. Ele, inclusive, visita prisões ao redor do mundo – sempre que possível – quando faz viagens internacionais.

    O governador José Melo, do Amazonas, preferiu o discurso da hipocrisia.

    No cemitério, onde se enterravam as primeiras vítimas do massacre, mandou entregar às famílias desesperadas com tamanha violência várias coroas de flores com os dizeres: “Homenagem do Governo do Estado do Amazonas”.

    Melo é um tipo inesquecível. Seja pela irresponsabilidade, seja pela covardia.

    O juiz da Vara de Execuções Penais encarregado do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, Luis Carlos Valois, disse em entrevista à repórter Macarena Mairata, dos Jornalistas Livres, que havia um sistema de câmeras de vídeo escondido dentro da cadeia, e que pelas imagens as autoridades conseguiam ver a chacina dos membros do PCC — em tempo real.

    Como voyeurs da desgraça, as autoridades policiais assistiram cabeças sendo cortadas, corações sendo arrancados de dentro do peito, presos sendo queimados vivos. E nada fizeram durante as 17 horas (repita-se: de-zes-se-te longas horas) de duração do massacre.

    O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, justificou a omissão, dizendo que a entrada da PM no Complexo Penitenciário Anísio Jobim poderia ter causado um “Carandiru 2”.

    “Não entramos no presídio para evitar um Carandiru 2”, disse Sérgio Fontes em entrevista ao UOL.

    Quer dizer: a polícia assistiu a tudo, sádica, sem fazer nada!

    E o governador manda coroas de flores…

    Foto Christian Braga

    Para piorar, José Melo afirmou na manhã desta quarta-feira (4) que “não tinha nenhum santo” entre os 56 presos mortos durante a rebelião.

    “Não tinha nenhum santo. Eram estupradores, matadores (…) e pessoas ligadas a outra facção, que é minoria aqui no Estado do Amazonas.”

    Canalha, a gente vê por aqui!

     

    As covas são rasas, o barro é novo, as cruzes são simples, o vazio é nos homens, a vergonha é das flores, as coroas são falsas. (Helio Carlos Mello)

    Foto Christian Braga
    Foto Christian Braga
  • Não, o Papa Francisco não tirou o aborto da lista de pecados

    Não, o Papa Francisco não tirou o aborto da lista de pecados

    Com o nome em latim misericordia at misera, a Carta Apostólica assinada pelo Papa Francisco no dia 20 de novembro de 2016 e liberada na íntegra hoje (21), pegou de surpresa o mundo, assim como parte do baixo clero da igreja.

    A carta concede aos padres o direito de absolver o pecado do aborto, considerado pela igreja um dos piores pecados possíveis. Atentar contra a vida de um ser indefeso, ainda mais quando praticado por aquela que mais o ama. Também é, para a Igreja, indefensável para o médico praticar tal procedimento. Aos olhos do clero católico, quem praticava tal abominação era automaticamente excluído dos ritos da religião e somente poderia ser absolvida ou absolvido por um bispo, ou superior. O caso de absolvição era controverso e facilmente levaria a excomunhão do pecador.

    A partir das palavras de Francisco ao mundo a visão da Igreja muda. Qualquer membro ordenado padre ou com ordenação superior pode diante arrependimento, absolver a pecadora ou o pecador. Francisco vai além, coloca nas mãos no sacerdote a responsabilidade de guiar, cuidar e conceder conforto a pessoa. A mudança proposta pelo Papa não foi uma mudança na lei eclesiástica. Não pensem que o aborto aos olhos dos católicos deixou de ser pecado ou é menos abominável. A mudança foi muito mais profunda e revolucionária, já que atinge diretamente a forma como se trata o ser humano dentro da sua religiosidade, mas a Igreja Católica continua sendo a Igreja Católica, com seus dogmas, símbolos e práticas psicológicas de medo eterno da punição divina.

    Após cinco horas de procissão, os sinos da basílica santuário anunciaram a chegada da berlinda de Nossa Senhora de Nazaré. Sob foguetório, hinos de louvor e preces dos fiéis, uma multidão aguardava a imagem no Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN). Dom Irineu Roman, bispo auxiliar de Belém, recebeu a imagem. Logo em seguida começou a celebração de uma missa em frente à Basilica Santuário. FOTO: SIDNEY OLIVEIRA / AG. PARÁ DATA: 09.10.2016 BELÉM - PARÁ
    Após cinco horas de procissão com chegada de Nossa Senhora de Nazaré. Celebração de missa em frente à Basilica Santuário em Belém. Foto: Sidney Oliveira/ Ag. Pará

    Para católicos praticantes em grandes capitais brasileiras, a prática já era comum. Dioceses grandes já permitiam a padres a absolvição deste pecado diante o real arrependimento. A igreja vem aprendendo a lidar com as realidades sociais em que está inserida desde o Papa Paulo VI e seu documento Gaudium et Spes em 1965, que apontava rumos e mudanças na Igreja para diminuir o sofrimento das injustiças entre classes e povos. A grande mudança vem para as pequenas localidades. Cidades pequenas tendem a ter na Igreja seu ponto central.

    Imagine uma cidade de pequeno porte em qualquer região do Brasil. Provavelmente você imaginou uma praça com a prefeitura, um banco, uma repartição de justiça municipal e uma igreja. Estes são os poderes instaurados na maior parte do território brasileiro. Se pensarmos territorialmente, é absoluta a influência da Igreja no Brasil. Se pensarmos em escala populacional global, quase 1,5 bilhão de pessoas estão sob o cajado do Bispo de Roma. Ignorar a importância geopolítica deste acontecimento por ser de outra religião, ou de nenhuma, é como achar que a eleição de um presidente dos Estados Unidos não afetaria em nada o mercado e o câmbio asiático, como aconteceu instantaneamente. Qualquer decisão que afeta diretamente uma massa de 1,5 bilhão de pessoas espalhadas globalmente, tem impacto direto e indireto nas relações de poder e nas balanças invisíveis que nos rodeiam. E principalmente nas balanças onde nós somos parte dos pesos e medidas.

    Foto: Márcio Vinícius Pinheiro
    Foto: Márcio Vinícius Pinheiro

    Se para mulheres católicas em grandes metrópoles a Carta parasse mísera formalidade de uma prática já corriqueira dos padres, para as que vivem em regiões mais distantes, onde é impossível mensurar onde termina o poder do Estado e onde começa o da Igreja, talvez a canetada Franciscana tenha sido um alívio misericordioso.

    Nos afastando da nossa realidade e pensando globalmente, há países como a Polônia onde quase 87% da população é católica, sendo o país mais católico do mundo. O partido que atualmente governa o país é oficialmente católico e conservador. Na semana passada em um evento oficial com a cúpula religiosa polonesa e líderes do Partido Lei e Justiça (PiS), o presidente alçou Jesus ao posto de “Rei da Polônia”, o que foi visto com preocupação por organismos internacionais e por minorias religiosas do país.

    Após a proclamação, a Primeira Ministra polonesa, fez declarações sobre deportar cidadãos que se declarassem “não católicos” ou “ateus”. Obviamente, tal decisão poderia não só excluir a Polônia na União Europeia, como da ONU. São ameaças tão absurdas que a população teve a mesma reação que teríamos por aqui: Criaram um evento no facebook que conta com dezenas de milhares de cidadãos se dispondo a entrar na lista de deportação e escolhendo o destino

    Evento Facebook

    Dificilmente tudo estes fatos foram vistos como alguma ameaça real nas grandes cidades dada a pouca expressão do país no sistema internacional. Porém é no interior destes países que a Carta de Francisco atingirá com mais força. Em especial quando no país se votam leis neste momento tentando tornar ilegal o uso de pílulas anticoncepcionais e outras medidas consideradas anti-cristãs. O sistema vertical de hierarquia católica não deixa dúvidas, o Papa é o sucessor de Pedro. A palavra de Deus é perfeita e ele é o portador dela. No Brasil é “verba volant”, no Vaticano tudo que o um Papa diz é lei.

    [Recado da Caneta Desmanipuladora: Desculpem, mas não tivemos tempo de traduzir todos os textos e vídeos que usamos como fonte do polonês para o português, mas deixaremos as fontes aqui abaixo caso queiram utilizar]

    Texto sobre Jesus ser declarado Rei da Polônia
    Texto sobre deportação de “não católicos” e ateus
    Texto sobre proibição de pílulas anticoncepcionais.